23 de set. de 2012

Capítulo 46

We're just getting started



Hayley saiu do prédio com algumas pastas na mão. Jason a encontrou na porta.
— E aí, HayleyBall, como foi a aula?
— Péssima. — Ela respondeu, bufando. — Detesto o meu professor. Por que preciso estudar matemática em arquitetura? Eu fiz quinhentos testes de aptidão e a maioria deu essa droga de profissão. Por que agora eu estou detestando?
Jason riu.
— Não tem graça! — Ela gritou e Jason gargalhou mais alto.
Vencida, ela começou a rir também.
— Me desculpa. — Ele disse, se recuperando. — É que você fica linda quando está com raiva.
Dito isso o sorriso de Hayley sumiu e ela sentiu uma onda de tristesa.
Era exatamente isso que Josh dizia quando ela ficava brava.
— Hey, o que foi? Tá passando mal? — Jason perguntou, preocupado. Hayley forçou um sorriso.
— Não. Vamos pra casa. Preciso de sorvete.
Jason, ainda confuso, concordou.
Ela entrou no carro de Jeremy (emprestado para Jason) e ele começou a dirigir pela Nashville, em direção ao apartamento dos dois.
Não só dos dois, mas também de Jeremy, Taylor e Dakotah, afinal, todos pagavam o aluguel daquela moradia.
Pouco antes de Hayley se mudar para Nashville, na casa de sua mãe, eles combinaram de morar todos juntos quando fossem fazer a faculdade. Alugaram então um apartamento e dividiram os quartos.
Hayley sofreu muito, durante muito tempo. Jason o ajudou de todas as formas possíveis. Ele ia a toda semana para Nashville, ver como ela estava. Ele a aninava.
Passou a ser seu melhor amigo. O melhor.
Na verdade, ela ainda sofria. Só não deixava transparecer. Achava que seus amigos já estavam cheios demais daquela mesma história de estar sofrendo por Josh. Então, ele ficava “bem” o dia inteiro e esperava a água do chuveiro cair sobre sua cabeça para chorar.
Todos achavam que ela estava melhor. Mas sabiam que ela ainda sofria com isso. Só não sabiam que com tanta ferocidade.
Josh estava em seu pensamento a todo momento.
Por vezes ela sonhava com ele. Se lembrava com clareza do sonho que havia tido a dois meses antes, na sua primeira noite no apartamento com os amigos.

*Flashback on*

Pov. Hayley

Eu não sabia onde estava. Parecia estar vendo um filme.
Dois rapazes estavam atirando atrás de um tanque de guerra. Explosões ocorriam por todo o canto. Até que, um deles grita e se joga na frente do outro, levando um tiro e caindo.
O outro começa a chorar.
— Nate, man, não morre, eu vou buscar ajuda, não morre... por favor. — Praticamente implorou o rapaz que estava por cima dele.
— Josh... Fica, eu não vou sobreviver... — Disse o que estava morrendo.
E foi aí que eu reconheci aqueles olhos castanhos, agora brilhando por conta das lágrimas. Era Josh.
— Não morre, irmão... não morre...
— Josh... não desiste... — Ele disse devagar. — ...luta... ganha... e volta pra Hayley... Não deixa ela... Volta pra ela... — O outro rapaz sabia meu nome.
Josh começou a andar em direção ao outro lado. Comecei a gritar para ele não fazer isso. Mas eu não sabia onde estava. Eu o via, mas ele não.
Atiraram contra ele. O braço dele começou a sangrar, mas Josh estava gritando, com duas armas em punho, matando as outras pessoas.
Comecei a chorar. Gritei e pedi para ele não fazer aquilo. Ele não parava. Continuava atirando. E o braço dele sangrava, como sangrava...
— HAYLEY! HAYLEY! — Acordei pelos gritos de Jason. Desatei a chorar e ele me abraçou. — Calma... foi só um sonho...
Me disseram que eu havia gritado o nome “Josh” como nunca.
Mas... se foi apenas um sonho... por que parecia tão real pra mim?

