22 de set. de 2012

Capítulo 8

You know, we're not the same


— Eu simplesmente amo esse CD. — Julia disse enquanto mexia nos CD’s de Sophie. Estava com Vices & Virtudes – Panic! At the Disco na mão.
— É um dos meus preferidos daí. — Sophie se levantou e foi até ela. — É antigo pra caramba, mas ainda assim...
— Panic! é lenda. — Julia sorriu, enquanto ligava o aparelho de som.
— Exatamente! Lenda. — Sophie sorriu. Logo Always começou a ecoar.
— Vou colocar Hurricane. Essa música é tão eu. — Depois de selecionar a faixa 3 do CD, Julia se jogou na cama de Sophie. Folgada? Nem um pouco.
— Hey! Hey! We are a hurricane! — Nate abriu a porta do quarto cantarolando a música e Julia gargalhou forte, com o seu jeito atrapalhado de imitar os movimentos de Brendon.
Havia feito duas semanas que Julia havia se tornado amiga de Sophie e Nate. Ela era tão amiga dela quanto dele. Descobriu milhares de coisas em comum com Nate, e prometeu a ele que iria a luta na próxima semana. Sim, elas foram adiadas por intenção de Josh, por causa das costelas de Nate. Ainda estavam inchadas, e como sempre, o General deu um jeito de contornar a situação para proveito do filho.
Nate lhe contou sobre tudo e todo mundo. Inclusive, Luke. Julia não teve tempo para conversar com Luke, ou mesmo, ver ele e Sophie discutindo. Estava ansiosa para ver! Queria saber se esse ódio era mesmo tão real!
Quanto a Dan, ela havia se tornado amiga dele também. Não tanto quanto de Nate e Soph, por que ela não tinha como ir a toda hora na casa dele, e por que ele estava quase sempre com o Luke. Sophie não suportava Luke, nem mesmo falar nele.
Quanto a Stephy, Julia e Sophie realmente não sabia o que havia acontecido com ela. Sim, ela continuava ameaçando, e agredindo verbalmente... mas era só chamá-la para resolver alguma coisa que ela amarelava. Simplesmente fugia. Por isso, elas acharam melhor simplesmente ignorar.
— O que você tá fazendo, Nate? — Sophie disse em tom debochado.
— Vi que vocês tavam escutando musica boa e vim curtir, ué. — Ele deu ombros e se sentou ao lado de Julia. — Isso dá saudade da tia Sarah.
— Dá... — Sophie torceu os lábios.
— Olá. Não entendi. — Ela olhou para eles significamente, fazendo-os rir.
— Sarah... é esposa do Brendon, sabe, vocalista... Eles são nossos padrinhos.
— Cara, sério? — Ela abriu a boca. — Quando meu pai me dizia que tinha conhecido a Panic! na formação antiga eu achava que ele estava tirando com a minha cara!
— É verdade. — Sophie sorriu. — Eu fui pra Inglaterra por intermédio do padrinho...
— Nossa. Invejo vocês para sempre. — Ela deu ombros.
— Soph! Você soube? Papai acabou de falar com o tio Nate...
— Mais Nate na família, oh meu Deus! — Julia disse e recebeu uma travesseirada no rosto. É lógico que ela revidou em Nate, e a guerra deu início.
— Ei! Ei! Parem com isso! — Sophie tentou se meter no meio e levou uma grande bofetada no rosto. — Ah é? Agora vocês vão ver.
Ela pegou um travesseiro e deu uma grande bofetada na cabeça de Nate, que revidou com toda a força. Ele olhou para Julia, que retribuiu o olhar malicioso. Eles, então, passaram a dar mais bofetadas em Sophie, deixando-a impossibilitada de se defender.
— Para! Isso é roubo! Jogo sujo! — Ela colocou os braços na frente do rosto, enquanto se encolhia no tapete e recebia mais travesseiradas. — Nunca mais brinco com vocês! Para!
— Chata. Isso é pra você aprender. — Nate deu de ombros, parando de bater na irmã.
— Mas eu não fiz nada. — Ela tentou arrumar o cabelo bagunçado.
Era assim quase toda vez que os três se juntavam. Eram piores que crianças! Sempre arranjavam uma forma de brincar de algo totalmente infantil, ou simplesmente, discutir. Por fim, Sophie se dava mal. Sempre.
— Você impediu a gente de se bater, aí se deu mal. — Julia disse, tentando arrumar os cabelos castanhos também.
