23 de set. de 2012

Capítulo 22


Confusion, a big shame, and twilight



Voltando do último ensaio da peça da semana, Luke apertou a mochila nos ombros, sentindo a música alta adentrar seus ouvidos. Pena que a altura do rock não era suficiente para impedir seus pensamentos.
Ele andara confuso sobre basicamente tudo. Desde Sophie, que de repente ficou mais amiguinha de Brad do que era até mesmo do que quando eles estavam namorando. Passava quase o tempo todo conversando do quão legal seria o tal show do McFly em Nashville. E agora, o último ocorrido com Stephy. Ela... não estava como costumava ser (boba, mimada, chorona...). Voltara a sorrir e ser a Stephy que ele havia conhecido.

Flashback

Domingo, 20h
Luke estava com seu novo violão nas costas. Acabara de comprá-lo da loja de música que seu pai visitava desde sempre. Luke se lembrava de visitar a mesma loja desde que era uma criança, tanto que era até conhecido pelas pessoas de lá, em especial Micah, o filho do dono da loja que tinha quase a mesma idade de Luke. Depois de tocar um pouco, Luke finalmente comprou o violão Fender que tanto queria. Nada como o cartão de crédito do pai para suas compras.
A noite já havia caído, mas Luke sabia que aquela parte da cidade era segura. Mal podia esperar para chegar em casa e passar a noite inteira estreando seu novo instrumento.
Um suspiro escapou de seus lábios ao passar pelo restaurante com cheiro de pizza e design antigo, o mesmo em que ele estava quando beijou Stephy pela primeira vez. A lembrança da garota loira e sorridente veio como um raio em sua mente. Stephy sorrindo, brincando, usando ketchup para escrever no prato se ela poderia beijá-la, fazendo-o rir e conversar livremente sobre sua vida como nunca havia feito antes.
Deixou um sorriso aparecer devagar e logo após o reprimiu. Não era certo ficar se lembrando de Stephy e sorrindo... Sim, ela havia sido incrível com ele, mas... Ela o traiu!
O melhor a fazer era esquecer. Esquecer o restaurante, os momentos, as risadas... Stephany.
Ele apertou o passo, ansioso para chegar em casa. Agora, não apenas por que ele iria tocar seu novo instrumento, mas também para parar de pensar nos momentos bons que tivera com Stephy. Para parar de pensar nela em geral. Porém, tudo isso ficou bem difícil quando ele passou pela rua dela. Luke estava determinado em não virar o rosto e olhar direto para onde a casa dela situava, mas foi isso que acabou fazendo.
E Stephy estava na frente de sua casa.
Também estava com o mesmo loiro da outra vez.
Luke parou de andar.
A questão era que os dois não estavam se agarrando (como pensou que estariam, caso virasse a cabeça e os dois estivessem lá). Stephy gritava com o garoto que não gritava de volta, invés disso, parecia perturbado. Luke não conseguia entender o que eles diziam, mas sabia pela expressão corporal de Stephy que ela não estava bem (ombros curvados, passando a mão pelo cabelo e o colocando atrás da orelha num movimento nervoso, andando de um lado para o outro...). Na verdade, ela estava prestes a chorar.
E mesmo que tudo nele gritasse para que ele continuasse andando até a sua casa, ele respirou fundo e andou até onde o casal discutia. Suas suspeitas de que Stephy estava prestes a chorar foram confirmadas quando ele viu seus olhos azuis brilhando. A rua estava iluminada pelos postes de luz, de modo que ele conseguia ver que seu rosto estava bem vermelho.
— Algum problema aí? — ele disse, fazendo o rapaz loiro se virar para ele.
— Luke, não tem nada... — Stephy disse, em tom mais baixo. — Andy, por favor, vai embora.
— Então esse é o Luke? — Andy disse, bufando.
— DROGA ANDY! — Stephy gritou novamente. — ACABOU, OK? ME DEIXA!
— Deixar? Stephy, eu...
— É melhor você deixar ela em paz — Luke disse calmamente, aproximando de Stephy. — Ela tá pedindo pra você ir embora. É melhor você ir.
— Senão o quê? — Andy olhou para Luke. Ele estava realmente perturbado. Seus olhos azuis estavam fundos, dando a certeza de que ele havia chorado.
— Senão você vai arranjar um problema — Luke disse, calmo.
Andy riu sarcasticamente.
— Por que, Sr. Davis? — ele disse, encarando Luke. — Vocês dois nem namorados mais são! Não é mesmo? Não é você, Stephy, que vive me culpando por não estar mais com o Sr-Perfeição aí? Agora me explica por que eu teria um problema se você mal liga pra ela! — O rapaz praticamente cuspiu aquelas palavras.
— Não somos mais namorados — Luke continuava calmo. — Mesmo assim eu não vou deixar de defender alguém que precisa, não é? Tá claro que ela não te quer aqui. Então é melhor você se mandar.
Andy olhou para Luke e para Stephy, irritado. Abriu a boca algumas vezes para responder, mas desistiu. Apenas largou seu skate no chão e desceu a rua em cima dele, com raiva.
Stephy suspirou.
— Não precisava você ter feito isso — ela disse, bufando e abrindo a porta de sua casa. Luke segurou sua mão.
— Por quê?
— Por que eu posso cuidar do Andy sozinha — ela levantou o rosto, que claramente queria derramar lágrimas. — Já estou cuidando de muita coisa sozinha, o Andy não vai ser um problema.
Luke respirou fundo, mas não soltou sua mão.
— Estava passando e decidi ver se tinha algo errado — ele disse, devagar.
— E daí? — ela sorriu, limpando uma lágrima com a outra mão. — Você não acredita em mim mesmo, não é? Ainda acha que eu queria ter ficado com ele, sendo que não foi minha culpa.
Luke soltou sua mão, suspirando.
Stephy se virou para ele e recostou-se na porta.
— Tudo bem, Luke — ela sorriu. Luke viu que era o primeiro sorriso que ele via nela durante muito tempo. Mesmo que seus olhos estivessem vermelhos, segurando o choro, seu sorriso ainda parecia puro como o primeiro que ela lhe deu. — Tá tudo bem. Eu não vou mais te pedir pra acreditar. Acho que no seu lugar eu faria o mesmo que você... — ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, encarando-o. — De qualquer forma, eu espero que um dia nós possamos ser amigos outra vez.
Luke a encarou e ela sorriu. Ele fez que sim com a cabeça.
— Certo. Não deixa aquele cara chegar perto de você... — ele disse, sem jeito.
— Ok — ela deixou o sorriso suavizar. — Tchau. — Foi o que ela disse antes de fechar a porta de repente.

