23 de set. de 2012

Capítulo Final [Part 1]

It's all about us



— Não, não e não! — Hayley gritou pela décima vez naquela manhã. — A bateria fica mais atrás! É impossível que a cantora cante nesse espaço mínimo de lugar! Arrumem isso agora. Onde estão os decoradores? Quero todos trabalhando aqui! Nós temos um prazo pra cumprir!
— Hey, olha a minha promoter mais fina. — Nicky disse entrando no salão. Hayley estava com um fone no ouvido e alguns papéis na mão, planejando e gerenciando absolutamente tudo.
Ela tinha que fazer tudo ficar perfeito.
— Oi Nicky. — Ela suspirou e abraçou o chefe.
— Essa é Tamiris Poynter. Sua estagiária. Ela já está por dentro de todos os seus projetos.
— Oi Tamiris, sou Hayley, prazer. — Hayley apresentou-se a garota.
— É isso, gatas, agora mandem ver. Volto mais à tarde. Quando começa a cerimônia mesmo?
— Às nove da noite. — Hayley confirmou.
— Certo. Beijinhos e tchau. — Nicky despediu-se das meninas e saiu pela porta da frente.
— Então, Tamiris, já sabe dos projetos todos?
— Sim, eu tenho conhecimento de tudo.
— Então cuida das meninas da decoração que eu vou dar uma olhada na cozinha. — Ela disse.
— Aham.
Tamiris era uma bela mulher.
A única coisa estranha é que ela era uma mulher. E... mulheres mais velhas geralmente não são estagiárias. Elas, tem de dezessete a dezenove anos.
— Hey, Tamiris, posso te fazer uma pergunta? — Hayley estava intrigada demais com aquilo.
— Claro.
— Quantos anos você tem?
— Vinte e quatro.
— Ahn... Ok, vou mesmo olhar a cozinha agora. — Ela saiu andando.
Era estranho. Hayley entrou no mundo da promoção de festas com dezenove anos e havia deixado de ser estagiária antes de completar vinte! Por que uma mulher de vinte e quatro anos ainda tinha que ajudar em questões como essa?
E por que Hayley nunca a havia visto em lugar nenhum da PartyPromover?
Balançou a cabeça negativamente, afastando pensamentos confusos de sua cabeça. Havia muito trabalho ainda para fazer e faltavam menos de oito horas para que os convidados começassem a chegar. E ela ainda tinha que fazer cabelo e maquiagem!
Chegou na cozinha. Os petiscos estavam todos em andamento. Espumantes e outras bebidas no freezer. Os chefes trabalhavam da melhor forma com os seus funcionários.
Hayley sorriu. Tudo indo como o combinado.
— Hayley? — Ouviu-se a voz de Tamiris. — A banda está aí para passar o som.
— He Is We? Já? Perfeito! — Hayley saiu com Tamiris em direção ao salão.
— Hey! Rachel! — Ela foi em direção e abraçou a garota morena. — Trevor! — Abraçou também o rapaz loiro de olhos azuis.
— Olá Hayley! — Rachel sorria de orelha à orelha. — Como vai?
— Bem... tudo muito corrido, mas tá dando certo.
— Bem, esses são Aaron, Harrison e Carman... baterista, tecladista e baixista.
— Prazer em conhecê-los. — Hayley apertou a mão de cada um dos rapazes.
— Então... podemos? — Trevor perguntou, olhando para o palco, que já estava pronto para eles tocarem.
— Claro! Vão lá.
Cada um dos componentes da banda se posicionaram em seus devidos lugares. Rachel se sentou e testou o microfone. Eles ficaram afinando instrumentos e se aquecendo por aproximadamente vinte minutos, até começarem a realmente tocar.
Hayley escutou e assistiu eles tocarem Blame It On The Rain e Happily Ever After, mas logo depois teve de sair para ajudar com as pessoas da decoração.
E o trabalho continuou árduo naquele salão. Hayley trabalhava incansavelmente.
As horas se passaram e já eram cinco da tarde. Os fuzileiros haviam acabado de chegar e Hayley dava as instruções certas à eles.
Lá dentro, a He Is We ainda ensaiava as suas músicas.
— Hey, Tam... — Rachel chamou Tamiris, que cuidava das coisas dentro do salão.
— Sim?
— Precisamos ensaiar... aquela música. Como vamos fazer?
Tamiris coçou a cabeça.
Era a música mais importante de todas as que eles cantariam.
— Façam mais uma pausa, Rach. Vou cuidar disso. — Tamiris saiu do lugar e encontrou Hayley falando com um militar.
Esperou pacientemente até ela terminar.
— E aí? — Perguntou.
— Tudo certo. Vinte homens, mais do que o suficiente. — Ela sorriu.
— E você vai pro cabeleleiro hoje ainda?
— Tenho que ir. — Hayley mexeu em uns papéis em sua mão. — Mas antes eu tenho que falar com o pessoal da limpeza. O chão está imundo!
— Ei, deixa que eu cuido disso. Eu sei que ter cabelo colorido não é fácil. — Elas riram. — Vai arrumar seu cabelo e se vestir, e quando você chegar, eu vou. É só nós revisarmos. — Tamiris sugeriu.
— Dá conta mesmo? — Hayley.
— É lógico que dá. — Ouviu-se outra voz, entrando no lugar. — Ainda mais quando se tem a minha ajuda.
— Katt! — Hayley abraçou a amiga e Tamiris sussurrou “obrigada” para Kathryn, sem que Hayley visse. — Você está linda, hein?!
— Obrigada. — Katt sorriu. — Mas agora é sua vez. Eu cuido dos últimos detalhes com a Tamiris, você vai pra casa fazer cabelo, maquiagem e se vestir. Aproveita e dá uma olhada na Sarah, no Brendon e no Luke. O Jeremy comprou um terno pra ele, ficou a coisa mais linda do mundo, você precisa ver. — Katt disse a última frase, referindo-se ao filho, com um brilho nos olhos.
— Certo, certo. Volto em duas horas. Não fujam dos planos. — Hayley disse e foi em direção ao estacionamento.
— Cara, obrigada mesmo. Ela não iria embora se não fosse por você.
— Tudo bem. Precisamos agilizar isso. — Katt disse. — A banda já está aí?
— Sim, mas eles ainda precisam ensaiar a última música.
— Legal, vamos ver como eles estão.