— Estava ajudando vocês! — Ela bufou.
— Enfim... eu nem falei o que o pai disse com o tio Nate no telefone. Culpa sua! — Ele se virou para Julia que lhe deu língua. Pensou em retrucar, mas desistiu.
— Fala, chato. — Sophie disse, indo em direção ao aparelho de som e mudando de música. Colocava “Sarah Smiles”.
— Ele vai se mudar pra Nashville! — Ele disse entusiasmado.
— Mais Farro nessa cidade. Era só o que faltava! — Julia, novamente, se intrometeu.
— Cala a boca, menina. — Nate se virou para ela.
— Vem calar. — Ela o encarou.
Todas as partes pervertidas em Nate quiseram dizer “certo, estou indo” e agarrá-la ali mesmo, e como Nate é 90 por cento pervertido, foi difícil contê-las. Mas conseguiu.
Apenas ignorou.
— As coisas não deram certo em Franklin? — Sophie disse, depois de perceber que Julia havia corado um bocado. Devia medir as palavras!
— Na verdade, nem tanto... mas ele recebeu uma proposta de emprego melhor aqui. Mas... já pensou? Tem uns três anos que eu não vejo a prima... ela deve estar tão gata...
— Nate, deixa de ser idiota. Marie é nossa prima! — Sophie bufou. Às vezes os hormônios de Nate a assustavam.
— E além do mais, até parece que ela vai querer um pirralhinho como você. — Julia, novamente, provocou. E novamente, Nate teve a resposta na ponta da língua, mas decidiu não dizer “vamos ver se eu não te faço ficar louca pelo pirralhinho agora” e agarrá-la naquele mesmo momento.
De fato, seus pensamentos pervertidos em relação à Julia já o estavam incomodando.
— Eu sei o que ela é nossa. — Ele bufou. — Só digo que ela deve estar gata. Só isso... tipo, ela deve estar com uns 16 anos...
— É, deve estar mesmo. — Sophie concordou. — Mas quando eles se mudam?
— Logo depois do casamento da tia Belle...
Sophie começou a rir.
Isabelle era o tipo de tia que chegou para ela, quando ela tinha cinco anos de idade, e disse: “sobrinha linda, não confie em ninguém. Apenas em você mesma, ok?”. Ela era o tipo de tia que vivia dando lições de como arruinar com a vida de alguém, por exemplo. Ela simplesmente não conseguia viver em conjunto! Pelo menos, não sem fazer da vida do outro um inferno. “Casamento” e “Isabelle” na mesma frase, simplesmente não combinava.
— Ainda me custa acreditar nesse casamento.
— Dois. — Nate sorriu de canto.
— Por quê? — Julia estava confusa.
— Imagine... a pessoa mais má e sacana do mundo.
— Leonard. — Julia disse praticamente cuspindo. Leonard era o seu irmão mais novo.
— Agora multiplique por quatro milhões.
Por um segundo, Julia imaginou quatro milhões de Leonard’s a acordando de manhã com um copo cheio d’água, ou atrapalhando sua vida. Assustou-se.
— Multiplicou? É nossa tia. Agora diga, é normal que ela se case?
— Não. — Julia juntou mais os lábios. — Puxa. — Ela levantou as sobrancelhas, tentando se livrar do que imaginava de Isabelle. — Mas o meu pai recebeu um convite pra essa festa. Acho que vai ser bem maneiro ir pra outra cidade, matar aula...
— Vamos estar de recesso por causa do Natal. — Sophie a lembrou.
— Ah, é. Que chato. — Julia bufou, chateada. — Mesmo assim, nunca fui em Franklin... Meu pai disse que tem um lugar bem maneiro por lá... Que só ele e sua mãe conhecem. — Julia juntou as mãos.
Jason a havia contado para ela sobre a pedra no mesmo dia em que ela conheceu Sophie e Nate. Ela contou em parte o que houve com Hayley, por que Josh foi embora, e um pouco da história que levava até conhecer e se relacionar com Alana.
— Que lugar? — Eles perguntaram ao mesmo tempo.
— Não vou dizer. — Ela sorriu, contrariando. Sabia que Sophie e Nate eram mais curiosos do que tudo e não dormiriam em paz com isso.
— Ah não, Juzy, diz... — Sophie pediu.
— No. — Ela continuou com o sorriso.
— Conta. — Nate.
— Não.
Nate lhe deu uma grande travesseirada na cabeça, fazendo-a cambalear.