Pov. Narrador

*Flashback off*

Hayley sentia uma onda ruim no corpo toda vez que se lembrava daquele sonho, que graças a Deus, foi o último que ela teve com Josh.
O assunto “Josh” havia sido totalmente extinto das conversas do grupo. Quando falavam nele, nunca era diretamente.
Hayley não tinha mais contato com ninguém da família Farro. E nunca mais havia voltado para Franklin também. Ela tentava de todas as formas apaguar vocês-sabem-quem da memória. Sem êxito, é claro. Mas tentava.
— Man, eu detesto esse carro! — Jason disse com raiva. — Preciso renovar minha habilitação de moto o mais rápido possível.
Hayley riu.
— O carro é muito mais seguro.
— Mas é mais chato. — Ele disse. — Não se sente o vento no rosto. A adrenalina. E esse câmbio ainda é mais duro do que aquele pão que tá no armário.
Hayley gargalhou.
— Jeremy comerá aquele pão, não se preocupe.
— Hayley, aquela coisa tá lá há uns sete anos.
— A gente se mudou faz três meses. — Ela disse rindo do exagero extremo de Jason.
— Tanto faz. — Ele revirou os olhos. — É impossível alguém comer aquilo.
— Quer apostar?
— Quanto?
— Quem perder lava a louça por uma semana.
— Ok.
Jason tirou uma mão do volante e apertou a mão da amiga.
Poucos minutos depois ele chegou a garagem do apartamento. Entrando em casa, encontraram Taylor e Dakotah se agarrando no sofá enquanto um filme qualquer passava na TV.
— Ei! Vocês podem fazer isso no quarto azul, sabiam? — Hayley disse e os dois se afastaram.
Quarto Azul era o quarto onde os casais podiam... namorar, digamos assim. Ele fica longe dos outros quartos, perto do banheiro e da sala de jantar (estranho, pois é). Por isso, foi escolhido pelos adolescentes como o quarto onde eles podem fazer o que fazem sem atrapalhar ou incomodar ninguém.
— Diz a perita do quarto azul. — Taylor disse e Hayley jogou uma almofada nele.
— Você sabe que eu nunca usei. — Ela revirou os olhos. Olhou em volta e procurou Jeremy. Ele não estava lá. — Cadê o Neguinho? — Perguntou.
— Tô aqui, Neguinha! — Jeremy gritou da cozinha.
Ah, sim. “Neguinho” era o mais novo apelido deles. O conseguiram quando Jeremy passou uma semana em Chicago e voltou totalmente vermelho, parcendo um camarão. Ele disse que não conseguia pegar cor e Hayley começou a chamá-lo de Neguinho por isso. Jeremy, sabendo que ela também era da mesma forma, passou a chamá-la de Neguinha também. Um apelido irônico... e engraçado.
— Ele está comendo aquele pão do armário com leite e açúcar. — Dakotah disse e Hayley riu.
Ela olhou para Jason que fez bico.
— Tá, já sei. Vou lavar. — Ele disse, largando o casaco no sofá e indo em direção a cozinha.
Hayley se deixou cair no sofá, largando as pastas e projetos no mesmo.
— Nossa, que cuidado com seus projetos arquitetos! — Taylor ironizou.
— Ah, vai a merda. — Ela disse bufando. — Vou ter que estudar igual uma condenada para a prova de matemática do primeiro módulo.
— Matemática em arquitetura? — Dakotah.
— Pois é. — Hayley disse revirando os olhos. — Ah! Preciso de sorvete. — Ela já ia se levantando quanto Taylor mudou acidentalmente de canal.

“O novo presidente finalmente assinou o tratado de paz com Israel...”

— Espera, love, deixa aí. — Dakotah pediu antes que Taylor mudasse de canal.

“A Guerra teve finalmente um fim. Aqui, mostramos Barack Obama e Shimon Peres apertando as mãos. Este simples ato, simboliza o fim da Guerra Israelense. É tempo de paz.”

