22 de set. de 2012

Capítulo 24

I can't let go of what's in front of me



Eles se beijavam com vontade. Há muito guardavam para si aquele sentimento, aquela vontade. Foi a única vez que eles realmente se sentiram um do outro. Nada os podia separar. Apesar de todas as diferenças possíveis, eles se amavam. E o amor verdadeiro nunca acaba.
Suas línguas se entrelaçavam com facilidade. O piercing gelado de Josh fazia o contraste perfeito com a ardência daquele momento. Seus pulmões imploravam por ar quando finalmente se desprenderam.
— Seu idiota — começa Hayley, sem desgrudar sua testa da dele. —, porque não me disse isso antes?
Ele sorriu.
— Não tinha total consciência disso. Fui perceber isso hoje... Mas, isso quer dizer que...?
— Dã. — Eles riram — Não quero nada com o Jason ok? É você que sempre esteve no meu pensamento, desde os meus seis aninhos. É bobagem sua pensar o contrário, levando em consideração que até Isabelle já notou o que eu sinto por você.
Ele sorriu e a puxou para mais perto de si, fazendo seus rostos colarem novamente.
Enquanto isso, duas pré-adolescentes observavam o momento.
— Own. — comentou Erica —, agora... somos cunhadas?
— Hmm... praticamente sim.
— Que legal.
— Pois é. Se não fosse eu, Josh nunca tinha feito nada.
— Tenho que reconhecer Bells, se não fosse você, o mundo praticamente não teria graça.
As duas meninas sorriram e deixaram o casal a sós.

[...]

Hayley chegou a sua casa por volta das seis da tarde. Fechou a porta e sorriu abobalhadamente.
— O que houve? — perguntou Christie com um pote de sorvete na mão, ela passava pelo corredor quando viu a filha sorrindo para o nada.
— Ahn, nada. Passei a tarde brincando com as meninas. Foi... muito bom. — E põe muito bom nisso.
Christie sorriu.
— Uma tarde com suas irmãs não te faria sorrir assim. Pode falar o que aconteceu de verdade.
— É sério... foi só isso.
— Acha que eu nasci ontem menina?
Hayley riu.
— Você não acreditaria...
— Porque não?
— É surreal.
— Mas eu quero saber. — Ela disse e deu uma colher para Hayley que pegou uma colherada do sorvete de morango.
— Certo... — levou a colher a boca — ...beijei um garoto por lá.
Christie arregalou os olhos.
— Um garoto? Na casa de seu pai? Como?
— Josh... foi levar Isabelle. — Hayley disse de cabeça baixa e Christie se engasgou com o sorvete.
— JOSH? — Disse mais alto do que queria, ou melhor, deveria.
— É...?
— Isso é surreal! Vocês não se odeiam?
— Eu disse que era surreal. E... ele é um completo idiota, mas... algo na idiotice dele me atrai.
— Que estranho.
Hayley bufou como se dissesse “e você acha que eu não sei?”
— Estão namorando?
— Não. — Pelo menos, não ainda.
— Gostaria de ter Josh como genro... é melhor do que aquele Chad.
Hayley se irritou.
— Já disse que não gosto que falei dele, droga.
— Desculpa.
Ele se recompôs e pegou mais uma colherada de sorvete. Levou a boca e disse para a mãe que ia tomar banho.
As palavras de Josh ecoavam em sua cabeça...
Ela se tornara estranha, de certa forma. Por quase toda a vida dela, ela idealizou um “príncipe encantado”. Estava tentando descobrir como alguém tão diferente desse cara foi encantá-la daquela forma.
Mas tinha alguma coisa nele que... fazia ela querer continuar pensando nele. Seus olhos, sua boca, seu corpo. Era como uma droga para ela. Uma droga que desde muito tempo ela havia se viciado. Sorrisos abobalhados invadiam seu rosto sem permissão ou aviso prévio. E foi aí que ela percebeu que tinha de aceitar os fatos e encarar sua conduta de Adolescente Apaixonada.
“Sou eu, Hayley, e não ele que te ama de verdade. Sou eu que te quer aqui.”
Nessa hora o mesmo sorriso bobo veio a sua face, e ela não se esforçou para contê-lo.
Vestiu uma roupa de dormir e enrolou a toalha no cabelo para cima.
Foi até o canto do quarto, e abriu a caixa. A quanto tempo não abria aquela caixa? 2 ou 3 anos? Ela não se lembrava. Só sabia que fazia muito tempo.
Isso porque todas as coisas — todas mesmo! —, que haviam lá dentro levavam sua lembrança a seu pai... ou a Josh.
Retirou sua agenda e a abriu.
Na primeira folha havia um desenho. Três bonequinhos dando as mãos. Joey, Christie e Hayley, envolvidos por um coração. Tomada pela emoção ela sentiu um nó na garganta e algumas lágrimas escaparam de seus olhos. Passando-se as folhas ela via seus pequenos relatos de como havia sido seu dia. Muitas vezes, o diário era seguido de um desenho.