Fim do flashback


Após aquilo, na segunda pela manhã, Luke procurou saber se ela estava bem e Andy havia voltado. Ela disse que estava ótima e para ele não se preocupar, pouco antes de começar outro assunto banal, seguido de seu sorriso puro e envolvente.
Luke detestava admitir, mas ainda sentia alguma coisa pela garota. Quer dizer, ela havia sido sua primeira namorada de verdade. Não tinha como simplesmente esquecer após um ou dois meses. Não é fácil assim, não quando se gosta de verdade.
Isso sem contar que, quando Sophie o machucou, quem estava lá era ela.
Para contrariar, quem estava lá quando Stephy o machucou, era Sophie. Mesmo que fosse de uma forma bem estranha.
Luke estava tão perdido em seus pensamentos que nem notou quando seu corpo foi jogado para trás, prensado num muro qualquer por braços fortes. Depois de gritar de susto, ele percebeu que quem estava segurando-o era Bill.
— Qual é, cara! — Luke gritou. — Que merda você tá fazendo?
— Escuta aqui, moleque — Bill disse, cerrando os dentes. — Você se acha demais, não é? Acha que pode simplesmente pegar minha irmã, fazer ela chorar e sair ileso?
— Como assim, meu? Você tá...
— Fica esperto, Davis — Bill apertou o pescoço de Luke contra a parede. — Se eu ficar sabendo que você fez a Stephy chorar de novo, eu juro, eu acabo com a sua raça.
Bill soltou Luke que caiu no chão e depois saiu, em cima de seu skate, rapidamente.
Luke se levantou sem entender. O quê? Não fazia sentido! Bill nunca fora de ligar para Stephy, e agora estava ameaçando-o por fazê-la chorar? E aliás, por que ela estaria chorando por causa de Luke sem ser na frente dele, para fazê-lo sentir-se mal? Stephy parecia tão... feliz nos últimos dias!
Nada fazia sentido. Não mais.
[...]

“Soph + Luke = Amor eterno.”

“Julia, eu vou te matar.”