— CONTA! — Ele gritou.
— Agora que não conto mesmo! — Ela fechou a cara. Ele lhe mostrou a língua.
Todas as partes pervertidas de Julia queriam dizer “safado, te mostro onde enfiar esse língua agora.” e agarrá-lo ali mesmo. Mas ela se controlou.
— Vou embora daqui. Vocês duas são umas chatas. — Nate disse, dando ombros e indo em direção a porta.
— Não faz falta, insuportável! — Julia gritou de volta.
Sim, eles viviam se insultando. Mas nem ligavam para isso. Ainda assim eram melhores amigos, melhores.
— Se eu não te conhecesse, diria que você está muito a fim dele. — Sophie disse observando tudo aquilo e sorrindo. — Epa! Eu não te conheço.
— Se ferra, Sophie. Não tô a fim do seu irmãozinho. Gosto dele do mesmo jeito que gosto do Dan, ok?
— Ok. — Ela apertou os lábios, fingindo estar realmente interessada e realmente acreditar naquilo.
Julia deu de ombros e se deixou cair na cama, deitando-se, e levando os braços para baixo dela. Sem querer, sua mão parou num pedaço de papel.
— Tira a...
— Opa. — Julia a cortou, colocando toda a cabeça para debaixo da cama e tirando de lá uma cardenetinha. Leu-a. — “When you swear it’s all my fault, cause you know we’re not the same” Uau!
— Solta isso, Juzy!
— Soltar? — Ela sorriu e continuou lendo a letra dos pequenos versos rabiscados como se fosse o mais lindo poema. — “Ignorance is your new best friend” OMG! Menina má!
— Julia, me dá isso agora! — Sophie pulou em cima da amiga, na tentativa de tirar o caderno das mãos dela. Julia, enquanto lutava, continuava a recitar os versos, gritando.
— YOU’RE NOT A JUGJE BUT, IF YOU GONNA JUGJE ME, WELL SENTENCE ME TO ANOTHER LIFE! Sério, Sophie, você é má!
— ME DÁ! — Elas já estavam jogadas no tapete, lutando para ficar com o caderno.
 YOU TREAT ME JUST LIKE ANOTHER STRANGER, WELL IT’S NICE TO MEET YOU SIR, I’LL GUESS I GO, I BEST BE ON MY WAY OUT!
— Eu vou te matar, vaca! — Sophie, finalmente, conseguiu tirar o caderno da amiga, saindo de cima dela em seguida.
— Qual é o problema, Sophie? Não quer me mostrar seu poema?
— Não é um poema. — Ela bufou — E não, não quero mostrar pra ninguém.
— É o que então?
— Uma música — Ela pegou o caderno e apertou ao seu corpo, para que Julia não pudesse tomá-lo de volta.
— Canta pra mim!
— Não tá pronta. E não! É a primeira música que eu componho em toda a minha vida, e ela não é boa — Ela bufou. — Se você fuçar nas minhas coisas de novo eu quebro sua mão.
— Que medo, ah — Julia fingiu estar aterrorizada, debochando — Qual é, Soph, me mostra. Sou sua melhor amiga, vamos.
— Não, é sério.
— Mostra, caramba.
— Qual foi a parte do “não” que você não entendeu? — Ela deu ombros.
— Ou você mostra ou eu chamo sua mãe. E aí sim, você vai ser obrigada a cantar. Na frente de todo mundo. — Julia sorriu, vitoriosa. Sabia que com isso, Sophie cantaria.
— Ok. — Ela rolou os olhos.
— Eu te ajudo a terminar, se for o caso.
— Pega logo o violão. — Sophie realmente não estava tranqüila com aquilo.
Bem, aquela música, ela havia começado há, praticamente, um mês antes. E é claro que ela falava sobre Luke.
Julia pegou o violão que estava no canto do quarto de Sophie e o entregou para ela. Não, o violão não era a especialidade de Sophie, mas ela aprendeu a tocar por conta das aulas na Inglaterra. Era tudo muito puxado, e eles elevavam a música à coisa mais importante de suas vidas.
Logo ela deu início a introdução da música, que ela mesma havia feito.
Julia escutou tudo maravilhada. Ruim nada! A música estava ótima! Talvez alguns versos de ponte, e outros para deixá-la maior a melhoraria, mas... ainda assim, estava espetacular!
Sophie parou de cantar e tocar alguns minutos depois, com sua música terminada. Julia bateu palmas.
— Safada, como assim a música tá ruim?
— Está. — Ela bufou. — E só você vai escutá-la nesse mundo.