[...]

Eram oito horas da noite.
Hayley estava divinamente vestida. Seu vestido branco parecia iluminar todo o lugar.
Havia feito uma maquiagem simples e iluminada. Seus olhos pareciam mais verdes do que nunca. Seus cabelos alegremente avermelhados estavam em um lindo coque malfeito, e alguns fios soltos caiam pelos seus ombros.
O salão estava perfeitamente arrumado. O chão de mármore branco poderia se passar por um espelho de tão limpo (sim, Tamiris havia feito um bom trabalho). Ele, que era muito amplo, estava dividido em duas partes.
Uma delas, havia um palanque, e vários assentos. É onde aconteceria a nomeação. O outro era destinado à festa.
Os fuzileiros estavam todos à seus lugares, aguardando a chegada dos primeiros convidados e, principalmente, de Josh.
Hayley checou que tudo estava pronto para a chegada dos primeiros convidados. Procurou Tamiris. Ela não estava em lugar algum do salão...
Foi até a cozinha e até ao banheiro, mas não a achou. Saiu do lugar e a viu falando no celular.
As palavras que ela emitia estavam inaudíveis aos ouvidos da ruiva, porém ela pode notar que Tamiris tinha total controle sobre a pessoa a qual conversava. Parecia dar ordens.
Parecia Hayley em trabalho.
Tamiris percebeu a presença de Hayley e empalideceu por um segundo. Não o suficiente para Hayley notar.
— Ei, escute. Apenas tragam-nas, ok? Preciso ir. — Ela desligou o telefone. — Oi, Hayley. Era a minha mãe. — Tamiris se explicou.
— Entendo... — Hayley passou uma mão pelos braços. — Falando nisso, a minha deve estar para chegar. Pedi para os meus familiares vierem antes. Não podem haver atrasos...
— Nunca trabalhei em festas militares antes, mas a pontualidade realmente é respeitada.
— E como é. — Hayley sorriu. — Enfim. E a He Is We, quando volta?
— Me disseram que por volta das oito e meia estão de volta.
— Certo. — Hayley concordou, olhando a fila de homens à porta. Estavam perfeitamente alinhados.
Um carro militar parou no estacionamento do salão. Saíram de lá alguns homens fardados. Todos mais velhos.
Hayley reconheceu um deles. Eles vieram até ela.
— Olá, General Shadows! — Ela cumprimentou o homem.
— Sra. Williams. Sra. Poynter. Como vão?
— Muito bem... — Hayley respondeu sorrindo, inibindo a curiosidade que a invadia por inteiro.
Como o General conhecia Tamiris?
Estava começando a achar que ela era conhecida por todos... menos por ela.
Um fato: Tamiris Poynter reunia muitos atributos estranhos. E Hayley sentia um pressentimento de que estava prestes a descobrir quais eram eles.
— Que ótimo! Pode me mostrar o salão?
— Claro que sim. Quero que o Senhores vejam. — Hayley sorriu ternamente outra vez e conduziu os homens até o interior do lugar.
— É aqui que devo ficar? — Perguntou o homem.
— Sim, Senhor. Já ensaiamos isso antes, o Coronel chega, o Senhor coloca as ombreiras e medalhas nele.
— Certo, está bem. — Ele sorriu. — Está realmente muito boa a decoração.
— Obrigada. — Hayley agradeceu e Tamiris levou uma mão ao aparelho bluetoof que estava em seu ouvido.
— A He Is We está a caminho
— Pode recebê-los para mim, Tamiris?
— Claro.
— Perfeito. — Hayley suspirou. — Com licença, senhores. — Ela pediu e saiu do lugar, deixando aqueles cinco homens fardados conversando.
Saiu pela porta novamente e viu um carro conhecido parar.
Joey saiu de lá com suas duas filhas e sua esposa. Foram em direção à Hayley, que recebeu-os com um abraço.
Ela os conduziu até o lugar onde deveriam ficar.
— Posso te ver trabalhar, maninha? — Erica pediu.
— Ok, mas vai ser meio corrido.
— Sem problema.
— Então tá. — Hayley sorriu, dando um abraço de canto na irmã que era um pouco mais alta do que ela.
— Ah, você viu meu vestido? Não é lindo? — Erica disse, rodando. Hayley gargalhou.
— É perfeito.
