23 de set. de 2012

Capítulo 24

Everything has changed



Nove meses depois


Pov. Sophie



— O meu ódio por você é maior que qualquer ódio que eu já senti. — Luke sussurrou, com os olhos fixos em meus lábios que pulsavam por causa do nosso último beijo.
— O meu ódio por você é maior que qualquer sentimento que já tenha existido dentro de mim. — Retruquei, tentando manter minha voz o máximo que podia. Mas era muito difícil quando aqueles lábios tão perfeitos e bem moldados, avermelhados como nunca e que eu tinha certeza de que estavam pulsando tanto quanto os meus, estavam ali, na minha frente. Não conseguia desviar meu olhar deles.
— Eu te odeio mais do que tudo. — Luke disse sussurrando, assim como eu, e eu me arrepiei inteiramente quando ele passou a mão esquerda pela minha cintura, num toque forte e decisivo.
— Eu te odeio mais do que qualquer pessoa. — Levantei meus braços algumas vezes. Não era certo que eu agarre sua cabeça e simplesmente o puxasse para mim. Eu não queria, por que não era... racional. Mas sinceramente, eu estava muito longe da racionalidade naquele momento. Hesitei, mais de uma vez, mas no fim, minhas mãos se embrenharam entre seus cachos macios e já bagunçados. Meu coração pulava dentro do peito.
— Eu te odeio mais... — Ele começou a frase e eu mordi o lábio, tentando inibir minha visível vontade. Mas Luke não terminou a frase.
Invés disso, tomou meus lábios latejantes para os dele. Novamente.
— Sophie... Sophie! — Ouvi meu nome através de algum lugar que não pude reconhecer.



