23 de set. de 2012

Capítulo 33

Breathe for love tomorrow



O dia clareou. Apesar da chuva forte à noite, a manhã veio ensolarada e bonita. As árvores estavam verdes e com micropingos de água. Era sábado, mas como de costume, Isabelle foi mandada para acordar o irmão.
Pois é.
A menina abriu a porta devagar. Sua mãe saíra com Nate para comprar pão e Zac seria o próximo a ser acordado. O copo de água em sua mão estava cheio. — Ela abriu a porta e estranhou o quarto do irmão completamente desarrumado e molhado. Chegou mais perto da cama e deparou-se com a cena. Abriu a boca e levou a mão esquerda a ela. Logo depois começou a rir.
Viu os olhos de Hayley abrirem devagar, até deparar-se com ela rindo. Hayley deu um pulo, se apegando a coberta. Josh acordou com o grito de susto de Hayley.
— Mas que coisa feia, hein?! — Belle disse entre risadas. Josh abriu a boca para falar, mas ela o interrompeu. — Bonito mesmo, Josh! A família sai pra buscar o irmão mais velho, e o bonitão traz a namorada pra cama! — e voltou a rir.
— Belle, sai daqui!
— Hayley, como você se deixou prestar com esse cara? Poxa vida.
— Olha, você é criança e não entende nada disso. Agora, por favor, sai daqui.
— Quem te disse que eu não sei? Sou criança, mas isso não quer dizer que eu seja boba. Se não sei tudo, eu sei o suficiente pra encrencar vocês dois.
— O que você quer?
— Eu? Oh, quem lhe disse que quero algo? Não. Como boa pessoa que sou, não chatagearei vocês dois (por mais que mereçam). — ela disse com total classe e convicção — Lógico que eu não reclamaria nem um pouco se você, meu querido irmão, arrumasse meu quarto por um mês.
Josh revirou os olhos.
— Certo, minha querida irmã. E você poderia por acaso não contar a ninguém que nos viu aqui?
— Acho que posso lhes fazer essa gentileza. — Ela disse rindo. Hayley estava mais vermelha do que seu cabelo, à uma hora dessas — Sou tão legal que dou ainda duas dicas: Hayley, eu aconselharia você a sair bem rapidinho, antes que minha mãe volte e, Josh — ela pegou o copo de água e despejou sobre o rosto do irmão —, só para ficar convincente. — E riu.
Saiu do quarto gargalhando e Hayley cobriu o rosto com as mãos.
— Ah meu Deus, ah meu Deus, ah meu Deus. Eu não acredito nisso! — Ela disse com voz vergonhosa. Também pudera.
— Ei, calma, a Isabelle não vai contar nada.
— Eu não acredito que a sua irmã menor nos viu assim! Eu não acredito, oh meu Deus! Eu passei a noite aqui? Minha mãe deve estar louca. Cadê o meu celular?
Disse isso andando pelo quarto, com a coberta enrolada no corpo, e procurando sua mochila. A achou e pegou o celular, que estava desligado. Ligou-o.
— E aí? — Josh.
— 29 chamadas não atendidas.
— 29?
— 25 da minha mãe, uma do meu pai e 3 da Sarah. Ah, estou morta.
— Me desculpa te meter nessa.
Ela voltou para a cama e lhe selou os lábios.
— A culpa foi minha também.
Enquanto se vestia o mais rápido que podia, ligou para Dakotah. Pediu-a que se, por acaso a sua mãe ligasse, Dakotah deveria dizer que ela passou a noite na casa dela e confirmar a história de Hayley. Logo depois ligou para Sarah.
— Minha filha, cadê você? A sua mãe tá arrancando os cabelos de preocupação e o seu pai então, meu Deus! Aonde você se meteu, criatura?
— Sarah, Sarah, calma. Eu estou na casa do Josh, por favor, se acalma.
— Casa do Josh? O que você quer passando a noite na casa do... Oh meu Deus, não me diga que vocês... QUE NOJO!
— Sarah, cala a boca. Eu te explico depois que a minha mãe arrancar meu couro a chinelada, valeu? Só liguei pra dizer que eu estou bem. Tchau.
Calçou seu tênis ainda encharcado e foi em direção à porta junto com Josh.
— Se cuida, tchau. Depois eu ligo pra saber o que aconteceu.
— Tchau. — E lhe deu um beijo.