Sophie bufou ao escrever a resposta do bilhete da melhor amiga e passá-la para trás, com raiva.
Sua bolsinha de guardar canetas já estava lotada de bilhetes amassados de Julia. Aparentemente, ela não tinha nada melhor a fazer numa aula de inglês, certo? Algo tipo... estudar? Resolver as questões passadas pela Srta. Jones?
Não. Ela estava gastando as folhas do caderno escrevendo bilhetinhos coloridos e pousando-os pela mesa de Sophie, que estava à sua frente. Apenas por que ela tinha certeza de que estava irritando-a.
De modo que Sophie realmente suspirou de alívio quando o último sinal tocou. Hora de ir para casa! Nada de Julia nem seus bilhetinhos bobos!
Se bem que, logo após, às quatro da tarde, elas teriam de se reencontrar para encenar a peça.
— Certo, turma. Não se esqueçam da redação para a próxima aula, ok? Dispensados — Lilian disse, arrumando seus papeis em uma pasta. — Srta. Farro, pode ficar.
Sophie engoliu seco e fuzilou Julia com os olhos. Ela tinha visto os bilhetes! Maldição.
Julia apenas sorriu de canto e saiu o mais rápido que pôde da sala. Lindo, não é? Pensou Sophie. Quando a coisa encrenca, a vaca se vai.
Sophie apertou a mochila nos ombros e se aproximou da mesa da professora Jones, assim que todos os alunos saíram amontoados da sala. Ela estava bem bonita, como de costume. Mas Sophie se arriscava a dizer que ela estava mais... exuberante. Na verdade, ela notara isso logo no início da aula. Mas poderia ser apenas um rímel novo, concluiu Sophie.
E bem, o que a professora podia fazer contra ela por causa dos bilhetes? Ora! Sophie sabia de seu segredo mais íntimo!
Por isso, ao se aproximar, ela deixou até mesmo um sorriso tranqüilo brincar nos lábios. Talvez Lilian apenas quisesse ler os bilhetes, mas Sophie não era obrigada a mostrar.
Porém, ao ver a menina já apoiada em sua mesa, Lilian deixou de lado sua expressão rígida e profissional. Sophie percebeu agora: ela estava preocupada.
— Algum problema, Srta. Jones? — ela perguntou.
— Na verdade — Lilian sorriu sem vontade. — Sim. Um monte. Mas vamos...
Antes que a mulher pudesse terminar sua frase, a porta foi aberta abruptamente, mostrando assim a figura de Luke adentrar a sala. Ele olhou para a sala vazia, para a professora e para Sophie.
Assim como a mais nova, ficou totalmente confuso.
— OK — ele disse. — Por que me chamou?
— Por que chamou ele? — Sophie arqueou uma sobrancelha.
— E por que ela está aqui? — Luke.
— E por que me pediu para ficar aqui?
— Se vierem com a historinha de odiar, eu juro que enfio essa caixa de giz na cara de vocês — ela bufou e Sophie se assustou. Ela estava mais irritada do que o normal. — Chamei os dois aqui por que preciso da ajuda de vocês.
— Hum — Luke se sentou na mesa, fazendo Lilian encará-lo feio, mas desistir de bronqueá-lo.
— Tá legal — Sophie disse. — Do que precisa?
— Eu... — Lilian abaixou o olhar, encarando as próprias mãos. — Certo, vocês são os únicos que podem realmente me ajudar. — Ela suspirou. Não estava sendo nada fácil. — Eu acho que... eu posso... estar grávida.
Luke ficou tão surpreso que caiu da mesa onde estava recostado. Levantou-se rapidamente. Sophie não teve nem tempo de zoá-lo por cair, afinal, estava mais do que surpresa.
Então os dois encararam a mais velha totalmente incrédulos.
— O quê? — eles disseram ao mesmo tempo, um oitavo acima de suas vozes.
— Vocês ouviram — ela suspirou. — Acreditem em mim, eu não queria estar pedindo ajuda para duas crianças, mas... A única pessoa que sabe disso sem ser vocês, é a minha irmã. E ela está fora da cidade.
— Para quê precisa da nossa ajuda? — Luke disse, massageando o cotovelo que doía da queda. Sophie não conseguia tirar a expressão surpresa do rosto.
— Quero que entreguem esse bilhete para o Ben — ela disse, retirando um bilhete rosa e envelopado e entregando para Luke.
— A gente entrega — assegurou Sophie. Quer dizer, não deve ser nada fácil estar provavelmente grávida do namorado secreto. Nada mesmo.
— Obrigada, Soph — Lilian suspirou, deixando-se cair em sua cadeira. — Eu... Estou... meio desesperada. — Novamente, Lilian sorriu sem vontade.
— A gente vai entregar o bilhete pro Sr. Marshwell, fica tranqüila — Luke disse, sem jeito, tentando animar a professora. — Quer que a gente faça mais alguma coisa?
Lilian suspirou.
— Sim — disse ela. — Vocês sabem que nós estamos no final de semestre... Eu não posso sair da escola antes das 20h. E quando eu saio, não tem nenhuma farmácia aberta, e... Eu preciso comprar o teste.
— Certo, Sophie compra — Luke disse, dando dois tapinhas em suas costas.
— Como assim “Sophie compra”?! — ela se virou para ele, enfurecida. — Vão ficar achando que eu tô grávida!
— Bom isso, por que se eu for, vão ficar achando que eu engravidei alguém!
— Mas você é garoto!
— Parem de discutir! — Lilian disse mais alto. — Por favor. Eu preciso que vocês comprem, certo? Discutam quem compra depois. — Ela suspirou. — Eu juro, eu realmente, realmente não queria incomodar vocês. Mas eu estou sem escolha.
Sophie encarou o chão e suspirou.
— E eu também vou aumentar a média anual dos dois — Lilian continuou.
— Certo — Sophie disse. — A gente compra também. — Luke concordou discretamente com a cabeça.
— Obrigada — Lilian respirou fundo.
Ela deu o dinheiro para os dois adolescentes, que saíram da escola após entregar discretamente o bilhete para o professor de geografia.
Eles ainda estavam totalmente surpresos com a notícia que Lilian os deu. Bem, se o teste que os dois comprassem desse positivo, provavelmente eles perderiam uma das professoras mais legais que já tiveram.
— Acho melhor a gente não ir numa drogaria aqui perto... — Luke disse, quando os dois já estavam um tanto afastados da escola, cada um perdido em seus pensamentos.
— É, é melhor mesmo — Sophie concordou. — O que a gente faz?
— Vamos de metrô — Luke solucionou. — É bom por que é rápido, e a gente tem que estar na escola às quatro pra poder se arrumar pra peça.
— Ok — Sophie concordou, fazendo que sim com a cabeça.
Felizmente, a estação de metrô ficava perto dali. Alguns alunos moravam do outro lado da cidade (como Julia) e para chegar ao colégio, por vezes o metrô era a melhor solução.
Por isso, Sophie apenas precisou ligar para casa e avisar que ficaria na escola para “resolver algumas coisas da peça” até mais tarde e por isso não chegaria na hora do almoço. O que já não era grande coisa, levando-se em conta de que aquela sexta-feira não era o dia de Rosa e eles com certeza não teriam um almoço que prestasse.