— Sophie! — A claridade fez com que meus olhos ofuscassem. A face infantil e angelical de Joe me encarava com impaciência. — Até que enfim! Você é muito difícil de se acordar, sabia?
Era de se esperar, depois daquele sonho, meu querido irmão.
— Estou sabendo — disse apenas, dando uma risada pequena. O sol já batia forte àquela hora da manhã. Olhei para o meu relógio de parede. Oito e quarenta e sete. Normal, para um dia de verão.
— Então levanta! — Joe exclamou. — Levanta por que hoje o dia é grande! — A última frase dele me fez rir. Joe sempre achava que aniversários eram dias tão especiais que duravam mais do que os outros. Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas se auto-conteve e fez um sinal de espera, saindo do quarto. Regressou logo depois com uma bandeja na mão. Nela, havia um cupcake com uma pequena vela já acesa e uma xícara grande. — Já que você decidiu que não ia querer festa... eu fiz o meu chocolate quente especial.
Sorri e agradeci, soprando a vela do cupcake. Apanhei a xícara e dei um grande gole do chocolate quente, que realmente estava perfeito. Joe sabia o jeito certo de colocar pedacinhos de marshmellow e bombom.
— Hmm... Está perfeito, Joe, obrigada — disse, sorrindo.
— Claro, por isso ele é especial — ele revirou os olhos, me fazendo rir. — Por nada, encare como um presente. E ah, o papai mandou você levantar logo e descer, por que ele quer te mostrar uma coisa. Feliz aniversário! — Ele se aproximou, me deixando um beijo na bochecha e logo depois desapareceu, correndo rapidamente.
Deixei uma risada escapar, enquanto terminava meu chocolate quente. Estava realmente perfeito! Mesmo tendo apenas onze anos de idade, Joe provavelmente é o único desta casa inteira que pode usar a cozinha sem ter perigo de incendiar a casa.
Ele não havia mudado muito, sabe. Continuava magricelinha e cabeludo, com aquelas bochechas rosadas e olhos verdes da mãe. Continuava sendo um tanto quanto manipulador quando a conversa era sentimentos, e continuava sensível e fofo como ninguém. Só espero que ele continue assim e nunca mude, se tornando alguém agressivo e irritante como o...
— Parabéns para a chata, parabéns para a chata, parabéns para a maior chata de todas... Parabéns para a chata!
...Nate.
— Não é assim que se canta essa música — eu disse, deixando a xícara no criado-mudo e mexendo no meu cabelo vermelho.
— Eu sei. Foi uma adaptação que fiz especialmente para você! Devia me agradecer pelo resto de sua vida por este ato de verdadeira compaixão.
— Você é ridículo — disse, com um sorriso no rosto. Num segundo, ele estava na minha porta, mexendo aquele cabelo enorme liso ridículo que ele havia deixado crescer. No outro, ele estava me esmagando contra a minha cama com aquele corpo bombado. Ele me abraçava e me desejava feliz aniversário, enquanto eu gritava o máximo que podia e tentava me libertar. Finalmente ele saiu de cima de mim e eu saí junto, ficando de pé no tapete. Nate ria.
— Quando você estragar sua chapinha vai parar de achar graça — bufei, e acabei me deixando rir também.
Por algum motivo desconhecido, Nate havia deixado seu cabelo liso crescer até a altura do queixo, e ele estava impecável a todo o momento. Ele também havia crescido mais, e sua voz havia engrossado do nada. Num dia ele falava normalmente, no outro ficou rouco, e no outro já falava quase tão grosso quanto o meu pai. Continuava lutando, então ele estava mais forte e maior.
A precocidade hormonal e ataque de cabelo estilo Jennifer Aniston agradou mesmo foi a Julia, vou te contar. Ela também havia mudado um bocado na questão hormonal, mas nada era comparado a Nate. Era difícil ver os dois juntos sem estarem se agarrando. Uns dias pra trás, eu tive de expulsá-los do meu quarto, veja você! Eles estão realmente impossíveis. Gostaria apenas de saber o que o Sr. Bynum acha disso, já que ele tem uma aversão considerável ao Nate. Provavelmente por que ele lembra muito o meu pai, e já que os dois foram quase rivais... deve ser difícil ver sua única filha nos braços de um Joshua-Farro-Dois.
Depois que cansei de escutar as implicâncias de Nate, finalmente me vi sozinha no banheiro. Ele ainda gritava fora dele, mas logo depois se cansou e disse a mesma coisa que Joe, ainda agora: “desça rápido, papai quer te mostrar algo.”
Meu pai sempre quer me mostrar algo no meu aniversário. Mas sinceramente, eu não estava nem um pouco ansiosa para descer. Da última vez em que acreditei que ele queria me mostrar algo, me jogaram farinha de trigo pelo corpo inteiro. É sempre uma pegadinha. Uma pegadinha de aniversário.
Dezesseis anos. É o que eu estou fazendo nesta manhã ensolarada de agosto, dezesseis anos. Comecei a pensar nas mudanças que ocorreram desde que eu fiz quinze. Meu Deus! Mal posso contar. Comigo mesma, foram um bocado. Olhando para trás, eu me sinto um tanto mais madura e racional do que naquela época. Acho que aprendi que a vida não é uma brincadeira.
Mas... vamos ver os acontecimentos mais importantes que houveram nesse ano. Meu namoro de menos de duas semanas com o Brad pode ser considerado? Sim, eu acho, talvez. Namoro e término com Brad, agosto. Julia entrou na minha vida e na do meu irmão, setembro. Eles passam a namorar, outubro. Nós duas tomamos raiva por Stephy, setembro. Julia bate nela, novembro. Tia Belle se casa, novembro. Nós viramos amigas de Jenny, dezembro. Ela começa a namorar Max, o cara de cabelo cacheado e olhos cinzentos que interpretou Jasper, janeiro. Marie vem morar em Nashville, janeiro. Ela começa a estudar conosco e conhece o resto de meus amigos, fevereiro. Ela e Dan se apaixonam, fevereiro. Começam a namorar, março. Nate perde o campeonato de luta na final, abril. Meu pai ganha outra homenagem do exército americano, maio. Joseph começa seu primeiro projeto de livro, junho. Ele desperta o interesse especial por um empresário literário e consegue um contrato, julho. E agora estamos aqui. Em agosto.
Concluo que citei os acontecimentos mais importantes, mas uma voz grita na minha cabeça do que eu me esqueci nesse lembrete mental. Ou melhor, quem.
Luke.
Não percebo o momento em que começo a fazer o mesmo lembrete mental apenas com Luke, mas decido dar continuidade. Luke canta uma música de amor para mim e eu não percebo, agosto. Ela começa a namorar Stephy, agosto. Sinto ciúmes e o Nate me faz me ter certeza de que eu o amo, setembro. Vou falar com ele e ele me trata mais mal do que já tratou em toda a minha vida, setembro. Eu passo a odiá-lo, setembro. Ele continua a namorar com Stephy, e eu termino meu namoro com Brad, agosto. Componho Ignorance com Julia, deixando-nos com mais raiva um do outro, outubro. Temos aulas complementares juntos e somos forçados a sentar-nos juntos e interpretar uma peça como um par romântico, outubro. Stephy o trai e ele termina com ela, outubro. Eu o insulto por isso e peço desculpas, outubro. Damos nosso(s) primeiro(s) beijo(s) na sala de detenção, mas ainda prometendo nos odiar, outubro. Vamos para o acampamento, discutimos quase o tempo todo, somos forçados a dormir juntos, descobrimos um caso romântico entre nossos professores, Luke salva a minha vida após nos perdermos e nos beijamos novamente, novembro. Compomos nossa primeira música juntos, novembro. Ficamos bêbados e nos beijamos a luz do luar no casamento de tia Isabelle, novembro. Compomos nossa segunda música juntos e decidimos deixar nossa relação rolar, novembro. Passamos vergonha na farmácia, discutimos e interpretamos Crepúsculo, novembro. Continuo dizendo para mim mesma que odeio Luke Davis e Nate quase me convence do contrário, início de dezembro. Fico sabendo que Luke beijou Stephy e cogitou a hipótese de voltar para ela, dezembro. Fico decepcionada, enciumada e chateada, então nós conversamos e decidimos terminar nosso relacionamento por ali (se é que havia algum), dezembro. Conversamos outra vez brevemente e decidimos não guardar ressentimentos, dezembro. Não nos falamos direito depois disso, janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho. E agosto. Até hoje.