— Deviam ter feito isso há dois anos atrás. — Hayley sussurrou e Taylor engoliu seco. — Ok. Preciso mesmo de sorvete.
— É... acho que eu quero também. — Dakotah. — Você quer, love?
— Quero sim.
— Ótimo. Então pega pra mim também. — Ela disse e Taylor revirou os olhos. Hayley riu.
Eles foram até a cozinhas e Hayley pegou o pote de sorvete no congelador. Jeremy comia uma espécie de rabanada de pão duro numa tigela e Jason, como bom cumpridor, lavava a louça. Hayley pegou duas colheres e entregou uma a Taylor.
— Então quer dizer que você tem um encontro? — Jason perguntou para Jeremy.
— Sim. Vou sair com uma britânica linda. Ela é super simpática também. E... bem independente.
— Britânica? — Hayley perguntou, com uma colher de sorvete na boca.
— É.
— Quantos anos ela tem? — Taylor.
— 23. — Jeremy disse convencido e Taylor riu.
— É isso aí, cara! Pegando mulheres mais velhas, eu sabia que você era esperto! — Taylor disse. — Toca aí. — Eles tocaram as mãos.
— Parece que alguém perdeu o medo de apanhar, não é? — Dakotah disse aparecendo na porta.
— Ahn, no. Eu estava dizendo para o Jeremy que não importa a idade, o que vale é o coração da pessoa. — Ele disse e a abraçou por trás.
— Aham, T. I love the way you lie. — Ela disse e todos riram.
Hayley ria com a colher na boca.
— Bem, Neguinho, você gosta dela? — Ela perguntou.
— Adoro... adoro mesmo. — Os olhos azuis dele começaram a brilhar. — Ela é incrível. Independente, bonita, engraçada, inteligente...
— Awn, o Jerm tá apaixonado, gente! — Dakotah gritou e todos disseram “Own” em uníssono. Jeremy corou.
— Como é o nome dela? — Jason.
— Kathryn.
— Não se esqueça de trazê-la pra conhecer a gente, viu? — Taylor disse.
— Não vou. Ela está doida pra conhecer vocês.
— E também não se esqueça de não contar a ela de que você comeu o pão que estava a quinze anos no armário. — Jason disse enquanto enxaguava um prato. Todos riram.
— Depois que nós sairmos do restaurante eu a trago aqui pra vocês convesarem com ela. Eu tenho certeza que vocês vão se dar bem.
— Confio no seu bom gosto pra meninas, tirando é claro, aquela tal de Jesse Lee. — Hayley disse, enfiando a colher no pote de sorvete. — Enfim. Vou tomar um banho e me preparar pra estudar aquela apostila. — Ela disse triste.
— Boa sorte! — Taylor.
— Obrigada. Vou precisar.
Indo em direção ao banheiro, ela passou pela sala de estar e escutou mais algumas palavras sobre a notícia de que a Guerra havia terminado.
Sentiu novamente aquela mesma onda de tristeza. Se isso tivesse acontecido um pouco antes isso seria tão bom...
Fechou a porta do banheiro e abriu o chuveiro até a temperatura ficar bem agradável. Despiu-se e entrou dentro do jato.
A temperatura da água estava perfeita para aquele dia. O jato passava por ela e levava aquela mesma tristeza que a acometera minutos antes.
Ela começou a cantarolar uma melodia qualquer. E então veio a idéia de encaixar uma letra.
Ela não compunha já havia muito tempo... Compor agora seria como mexer em uma ferida recentemente fechada: Ela abriria de novo. E sangraria.
Todas as músicas que ela havia composto eram para ou com Josh. Ela não podia fazer isso outra vez, porque ela se lembraria das músicas antigas e sofreria tudo de novo. Ela não queria sofrer mais do que já sofria. Simplesmente não queria.
Mas mesmo assim a música continuava a fluir em sua mente. A força da música era tão intensa que ela não conseguia parar. A melodia tocava como um alto-falante imbutido em sua cabeça.
Hayley fechou os olhos com força e sentiu as gotas de água passarem por suas pálprebras. E, meio que inconsiente, ela cantou:
— Close your eyes and make believe... this is where you wanna be... forgetting all the memories, try to forget love, ‘cause love’s forgotten me... (Feche seus olhos e faça acreditar... que aqui é onde você quer estar... Esquecendo todas as lembranças... Tentando esquecer o amor, porque o amor me esqueceu).
Abriu os olhos e passou a mão sobre eles.
Ela havia composto, mesmo que um simples verso. Mas não foi isso que a assustou.
Invés de se sentir mal, com toda aquela tristeza, ela se sentiu... bem. Um pouco de raiva havia misturada nesse sentimento bom que ela havia sentido, isso porque, a raiva ela sabia distinguir. Raiva, alívio, ansiedade... prazer, talvez. Ela não sabia dizer ao certo o que tinha sentido. Mas sabia que queria mais.
Cantou novamente o trecho que havia pensado.
— You've never been so used, as I'm using you... abusing you, my little decoy... (Você nunca foi tão usado, como eu estou te usando... te abusando, minha pequena isca). — Continuou a cantar.
Ela cantou essa pequena parte mais alto. Gritou “My little decoy” algumas vezes.
O sentimento só crescia dentro dela.
Ela desligou o jato e pegou uma toalha. Enrolou ela ao seu corpo e logo depois enrolou outra ao seu cabelo. Se vestiu rapidamente e tirou a toalha do cabelo, deixando-o despenteado.
Foi até seu quarto e pegou uma caneta. Foi até a sala e pegou um de seus cadernos. Abriu-o na ultima página e escreveu o primeiro verso, logo depois, escrevendo:

Well hey, hey baby, it's never too late, pretty soon you won't remember a thing. And I'll be distant as stars reminiscing, your heart's been wasted on me.
(Bem ei, ei baby, nunca é tarde demais, muito em breve você não lembrará de nada. E eu estarei distante como estrelas relembrando, que seu coração tem sido desperdiçado em mim).

E depois escreveu o refrão.
— JASON! — Ela gritou.
— O que foi?
— Traz o seu violão pra mim! — Ela gritou novamente. Poucos segundos depois Jason chegou correndo desesperadamente com um Gianninni na mão.
— Você disse pra eu trazer o violão, não foi? Ah, man, eu não acredito! Você vai cantar? Vai tocar e cantar? O que é isso no papel? VOCÊ TÁ COMPONDO? — Ele disse tudo embaralhado.
Isso porque Hayley se recusou a cantar ou tocar qualquer musica depois... depois que aconteceu.
— Ok, se acalme. Inspire... Expire... Isso... Sim, eu estou compondo e quero o violão pra me ajudar.
— Ah, cara! — Ele disse. — Que emoção! Posso ver sua música?
— Ahn, claro. — Ela disse e pegou o violão. Fez um F5 e começou a cantar o que tinha composto até ali.
Jason ficou surpreso.
— Nossa... a letra é forte... a melodia também... e é tudo incrível! Cara, você tem que me ensinar a compor bem assim, eu juro. — Ele disse e Hayley corou.
— Fala sério, para de mentira.
— Até parece que eu tô mentindo, viu. — Ele disse. — Posso te ajudar?
— Claro.
Ele re-olhou o papelzinho.
— Que tal, Don't look so blue, you should've seen right through... I'm using you, my little decoy. (Não fique tão triste, você deveria ter visto direito... Eu estou te usando, minha pequena isca). E aí você repete, ou grita de novo, ou sei lá.
— Adorei! Sério. — Ela disse, sorrindo. Escreveu e cantou.
Eles continuaram escrevendo.
Jason percebeu que a música falava de Josh. Mesmo assim continuou a escrever.

Living life inside a dream, time is changing everything. Forgetting all the memories, and I'm forced into you just cause you're into me.
Well hey, hey baby, it's never too late, when I'm gone you won't remember a thing. But I can't stay and you know I won't wait, I was gone from the very first day.
(Vivendo a vida dentro de um sonho, o tempo está mudando tudo. Esquecendo todas as lembranças, e eu sou forçada a você só porque você está em mim.
Bem ei, ei baby, nunca é tarde demais, quando eu for embora você não lembrará de nada. Mas eu não posso ficar e você sabe que eu não vou esperar, eu tinha ido embora desde o primeiro dia.)