Depois de pagar os cartões e passá-los, eles pegaram o primeiro metrô que veio em apenas cinco minutos. Entraram e sentaram-se. Quase que inacreditavelmente, ele estava até vazio.
Quando o metrô começou a andar, quase que inconscientemente, Sophie agarrou o braço de Luke, apertando-o. Estranhava a sensação de estar sendo levada há incontáveis quilômetros de distancia por uma linha de trens em alta voltagem. Era... meio assustador. Por isso, ela procurou a primeira coisa que pôde servir como segurança.
Essa coisa foi o braço de Luke, que deu um meio sorriso.
— Desculpa — ela disse, soltando o braço dele, contra a sua vontade, é claro.
— Não, tá tudo bem, pode segurar — ele sorriu. — Aposto que você não anda muito de metrô.
— Não — ela riu, apertando o braço dele contra o seu novamente. — Lá em Londres eu mal saía da escola, e quando saía, usava o ônibus.
— Os ônibus de dois andares de Londres — Luke disse.
— Isso aí — ela concordou. — Mas sério, eu não costumava me divertir por lá. Vivi quatro anos em Londres e nunca fui até o London Eye.
— Meu Deus — Luke levantou as sobrancelhas, surpreso. Londres sempre foi retratada como tão linda e cheia de lugares para se visitar, que era difícil acreditar em alguém que vivia por lá e nunca havia visitado as belezas que turistas visitavam em uma viagem de uma semana.
Não demorou muito para o metrô chegar até onde eles queriam. Naquelas bandas de Nashville, o que redominavam eram as empresas. Sophie nunca havia ido até ali sozinha, mas ela sabia que lá teria de ter uma drogaria.
— Legal, quem vai comprar o negócio? — Sophie disse assim que eles saíram da estação de metrô, dando de cara com aquela parte da cidade que nunca havia visitado. Ela só sabia que a empresa da mãe ficava em algum lugar daqueles, mas ela muito raramente ia até lá. Não tinha idéia de como chegar até a empresa.
— Você, oras — Luke disse, bufando, enquanto começou a andar com Sophie ao seu lado. Ela apenas o seguiu, percebendo que ele conhecia o caminho melhor que ela.
— Como assim, eu? — ela disse, com raiva, seguindo-o em passos rápidos. — A gente tá longe pra caramba de casa! Por que você não compra?
— Por que você me acordou naquela noite para descobrir que nossos professores tinham um caso. Só por isso.
— Nada a ver! — ela disse. — Você foi por que quis!
— Por que eu quis?! — Luke disse e depois gargalhou. — Você me obrigou, sua chata mentirosa! — Ele continuou rindo.
— Você que é o chato! — ela bufou.
— Mas você que vai se passar por adolescente grávida — Luke gargalhou da própria piada sem graça.
— Vou nada! — ela retrucou. — Você que vai se passar por playboyzinho aproveitador! — Dessa vez, ela riu.
— Ali a farmácia — Luke apontou. — Já pode começar a ensaiar o que você vai dizer para o vendedor.
— Não — ela riu. — Você comece a ensaiar o que vai pedir.
Logo eles situaram na frente da farmácia. Passaram uns bons vinte segundos apenas sinalizando com a cabeça para um ou o outro entrar dentro e comprar o que precisavam.
— O que está esperando pra comprar o maldito teste? — Sophie disse, fechando a cara e colocando uma mão na cintura, com raiva.
— Estou esperando a menina insuportável resolver entrar dentro da droga da farmácia pra comprar. — Ele respondeu, revirando os olhos e bufando.
— Pois então eu acho melhor você pedir para um mendigo um pedaço de papelão para esperar sentado — ela disse, revirando os olhos. — Ou melhor! Sente-se no chão imundo e bactericida mesmo. Quem sabe os fungos não te passam um pouco de inteligência e te faça entender de uma vez por todas que eu não vou entrar em droga de farmácia nenhuma. — Ela disse, dando um meio sorriso triunfante.
Luke riu debochadamente.
— Ha, ha — fez ele, ironicamente. — Que engraçado! Já que a comediantezinha adora tanto fazer piadinha, vai lá fazer com o farmacêutico, não é? Enquanto estiver comprando o teste.
— Sério, Luke — ela bufou, encarando-o. — Que parte de “eu não vou entrar em droga de farmácia nenhuma” você não entendeu? Tá claro que eu não me encaixo no termo de “menina grávida”. Você, ao contrário, praticamente grita “Eu pego garotinhas”. — Ela disse, imitando a voz de Luke e depois o olhando com desdém.
Luke riu debochadamente outra vez.
— Ah, claro. Garotinhas tipo quem...? Hmm... quem mesmo? Ah, é. Você. — Luke a encarou com um sorriso triunfante na face, fazendo Sophie ficar com mais raiva ainda. Mas ela apenas deu uma risadinha sem humor.
— Quem é o comediantezinho agora, não é mesmo? — ela desfez a risada. — Podemos ficar o dia todo aqui. Eu não entro nessa drogaria.
— Não, não podemos ficar o dia todo aqui. Ou se você não lembra, menina insuportável, nós temos uma peça ainda hoje para encenar. Então eu acho melhor você deixar de idiotice entrar logo aí dentro dessa farmácia.
— Eu não vou entrar em nada — ela bufou. — Então facilita o nosso trabalho e entra logo aí dentro. Aproveita e compra também uma aspirina por que essa conversa já tá me dando dor de cabeça.
Luke bufou.
— Tá, vamos fazer o seguinte — ele disse, solucionando. — Vamos tirar na sorte, ok? Quem perder vai e fim de discussão.
Sophie olhou para um lado e para o outro. Suspirou.
— Ok — disse, enquanto Luke pegava uma moeda de 50 cents. — Eu escolho cara.
Luke fez que sim com a cabeça e lançou a moeda no ar, pairando-a com a mão e a colocando no braço.
Sorriu.
— Coroa — ele disse, sorrindo vitorioso e dando a nota de vinte dólares para Sophie. — Vai lá, adolescente grávida.
Sophie bufou, com raiva, e arrancou a nota da mão de Luke, entrando dentro da farmácia enquanto ele se acabava de rir.
Respirando fundo, ela andou até o fundo da farmácia, que era bem grande, até parar no balcão principal lá no fundo. Havia um homem alto, que aparentava ter mais de cinqüenta anos, vestido de jaleco branco por trás do balcão. Ele sorriu amavelmente.
— O que deseja, mocinha? — ele disse, ligando o que Sophie pensou ser um computador antigo, usado para caixa.
— Eu... gostaria de... — ela engoliu seco, e antes que pudesse terminar a frase, apareceram cinco meninas da idade dela, rindo e parando no balcão junto a ela. Uma delas, parando de rir, se referiu ao vendedor:
— Ei, moço, quanto que tá o calmante? — ela disse, enquanto as outras ainda riam.
Sophie passou uma mão pelo rosto, sentindo a vergonha aumentar e a coragem diminuir.
— Já atendo vocês, meninas. Então, mocinha, o que vai querer? — ele se voltou para Sophie que prendeu a respiração.
— Eu... vou querer... — ela disse, sentindo as meninas risonhas olharem-na com impaciência. — Uma aspirina, por favor.