Deixo um suspiro escapar de meus lábios e jogo um pouco de água fria na cara, procurando colocar meus pensamentos no lugar. Não tem sido tão difícil quanto era no começo, assim que paramos de nos falar. Parecia que todo dia, toda hora, aquele infeliz invadia meu pensamento e fazia com que a vontade de chorar se tornasse crescente dentro de mim. O pior de tudo, é que eu realmente não sabia o que causava isso. Só sabia que era ele. E só sabia que doía.
Com o tempo, soube também que tinha de acabar com aquilo. Passei a procurar pensar o menor tempo possível em algo que envolvesse Luke, a não ser que fosse totalmente necessário. Nate e Julia pararam de me importunar depois do dia em que Julia me viu saindo do ginásio e me acompanhou até o banheiro, apenas para me escutar chorar. Depois de alguns meses, eu consegui me segurar bem. Já não sentia muita coisa por Luke. Como se eu tivesse congelado aquele sofrimento esquisito. Expliquei isso para Julia, um dia, e ela disse que eu podia até ter congelado meu sofrimento, mas também tinha congelado o resto do meu coração para novos amores ou sei lá o quê. Confesso que a idéia de me apaixonar meio que me apavora, hoje em dia.
Mas bem, algumas vezes os sonhos me bombardeavam. Como hoje, por exemplo. No dia do meu aniversário. O sonho da primeira vez em que nos beijamos (detenção, outubro). Os sonhos não vem sempre, mas quando vem, são sempre relacionados a Luke. Ou uma lembrança antiga, ou então, um sonho que vem se repetindo por algumas vezes.
Eu me pego espiando-o por uma brecha de porta, enquanto Luke toca sua guitarra com total maestria. Eu reconhecia aquele solo. Era Let The Flames Begin, nossa música, que eu nunca mais toquei. Então, de repente, ele virava o rosto para mim e eu sentia meu sangue gelar. Invés de me sorrir, Luke fechava a cara. A porta se fechava em meu rosto, mesmo que ele estivesse longe.
Então tudo começava a girar. E eu acordo.
Eu sabia por Nate que ele começara a estagiar na empresa do tio Jeremy. Sabia também que Jeremy que o havia convencido a fazer faculdade, para que pudesse administrar a empresa futuramente. Luke já estava estudando para o vestibular para fazer administração, de acordo com Nate. Já que não nos falamos mais de qualquer maneira, eu nunca viria a saber alguma coisa assim dele próprio. E Dan tem passado um bocado de tempo com Marie, de modo que é difícil conversar com ele fora da hora do intervalo, e como esse é o momento em que somos designados para comer...
Decidi que a melhor escolha era deixar tudo como estava. Luke em seu canto, eu no meu. Se não conseguimos nos relacionar sem nos machucar, é melhor deixar tudo como está.
Ah, sim. Ainda juro aos quatro ventos que o odeio.
Mas... eu não sei bem se o que sinto por ele é bem ódio. É mais uma raiva, misturada com decepção e uma amargura um tanto quanto intensa, se eu me forçar a pensar sobre isso. São sentimentos ruins. Muitos deles eu não sei descrever. Mas não tenho certeza de que é o mesmo bom e velho ódio de sempre. Não é algo que posso afirmar.
Decidi que já havia estourado minha cota de pensar em Luke. Escovei meus dentes e me coloquei dentro de uma roupa menos íntima que meu pijama. Um short jeans e uma camiseta branca, super básica. Amarrei meu cabelo para cima, tendo certeza de que ficaria mais fácil de lavar qualquer que seja a pegadinha lá embaixo, e desci.
O fiz com medo, vou confessar. Desci degrau por degrau esperando a chuva de ovos ou uma torta de chantili atravessar a sala e pousar bem no meio da minha cara. Mas nada disso aconteceu, nem mesmo quando eu saí da escada e adentrei a cozinha.
Invés disso, todos sorriram, cantaram a música e vieram me abraçar.
Só isso.
— Toma, Soph — Nate disse, retirando um pacote do armário de cima. — Eu vi em uma loja enquanto andava outro dia e achei a sua cara. Tive que comprar. Feliz aniversário!
Olhei desconfiada para Nate e rasguei o papel sem cerimônias. Era um livro, que dizia exatamente isso:
“Guia de piano para idiotas”.
Mesmo que tentasse olhar para ele com raiva, acabei me deixando rir. Onde diabos ele conseguiu essa coisa? Será que existe uma loja só de artigos para se zoar com a irmã mais velha?
— Olha, o livro não tá lacrado... Você andou pegando as manhas, não é? Tipo, guia para idiotas... um idiota... — eu disse, gesticulando com a mão. Nate revirou os olhos.
— Dezesseis anos e não cresceu nada, vou te contar — ele se fez de indignado, fazendo com que meus pais e Joe rissem um pouco.
Fui até a geladeira e peguei o leite, enquanto Joe trazia o cereal da mesa para o balcão para mim. Então eu me lembrei.
— O que você queria me mostrar, pai?
— Ah — ele tomou um gole do seu café, dando uma olhada de soslaio para minha mãe. Opa. Eles estão armando alguma coisa. — Só uma coisa...
— Você disse que não queria uma festa... — minha mãe começou e eu tratei de interrompê-la.
— Ai, pelo amor de Deus — disse. — Não vai dizer que você não conseguiu segurar suas mãozinhas produtoras e preparou uma festa de 16 anos super especial e surpresa pra mim? Por que...
— Não fizemos isso — meu pai me interrompeu. — Não deixei sua mãe fazer isso. Por que ela ia fazer! Ia mesmo! Mas eu não deixei.
— Mãe! — Olhei pra ela com incredulidade, e ela me lançou um olhar inocente.
— Você é minha única filha e ia fazer 16 anos e eu sou produtora de festas! — ela disse em sua defesa e se virou para o meu pai. — E o que eu disse pra você? Não falei que era pra você manter sua boca fechada já que eu concordei em seguir o seu plano?
— Eu só estava te provando que isso é o que ela queria!
— Sem discussão no meu aniversário, por favor — eu disse, rindo. — E mãe, fala sério. Quando você era da minha idade você quis que a vovó fizesse uma festa pra você?
Ela pareceu pensar um pouco.
— Certo, você venceu — ela bufou. — Ficamos com o presente, então.
— Sim — papai continuou. — Já que você não quis a festinha da tua mãe, decidimos te dar um presente.
— Legal! — olhei-os com ansiedade, juntando minhas mãos. — Cadê?
— Deixa de ser boba, Soph! — escutei o grito agudo de Joseph no fundo da cozinha, com a tigela de cereal nas mãos. — Você tá fazendo dezesseis anos! É lógico que o seu presente tá lá fora!
Depois disso, a idéia me veio à cabeça e eu não consegui pensar em outra coisa sem ser abandonar meu café da manhã e correr para a porta de casa, esperando que minhas suspeitas estivessem certas. Quase arranquei a maçaneta da porta e pulei os três degraus de uma vez, deparando-me com ele. Gritei.
Ele era um sonho! Um Nissan Versa, lindo, prata, perfeito! Ele estava coberto por uma fita vermelha que fazia um laço por cima dele. Eu não conseguia sair do lugar, só ficava vendo aquele carro super lindo ali, na frente da minha casa. Era esse o meu presente mesmo? Eu desisti da festa da minha mãe e ganhei um carro?
Meu pai apareceu na porta, segurando a mão da minha mãe.