— Agora repete o refrão mais algumas vezes. Encaixa um solo de guitarra... fica perfeito. E a gente pode colocar um... — Jason disse.
— É... obrigada, Jas, a gente continua depois. Ainda tenho que estudar. — Ela disse rindo. — Mas, obrigada, sério. Que ótimo que você me ajudou. — Assim que ela disse isso eles se abraçaram. Hayley apoiou a cabeça no ombro dele.
Aquele sentimento, que Hayley estava sentindo, ficou muito, mas muito maior e mais forte quando ela abraçou Jason. E junto com aquele misto de sentimentos que ela havia sentido, ela sentiu um novo... se juntou... segurança. É, segurança, talvez.
Eles só se soltaram quando Jeremy apareceu.
— E aí, galera, tô bonito? — Ele disse.
Usava um jeans rasgado com uma camiseta branca social por cima e um colete menor. Seu cabelo grande e loiro caia sobre o rosto e a barba (que estava bem maior do que há dois anos atrás) o deixava mais velho do que realmente era.
— Tá lindo, Neguinho. — Hayley disse e ele riu.
— Obrigado, Neguinha. Bem, agora eu vou buscar minha Katt. Beijo aí. — Ele disse e pegou a chave no raque da TV.
— Tomara que essa namorada do Jeremy seja legal... ele tá realmente apaixonado por ela. — Jason.
— É...
— Bem... já que Taylor e Dakotah estão se amassando por algum canto e se você entrar naquela cozinha pode vir a matar todos nós, vou fazer alguma coisa para jantarmos. — Ele disse e Hayley gargalhou.
— Ok. — Ela concordou. Jason se levantou do tapete e antes de ir a cozinha, lhe deu um beijo na testa.
Hayley sorriu de canto.
Inexplicavelmente, era a primeira vez em dois anos e meio que ela se sentia verdadeiramente feliz.
Isso, é claro, só durou até ela abrir a bendita apostila. E toda a sua felicidade foi por água abaixo.

[...]