“Querido diário,
Hoje me casei.
Você pode achar bobo uma criança se casar, mas eu e Josh nos amamos muito. Casamos de mentirinha hoje, mas logo depois, quando estivermos adultos, vamos nos casar de verdade, numa igreja bonita, como nos filmes.
Brinquei na casa dele a tarde toda, e brinquei muito com Zac também. Só que ele fez xixi nas calças e a tia deu banho dele, e depois ele dormiu. Aí eu não vi mais ele.
Me diverti muito. Estou feliz”

Logo depois tinha a aliança colada com cola de papel, e um desenho dos dois segurando as mãos um do outro.
Pela primeira vez em 10 anos ela pode re-ler aquilo sem sentir um aperto no peito, uma vontade de chorar. Ela riu. Riu de sua insanidade e ingenuidade, achando que tudo seria fácil em sua vida. Achando que ela poderia simplesmente se casar com Josh, e viver Feliz Para Sempre.
Foi virando as páginas, até que viu a primeira que ela expressou vez a tristeza de ver o amor acabar. Estava se mudando para Los Angeles. E Josh não a ajudou.
Re-leu tudo aquilo. Foi uma época muito triste para ela. Muito mesmo.
Passando as páginas ela terminou sua agenda, e então pegou a outra, e a outra, e a outra, até chegar a ultima. A ultima vez que ela escreveu naquelas folhas.

“Fui tola de imaginar que daria certo.
Achei que tudo estava bom entre nós mas... apenas me enganei.
Fui mais boba em achar que seria diferente com ele. Fui muito boba em pensar que ele me queria.
Só queria me machucar, isso sim.
Meus pais já sofreram o que sofreram por causa desse tal de amor, e agora me submeti a isso também. Não acredito.
Pois que Chad se divirta com sua vagabunda, eu não ligo mais.
Contando apenas comigo, eu não me machucarei.”

Ela tinha quatorze anos quando escreveu isso.
O amor de seus pais acabou... o dela e de Josh podia muito bem acabar também, certo?
É... talvez sim.
Mesmo assim ela não tinha forças para ficar longe dele. Queria ele.
Pegou esse mesmo caderno e foi para o piano com uma caneta e começou a escrever. Tocou um “si” no piano. Encaixaria perfeitamente.

“When I was younger I saw, my daddy cry and curse at the wind
He broke his own heart and I watched as he tried to reassemble it
And my momma swore that she would never let herself forget
And that was the day that I promised I'd never sing of love if it does not exist
But darling...

You are the only exception”

Repetiu o ultimo verso e se sentiu renovada. Daria uma boa música.

[...]