***


— Como assim você não comprou o teste?! — Luke disse, com raiva, assim que Sophie saiu da farmácia.
— O que você queria?! — ela respondeu, gritando de volta. — Apareceram um monte de meninas lá! Elas já estavam rindo de sei-lá-o-quê, imagina se eu pedisse o teste!
— Meu Deus! — Luke levou uma mão à cabeça. — Sério, a gente já perdeu um tempão! Já era pra gente estar chegando em casa!
— Você também não compraria! — ela bufou.
— Sério, você é muito insuportável. Não faz nada certo, cara — ele suspirou, com raiva. — Me dá esse dinheiro. Vou logo comprar isso.
Ele pegou o dinheiro da mão de Sophie e adentrou a farmácia, com a cabeça erguida. Oras, Sophie só fazia perder tempo! Uma aspirina?! Ela teria que pagar a diferença para a professora, isso sim.
Luke recostou seu corpo no balcão e esperou o homem vir atendê-lo.
— O que deseja, rapaz? — ele disse.
— Então, me diz aí qual é o melhor...
— Luke? — ele escutou o nome dele e se virou, encontrando o rapaz moreno que vestia uma camiseta do Nirvana encarando-o.
— Micah! — ele disse, indo cumprimentar o colega. Deu-lhe um forte e amigável aperto de mão e dois tapinhas no ombro.
— Que você tá fazendo por aqui, cara? — Micah perguntou.
— Ah, nada... só tinha que passar por aqui para... falar com o meu pai, você sabe, a empresa dele fica por aqui.
— Sei — Micah sorriu. — E o Fender? Tá gostando?
— Claro, é muito bom o violão. Incrível mesmo... — ele fez que sim com a cabeça, rindo.
— Rapaz? — o homem chamou a atenção de Luke. — O que vai querer?
— Ah... bem... quanto tá a aspirina, mesmo?


***


— Você também não comprou?! — Sophie disse, caindo na gargalhada, em frente à drogaria. Luke a encarava com raiva.
— Apareceu o Micah lá! O que você queria que eu fizesse?
Sophie riu mais, levando uma mão à barriga.
— Mas quem é Micah? — ela disse, se contorcendo para conseguir falar.
Luke revirou os olhos.
— Micah Tompson, loja de música — ele disse, com raiva. — Eu não podia comprar um teste de gravidez na frente do cara que cresceu tocando comigo! O que ele ia pensar?
Sophie suspirou diversas vezes, tentando controlar as risadas. É só que era tão bom ver Luke embaraçado, tanto quanto ela!
— Ok — ela disse, respirando fundo e controlando-se. — Agora volta lá e compra. O Micah já foi.
— Não — Luke fez que não com a cabeça. — Eu ia, mas já que a engraçadinha resolveu rir da minha cara, você vai.
— Não vou de jeito nenhum — ela deu mais uma risada, virando a cabeça.
— Faz o seguinte — ele começou —, vamos nós dois e acabamos logo com isso.
Sophie o encarou e em seu bolso, seu celular vibrou.
— SMS — ela disse, olhando. — É da Prof. Lauren. E é uma mensagem que ela mandou pra todo mundo, também. Ela quer que nós estejamos na escola às duas da tarde, e você e os outros Cullen precisam treinar a cena da luta com os cintos pra pular.
— Já são quase 13h30 — Luke disse, olhando para o relógio de pulso.
— Vamos logo acabar com isso — ela disse, entrando na drogaria. Luke a seguiu.
Felizmente, no fundo da farmácia, quem estava lá não era o senhor com aparência de cinqüenta anos de idade. Quem estava lá era um jovem que usava o colete branco de farmacêutico. Sophie arriscava dizer que era filho do homem.
— Posso ajudá-los? — disse o jovem para Luke e Sophie.
Ambos engoliram seco e Soph começou:
— Queremos um... é...
— Um teste de gravidez, por favor — Luke terminou. — Um daqueles que muda de cor.
O jovem sorriu de um jeito malicioso e pegou o pacote em baixo do balcão, encarando Luke e Sophie.
— São oito dólares — ele disse, sorrindo para os dois enquanto fazia a nota fiscal naquela máquina. — E por que os jovenzinhos não se preveniram mesmo?
Sophie arregalou os olhos e praticamente gritou:
— Não é pra gente! — ela disse, totalmente no impulso, arrancando uma gargalhada do rapaz. Luke, ao lado de Sophie, estava igualmente surpreso.
— Vocês não precisam ter vergonha, meninos. Muitos jovens começam a vida sexual nessa idade, mas vocês poderiam ser mais cuidadosos... — disse o farmacêutico.
— Meu Deus! — Luke exclamou com todo o ar do peito. — Cara, você não tá entendendo! Não é pra gente, é pra uma amiga nossa!
— É! Caramba, que horror, isso não é pra mim, eu não estou grávida!
— Ok, vamos pensar positivo — ele disse, rindo para Sophie, que deu um passo para trás, mexendo no cabelo, totalmente perturbada.
— Mas tu não tá me entendendo! Isso é pra uma amiga nossa, e...
— Oito dólares, meninos — ele disse, sorrindo.
— Mas é sério, meu, isso não é nosso — Luke disse, praticamente gritando.
— Sei perfeitamente — o rapaz fez que sim com a cabeça. — Apenas se previnam da próxima vez, ok?
— MAS NÓS NÃO ESTAMOS TRANSANDO! — Sophie disse, totalmente perturbada. Luke passou a mão pelo rosto e o jovem farmacêutico apenas deu mais uma risada.
— Oito dólares — disse ele.
— Mas nós...
— Oito dólares. — Ele continuava com aquele sorriso malicioso que fazia Sophie querer morrer de vergonha. Luke pegou o teste e a nota e levou para o caixa, na frente da farmácia, pagando a compra em seguida.
Eles andaram até a estação de trem completamente estáticos, sem coragem de falar nada, apenas digerindo o que acabara de acontecer. Aquele homem sugeriu que os dois tinham transado sem proteção e estavam para ter um filho?!
Era muita coisa pra digerir. Eles estavam mais surpresos e envergonhados do que jamais tinham estado em toda a vida.
Quando eles passaram pela roleta e esperavam o trem, foi que Sophie disse:
— Soca essa coisa na mochila, por favor — ela disse a Luke, que ainda segurava a sacolinha com o teste. Ele nem se deu ao trabalho de responder, apenas puxou a mochila e enfiou o teste o mais fundo que podia, em meio aos livros e cadernos.
— Não é legal você utilizar a expressão “soca” depois da situação que a gente passou. — Ele disse, encarando-a. Sophie abriu a boca em indignação.
— Você é sujo, sabia disso? — ela bufou. — Meu Deus, eu nunca passei tanta vergonha na minha vida.
— Me pergunto se os pontos extra em inglês valem a pena.
— Sou obrigada a concordar com você — ela disse, respirando fundo e se preparando para entrar no trem que já estava para chegar.