— Hey galera, chegamos. — Jeremy disse entrando. Estava de mãos dadas com uma garota alta, de corpo bonito, morena e olhos vivos. Hayley estava no tapete da sala, com vários papeis a sua volta e o cabelo preso num coque.
— E aí, Jerm. — Taylor disse saindo da cozinha e passando pela sala, com seu terceiro prato de macarronada na mão.
— Essa é a Katt. — Ele disse e a garota acenou com a mão. Todos a cumprimentaram. Hayley se levantou e foi abraçá-la.
— Hm, então você é a famosa Katt. Jerm vive falando de você. — Ela disse.
— E você é a famosa Neguinha. — Ela disse e Hayley gargalhou.
— Pois é.
Ela foi apresentada a todos e todos foram até a cozinha tomar alguma coisa. Eles conversaram com Katt e Jeremy. Hayley voltou para sala antes de todo mundo. Ainda precisava estudar.
Ficou por lá durante um tempo até Katt adentrar a sala.
— Oi. — Ela disse, se sentando no tapete.
— E aí, Katt.
— Estudando?
— Sim... igual uma condenada. — Ela disse dando uma risadinha.
— Faculdade?
— Arquitetura. — Ela respondeu. Katt fez que sim com a cabeça, demonstrando que havia entendido. — Jeremy disse que você não faz...
— Ah, não. — Ela respondeu sorrindo. — Não preciso de faculdade pra fazer o meu trabalho. No máximo um curso profissionalizante, mas ainda assim não é necessário.
Hayley levantou os olhos.
— E o que você faz?
— Sou Promoter. Eu promovo festas, sabe... Formaturas, casamentos, festas de 16 anos... Quer dizer, não é simples o quanto parece. Você tem que cuidar para que tudo dê certo dentro do orçamento da festa.
— Parece incrível. Seu trabalho é uma festa, literalmente. — Elas sorriram e concordaram.
— É. Mas e a arquitetura? Você gosta?
— Olha, Katt, até que gosto sim. Mas... não tô dando certo com a faculdade, pra ser sincera. É muito chato.
— Bem... porque você não faz uma entrevista na PartyPromover? Se eu bem conheço o Nicky, ele vai amar você.
— PartyPromover? Nicky?
— É a impresa em que eu trabalho... Nicky Mitchell é o chefe da PP daqui. Bem... você pode começar como estagiária... Ele até estava procurando novas promoters...
— Gostei disso. — Hayley sorriu.
— Quer trabalhar organizando e promovendo festas, Hayley?
— Claro.
— Legal, então, amanhã esteja na PP que eu mesma te indico pro Nicky. É capaz que ele te contrate só por causa da cor louca do seu cabelo. — Ela disse e as duas riram.
— Me passe o endereço.
Hayley se animou com a idéia de uma profissão assim. Não precisava de faculdade, e nem precisava trocar a cor do cabelo!
Parecia a profissão perfeita para Hayley Williams.
No outro dia, no horário marcado, Hayley estava na sede da PartyPromoter. Por conselho de Katt, ela se vestiu casualmente, sem muito profissionalismo, mas elegantemente.
Entrou e falou com a recepcionista que queria ver Kathryn Camsey. Ela a levou para um escritório enorme, com várias mesas e cada uma delas com um computador.
Mas não era um escritório comum. Invés de homens vestidos em terno e gravata, haviam mulheres vestidas com vestidos, lanches, barulho... e ok, alguns homens. Mas esses pareciam gays.
Até que avistou Katt trabalhando em uma mesa, que era dividida com outra garota.
Essa última era morena e baixa, tendo no máximo 1,65 de altura. Um pouco menor do que Hayley (que não era muito alta também). Tinha olhos verdes e os cabelos castanhos ondulados caiam pelos seus ombros. Seu sorriso era contagiante.
— Ah, oi Hayley! — Katt disse e a abraçou. — Ahn... essa é Alana Smith, trabalha comigo. — Katt disse se referindo a garota morena.
— Hm... então é essa a nossa nova garota? — Alana disse.
— Só se der tudo certo.
— Katt já encheu sua bola pro Nicky, vai dar tudo certo, fica tranqüila. E... ah, eu tenho que falar. Seu cabelo é show.
Hayley riu.
— Obrigada.
— Hayley, você tem quantos anos mesmo? — Katt.
— 19.
— Ahn, a mesma idade da Alana. Vamos, o Nicky tá esperando.
E então as duas garotas foram indo até o escritório reservado do chefe.

[...]