— Ah, cara, fala sério! — Gritei para os dois. Meu queixo insistia em ficar caído e até meu coração havia aumentado as batidas. — É sério isso? Ele é o meu presente?
— Feliz aniversário, amor — meu pai disse, tirando uma chave do bolso e me entregando, enquanto minha mãe apenas deu uma risada sonora. Dei um abraço sufocante nos dois e tirei a chave da mão dele, apertado o botão de alarme e entrando dentro do carro. Encaixei a chave e girei, fazendo motor roncar macio. Gritei novamente. Não tem como não gritar! Eu tenho um carro! Um carro super lindo!
Depois disso, estava todo mundo entrando nele também. Minha mãe se sentou no banco do carona e meus irmãos foram para o banco de trás com meu pai. Ainda sorrindo e escutando os comentários felizes de todos que estavam ali, eu conduzi meu carro por algumas quadras, e depois voltei calmamente. Eu ainda precisava tirar minha carteira, mas pra isso só precisava fazer o exame e pronto. E se um maior de idade me acompanhasse, eu poderia dirigir, pois já tenho quinze anos e um documento provisório de aprendiz.
Estacionei o carro em frente a nossa casa, da mesma forma que ele estava quando eu o encontrei. Alisei o volante delicadamente, ainda em êxtase.
— Ainda não acredito, cara — disse pela décima vez, fazendo minha mãe que estava do meu lado, dar mais uma risada gostosa. — Não acredito.
— Acredite — ela disse. — Mas sabe as regras de ter um carro, não é?
Ela abriu a porta, saindo do carro. Saí também, enquanto meus irmãos adentravam a casa batendo um no outro de brincadeira.
— Na verdade não — ri de canto. Meu pai riu comigo, e então começou a ditar:
— Só vamos te dar cem dólares de combustível, se você quiser mais vai ter de tirar da sua mesada. Quando for sair, avise para onde. E se conseguir uma multa, fica sem ele por tempo indeterminado. Certo?
Balancei a cabeça. Na verdade, parei de escutar assim que ele disse que me daria cem pratas de gasolina.
— Não esquenta, vou seguir todas as regras — assegurei a eles, me impulsionando contra eles e abraçando os dois de uma vez novamente. — Obrigada! Foi o melhor presente de todos!
Papai riu.
— Eu falei que era melhor do que a festa — e depois ganhou um pequeno soco no braço, desferido pela minha mãe.
— Eu vou na Julia agora, tudo bem? — perguntei e eles balançaram a cabeça. — Agora tenho mais uma coisa para jogar na cara dela por ela ser mais nova.
— Aproveite — meu pai disse, fazendo que não com a cabeça.
Entrei dentro do carro novamente, funcionando-o. Ele era tão lindo!
E vou dizer uma coisa: dá uma sensação muito boa de liberdade, essa coisa de dirigir. Sério mesmo. Eu me sentia totalmente livre e longe do mundo. Sentindo o meu cabelo balançar, e tudo isso. Era realmente bom. Ainda não posso acreditar que esse carro é meu!
Meu tempo aproveitando meu bebê fez com que o caminho para a casa da Julia, que geralmente era enorme e chato, se tornasse rápido e passageiro. Notei que queria andar mais com o carro. Sorri, fazendo que não com a cabeça e saí do carro, acionando o alarme. Quando me dirigi até a campainha dos Bynum, percebi também que meu carro fica totalmente lindo estacionado em frente à casa de Julia.
Finalmente toquei a campainha, e quem me atendeu foi a própria louca. Inacreditavelmente, vou dizer. Ela geralmente está completamente adormecida na cama num horário desses.
— Bom dia, menina que não vive sem mim — ela se aproximou e me deu um abraço grande, me fazendo rir. — Como vai você? Bem? Que bom. Preciso te contar uma coisa. De quem é aquele carro? Andou roubando? — Ela não me deu tempo de responder a nenhuma de suas perguntas. Abri a boca para responder novamente, mas ela arregalou os olhos e me abraçou de novo. — Caraca! Esqueci, feliz aniversário, sua boba-louca-idiota-feia! — finalmente se ouviu minha voz ali, enquanto ela ria e mexia no meu cabelo.
— Vaca sonsa retardada — disse, carinhosamente, quando ela soltou meus ombros. — Tinha esquecido mesmo no aniversário da sua melhor amiga?
— Eu tive motivos, ok? — ela me encarou, bufando. — E eu esqueci de comprar seu presente. Vai ter que me levar no seu carro até o shopping pra eu comprar! — Ela disse, com super empolgação e me fazendo rir novamente.
— Bela melhor amiga eu fui arranjar — bufei.
— É mentira — ela disse, pegando minha mão e me puxando para dentro, enquanto ria. — Eu comprei o teu presente. Mas isso não vai te impedir de me levar pra passear no carro lindão.
— Claro que eu vou sair com você nele, né — revirei os olhos. — Cadê o povo?
— Momms saiu para algum lugar e papai tá brincando com Leonard em sua moto. — Ela disse, dando ombros e subindo as escadas. Fui junto, até pararmos em seu quarto.
Ela pegou uma pequena escadinha no canto da cama e levou até seu closet. Subiu.
— Cadê esta merda? — ela bufou, procurando alguma coisa.
É notável que não se ache muita coisa no closet de Julia. Digamos apenas que ela não é um modelo de organização, quanto mais com seus pertences e quarto.
Até que ela gritou “achei!” e pulou a escadinha, fechando a porta do closet de qualquer jeito e me recebendo com um pacote amarelo brilhante completamente amassado. Sorri, agradecendo, e deixando ela me abraçar outra vez.
Quando abri eu senti meus olhos brilharem. Era um globo de neve.
Só que não era apenas um globo de neve. Era um globo de neve de Londres, mostrando o Big Ben, todo lindo. Parecia que eu estava na Inglaterra novamente, olhando para aquela miniatura super bem feita. Sorri.
— Nosso país — disse devagar, dando ênfase em meu sotaque britânico. Ela sorriu.
— Sim, senhorita. Nosso país — ela disse, com o sotaque muito mais puxado do que o meu. Na verdade, o sotaque de Julia era bem maior do que o meu, por que ela viveu lá a vida inteira. Na real, o meu sotaque já tinha até se aliviado bastante.
— Obrigada, sua feia — agradeci, fazendo-a sorrir abertamente.
Não tem muito tempo que passamos a nos tratar tão gentilmente, se é que você é capaz de sentir a ironia.
— De nada, boboca — ela disse, ainda me sorrindo. — Desce comigo, eu ainda não tomei café. Só vou pegar um pedaço de bolo e a gente sobe, por que eu preciso compartilhar uma coisa.
Arqueei uma sobrancelha, enquanto descia com Julia para ela pegar seu tão precioso café da manhã. Depois de pegar um pedaço de bolo de chocolate e encher um copo grande de suco natural de laranja, nós subimos. Fiquei meio curiosa para saber o que ela tinha para me dizer, confesso. Juzy geralmente compartilha tudo comigo sem anunciar antes, assim como eu com ela. Mas... bem, isso me fez pensar que era algo sério.
— Legal, você já está comendo e já estamos aqui em cima — disse, jogando-me em seu puff macio. — Pode começar a compartilhar.
Ela deu um suspiro, terminando de engolir seu bolo de chocolate, empurrando-o pra dentro.
— Certo — ela disse, engolindo tudo. Percebi que ela estava relutante. Estranho. — Digamos apenas que eu já sou uma mulher.
Juro que depois disso eu não soube como reagir.
Tudo o que consegui fazer foi deixar meu queixo cair. E depois gritei.
— OH MEU DEUS! — foi isso que eu gritei. Então, tudo ficou mais claro em minha cabeça. Se ela já era mulher... Nate já era um homem. — ECA! — Acabei gritando isso também.
Julia sorriu, ainda comendo.
— Sabia que você ia reagir assim — ela fez que não com a cabeça.
— CARAMBA! — continuei gritando. — QUANDO FOI ISSO?
— Ontem à tarde — ela dizia tudo tranquilamente.
— Ok — disse, ainda meio atordoada. — Eu com certeza não esperava por isso.
— Acredita — ela me encarou com um meio sorriso no rosto —, eu também não.