[...]



“And I'll never let this go, I can't find the words to tell you... That now I feel like I don't know you”



Todos naquela sala bateram palmas.
Hayley sorriu.
Quando estava cantando, parecia uma adolescente novamente. Sua voz ainda continuava limpa e forte, ela ainda cantava com o coração, ainda sentia o mesmo prazer indescritível quando levantava a voz e cantava as músicas que ela mesma escreveu, junto com Josh.
Este último, com o violão à mão, se sentia com dezessete anos de novo. Ele simplesmente adorava quando todos iam a sua casa para tocar como antes. Nesse caso, de um jeito acústico, mas ainda assim, estavam todos lá. E quando digo todos, eram todos mesmo! Até Zac, que morava em Franklin, e havia ido passar o fim de semana em Nashville com o seu filho, Erich. Esse último, morava com a mãe, que era divorciada de Zac. Ainda assim ele mantinha um relacionamento amigável com ela e, é claro, era o herói do pequeno. Ele tinha oito anos de idade, era esperto e custoso. E gostava de batucar. Agora, Erich estava brincando com Joseph e Leonard.
E, até mesmo Jason, depois de vários e vários anos estava ali. Brincava com o violão, tentando acompanhar Josh, enquanto Alana estava sentada ao seu lado.
Tudo parecia estar em seu lugar.
Ou melhor, quase tudo. No meio de todas aquelas pessoas, curtindo o som da Paramore completa, faltava um filho. Luke não estava lá.
— Mandou bem, tia. — Julia disse, ainda batendo palmas, mesmo depois que todos haviam parado de bater. — Ei, sabiam que a Soph fez uma música?
Sophie a fuzilou com os olhos. Não era para ela falar da música que elas haviam terminado um dia antes!
— É verdade? — Hayley sentiu os olhos brilharem. Josh abriu a boca.
— Eu preciso escutar isso! — Ele disse.
— Depois. — Sophie fingiu não ligar e deu mais atenção ao bebê que estava em seu colo. Claire brincava com o seu cabelo, intrigada. Ela ainda era muito nova para falar, mas já ficava sentada sem ajuda.
— Ela gosta de você, Soph. — Dakotah disse sorrindo. Estava ao lado de Sophie, que estava ao lado de Taylor.
— Cantem outra! — Nate pediu. Adorava, simplesmente adorava ver a Paramore tocando. Jason sorriu.
— Tem séculos que não toco Conspiracy...
Zac sorriu.
— Lembra como a gente compôs essa música, T? — Ele olhou para Taylor que começou a rir.
— Como foi? — Soph perguntou.
— Bem... — Zac começou — Como a maioria das letras eram Josh e Hayley que faziam, a gente decidiu compor uma música todos nós. Eu sugeri vários temas, mas todo mundo disse que era muito “Green Day”. Aí, o Taylor falou um outro tema que também era tipo a música dos caras, e a Hayles gostou. Aí eu pedi pra explicarem essa conspiração contra mim. O resto é história.
Todos sorriram. As crianças menores estavam correndo em qualquer lugar da casa, quem estava ali eram realmente Nate, Julia e Sophie, com Claire nos braços.
Luke fazia falta.