Foi correndo até a sua casa. Por ainda não serem oito da manhã, mantinha esperanças de que sua mãe estivesse dormindo.
Abriu a porta muito devagar, tirou os tênis e foi andando sem ruídos.
Até chegar a sala.
— Onde a senhorita estava? — A voz brava e grave de Christie ecoou por toda a casa, fazendo Hayley engolir seco.
— Eu... Eu...
— Hayley Nichole Williams, você quase me mata de preocupação!
— Eu sei, mãe, me desculpa! Eu posso explicar! Eu...
— ENTÃO EXPLIQUE. — Gritou, voltando-se para a filha.
— Eu saí com o Josh ontem a noite, a gente foi em Brentwood, e aí começou a chover, o carro quebrou e ele veio dirigindo com dificuldade até chegar no posto, e me mandou ir a casa da Dakotah pra me secar, senão eu pegaria um resfriado. Então, eu passei a noite lá. Eu sei que foi errado não ligar, o meu celular desligou sozinho, você sabe que ele faz essas coisas... Me desculpa.
— Você sabe como eu fiquei esperando por você, Hayley? Imagina a cara de boba que eu fiz indo a casa do seu pai a meia noite pra saber se você estava lá?
— Você foi para a casa do meu pai?
— Fui na casa dele, do Jeremy e da Sarah! Quem é essa Dakotah?
— Minha amiga do colégio. Ela é legal, mãe. Eu só não atendi as ligações porque dormi assim que cheguei na casa dela... Desculpa, vai.
Christie suspirou.
— Vai pro seu quarto.
Hayley assentiu e começou a subir.
— E você está de castigo. Para sempre.
Hayley entrou no quarto e suspirou.
Felizmente, não era a primeira vez que ela era castigada para sempre. O “para sempre” dura no máximo duas semanas.
Esperou um pouco e seguiu para o banheiro. Depois do banho, voltou para o quarto. Sarah passou lá a tarde para saber por que Hayley estava fora e Dakotah passou lá para saber por que Hayley pediu para ela mentir.
O fim de semana dela estava bem chato, sendo que ela ficou o tempo todo dentro de casa. Felizmente, Christie concordou em deixar Josh visitá-la.
Era no domingo, Josh estava na casa de Hayley com o violão.
— Nunca ensaiamos Breathe com a banda... — Josh disse.
— Pois é.
— Também não terminamos aquela música sua...
Hayley levantou o olhar.
— Qual?
— Aquela... que você cantou pra mim naquele dia... quando eu vim te buscar... when I was younger I saw...
— Ah! The Only Exception.
— É...
— Ela não tá terminada. Eu travei em uma parte.
— Qual?
Hayley foi até o seu quarto e pegou o caderninho. Com o violão, tocou e cantou a música para Josh até a certa parte que ela não conseguia mais escrever.
— Maybe I know somewhere, deep in my soul, that love never last’s... Só até aí.
— Hm... não sei o que fazer. Assim, lógico, a música tá ótima... mas eu não sei que letra colocar.
— Essa música é muito minha, sabe... tem muito de mim. Não sei se vou conseguir terminá-la algum dia. — Ela riu.
— Claro que termina. — Ele sorriu daquele jeito para ela e a beijou. Eles ficaram se beijando calmamente, até que o beijo começou a ficar urgente. Hayley tomou a iniciativa de se separarem.
— Certo... não vamos acabar como anteontem.
Josh sorriu, decepcionado, e eles ficaram se encarando.
— Os seus olham brilham mais do que os de qualquer outra pessoa. — Ela disse.
— Isso dá uma música. — Eles riram.
— A gente tem que parar com essa mania de fazer toda frase bonitinha que dizemos um para o outro virar uma música.
— É, temos. — Continuaram a rir. — Mas sério, dá uma música legal.
— Estou sem idéias para melodia.
— Escuta. — Josh pegou o violão. — And if it ends today, well I'll still say that you shine brighter than anyone...
— Legal. — Ela disse. — Mas a gente pode colocar um versinho antes.
— Hm... tá. Tipo...?
— So this how it goes, well I, I would have never know... And if it ends today, well I’ll still say that you sinhe brighter than anyone...
— Muito bom. Muito bom mesmo. Lá vamos nós com outra música.
— E lá vamos nós. — Ela disse e eles riram.
Depois de mais ou menos duas horas, a nova música, Brighter, estava pronta. E assim que possível, a Paramore estaria tocando-a.