Flashback


Pov. Julia


— Não, amor. Usa a regrinha de sinalização, lembra? — disse novamente, com paciência. Nate tinha se esquecido das equações de segundo grau e precisava delas para entrar em outro conteúdo, em sua aula.
Eu sei o que é ser adiantado um ano na turma. Não é fácil não.
— Mas eu usei! — ele se queixou.
— Não corretamente. Sinal negativo multiplicado por sinal negativo é igual a sinal positivo.
— Mas isso não faz sentido! — ele levou as mãos a cabeça, bufando. Eu ri.
— Muita coisa na vida não faz sentido, babe — eu disse, pegando o lápis de sua mão e refazendo a equação. — Olha, tá vendo? Aqui o sinal fica positivo... e então a gente chega no resultado de delta.
— Nove — ele disse, passando uma mão pelo queixo.
— Isso, e se tem raiz exata, a gente vai achar a solução na segunda parte da equação. Lembra a fórmula?
— Aham... — ele balançou a cabeça.
— Ok. Agora resolve — dei para ele o lápis, que logo depois começou a fazer a segunda fórmula da conta. De repente, me peguei não observando se ele o fazia certo, mas observando a ele em si.
Sabe, às vezes eu acho que Nate usava essas camisetas apertadas para me provocar. Seus braços estavam maiores do que quando eu o conheci, há menos de um ano atrás. Ele estava todo perfeito, com aquela camiseta branca básica e aquela bermuda jeans com um design gasto. Tudo bem que eu sempre fui louca por esse garoto, mas ultimamente ele anda muito mais gostoso que o normal.
E isso me enlouquece.
— Tá certo, amor? — ele perguntou. Voltei do meu momento básico de fraqueza e passei rapidamente os olhos pela conta que ele havia feito.
— Tá — respondi, mordendo o lábio inferior e tentando não dar espaço para pensamentos pervertidos. Mas era difícil, pois ele havia se sentado sobre as pernas, no tapete, dando as suas coxas e pernas com um volume enorme.
— Legal — ele disse, dando uma risada de canto. Merda. Ele percebeu. — Acho que estou aprendendo.
— Que bom — umedeci os lábios, mantendo meu olhar nos olhos dele.
— Não teria como não aprender, com a professora que tive, não é? — ele empurrou os cadernos e lápis com o braço, se inclinando para perto de mim. Senti sua respiração roçar em minha bochecha.
— Você foi um bom aluno, também — eu disse, enquanto ele deixava delicados beijos sobre a minha bochecha e fazia o caminho até o meu pescoço, deixando sua língua quente e macia passear por lá também, juntamente com aqueles lábios perfeitos e bem moldados. Senti os pelos da minha nuca se arrepiarem por completo, junto com a tão conhecida corrente elétrica. Nate tem esse poder. Me faz ficar maluca ao mínimo toque.
Deixei um suspiro pesado escapar.
— Eu aprendo rápido, sabe? — ele disse roucamente em meu ouvido, fazendo meu corpo estremecer. Depois ele deixou uma pequena mordida no lóbulo da minha orelha.
Era difícil sentir Nate falar aquilo tão perto, deixar mordidinhas e beijos pela extensão do meu pescoço, sem querê-lo por completo. Não é novidade pra ninguém que eu sou apaixonada e obcecada por cada pedacinho de seu corpo. E mesmo sendo novo, ele conseguia ser um dos garotos mais lindos e perfeitos que eu já havia visto. Quer dizer, que cara de quatorze anos faria uma coisa dessa? Deixaria uma menina tão absurdamente fora de si apenas com um beijinhos e umas palavras?
Só Nate tinha esse poder. Apenas ele.
— Aprende rápido o quê? — disse, sentindo ele passar uma mão pela minha cintura, enquanto deixava seus beijos incríveis pelo meu pescoço. — Matemática ou como enlouquecer a sua namorada? — Eu dei uma risadinha.
Nate parou seu movimento no meu pescoço e se afastou um pouco, para me olhar maliciosamente. Sua boca estava entreaberta. Ele passou a língua pelos lábios, curvando-os em um sorriso mais do que sedutor.
— Depende — ele disse, deixando seu sorriso ficar maior. — No que parece que eu estou tendo mais êxito?
Ele veio passando as costas da mão pelo meu queixo, e logo depois, segurando meu rosto com ela. Fechei meus olhos, sentindo sua mão aberta sobre a minha bochecha, aproveitando aquele toque.
— O que você acha? — abri os olhos, encarando-o, com um sorriso no rosto.
— Na verdade... eu acho que você está absolutamente linda hoje — ele disse com aquele mesmo sorriso no rosto, e vou dizer uma coisa: isso foi o fim.
Peguei seu rosto com as duas mãos e puxei para mim, aprofundando um beijo perfeito, enquanto cada célula do meu corpo parecia ser eletrocutada apenas por sentir o gosto da boca daquele garoto. Nate se debruçou mais sobre mim, me deitando delicadamente sobre o tapete do meu quarto. Senti a pressão de seu corpo contra o meu, e... bem, eu amei aquela sensação. A sensação de que ali, ele era só e todo meu. Ele acariciava minha cintura enquanto me beijava, e eu segurava firmemente sua cabeça, apenas aprofundando mais e mais o nosso beijo. Quando nossos pulmões pediram por ar, Nate novamente voltou ao meu pescoço, e eu tive certeza de que ele deixaria uma marca ali. Eu mal conseguia pensar nas conseqüências e, na verdade, não sabia se ligaria caso conseguisse. Nate sabia que ali, naquela hora, eu era dele e não me oporia a quase nada.
Deixei minhas mãos passearem pelo seu ombro bem torneado, enquanto eu sentia seus lábios quentes em meu pescoço. Senti toda a extensão de seu ombro definido e suas costas bem divididas com os dedos, e desejei sentir todos aqueles músculos por baixo da malha fina da camiseta. Não agüentei e procurei a entrada da camiseta com as mãos, arranhando de leve os músculos que haviam por dentro dela. Nate suspirou fraco, com um sorriso, enquanto continuava o trabalho em meu pescoço. Ele se separou de mim por um segundo apenas para puxar sua camiseta com apenas um movimento. Logo depois, novamente, ele estava debruçado sobre mim. Puxei ele para outro beijo ardente e rápido, com mordidinhas no lábio alteradas. Era ótimo sentir aqueles lábios sobre os meus, aquela língua passeando pela minha boca, me fazendo ter arrepios inimagináveis, meu estômago revirar de vontade de ter mais dele. Suas mãos já estavam arrepiando a pele da minha cintura por baixo da blusa que eu usava, e nosso beijo só ficava mais profundo e gostoso. Quanto mais eu sentia os lábios dele, a proximidade de nossos corpos, a urgência daquele movimento, mais eu sentia vontade de que aquilo não acabasse nunca. Poderia ficar a vida toda beijando-o, caso precisasse. Sua boca era como um vício pra mim. Um vício do qual eu jamais queria me desfazer.
Fui obrigada a parar o beijo para suspirar, quando senti a mão de Nate sair de minha cintura por baixo da camiseta e tocar meio seio ainda coberto pelo sutiã. Ele se soltou da minha boca e voltou ao meu pescoço, deixando mais uma marca por lá, enquanto sua mão ainda tocava meu seio.
Me impulsionei para cima, tirando a blusa por cima dos ombros e pude sentir a animação já aparente dele. Quando minha camiseta já não estava mais sobre o meu corpo, ele voltou a beijar a extensão do meu pescoço que provavelmente já estava completamente vermelho. Era incrível o modo que ele conseguia fazer com que os mesmos beijos, as mesmas marcas, se tornassem igualmente perfeitas, e me dessem a mesma sensação de primeira vez, arrepiando todos os pelos existentes no meu corpo. Era absolutamente incrível o jeito que ele conseguia me tocar e, ainda assim, me fazer parecer especial. Ele me enlouquecia tão facilmente.
Finalmente, ele deixou meu pescoço e começou a beijar meu colo, até chegar aos meus seios cobertos pelo sutiã de bojo que abria pela frente. Ele me encarou, dando um sorriso de canto, e me fazendo rir também. É só que era impossível olhar para aquele rosto e não dar uma risada. Ele me encarava sapeca, como se fosse uma criança com um chocolate nas mãos. De modo que eu não pude deixar de rir, e a ansiedade e a excitação começaram a correr pelas minhas veias.
Então ele deixou um pequeno beijo em cada um dos meus seios ainda cobertos, e devagar, desprendeu meu sutiã, afastando-os e me deixando semi-nua. Não tentei segurar o gemido que simplesmente saiu de minha garganta quando ele passou a sugar um deles, enquanto massageava o outro com a ponta dos dedos. Nunca havíamos feito aquilo antes, mas, eu acho que posso até dizer que me arrependo disso. A excitação passava por mim avassaladora, me deixando apenas mais e mais enlouquecida. Não sabia se Nate já havia feito aquilo em outra garota — muito provavelmente não —, mas eu tinha certeza de que ele sabia exatamente o que fazer. Eu não segurava os suspiros e alguns gemidos involuntários que saíam da minha boca enquanto ele sugava delicadamente meu seio, e não notei quando levei minha mão até sua nuca. O prazer era tanto que praticamente já tomava conta do meu corpo, da minha mente, de mim por inteiro.
Então ele começou a o fazer com mais voracidade, e eu realmente não me dei ao trabalho de conter os gemidos. Seria completamente inútil, de qualquer modo. A mão livre dele já corria pelo resto do meu corpo, apertando-o gradativamente. Senti-a sobre a parte descoberta da minha coxa, apertando e até mesmo arranhando de leve, e isso apenas aumentou minha excitação. Eu sentia as ondas de prazer percorrerem meu corpo por inteiro a cada sugada, a cada vez que sua língua e lábios faziam atrito com o meu seio descoberto. Era tudo perfeitamente gostoso, eu não conseguia controlar minha vontade ou os meus gemidos com aquilo. Nate sabia exatamente como me levar à perdição. E o pior (ou melhor, depende do ponto de vista): eu estava realmente adorando aquilo. Amando.
Seus lábios carnudos e perfeitos foram subindo vagarosamente até a minha boca, devorando-me em outro beijo urgente e prazeroso, e suas mãos espertas continuaram percorrendo todo o meu corpo. Passei minhas unhas por suas costas e entre o beijo ele deu uma pequena risada, parecendo gostar daquilo. Nosso beijo ainda continuava urgente, suas mãos continuavam me tocando, mas de uma forma que fazia eu me sentir... amada. Quando ele separou seus lábios do meu, ele passou a me beijar belo queixo.