[...]



Luke se olhou no espelho do vestiário masculino geralmente utilizado para os jogadores de basquete, mas naquela ocasião especial, era o “camarim” dos atores da peça que logo, logo seria apresentada.
A roupa lhe caía bem, seu cabelo estava legal. A única coisa que Luke realmente não estava gostando nem um pouco era da palidez de seu rosto. Linda o fizera passar a maquiagem mais branca que já havia visto. Luke parecia um fantasma.
Decidiu naquela hora que o que quer que fizesse de sua vida quando se formasse, ele não seria um ator.
Luke checou em seu relógio de pulso que haviam exatos quarenta e cinco minutos para a peça começar. Ele já havia ensaiado o momento da luta dos Cullen e de James pelo menos vinte vezes, com os novos cintos elásticos presos a estrutura de cima do ginásio. Luke podia dar pulos de três metros se estivesse bem preso e seguro. Um homem, amigo de Linda, lhe mostrou todas as formas de pular com os cintos elásticos. Não só a ele, mas a todos que participariam da cena mais cheia e ação da peça inteira.
De mansinho Luke saiu do vestiário, em direção a sala dos professores. Ele e Sophie haviam entregado o teste para a professora assim que chegaram à escola. Agora, que todos já estavam prontos e já haviam ensaiado toda a peça, Luke achou que a professora já tivesse feito o teste. Por isso, combinou com Sophie de ir até a sala dos professores àquela hora.
Luke chegou ao corredor e olhou seu relógio, impaciente. Onde estava Sophie? Ela tinha combinado de encontrá-lo exatamente naquela hora! Mas invés disso, só havia uma menina de cabelos longos e castanhos passando por Luke e...
— Você vem ou não, insuportável? — ela disse, mexendo a mão.
Luke arregalou os olhos. Era Sophie?!
Meu Deus! Como Lauren conseguira mudá-la! Luke sabia que ela teria de usar uma peruca, mas... ela estava praticamente irreconhecível com aquele cabelo e a roupa diferente das que ela costumava usar.
Mas isso não significava que esse diferente não estava lindo. Luke ansiou o fim da peça onde ela usaria o vestido para o baile 007.
Então eles começaram a caminhar juntos.
— Você está muito branco — ela comentou, rindo. — Se não fosse pelas suas roupas eu não teria te achado em meio as paredes pálidas, sabe.
— Que engraçadinha — Luke revirou os olhos. — Em compensação, eu gostei do seu cabelo menos gritante. Sabia que você fica menos Hayley Williams sem o cabelo vermelhão?
— Gosto de ficar o mais Hayley Williams possível, obrigada. — Ela sorriu. — Na real, você sabe. É a mulher em que eu me inspiro. E aliás, eu herdei o sobrenome dela.
— Sophie Williams soa melhor do que Sophie Farro, certo? — Luke disse.
— Gosto dos dois — ela disse, umedecendo os lábios. — Mas diz aí, Edward: Passaram batom em você também?
Luke sorriu e de repente, empurrou Sophie para uma parede daquele corredor vazio, segurando-a firmemente pela cintura. Percebeu que ela havia ficado surpresa e seu coração estava praticamente pulando do peito. Ele colocou uma mecha de cabelo castanho por trás de sua orelha, e sussurrou bem perto de seu rosto:
— Quer descobrir? — ele disse e depois abriu um meio sorriso que fez as pernas de Sophie falharem. Ela mordeu o lábio inferior e fechou os olhos.
— Você é muito terrível — ela sussurrou, devagar, sentindo a mão dele correr pela sua cintura, ainda apertando-a com força.
Luke sorriu, pousando seus lábios nos dela bruscamente, arrancando um beijo rápido e urgente, sem esperar que ela desse autorização para que Luke pudesse dar passagem para sua língua. O beijo só durou cinco segundos, mas foi o suficiente para fazer com que a respiração de Sophie se descontrolasse absurdamente, assim como as batidas de seu coração. De repente, Luke estava ali, tendo-a totalmente nas mãos, seus lábios nos dela, suas línguas entrelaçadas numa dança rápida e estimulante. E então, em milésimos de segundos, ele estava há três passos de distância, encarando-a com aquele meio sorriso malicioso e triunfante.
Ela bufou.
— Não faça mais isso — disse, começando a andar na frente. Escutou a gargalhada de Luke por trás de si.
— Como se você não tivesse adorado — ele fez que não com a cabeça, tirando sarro do comportamento de Sophie.
— Vamos falar com a professora. — Ela deu claramente aquele assunto encerrado, e Luke acabou concordando, apenas dando um sorriso debochado até o momento em que os dois bateram na porta da sala dos professores.
Logo que Lilian os viu, pediu para que a secretária voltasse ao seu lugar. Ela saiu com os dois e foi até o corredor vazio (que há menos de dois minutos antes, Luke e Sophie haviam trocado um pequeno amasso).
— E aí? — Sophie foi a primeira a se pronunciar, franzindo a testa. Luke estava igualmente tenso. Eles realmente tinham se apegado a professora e sabiam que ela estava passando por um baita problema.
Lilian mordeu o lábio, se recostando na parede.
— A Srta. fez o teste? — Luke disse, colocando a mão no bolso da calça jeans que vestia.
— Fiz agora a pouco — Lilian disse, olhando para cima. — Eu... — ela suspirou.
— Positivo? — Sophie disse, mordendo o lábio inferior.
— É — Lilian deixou todo o ar do pulmão sair, enquanto passava a mão esquerda pela barriga. Ela levantou os olhos para os adolescentes que a olhavam com preocupação e tentou sorrir. — Tudo bem, meninos. Eu... Vai dar tudo certo. Não é?
Sophie não respondeu e se aproximou da professora, abraçando-a. Então Lilian sorriu espontaneamente, abraçando de volta a menina.
Sophie abriu um dos braços, fazendo para que Luke as abraçasse também. Mas ele só o fez depois do “você também, insuportável!” de Sophie. Isso também fez a Srta. Jones rir.
Quando o abraço triplo acabou, Lilian limpou a pequena lágrima que havia saído de seu olho esquerdo.
— Não se preocupem — ela disse a eles. — Se é da vontade de Deus que eu crie um bebê agora, que assim seja. Vai dar tudo certo.
— Isso, Prof. Lilian — Luke. — Pensa assim mesmo.