— Ei, tio Jerm. — Nate o chamou. — Cadê o Luke?
— Em casa... não sei o que ele está fazendo, mas não quis vir.
— Melhor assim. — Sophie sussurrou e apenas Julia escutou. Ela sorriu de canto. Pensou em dizer “sei”, mas desistiu.
— Vou lá buscar ele, não toquem Misery Business antes de eu chegar. — Nate praticamente ordenou, arrancando risadas dos maiores, e saiu daquela casa.
Sophie tentou ficar indiferente. Mas a verdade é que não queria por nada aquele garoto perto dela. A introdução de Conspiracy começou a ecoar enquanto Nate saía da casa.
Logo, estava dentro da casa dos Davis. Entrou tranquilamente e foi até o quarto de Luke. O encontrou da mesma forma que no outro dia. Ele estava deitado na cama, escutando algum tipo de música, e quase dormindo.
Nate sorriu de canto e se movimentou pelo quarto sem fazer barulho. Gritou, pegou o pé de Luke e o puxou para fora da cama, fazendo-o cair no tapete.
Luke retirou os fones do ouvido, com raiva.
— QUAL É O SEU PROBLEMA?!
— Estou te acordando, qual é. — Nate sorriu, sem se importar com sua raiva.
— Não estava dormindo — Ele bufou, levantando-se — E o que você quer?
— Vim te buscar. Tá rolando a maior sessão Paramore lá em casa e tu fica aqui.
— Não quero ir. — Ele se sentou na cama, pronto para deitar-se novamente.
— Luke, até o Jason Bynum tá lá. Tio Zac também veio de Franklin pra passar o fim de semana. Tá todo mundo lá em casa, qual é, vai mesmo bancar de mal educado e não ir nem falar “oi” para as pessoas que te viram crescer? — Nate inibiu o sorriso malicioso. Sabia que Luke sempre cedia a um pouco de chantagem emocional. Ainda mais quando se ele não fizesse isso, seria mal educado. Luke era muito certinho para pagar de mal educado.
— Certo. Estou indo, mas só fico meia hora. — Nate sorriu vitorioso e deu a mão para o amigo levantar-se da cama.
Esperou Luke trocar de camiseta e trancar tudo até entrar na casa ao lado novamente. Luke tentou sorrir, mas ficou quase impossível quando viu aquela criatura de cabelos vermelhos cantarolando a letra de The Only Exception enquanto sorria e mexia na bochecha de um bebê.
— Olha! Pequeno Davis! — Zac disse assim que a música acabou, vendo Luke entrar com Nate. Foi até ele e o abraçou.
— Hey, Zac. — Zac bagunçou um pouco de seu cabelo, e ele gritou parcialmente, sorrindo. — Cadê o Erich?
— Correndo com o Joe e o Leonard.
— Leonard? — Luke ficou confuso.
— Meu irmão. Olá, Luke. — Julia acenou e Luke retribuiu. Não tinha nada contra Julia, mas não a conhecia e ela era amiga de Sophie, então...
— Meu Deus! Você está enorme, garoto! — Jason disse, olhando para Luke.
Ele ficou meio envergonhado. Não se lembrava de ter visto aquele homem em sua vida.
— Oi. — Ele disse, sorrindo.
— Não lembra de mim? — Ele fez que não com a cabeça, enquanto Jason se levantava e apertava a sua mão. — Você era muito pequenininho, mas me chamava de Tio Jasy.