Passavam das oito da noite quando Hayley chegou em casa. Fechou a porta e encontrou Dakotah comendo o resto do sorvete enquanto assistia um filme.
— Ah, Dak! Tenho uma ótima notícia! — Hayley disse empolgada.
Dakotah, vendo a empolgação da amiga, animou-se também.
— Sério? O quê aconteceu?
— Larguei a faculdade! — Ela disse, soltando um grito histérico em seguida. Dakotah fechou a cara e ficou confusa.
— E desde quando isso é uma ótima notícia?
— É que...
Interrompendo Hayley, nessa hora, os 3 homens da casa adentram a porta rindo e gritando.
— Hayley! Dakotah! Nós temos uma ótima notícia! — Jason disse.
— O quê? — Dakotah perguntou animada.
— LARGAMOS A FACULDADE! — Eles disseram em uníssono e Hayley gargalhou.
— Mas o quê? Todos tão largando a droga da faculdade agora, é?
— Ué, você largou também? — Taylor.
— Não. Hayley largou. Mas... me digam: por que raios vocês abandonaram as suas faculdades?
— Vocês primeiro. — Hayley disse e os meninos riram.
— Vocês sabem do nosso projeto de gravadora, né?
— Sim, sei. — Hayley. — Vocês inclusive gravam músicas pra alguns artistas locais e isso mantém isso aqui. E daí?
— Pois é. Quando o Brendon disse que aquela música, a Always, tinha sido produzida pela gente, a FueledByRamen, antiga DecayDance, enlouqueceu. Nós três tivemos uma reunião com um agente deles e eles aceitaram entrar como sócio na nossa produção de músicas. Isso quer dizer que: NÓS TEREMOS UMA GRAVADORA PRÓPRIA! — Taylor disse tudo com grande empolgação. Todos gritaram e abraçaram uns aos outros.
— Cara, isso é ótimo! Vocês vão ficar ricos com isso. — Dak.
— Essa é a idéia. — Jeremy disse.
— Mas ainda falta saber por que Hayley abandonou a facul.
— Bem... ontem eu conversei com a Katt e ela mexeu uns palzinhos... Arranjei um ótimo emprego de promoter. E não preciso mais estudar toda aquela chatisse! — Ela disse e todos concordaram.
— Eu trouxe uma coisa pra comemorar! — Jeremy disse saindo e voltando logo depois com uma sacola de bebidas.
Hayley pegou umas taças e eles a encheram de champanhe.
— Um brinde, galera. — Jeremy disse e eles foram brindar. — Ao nosso sucesso.
— Ao nosso sucesso. — O resto do pessoal disse em uníssono e as taças tilintaram.
Dakotah colocou umas músicas e eles começaram a comemorar.
Ficaram assim durante muito tempo.
Perto das 11h00 Hayley saiu. Foi em direção ao telhado da casa, para olhar as estrelas e a lua que estava cheia. Estava com uma garrafa de keepercoller na mão, mas não havia bebido muito.
Ficou lá por um tempo até ela ouvir o barulho da escada. Alguém estava subindo.
Sorriu quando Jason se sentou ao seu lado.
— Porque veio? — Ela perguntou.
— Taylor e Dakotah estão se agarrando na pia da cozinha e Jeremy está conversando com seu mais novo amigo imaginário. — Hayley riu. — Então vim pra cá.
— Ok... — Ela disse com o olhar vago.
— Pensando nele, né... — Jason perguntou sem olhá-la.
— Também. — Hayley respondeu. — Mas admito que é inevitável pra mim não pensar nele... ou no que ele fez.
Hayley disse e eles ficaram em silêncio por um tempo. Até eles ouvirem gritos lá de baixo.
“AH MEU PAI! LOVE STORY, EU ADORO TAYLOR SWIFT. AUMENTA AMOR!” Era Dakotah. Então eles aumentaram o som e a voz da Taylor Swift começou a ecoar, a ponto deles escutarem perfeitamente.
— Sabe do que essa música me lembra? — Jason.
— Do nosso trabalho de Romeu e Julieta? — Hayley respondeu rindo.
— Droga, não dá pra surpreender você. — Ele disse e ela riu novamente.
— Pois é...

Romeu me leve à algum lugar em que possamos ficar sozinhos, eu estarei esperando, tudo o que precisaremos fazer será correr.
Você será o principe, e eu a princesa.
Essa é uma história de amor,
Querido apenas diga que sim.


— Nada mudou, Hayley. — Ele disse, olhando o céu.
— Em relação a quê?
— A você... a mim... a nós... o que eu sinto... — Ele suspirou. — ainda é a mesma coisa desde aquela época.
Ela abaixou a cabeça.
Jason a levantou com um dedo e olhou dentro de seus profundos olhos verdes.
— Eu já prometi que nunca vou te deixar. Por favor, me deixe ser o seu Romeu. — Ele sussurrou. A respiração dele estava muito próxima de Hayley. Ela fechou os olhos.
Jason se aproximou e a tomou num beijo calmo.
E aquele sentimento que ela sentia antes voltou novamente, com toda a força. Só que dessa vez havia muita segurança.
Hayley decidiu não se afastar. Decidiu contribuir. Ela sabia que Jason não a magoaria.
No momento em que seus lábios tocaram os de Jason ela percebeu que nada a machucaria. Ele era o seu escudo. Hayley percebeu que junto dele ela era forte e segura. Ele a protegeria de todo o mal. Sem ele ela era frágil...
E foi aí que Hayley percebeu que precisava dele mais do que imaginava. E decidiu não iria deixá-lo ir.

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