— É... Tudo vai dar certo — Sophie disse, sorrindo. — Só fico triste por que não vamos ter aulas boas de inglês ano que vem, não é?
Lilian riu.
— Obrigada, tá? — ela disse. — Vocês realmente são muito queridos... É claro, quando não estão brigando. Mas obrigada. Mesmo.
— Obrigada o quê, quero saber é do meu pontinho extra e... — Luke disse, fazendo-as rir. — Brincadeira. Sério, professora, não foi nada.
Sophie se lembrou da vergonha que havia passado para comprar o teste. Não foi nada. Que baita mentira!
Mas mesmo assim, ela concordou:
— É, não foi nada — e sorriu.
Não demorou muito e Luke e Sophie precisaram deixar a professora trabalhar em paz, e afinal, eles também precisavam estar preparados para a peça. Luke e Sophie, principalmente, precisariam mudar de roupa seis vezes durante a peça. Isso sem contar dos efeitos especiais que Linda havia arranjado!
Na cena em que Edward corria super rápido com Bella nas costas, por exemplo, eles usariam um projetor de imagem que daria a ilusão de que eles estariam passando por todo o palco, quando na verdade, estavam parados em apenas um lugar.
Com a pouca verba para as aulas complementares, Luke e Sophie se perguntavam como Linda havia conseguido tantas coisas para a boa realização daquela peça. Era assustador de se ver! Os cintos, o projetor, o cenário que estava divino, o figurino... e a peruca de Sophie estava realmente parecendo seu cabelo! Pelo que Luke sabia, perucas assim deviam ser caras. De modo que a professora esquisita só se tornava mais e mais misteriosa.
Logo Luke e Sophie chegaram ao lugar atrás do palco, que haviam projetado. Todo o elenco estava lá. Até Adam, que cuidaria dos efeitos sonoros (a professora descobriu que ele não sabia atuar por nada, mas era ótimo com computadores). Nate estava tão branco quanto Luke, e assim também estava Max (que seria Jasper), e Sean Nicholas, o garoto que interpretaria Carlisle.
Mas nenhum deles estava mais pálido do que Julia. Ela parecia ter feito uma espécie de bronzeamento ao contrário, só podia. Seu corpo inteiro havia mudado de cor. E isso era um tanto engraçado.
— Juzy, o que aconteceu com você? — Sophie disse, rindo da amiga, que por muito pouco não lhe mostrou um dedo.
— Nem vem. Posso estar com uma cor estranha, mas a sonsa da peça é você — ela bufou.
— Mas amor — Nate se intrometeu. — Como sonsa se ela fica com o cara mais sexy depois de mim na peça?
— Eu sou mais sexy que você — Luke encarou Nate com uma sobrancelha arqueada. Isso só fez o mais novo gargalhar gostosamente.
— Nos seus sonhos, só se for — ele disse, ainda sorrindo. Julia riu também.
— Se Dan estivesse aqui, ele provavelmente diria que vocês dois estão agindo como gays — Sophie disse, apertando o lábio e fazendo Julia gargalhar. — Por que sinceramente, eu não conheço nenhum garoto que goste de discutir com o amigo quem é o mais sexy.
— Claro — Nate disse, sorrindo. — Por que essa é uma questão que precisa ser julgada por mulheres, certo? — Sophie assentiu com a cabeça. — Certo. Ei, Max, quem é o mais sexy, eu ou o Luke?
Sophie não se agüentou e começou a rir, assim como Luke e Julia. Max encarou Nate com os olhos apertados.
— Se ferrar que é bom você não quer, né, rapaz? — ele disse, ainda encarando Nate daquela forma e fazendo os outros rirem mais. — Isso aí é ciúme, minha gente. Ciúme.
— Me desculpa se esse seu cabelinho cacheado e grande te faz parecer uma menina, foi mal. — Nate disse, levantando a mão.
— Pode zoar, Farro — Max disse tranquilamente. — Por acaso é a menininha aqui que será o par da sua mulher na peça. Ha, ha.
— Se for pra se julgar por aspectos desse modelo, todos vocês seriam meninas. Tá todo mundo com pó compacto e lápis de olho — Julia disse, fazendo com que Sophie risse e concordasse com um “É, isso aí é verdade.”
— Isso não quer dizer nada! — Max. — Apenas homens certos de sua sexualidade se prestam a uma experiência assim. O fato de nós estarmos usando maquiagem só nos deixa mais machos.
Sophie achou que fosse chorar de rir depois dessa. Aqueles garotos quando se juntavam eram muito palhaços.
— O fato de nós estarmos usando maquiagem só nos deixa mais machos — Sophie repetiu, rindo. — Aposto que ninguém nunca usou essa mesma frase antes, no mundo todo.
— Muito capaz — Julia disse, rindo também.
Logo depois eles tiveram de cessar as risadas pelo aparecimento de Linda Lauren naquele lugar. Ela não tinha mudado nada. Estava a mesma, igualzinha. Faltavam ainda alguns minutos para a peça.
— Ei, meninos — ela disse, com empolgação, chamando a atenção de todos. Depois de todos os rostos se voltarem para ela, ela sorriu e continuou. — Bem... vocês sabem que depois de hoje, depois dessa peça, nós não teremos mais aulas por esse ano. Então... eu quero mesmo agradecer à vocês todos, que estiveram aqui e que se esforçaram para estar preparados para interpretar Twilight. Espero ver todos aqui no ano que vem!
Os alunos bateram palmas, e então Linda começou a repassar as cenas e os comandos que ela daria durante a apresentação. Fez os alunos com dificuldades repassarem suas falas com perfeição, sempre conseguindo um elogio da professora. Logo o tempo já havia passado e já era hora de entrar em cena.
Sophie deu uma olhada na platéia. Todas as cadeiras estavam cheias e haviam algumas pessoas em pé. Praticamente toda a escola estava ali. Também havia alguns adultos que ela não reconhecia. Ainda assim, era muita gente, gente o suficiente para deixá-la bem nervosa.
Então o cenário foi iluminado e o microfone entregado a ela para a primeira fala narrativa do primeiro ato. Sophie respirou fundo e apertou as mãos soadas no microfone.
— Nunca pensei em como morreria, mas mesmo que tivesse pensado, nunca imaginaria que seria assim. Eu sabia que se nunca tivesse ido a Forks, agora não estaria diante da morte. Mas, embora estivesse apavorada, não conseguia me arrepender da decisão. Sem dúvida, era uma boa forma de morrer, no lugar de outra pessoa, de alguém que eu amava. Nobre, até. Isso devia contar para alguma coisa...