— Tio Jasy! — Luke disse, vendo o rapaz entrar. Jason sorriu verdadeiramente.
— Ei, Luke. — Jason foi até ele e o abraçou. Os braços curtos do menino passaram pelo seu pescoço.
Hayley sorriu.
— Tio, porque o seu olho tá tão grande? Você tava chorando?
— Não... eu só dormi demais. — Ele disse, ainda rindo.
— Que estranho... Quer mingau? A tia que fez. — Luke levantou a colher de mingau para Jason, que comeu.
— Hm... tá gostoso, né? — Hayley riu.
— Está.



— Ah! Claro, Tio Jasy. — Luke coçou a nuca. — Lembro um pouco.
— Você está mais bonito do que antes, rapaz.
— Puxou o pai! — Jeremy gritou do outro lado, fazendo as pessoas sorrirem.
— Ele tem o rosto da mãe. A única coisa que ele puxou sua foi o seu olho, Neguinho. — Hayley rebateu.
— Nada a ver. Ele tem a minha barba também, e o meu corpo definido. E a minha esperteza, a minha inteligência, a minha...
— ...modéstia. — Katt completou, fazendo todos os outros rirem.
— Valeu por acabar com o meu discurso lindo, amor. — Ele ironizou e recebeu um selinho dela logo em seguida.
— Mas é verdade, Hayles — Katt —, ele puxou muito o Jeremy. Se fosse por mim, nunca que ele tocaria do jeito que ele toca. Ou cantaria, ou iria compor músicas.
Luke apenas escutava tudo rindo.
— Você compõe?! Como assim eu não sabia disso, Little Davis? — Zac.
— Eu só compus uma música, calma... — Luke engoliu seco e rezou para que não o fizessem tocar Adore ali. Mesmo que fosse a música que ele havia composto de todo o coração, ele se sentia desconfortável em cantá-la.
— E a Sophie também só compôs uma, né Juzy? — Nate puxou assunto.
— É. Ela não queria me mostrar, mas eu a convenci.
Luke bufou. Só o que faltava, Sophie compondo!
— Canta pra gente a sua música, amor! — Hayley pediu.
— Não, mãe. Ela não é boa! — Ela retrucou.
— Por favor, vamos. Qual é o problema? Estamos em família e amigos.
— Não adianta, não vou tocar.
— Está com medo? — Luke disse, a olhando e sorrindo debochadamente de canto. Ela bufou.
— Me dá o violão. — Ela disse entre dentes, entregando o bebê para Dakotah. Pegou o violão de Taylor, que estava perto.
— Me dá também, pai. Posso te acompanhar, amiga?
— Faz o que você quiser, Julia. — Ela bufou. Isso tudo havia começado por conta de Julia! Ah, ela pagaria por isso.
Ela começou a introdução e Julia a acompanhou com o violão de seu pai. Logo deu início a Ignorance.



Se eu sou uma pessoa ruim, você não gosta de mim.
Acho que eu vou fazer do meu próprio jeito.
É um círculo, quero dizer, ciclo.
Eu não consigo mais te excitar.
Onde está seu martelo? Seu júri?
Qual é o meu delito desta vez?
Você não é um juiz, mas se você vai me julgar,
bem, sentencie-me para outra vida.



Sophie se concentrou apenas no seu violão. Julia sorria sem parar enquanto tocava. Havia ensaiado bastante a música de Sophie em casa, em especial, aqueles rifs e aquela introdução.
Mas convenhamos, o que realmente a estava animando era a reação de Luke. Ela estava doida para ver essa discussão desde que começou a andar com Sophie!
Todos as escutavam tocar calmamente. Hayley e Josh deixavam-se levar pelo orgulho acima de qualquer coisa. Quanto a Jeremy, ele sentia uma pitadinha de raiva. Sabia que aquela música era para o filho. Já os outros, de verdade, estavam encantados com a melodia expressiva e agressiva da música, que a fazia melhor a cada palavra que Sophie cantava.
Luke bufou ao escutar o último verso da primeira estrofe. Ele era o errado ali? Ele estava julgando? Ela era a única a sofrer? Ah, ótimo.
A verdade é que a raiva dele apenas aumentava. Muito.



Não quero ouvir suas músicas tristes, eu não quero sentir a sua dor.
Quando você jura que é tudo culpa minha, porque você sabe que não somos iguais.
(oh!) não somos iguais, (oh!), não somos iguais.
Amigos que eram unidos, nós escrevemos nossos nomes em sangue.
Mas acho que você não pode aceitar que a mudança é boa.
(Year!) É boa, (year!) é boa.



Luke sorriu, debochadamente, numa tentativa boba de expressar um pouco do ódio que sentia.
Então a dor dele para ela não era importante? Então a culpa não era dela?
É, numa coisa ela tinha razão. Eles não eram iguais. Precisou de um monte de coisas para notar isso. E... de fato, a mudança que os dois passaram era boa! Era realmente boa! E oras, ele mesmo já havia aceitado isso!
Agora ele sabia, tinha a total certeza que a odiava. E, de verdade, isso era bom. Muito bom.



Você me trata como um outro estranho.
Bem, é um prazer conhecê-lo senhor!
Acho que eu irei, é melhor eu seguir em minha saída.
Você me trata como um outro estranho.
Bem, é um prazer conhecê-lo senhor!
Acho que eu irei, é melhor eu seguir em minha saída.
Ignorância é a sua nova melhor amiga.