Após uma música, muitos beijos e uma discursãozinha, Josh foi para a sua casa. Christie não estava mais com raiva de Hayley — a raiva dela não dura —, elas pediram pizza e pasasaram uma noite agradável.
No outro dia Hayley se levantou a muito custo. Pena a escola não fazer parte do castigo.
Arrumou-se normalmente (com sua calça jeans, camiseta e allstar), e desceu para tomar café. Sua mãe ainda dormia e ela comeu um pouco de cereal com leite. Pegou a mochila e saiu.
Josh não estava lá em frente, como ele geralmente fazia, então ela decidiu seguir para o colégio.
Estando um pouco atrasada, não havia ninguém em frente a escola. Ela entrou e foi direto para a sala onde seria sua primeira aula, a de Inglês. Estranhou o fato de Taylor não estar lá, mas não ligou e se sentou no canto da sala.
O professor passava algumas coisas no quadro e Hayley copiava, anotando alguns comentários em seguida.
— Oi, Hayley?
— Quem disse isso?
— Eu, aqui atrás.
Ela virou o rosto para trás e viu que sentado lá estava Van. Rolou os olhos.
— O que foi?
— Me empresta uma caneta?
Hayley estranhou e entregou a caneta ao rapaz. Passados 15 minutos ele disse outra vez.
— Ei, Hayley.
— Não tenho outra caneta.
— Eu não quero nada emprestado!
— Então o que você quer?
— Conversar com você.
— Sobre o quê?
— Não dá pra falar aqui.
Hayley bufou.
— Certo, nos falamos no intervalo. Me deixa estudar.
Ela não queria conversar com Van. Ele era um idiota, que já foi amigo do Josh na época que ele era um idiota. Um pressentimento ruim passou pelo seu corpo. Ela simplesmente sabia que se fosse falar com Van, nada bom aconteceria. Porém, se ela não fosse falar com ele, ele a importunaria por todas as aulas.
Balançou a cabeça negativamente tentando afastar os maus pensamentos.
Concentrou-se na aula e logo ela acabou. Pegou os livros e ia saindo da sala.
— Ei, espera! — Van grita. Ela vira o rosto. Ele corre até ela. — A sua caneta. — ele entrega.
— Obrigada. — Hayley diz por mera educação e sai de lá.
A presença de Van não causava nela uma boa sensação.
A caminho da aula de Biologia, ela passa por Jenna. Esta, a olha de um jeito estranho e dá uma estranha risada. Hayley estremesse. Jenna não estava normal.
Na aula de biologia, Jason senta do lado dela, e eles passam a conversar.
— Comprei um jogo de cordas novo, sabe, aqueles estavam muito velhinhos pra tocar... — Jason dizia enquanto Hayley apenas concordava com a cabeça — ...Ei, você tá longe... o que houve?
— Nada. Não é nada...
— Ahn. — Ele diz confuso.
Continuam a conversar, mesmo que Hayley não estivesse na conversa por completo.
Chegado o intervalo, ela vai até Sarah. Elas se cumprimentam. Estavam quase indo até a mesa quando Hayley sente seu braço apertando entre os dedos de alguém.
— Oi Hayley.
— Van, me solta. — Ela ordena e ele o faz.
— Oi Sarah. — Ele diz sendo apenas educado.
— Oi. — Sarah diz fria. Ela conhecia a índone daquele rapaz muito bem, e sabia que se ele estava querendo conversar com Hayley, isso não resultaria em boa coisa.
— Me desculpa, mas eu queria falar com você.
— Eu tenho que ir comer agora, depois a gente...
— Qual é, Hayleyzinha, só vai demorar um minuto. Vamos.
— Detestei meu novo apelido, só pra constar. Mas tudo bem, um minuto.
— Não vou precisar de mais do que isso. — Ele sussurra.
— O quê?
— Nada. — Ele sorri, recostando-se numa pilastra do refeitório.
— E então, o que você quer falar comigo?
— Hum... eu soube que você está namorando com o Josh.
— Estou. E daí?
— E daí que ele não serve pra você, Hayley. Eu digo porque já andei com ele, por muito tempo e por muitos lugares. Ele é mau, ele faz coisas más. E quando você menos esperar, ele vai ser mau com você. Não confie totalmente nele. Sabe, né, quem avisa amigo é.
— Ahn... E desde quando você é meu amigo mesmo?
— Só quero te prevenir.
— Eu não preciso dos teus conselhos, Van. Obrigada. — Ela disse tentando sair e ele segura o seu braço novamente.