[...]



Luke estava com um discreto sorriso no rosto, enquanto fazia o caminho de volta para casa. A peça havia sido ótima! As acrobacias do fim tinham dado super certo, eles tiveram que trocar de roupa mais do que rápido, mas ainda assim foi o suficiente para a peça andar. O nervosismo fez com que a peça tivesse ficado melhor ainda do que estava nos ensaios... E todos que estavam no ginásio tinham aplaudido fortemente.
O sol já tinha ido embora totalmente, dando um ar de início de noite gostoso, que Luke adorava. Ele virou a rua, pronto procurando a chave em seus bolsos. Sophie e Nate não estavam com ele por que tinham ido à casa de Julia. Mas Luke realmente não se importava de voltar sozinho. Era bom para pensar... sobre tudo, afinal. Ele havia beijado Sophie mais algumas vezes durante a peça, e ele admitia que na hora do “baile”, ele realmente teve de se controlar para não parar de atuar e a agarrar por ali. Ela estava mais do que linda.
Balançou a chave nos dedos, enquanto não alcançava a porta de casa. O som em seus ouvidos estavam altos, de modo que ele nem notou a presença que colocou a mão em seu ombro esquerdo, assim que chegou a porta de casa. Retirou os fones de ouvido e viu o rapaz ali, parado, olhando para Luke.
— Posso falar com você? — ele disse.
Luke se recostou na porta.
— O que você quer?
— Conversar... Sobre a Stephy. Quero te impedir de cometer um baita erro — Andy disse, encarando-o.
— Não quero falar contigo, cara, vai embora — Luke disse e tentou fechar a porta, mas Andy a segurou.
— É importante, ok? Vai levar cinco minutos, Davis — ele bufou e Luke suspirou, derrotado. — Posso entrar ou não?
— Tá certo — ele disse, abrindo a porta para o garoto que tinha o skate nos braços entrar. Após eles se encontrarem na sala de estar, Luke o olhou com impaciência.
— E então — ele recomeçou. — O que quer?

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