Novamente, Luke riu.
Estava realmente irritado com aquelas palavras. Não conseguia mais imaginar nenhuma palavra que não fosse uma ofensa ou um xingamento a Sophie. A primeira música que ela compôs seria para Luke, o difamando, o ofendendo. Pensou em Nate, ele o havia arrastado para lá.
Ele estava irado. Mais do que isso, até. E a única coisa que não o impedia de sair daquela sala era a curiosidade de ouvir mais palavras daquela música. É, ele queria ouvir o resto. Sim! Ele sabia que só aumentaria sua fúria. E, talvez, era isso que ele queria.
Prazer em odiar?
Bem... talvez, quem sabe.



Esta é a melhor coisa que podia ter acontecido! Um pouco mais de tempo e eu não teria feito isso.
Não se trata de uma guerra, não, não é uma ruptura. Eu sou apenas uma pessoa, mas você não aceita isso.
Os mesmos truques que uma vez que me enganaram, eles não vão te levar para qualquer lugar.
Eu não sou a mesma criança de sua memória, agora eu posso me virar sozinha.



Sophie, pela primeira vez, levantou o olhar. Deu de cara com ele, de sorriso debochado. Fez que não com a cabeça.
Praticamente cuspiu a frase “I’m not the same kid, from your memory, now I can fend for myself”. Luke a olhou e aumentou o seu sorriso debochado, como se dissesse “não acredito nisso”.
O pior de tudo é que ele se identificava igualmente com a letra. Ele concordava que era a melhor coisa que podia ter acontecido, no caso, ele perceber que ela não era mais a mesma criança da qual ele se lembrava. É, Sophie tinha razão nesse ponto. Mas, ok, ela precisava compor isso.
Bem, a verdade é que aquelas palavras não o machucavam. Nem chegavam perto disso. Apenas o deixava mais e mais irritado. Ele sentia uma grande vontade de parar a música e gritar com ela. Grande.



Não quero ouvir suas músicas tristes, eu não quero sentir a sua dor.
Quando você jura que é tudo culpa minha, porque você sabe que não somos iguais.
(oh!) não somos iguais, (oh!), não somos iguais.
Amigos que eram unidos, nós escrevemos nossos nomes em sangue.
Mas acho que você não pode aceitar que a mudança é boa.
(Year!) É boa, (year!) é boa.



Sophie repetiu o pré-refrão da música com Julia fazendo, digamos, o backing vocal. Sim, Julia havia ajudado Sophie nele, e conhecia a música muito bem também. Mas a verdade é que ela estava prestando atenção em Luke. Sorrisos e mais sorrisos. Lógico, eles não eram felizes, e nem demonstravam satisfação. Ele estava irritado. E isso, com certeza, resultaria numa discussão ou... coisa pior.
Ela sorriu brevemente com o próprio pensamento. Às vezes a sua vontade de ver o circo pegar fogo era estranha. Agradeceu mentalmente à Nate por ter levado Luke até ali naquela hora e preparou-se para ajudar Sophie no refrão.


Você me trata como um outro estranho.
Bem, é um prazer conhecê-lo senhor!
Acho que eu irei, é melhor eu seguir em minha saída.
Você me trata como um outro estranho.
Bem, é um prazer conhecê-lo senhor!
Acho que eu irei, é melhor eu seguir em minha saída.
Ignorância é a sua nova melhor amiga...
Ignorância é a sua nova melhor amiga...
Ignorância é a sua nova melhor amiga...
Ignorância é a sua nova melhor amiga!



Sophie encarou Luke por um segundo e gritou o último verso. Sim, Luke, a ignorância é a sua amiga! Afinal, foi ele que escolheu não acreditar nela, certo? Foi ele que escolheu jogar anos de amizade no lixo para acreditar numa vadia qualquer, não é? Não foi ele que foi ignorante, frio e debochado quando ela estava praticamente se declarando para ele? Não foi ele que a ofendeu? Pois bem. Agora, ele provava do ódio que ela sentia consumi-la por dentro. Agora, sim, ela sabia que ele provavelmente estava se sentindo queimar de raiva, mas ele escolheu assim.
Ele escolheu tratá-la daquela forma.
Ele escolheu a ignorância.
Ele escolheu. E Sophie estava apenas colocando seus sentimentos para fora.
Por um segundo, deixou de detestar Julia por fazê-la cantar essa música. Sim, ela sabia que isso geraria mais ódio em Luke, mas ela percebeu que... sinceramente? Não se importava. Talvez até queria isso.
Prazer em odiar?
Bem... talvez, quem sabe.