— Que inferno! Já falei pra me soltar. O que você quer mais?
— Você não me entendeu. Ele é mau, Hayley. Muito mesmo. E tudo o que eu menos quero ver e você machucada... ou pior.
Ela riu.
— Eu conheço o Josh. Desde que nasci, eu o conheço. Você acha que sabe mais coisas dele do que eu? Deixa de ser idiota, Van. É a minha vida e quem cuida dela sou eu, ouviu? Agora, me deixa ir, que o intervalo vai acabar e eu ainda estou com fome.
Virou-se outra vez e ele novamente segurou o seu braço.
— Ele não serve pra você. — Ele diz e pega seu outro braço, puxando-a para si, roubando dela um beijo.
Ela se debateu muito. Mas o cara parecia dois dela!
Depois de alguns segundos ela finalmente se soltou. Seus braços estavam vermelhos e com a marca dos dedos de Van. Ela lhe deu um tapa no rosto tão forte que sua mão doeu muito, e em seguida, lhe deu uma joelhada na boca do estômago e uma nos lugares baixos, se é que me entendem.
— SEU GRANDE IMBECIL! DESGRAÇADO! FAZ ISSO DE NOVO QUE EU ACABO COM A SUA RAÇA! SER INFERNAL.
Ele deitou no chão e se contorceu de dor.
Hayley olhou em volta e viu Sarah pasmada, assistindo aquilo. Foi em direção à ela.
— Oh, droga.
— Hayley... o que... foi aquilo?
— Ele me beijou a força! Que inferno.
— O Josh viu.
— O quê? — Ela disse mais alto.
— O Josh viu... deixou o prato cair e saiu em passos firmes... ele saiu do colégio.
— Oh, merda! - Filho de uma égua, eu te mato! — Ela disse virando o rosto para Van, que ainda não tinha se recuperado da agressão. — Eu vou atrás dele.
— Ele tava triste, Hayley... não deixou as lágrimas caírem mas os seus olhos estavam brilhando...
— Ah meu Deus. — Hayley disse isso já correndo, em direção ao portão do colégio.
— Opa, você não vai sair! — Disse o guardinha.
— E você vai me impedir?
— Vou.
— Veremos. — Ela disse isso e passou pela esquerda, entre o antebraço do guarda e saiu correndo, de modo que ele não a alcançou.
Mérito por ela ser pequena e ágil.
Correu o máximo que pode, e viu Josh fechando a porta de sua casa quando virava a rua. Gritou-o, mas ele não escutou. Correu mais.
Bateu na campainha incessantemente e Isabelle abriu a porta.
— Hayley? O Josh acabou de chegar e agora você? Não tiveram aula?
— Dá licença Belle, estou sem tempo. — Hayley disse passando pela criança e correndo até o quarto de Josh. A porta estava trancada. Ela bateu.
— Josh, Josh! Por favor, Josh! Deixa eu me explicar! A culpa não foi minha! Por favor, abre essa porta! Josh, Josh!
Ela batia e gritava, mas Josh não abria. Depois de dois minutos suplicando em frente a porta, ele finalmente disse algo:
— Vá embora, Hayley. Vai embora. — Sua voz estava embargada pelo choro.
Hayley sentiu o nó na garganta. As lágrimas correram pelo seu rosto.
Ela não havia feito nada... nada... e mesmo assim, perdia o único amor de sua vida.
Ela amava Josh e, agora, que ela se vira sem ele... viu que não suportaria. Começou a soluçar.
Flashs de memória passaram pela sua cabeça. De eles quando eram crianças e juravam amor eterno... de eles já adolescentes odiando-se... e principalmente, da ultima noite que passaram juntos.
Ela não queria perdê-lo. Ela não podia perdê-lo.
— Josh, por favor... eu amo você... abre a porta, a culpa não foi minha... — Ela disse entre soluços.
— Como não foi sua?! Como, Hayley?! — os gritos interrompidos pelo choro atravessavam a porta — Cara, você não tem consideração por nada. Eu te amo tanto...
— EU TE AMO TAMBÉM!
— NÃO! Você beijou o Van! Vai embora, Hayley! Vai embora.
Belle, a Sra. Farro e Nate estavam no final do corredor assistindo a cena.
— A culpa não foi minha, Josh... eu amo você. — Ela disse baixo, com a voz travada pelos soluços.
Ela não era culpada.

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