— Sabe que eu te amo, né? — ele sussurrou bem baixinho, me fazendo dar uma risada e apertar meus dedos em seu cabelo. Ele se virou para mim e me encarou bem no fundo dos olhos. — Eu te amo demais.
— Eu amo mais — disse e minha voz saiu mais rouca e baixa do que eu havia calculado. Nate voltou a deixar beijos pelo pescoço, mas esses eram bem discretos e ainda assim, prazerosos. Suas mãos que estavam pela minha coxa, subiram e atingiram o zíper do meu short, abaixando-o devagar. Apertei seus braços involuntariamente, apenas prevendo o que estava por vir. Nate já havia aberto meu short, e então ele me encarou, lindo, perfeito, com um meio sorriso no rosto.
— Não precisamos fazer isso se você não estiver pronta — ele disse devagar, roucamente, e ainda assim super sedutoramente. Sua mão começou a fazer carinho no meu queixo. — Eu te amo e vou saber te esperar. — Ele disse tudo isso e deixou um beijo pelo meu queixo, onde ele fazia carinho logo antes. Parei para pensar um pouco. Nate era... perfeito. E eu sabia que estávamos excedendo os limites, sabia que éramos muito novos, sabia que minha mãe não aprovaria isso, sabia que não era algo que eu havia planejado para agora. Mas... Nate me enlouquecia, e mesmo que pudesse... Eu não conseguia parar. Eu não queria parar. E... para que eu pararia? Eu amo esse garoto mais do que tudo na minha vida, e ele já provou que me ama muito também. Eu confio nele. E convenhamos, eu sou completamente tarada por ele. Nate me ama. Eu o amo. Eu não queria parar.
E não ia parar.
— Eu também te amo — disse, fazendo-o me encarar de novo, enquanto sua mão esquerda apertava minha cintura. — E quero ir até o fim.
Nate deixou uma risada sair, obviamente ele havia ficado feliz com isso. Sorri também e puxei seu rosto para um beijo, enquanto ele terminava de abaixar meu short. Passei minhas mãos pela abertura de sua bermuda e, como ela era um tanto folgada, não foi difícil de tirá-la, com a ajuda dele. Então, estávamos apenas de roupas íntimas.
Ainda com seu sorrisinho no rosto, Nate deixou meus lábios para sair distribuindo beijos pelo meu corpo, passando pelo meu colo, entre os meus seios e a minha barriga. Então ele chegou até a minha intimidade coberta pela calcinha.
Devagar, com as duas mãos, ele a abaixou. Em seguida eu apenas senti sua língua contornando meu ponto de prazer. Então eu gemi.
Nate deu um beijo naquele mesmo lugar que me arrepiou até o último folículo de cabelo, e começou a fazer movimentos com a língua logo depois. Eu sentia sua língua quente e perfeita em meu clitóris, contornando-o, dando-me a sensação mais perfeita que eu poderia sentir. Seu movimentos eram precisos e bem-feitos, e eu não segurava meus gemidos ou minha vontade de ter mais daquilo. Mais rápido. Mais forte. Mais... tudo. Apenas conseguia deixar com que os sons saíssem de minha garganta, louca de prazer.
Nate pegou a parte inferior das minhas coxas, afastando-as, abrindo-as para facilitar seu movimento. Suas mãos passeavam lenta e levemente por aquela parte sensível da coxa, que apenas aumentava minha excitação enquanto sua língua e vez ou outra seus dentes trabalhavam em minha intimidade. Eu já praticamente gritava de prazer. Então, aqueles dedos que estavam em minha coxa, apertando-a tão levemente, lentamente caminharam até a minha intimidade. E sem nenhum tipo de aviso prévio, me penetraram.
Gritei, mesmo, com toda a força que pude. Não havia como aquilo ficar mais prazeroso. A boca perfeita de Nate contornava todo o meu ponto de prazer, e às vezes seus dentes até mesmo o arranhavam. E então ele introduz seus dois dedos para dentro de mim, e eu cheguei à conclusão de que ele realmente queria me fazer perder a cabeça. Enquanto continuava a me sugar, ele alternava o movimento dos dois dedos em minha entrada, com um vai-e-vem torturantemente devagar, que não doía, apenas me deixava mais e mais entorpecida de prazer e vontade. Pedi, gritei para que ele aumentasse a velocidade, e ele obedeceu prontamente. A questão é que ele o fez tanto com os lábios quanto com a mão.
Agarrei o tapete com voracidade, tentando parar de me contorcer. O prazer era tão grande que eu mal podia descrever, e não podia nem ao menos tentar controlar. Estava fora de questão. Eu nunca havia sentido algo parecido com aquilo, sentindo minha intimidade pulsar enquanto Nate sugava e fazia movimentos em meu clitóris, e ao mesmo tempo me penetrava tão deliciosamente com aqueles dedos perfeitos.
Então, uma onda de calor e prazer banhou meu corpo como uma onda, estremecendo meu corpo e fazendo com que eu molhasse a boca de Nate. Senti uma moleza considerável, mas logo o mesmo calor e prazer voltaram quando percebi que Nate estava sugando o líquido que havia saído de mim, ainda com a sua língua esperta em meu clitóris, seus dentes me arranhando e alternando perfeitamente o prazer com a dor. Eu já gemia novamente. Meu orgasmo não havia mudado nada em minha vontade de continuar com aquilo, e ir até o fim. Não havia interferido nada no poder de Nate em me ter nas mãos.
Ele parou de me sugar, para depois me olhar nos olhos. Ele passou a língua deliciosamente pelos dois lábios carnudos e extremamente vermelhos, para depois limpar os cantos da boca com as costas da mão. Tive de me segurar para não desmaiar com tal visão. Então ele riu, sedutoramente como ele sempre faz, só que por algum motivo isso foi muito mais perturbador agora. Entenda, é oNate ali, apenas com uma boxer apertada, com o cabelo grande colado na testa pelo suor, sorrindo sedutoramente logo após... fazer o que ele fez. Quem não se perturbar com isso não merece viver no planeta terra.
Nate veio engatinhando sobre o meu corpo, para deixar um beijo estalado na minha boca, e depois um outro no meu pescoço. Notei que ele tirava sua boxer que provavelmente o estava incomodando com uma das mãos, e logo após, ela já não estava mais em seu corpo. Ele ainda beijava meu pescoço quando o senti se posicionar em minha entrada, e foi aí que deixei o medo começar a aparecer, devagarzinho, sem causar tanto efeito. Até então ele não tinha se manifestado, pois eu estava toda e completamente tomada pelo prazer que Nate me proporcionava. Então coloquei isso em minha cabeça: ele só havia me proporcionado prazer até agora, certo? Por que temer? Era o Nate ali, e ele jamais me machucaria.
Apertei seus ombros e o puxei para um beijo mais calmo, aproveitando para aumentar minha excitação e tentar jogar o medo para fora da minha mente. Nate pegou minha coxa esquerda de um modo super seguro e a passou pela própria cintura, introduzindo lentamente sua glande, e me arrancando um suspiro entre o beijo. Ele se separou da minha boca, ainda segurando minha perna e me deu um selinho, sussurrando:
 Eu te amo, ok? — ele deixou mais um selinho em meus lábios, e aquilo me meio que me entorpeceu do medo. Eu senti meu estômago revirar e minha ansiedade aumentar. Relaxei meu corpo e respondi que também o amava. Então se deixou introduzir por inteiro dentro de mim.
Gemi alto, sentindo todo o calor e o desejo voltarem muito maiores. Era mesmo como se cada pedacinho do meu corpo resolvesse pegar fogo, quando senti Nate totalmente dentro de mim. Cravei minhas unhas em suas costas e ele re-fez o movimento, me fazendo gemer outra vez. Não vou dizer que não havia doído. Havia, sim, mas era tão pouco que não havia como dar à dor um pouco de atenção. Nate estava ali, segurando minha perna e me penetrando devagar, me fazendo gemer e me sentir completamente... realizada, eu diria. Eu não precisava dar atenção à dor, afinal, eu estava ali com Nate, o único rapaz eu já amei e vou amar. E ele me enlouquecia completamente! Ele sabia o que fazia de uma forma quase inacreditável. Ele era perfeito. E eu jamais me arrependeria por ter chegado até aqui com ele.
Ele apertou minha coxa que estava em volta de sua cintura e me penetrou com um bocado mais de força, e eu gemi, apertando e arranhando seus ombros. Ele estava com o outro braço em minha volta, e eu me retorcia a cada movimento de vai-e-vem, deixando os gemidos saírem livremente de minha boca. Os suspiros desenfreados de Nate batiam em meu ombro, e ele olhava para baixo, atento em fazer direito. Puxei seu rosto para mim e tentei encará-lo, mas não foi uma tarefa fácil, já que exatamente nesse momento ele me penetrou com um bocado mais de força. Gemi alto e ele riu, suspirando, e refazendo o movimento. Tentei me inclinar e puxar seu rosto para mim, beijando-o, mas não consegui o fazer por mais de vinte segundos, tamanha estava a desregularidade em nossas respirações.
Movi meu quadril contra o membro de Nate conforme ele aumentava sua investidas. Eu agarrava seus ombros com mais e mais força conforme o sentia dentro de mim, pulsando, levando-me a loucura. Aquela pouca dor que eu sentia já não estava mais lá. Havia dado seu espaço completo para o prazer e a vontade de mais e mais que eu tinha de Nate. Quando mais nossos corpos se fundiam, mais eu queria. Eu queria mais daquele prazer indescritível, daquele calor, daquele suor. Eu queria mais de Nate. Sempre mais.
Depois de um tempo, senti aquela mesma onda de prazer banhar meu corpo novamente, e prendi minhas duas pernas na cintura de Nate, suspirando, enquanto deixava a moleza me abater de modo mais forte agora. Nate prendeu sua testa na minha. Ambos estávamos soados e ofegantes, e ambos estávamos com sorrisos idiotas na cara. Ambos estávamos felizes.
E por que não estar?
A gente se amava.
E não tem nada melhor do que fazer amor com quem se ama.