Você me trata como um outro estranho.
Bem, é um prazer conhecê-lo senhor!
Acho que eu irei, é melhor eu seguir em minha saída.
Você me trata como um outro estranho.
Bem, é um prazer conhecê-lo senhor!
Acho que eu irei, é melhor eu seguir em minha saída.



Quando a música acabou, a própria Julia puxou aplausos. Todos aplaudiram por aproximadamente, cinco segundos. A parabenizaram de todas as formas. Hayley e Josh ficaram orgulhosos da música. Era tão... Paramore.
Luke apenas engoliu sua raiva. Pensou em discutir com Sophie na frente de todos ali, mas decidiu não fazer isso. Existiam pessoas que mereciam seu respeito naquela sala.
— Muito bom, mana! — Nate disse — Não sabia que você compunha tão bem! Ficou muito... sei lá, Paramore. Bom demais!
— Discordo — Luke não se agüentou. —, discordo completamente. Paramore é uma das coisas mais perfeitas que existe, e não acho que essa música se enquadraria na lista.
— A questão é que ninguém pediu a sua opinião. — Sophie disse, com o mesmo sorriso debochado no rosto.
— Você demonstrou todas as suas opiniões em relação a mim nessa música, e não posso opinar também?
— Quem disse que ela fala sobre você?
Praticamente todos engoliram seco.
DISCUSSÃO! Pensou Julia.
— Bem... eu vou ali na cozinha pegar coca, alguém vai comigo? — Nate disse, e todos naquela sala disseram que iam também. Até mesmo os adultos. Ninguém queria presenciar uma discussão, certo?
Errado. Julia queria ficar lá, mas Alana praticamente a arrastou pelo braço.
— Sabe o que eu mais gostei em tudo isso? — Luke recomeçou.
— Não e não me importo. — Ela deu ombros.
— Ignorance is your new best friend. — Ele cantarolou devagar, ainda com o sorriso no rosto. — Sério, Sophie. Eu sou o ignorante da história?
— Sim, você é. — Ela segurou-se para não gritar. — Você é o ignorante da história, por que você não acreditou em uma droga de uma palavra que eu disse, foi debochado e me ofendeu! Isso não é ignorância, Luke? Não é?
— Isso é só o que você merecia! — Ele elevou a voz — Você mentiu, lembra? Brincou! Escreveu o inferno de carta!
— Eu. Não. Escrevi. Merda. Nenhuma. — Ela disse compassadamente. — Quer saber? Que se dane! Você não acredita, não é?
— Mesmo que você não tenha escrito! Sabe no tipo de pessoa que você se transformou?! Você mesma disse! Você não é a mesma criança, lembra?!
— Eu me transformei em quem eu devia me transformar!
— Ah, me poupe, Sophie. — Ele bufou. — Uma garota fútil, boba, mentirosa... É nisso que você devia se transformar? Por favor. — Ele debochou
— É isso o que você vê de mim, né? Pois sabe o que eu vejo em você? Um idiota! Um idiota debochado, influenciável, teimoso e insuportável!
— Eu odeio você! — Ele disse sem nem ver. As palavras simplesmente saíram de sua boca. Ela sorriu.
— Ótimo. Eu também odeio você. E não me dirija mais a palavra. — Ela disse e saiu da sala, deixando Luke sozinho.
— Eu disse que eles se amavam. — Nate disse sorrindo. Julia estava ao seu lado, apenas escutando a discussão. Pegaram-na no meio, mas já deu pra perceber muita coisa.
— É, você tem razão. — Ela levou uma mão ao queixo. — Vamos tomar providencias, Nathaniel.
— Vamos. — Ele sorriu malicioso.
Infelizmente, ou felizmente, para Sophie e Luke... eles iriam mesmo.

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