22 de set. de 2012

Capítulo 4

I'd Never Sing Of Love


         — Minha mãe não veio me buscar... — Sussurrou Hayley fitando o relógio. Eram 5h45.
— O quê? — Josh perguntou.
— Minha mãe, disse que viria me buscar as 5h00. Veja.
— Vai ver ela se atrasou.
Ela se convenceu com a explicação do menino. Então eles voltaram a brincar.
Pouco tempo depois o carro da Senhora Farro chega.
— Tia, cadê a minha mãe?
— Ela disse que pode dormir aqui hoje, Hayley.
— Oh, sério? — Perguntou alegre a menina, sem saber o que essa noite lhe reservava.
— Sim.
— Ah, que legal! — A preocupação que rondava Hayley, sumiu com a boa notícia. Mal sabia ela, que essa notícia ainda lhe traria muitas mágoas.
O resto da tarde e a noite se passaram. Por alguns minutos na noite Hayley se sentiu um pouco mal, mas logo passou.
No outro dia bem cedo, ela foi levada para a casa.
Deparou-se com uma cena que ela jamais queria ter visto. Seu pai estava chorando. Sua mãe estava arrumando as malas.




Pov. Hayley


— Papai, o que houve? — Perguntei para o meu pai que estava chorando sentado no sofá.
— Eu e sua mãe, vamos nos separar, querida.
— Por quê? — Senti as lágrimas correrem pelos meus olhos também. Eu não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.
— Hayley, — Ele limpou minhas lágrimas — Você ainda é muito nova pra saber de certas coisas...
— Papai, eu sou nova, mas não sou boba. Tenho 6 anos. Já sei o que quero da minha vida. E como sua filha tenho direito de saber o porquê. Por favor, me diga.
— Hayley, nós não nos amamos mais. Eu... Vou ter outro filho.
— O quê?
— É isso. Você vai ter um irmãozinho, ou irmãzinha.
— Você traiu a mamãe, pai? — Ele abaixou a cabeça, com vergonha.
— Sim... Nós não nos amamos mais Hayley.
Saí correndo, a procura de minha mãe, enquanto meu pai chorava mais.
Ela estava fazendo as malas. Murmurava algumas palavras que pude escutar:
“Amor, que tipo de amor é isso? Não. Ele não existe. Pego minhas coisas e da Hayley e vou pra casa de minha mãe. Eu nunca, nunca vou me deixar esquecer denovo. Isso é uma promessa.”
— Mamãe, o que está fazendo?
— Essa casa não é mais nossa, Hayley. Vamos para L.A., na casa de minha mãe.
— Mas eu não quero ir!
— Hayley, eu não estou te perguntando se você quer ou não ir. Nós vamos.
Voltei a chorar. Eu não podia ir embora pra outro lugar! Por quê? Porque tudo estava acontecendo comigo?
Corri até o telefone, liguei pra casa de Josh. A Senhora Farro atendeu.
— Tia, passa pro Josh, por favor!
— Hayley, ele não quer... Está triste no quarto.
— Tia, eu vou embora! Não me deixa ir embora, por favor!
— Sua mãe já decidiu, amor. Você tem que ir. — Comecei a chorar alto.
— Cadê Josh?
— Alô Hay.
— Josh, por favor.
— Hayley, como você vai embora? Como pode me deixar aqui? Isso não é justo.
— Josh, eu...
— Poxa, Hayley, eu achei que você gostasse de mim. Mas não...
— Josh, eu amo você. Mas eu não tenho escolha! Por favor.
— Tchau Hayles. — Ele desligou o telefone. Tudo estava dando errado. Tudo.
Chorei denovo. Muito mais.
Depois de alguns minutos, percebi que não deveria mais chorar. Meus pais estavam separando, e eu não podia fazer nada. Chorar não adiantaria.
Fui até o banheiro, lavei bem o rosto, até parecer apresentável. Fui até meu quarto. Peguei meu diário e escrevi:


“Meu pai está chorando na sala, minha mãe fazendo as malas e com mágoa de tudo. Bem, eu prometo que nunca cantarei sobre esse tal de amor se ele não existir. Já que tenho mais do que provas, de que ele não dura. Nós precisamos arranjar meios de sermos felizes sozinhos. Ou pelo menos parecer felizes. Eu vivo e sempre vou viver assim, mantendo uma distancia dele. E é realmente melhor viver sem esse tal de amor, porque nada disso um dia vai valer o risco. Serei feliz sozinha, porque amor é um sonho, e não uma realidade.”




Sei que ficou profundo, mas me senti bem melhor depois de escrever tudo isso. Sim, eu havia amadurecido. Nunca uma criança de 6 anos escreveria isso. Bem, eu não sou mais uma criança. A vida não é uma brincadeira, e jamais será. A vida é dura. E bem, descobri isso hoje.
— Vamos Hayley. — Minha mãe me chamava buzinando o carro, enquanto meu pai chorava ao vê-la assim. Assenti com a cabeça, peguei minha pequena mala e coloquei no carro. A cadeirinha estava no banco de trás. Peguei-a e joguei no asfalto furiosa.
— Hayley, pegue a cadeirinha.
— Não sou mais uma criança, droga. — Bufei. Eu realmente não era mais uma criança. Sentei no banco de trás e coloquei o cinto. O carro passou na frente da casa de Josh no caminho de L.A., eu o vi na frente da casa, com a cabeça entre as mãos. Ele me viu, eu abaixei o vidro e dei tchau. Pude vê-lo chorar e correr pra dentro de casa. Mas eu não chorei, não denovo. De agora em diante, serei forte. Afinal, não sou mais criança. E se meu namoro com Josh fosse acabar assim mesmo, melhor que nunca tivesse começado.
Serei feliz sozinha.


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