Flashback off


Pov. Sophie


— Você está me dizendo que tudo isso começou com o Teorema de Bháskara? — perguntei, apertando os olhos.
Julia, que já sorria de um jeito bobo, gargalhou.
— É, é — ela passou uma mão pelo cabelo. — Foi sim.
— Caramba — exclamei outra vez, enquanto Julia parecia não tirar o sorriso bobo da cara.
Eu já tinha passado pelo meu momento de total descrença. Agora estava apenas surpresa com tudo aquilo. Quer dizer... caramba! Eu sabia que eles estavam completamente terríveis, mas... a ponto de transar?
Ele tinha quatorze anos!
Meu Deus!
— Eu não dormi nada hoje — ela disse, me fazendo encará-la. Sua voz saía macia, feliz e emocionada. Não parecia que era realmente ela que estava falando. — Tipo, nada mesmo. Não tô dizendo que eu não dormi e na verdade só fiquei umas horinhas acordada na madrugada. Sabe, eu não dormi nada. Passei a noite todinha em claro.
— Meu Deus! — exclamei. — Pelo jeito a coisa foi boa, hein.
Não sei exatamente o porquê, mas ela começou a gargalhar. Mesmo, gargalhar alto. Mas não era um riso de por que ela tinha realmente achado meu comentário engraçado. Era algo mais... debochado.
— Oh — ela disse, acalmando a risada. — Você não faz idéia!
Fiz uma careta de nojo.
— Sinto medo — continuei com minha careta e apertei os olhos, fazendo ela rir um pouco mais.
— Como eu ia dizendo — ela continuou —, eu não dormi nada. Daí eu levantei e eram umas três da manhã... e fui tentar ver TV, ou fazer qualquer outra coisa, mas tipo, não dava... E daí eu recebi uma mensagem...
— Coisa linda — interrompi, fazendo-a revirar os olhos.
— Ficamos trocando sms até dar oito da manhã e ele disse que ia levantar da cama — ela deu mais uma risada, encarando o nada.
Deus do céu, essa menina está completamente apaixonada.
E tudo bem, isso não é novidade. Qualquer idiota pode ver isso na cara dela ou dele, também. Os dois parecem que foram feitos um para o outro. E imagina, se eles já eram agarrados antes, imagina depois disso!
— Eu acho que te devo parabéns, então? — disse, fazendo-a sorrir. Então eu me joguei por cima dela na cama, abraçando-a. — Awwn, minha retardadinha já é uma mulheeer!
— Vai à merda, Sophie — ela disse, tentando sair de baixo de mim. Gargalhei, me movendo para o início de sua cama. Ela ainda me encarava com falsa fúria, mas na verdade ela estava com a mesma face boba.
Agora que o estado de surpresa se foi, adivinha o que vem!
Sim, a fase de zoar a melhor amiga.
— Mas me diga aí — comecei, empurrando seu ombro e fazendo-a me encarar com raiva. — Doeu?
Vi seu rosto começar a corar levemente e gargalhei. Ela jogou um travesseiro na minha cara.
— Idiota — murmurou, bufando. Eu a olhei, querendo realmente saber. — Sim, mas foi muito pouco. Nem dei atenção pra dor, por que...
— Me poupe — interrompi com um sinal de mão, dizendo para parar. Ela deu uma risada.
— Foi absolutamente perfeito — foi o que ela disse, dando um sorriso idiota. — Absolutamente.