— Isabelle?
— Sim, mãe.
— Vá acordar Josh, ele precisa ir para a escola.
Isso soou como música aos ouvidos da pequena menina.
— Isabelle?
— O quê?
— Sem água, ok?
— Mas mãe, eu...
— Isabelle?! Sem água, certo?
A menina bufou e disse:
— Sim senhora.
Indo de cabeça baixa em direção ao quarto do irmão ela teve uma idéia. Sorriu maliciosamente e foi até o seu quarto.
Sua boneca, que ela rabiscara e cortara o cabelo aos 5 anos de idade, estava jogada atrás do guarda-roupas. A pegou e pegou também um pequeno balão. O encheu e o amarrou.
Entrou de mansinho no quarto de Josh e colocou o rosto da boneca estranha e com cara de assassina bem perto de Josh. Pegou uma caneta de ponta fina e estourou a bexiga perto de seu ouvido.
Josh se assustou com o barulho da explosão e abriu os olhos bruscamente, e viu o rosto daquele monstro.
Até seu cérebro perceber que era apenas a antiga boneca de Isabelle, ele já tinha gritado, caído da cama, e levantado do chão num pulo em seguida. Tudo isso em menos de 2 segundos. Depois de tudo soltou um palavrão.
— ISABELLE, PESTE!
A menina ria, ria tanto que não conseguia se manter em pé. Estava deitada no tapete do chão com as mãos na barriga que estava doendo em razão do riso.
— Mamãe mandou não usar água — ela disse entre as risadas.
— Mas isso não quer dizer que é pra você usar bonecas e bexigas, droga!
— Qual é Josh, tem medo de bonecas?
— Olha, quer saber, sai fora do meu quarto. Você é uma criancinha diabólica e má. Tchau. — Ele disse isso enxotando a irmã mais nova para fora do seu quarto. Sua respiração estava acelerada, seus pelos em pé. Ele não tinha medo de bonecas... eu acho.
Depois de se arrumar rapidamente, comeu depressa e saiu mais cedo do que o de costume.
Ao chegar a porta da casa dela, ele esperou um pouco. Logo ela saiu. Ele sorriu ao vê-la, estava linda.
— Oi. — Ele disse a beijou delicadamente.
— Oi, ér, hm... vamos esperar Sarah e Jeremy, já devem estar chegando.
— Ok.
Um silencio torturante se deu entre os dois.
— Eu... compus um pouco ontem...
— Sério?
— Uhum — Ela disse. — não ficou tão bom assim.
— Ah, fala sério, seus talentos musicais são indiscutíveis. Aposto que ficou incrível.
— Não, não ficou.
— Canta um pedacinho pra mim.
— Josh, estamos na rua!
— Eu não ligo. Ninguém paga minhas contas. Quero te escutar, bora.
Ela sorriu e começou.
— And that was the day that I promissed, I’d never sing of love, If does not exist. But darling... you are the only exception, you are the only exception, you are the only exception, you are the only exception.
— Caramba Hayles... que... incrível!
— Essa música já existe a muito tempo... mas eu nunca tive coragem de terminá-la. É sobre a separação dos meus pais...
— Sei.
Nesse momento Jeremy e Sarah chegam.
— Josh? — Sarah diz. — O que faz aqui?
— Bom dia pra você também, menina. — Ele disse revirando os olhos mostrando falsa raiva. Eles riram. — Só vim... ver a Hayley.
— Ahn... — Ela dá um cutucão em Jeremy. Eles percebem logo, e sorriram. — Então... vamos galera?
Jeremy, Sarah, Josh e Hayley foram andando até o caminho da escola. Tudo ficou muito mais do que claro quando Josh colocou seu braço na cintura dela e eles foram andando e discutindo qualquer coisa até chegarem lá.
Chegando lá, Hayley e Josh atraíram olhares estranhos. O pior deles foi o de Jenna. Não havia mágoa naquele olhar, e sim... raiva. Muita raiva. Energias negativas é o que saia daquela mulher.
Cada um deles foi para a sua respectiva aula. Hayley e Josh não estavam juntos. Sarah forçou Hayley a contar-lhe todos os detalhes, e ela o fez.
O dia na escola foi, apesar de tudo, normal. Hayley e Josh não ficaram muito tempo juntos, nem deixaram muito claro que estavam ficando. Mas qualquer cego notaria que tinha algo rolando.
No final da aula, ele a deixou em sua casa.
Apesar das discursões que eram constantes, eles se sentiam felizes. Estranhamente felizes.
À tarde, Hayley estava em casa, sentada no sofá, assistindo TV, com o resto do sorvete na mão. No mais absoluto tédio. Até que seu celular vibra. Josh.

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