[...]



Estava em meu carro, na frente da minha casa. O sol já se punha e eu estava com o banco de trás lotado de sacolas de presentes que as garotas compraram para mim. Passei a manhã e a tarde inteiras com Jenny, Marie e Julia, gastando, comendo e batendo perna. Fomos a um cinema, também.
Mas o momento mais engraçado mesmo foi na praça de alimentação, quando Julia decidiu contar da tarde anterior para elas, e naturalmente, elas a bombardearam de perguntas muito mais do que eu fiz. Zoaram, brincaram, e deram algumas dicas. Sim, dicas, por que todas aquelas vadias já tinham feito sexo. E eu não sabia disso. Suspeitava de Jenny, mas... minha prima? É, não.
Dei uma risada lembrando da brincadeira delas e me inclinei para colocar meu pen-drive no DVD do carro. Não demorou nada e o som de Panic! At The Disco começou a tocar, e eu fui cantarolando a letra de But It’s Better If You Do junto com o aparelho.
— Soph! — olhei para o lado e vi Nate, batendo no vidro. — Sai desse carro, pelo amor de Deus! Estou vendo a hora que você vai levar ele pra sua cama!
— Se ferra, boboca — eu disse, fechando completamente o vidro e ele ria. Logo depois ele voltou pra dentro de casa, com o celular pendurado no ouvido.
Já não é a primeira vez que vêm me encher o saco por eu querer ficar dentro do meu carrinho, sossegada. Meu pai passou aqui antes de ir para o trabalho, e Joe já veio umas quatro vezes. Que me deixem! Ora, é meu presente de aniversário e eu devo aproveitá-lo, certo? É, certo.
Continuei cantarolando a música enquanto puxava uma sacola do banco de trás e retirava a Cosmo que havia comprado. Na verdade, eu comprei a revista com Jenny para Julia, por que logo na capa tinha escrito “13 modos de enlouquecer seu homem na hora H”, e eu precisei levar. Só que Julia não aceitou nosso presente e acabou batendo em nós duas com a revista, que no final acabou no fundo de uma sacola de compras da Converse.
Ela já estava sem a capa por causa da agressão, mas não liguei e comecei a ler algum artigo sobre a Zooey Deschanel, enquanto o DVD do carro mudava a música para Nine In The Afternoon.
Me absorvi na entrevista tão profundamente que dei um pulo quando a porta do carro abriu. Olhei para o lado dianteiro, surpresa, com o coração ainda batendo rápido por causa do susto.
Ele se sentou no banco, fazendo que sim com a cabeça num sentido de aprovação.
— Carro maneiro — Luke passou uma mão pelo queixo, sentando-se totalmente à vontade no meu carro.
Apertei os olhos, olhando para a cara de pau dele. Ele deu uma risada e balançou os cachos castanhos que ele havia deixado crescer um bocado. — Vim te desejar feliz aniversário. — Ele disse, parecendo mais com ele mesmo e me encarando nos olhos.
Sorri e afastei uma mecha de cabelo para a orelha.
— Obrigada — disse, sorrindo, e levantei o queixo.
Veja bem, é que era realmente estranho estarmos conversando numa boa outra vez. Desde o que aconteceu, nós apenas trocávamos um “oi” “oi” “tudo bem?” “tudo sim, e você?” “tudo bem” e era isso. Na realidade, eu acho que preferia assim. Para evitar lágrimas, vocês sabem.
— Sério, tia Hayley realmente caprichou no presente. Parabéns.
— Obrigada — eu dei uma risadinha. — Não esperava que você viesse me dar feliz aniversário.
Certo, alguém me explica o que foi isso.
Eu realmente não sei o que deu em mim ao dizer isso. Apenas saiu da minha boca. E ótimo! Eu estou corada, com certeza.
— Fala sério — ele disse, rindo, como se não tivesse notado minha vergonha. — Eu ia falar contigo hoje à tarde, quando fui jogar videogame com o Nate e o Max, mas ele me disse que você tinha sumido com as garotas no shopping, então...
Ri fraco.
— Não tem jeito melhor de comemorar um aniversário.
— Com os amigos, eu sei — ele sorriu e mexeu sua mão com um pacote, que eu só tinha notado ali. — Comprei isso aqui pra você.
— Não precisava comprar um presente pra mim, eu...
— Pega logo — ele bufou e eu ri, pegando o pacote da mão dele. O abri rapidamente.
Então meu lábios se curvaram em um sorriso. Um sorriso verdadeiramente bobo, vou dizer.
— Fala sério — disse, ainda rindo, enquanto ele ria também. — Dear John?



— Certo! — a Prof. Lilian explodiu. — OK! Vocês se odeiam! Não precisam ficar repetindo isso todo o tempo! Dá dor de cabeça.
— Vai contar ou não? — perguntei, esperando um sim como resposta.
— Devia ter de dado um romance do Nicholas Sparks de presente, viu...
— Luke, você decide: Vai calar a boca com ou sem os dentes? — explodi, bufando, e me parando em sua frente. Ele gargalhou debochadamente. — E o Nicholas Sparks é muito bom. Não fale mal dele.



— Eu vi numa loja há uns dias atrás — ele começou a se explicar. — E eu precisei comprar. Por que você lembra de quando a gente tava discutindo no acampamento...
— Lembro — interrompi, com um sorriso no rosto, abrindo o livro.
— E eu não comprei The Notebook por que eu achei que você já tinha. Então comprei Querido John, por que sabe, guerras, e a sua família, e tudo mais.
— Obrigada — eu disse, olhando-o nos olhos. — Sério mesmo. Adorei.
— Que bom — ele deu aliviou seu sorriso, encarando-me de volta. — E ah, eu não me agüentei e acabei lendo. Só vou avisando que é bem triste. Eu quase chorei, e tudo...
— Quase? — eu deixei meu sorriso aumentar, enquanto apertava os olhos.
— Certo, sua chata — ele disse. — Eu chorei, mas poxa, você não tem idéia de quanto sofrimento esse cara passa!
Gargalhei.
— Ok, obrigada pelo presente, sério — eu disse, sem saber exatamente o que fazer.
Certo.
Eu me inclinei para o lado e puxei seu pescoço para mim num abraço.
A divisão dos bancos que tinha no carro meio que impediu nosso abraço, mas para mim foi o suficiente para colocar meu queixo em seu pescoço e sentir seu perfume forte. Ele passou a mão pela minha cintura e de repente, eu soube que ele estava rindo.
Apenas soube.
Então eu soltei seu pescoço, apertando o livro contra o meu peito e sorrindo fraco. Ele tirou o cabelo do rosto e coçou a nuca.
— Então... eu vou entrar — ele disse, sinalizando pra casa dele e eu assenti. — Você devia também, tá ficando escuro.
— Já entro — eu mordi meu lábio.
— Certo. Feliz aniversário de novo — ele me olhou nos olhos e deu um meio sorriso, para depois abrir a porta do carro e sair andando até sua casa.
Posso dizer tranquilamente que essa foi uma péssima hora para começar a tocar Always.

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