Ele era lilás com alguns detalhes branco. Claro, leve e bonito. E caia como uma luva no corpo bonito de Erica. Seus cabelos estavam totalmente soltos e lisos ao extremo. A franja que caia pela sua testa dava toda a leveza ao rosto da adolescente.
— Olha, é o carro do Zac! — Erica disse alto.
Zac saiu do carro, acompanhado de sua mãe e de Isabelle.
Isabelle sorria, até olhar a melhor amiga.
Seu sorriso foi embora numa fração de segundo, dando espaço a um olhar de tristeza e pavor.
Ela correu antes do irmão e da mãe até Hayley e Erica. Parou em frente a amiga, que também estava com a mesma expressão, e gritou.
Erica também gritou.
Por quê?
Os vestidos delas eram exatamente iguais.
— Não! É só um pesadelo. Eu vou piscar meus olhos fortemente e acordar desse sonho horrível. — Isabelle disse, mais calma. Aprtou os olhos e os abriu outra vez. Gritou novamente.
— Belle, sua vaca! Como você pôde roubar o meu vestido?
— Eu não roubei o seu vestido, vaca maior de todas! Você roubou o meu.
— Só pode ser sacanagem... Eu preciso me trocar!
— É! — Isabelle concordou, ainda olhando para a amiga loira.
— Sinto muito, amores, mas se vocês forem se trocar agora só vão chegar depois do Coronel. Eu não posso deixar isso acontecer. — Hayley disse fazendo as garotas ficarem mais tristes.
— Mas Hayley...
— Vocês estão bonitinhas. Parecem gêmeas... de outra mãe. — Hayley caçoou. Erica estava tão triste e apavorada que parecia segurar um nó na garganta.
E... Hayley precisava de um pouco de diversão. Já tinha se estressado muito naquele dia.
— Você é má, Williams. — Isabelle disse. — Agradeça ao Pai por você não morar na mesma casa que eu. Pois eu me vingaria. Ah, se me vingaria.
— Me lembro de você quando era só uma criança, Farro. — Hayley entrou na brincadeira. — E eu me lembro bem de que a má daqui é você.
— Fique esperta. Vamos, Erica. Alguém deve ter um colete para nos emprestar. — Isabelle adentrou o lugar com a amiga.
— Tá ferrada, Hayles. — Zac disse, de braços dados com a sua mãe. — Isabelle não vai descançar até te fazer pagar.
— Não tenho medo dela.
— Devia ter! — Zac disse mais alto do que cauculara. — De verdade, tenha medo. Ela é a pessoa mais maquiavélica e terrível que existe.
— Minha filha não é assim!
— NÃO? — Zac olhou para a Sra. Farro. — Você esqueceu de quando eu fiquei com o cabelo verde por quatro semanas? Ou de quando ela grudou os meus dedos do pé uns nos outros? Ou de quando eu pedi um aluguel de um carro caro pra impressionar uma mulher e, do nada, ele apareceu rosa? Sério que ela não é assim?
— Ok... Maldades à parte... Vamos entrar. — Hayley disse, levando os amigos para dentro do salão.
Colar os dedos do pé uns nos outros?
Tudo bem... era hora de ficar com medo.
Mas agora ela tinha coisas mais importantes para fazer.
Apenas dez minutos se passaram e os convidados começaram a se concentrar. Chegava cada vez mais e ela começou a ficar sem tempo para nada. Mal cumprimentou sua mãe e Scott, que estavam com Marcus. Esse último, a levantou do chão e gritou “Irmãzinha” durante alguns segundos.
Ele era muito divertido.
Logo Nate também chegou com sua esposa e a pequena sobrinha de Josh, Marie. Era uma bebê de colo realmente linda.
Katt chegou com Jeremy e Luke. No carro logo atrás, vinham Brendon, Spencer e Sarah. Hayley os cumprimentou em pouco tempo e Katt fez que ia se juntar ao trabalho com ela, mas Hayley garantiu que ela e Tamiris já bastavam para o trabalho. E Katt já havia ajudado bastante administrando tudo durante as duas horas anteriores que Hayley estivera fora.
Militares, amigos, e mais militares. Hayley olhou para dentro do salão e percebeu que ele já estava praticamente cheio.
Checou o relógio. Faltavam vinte minutos.
— Tamiris, eu acho que todos os convida-... Tamiris? — Hayley passou os olhos por si e viu que a estagiária não estava mais ao seu lado.
Tamiris e seus sumiços...
Revirou os olhos e decidiu não procurar a estagiária. Não outra vez. Precisava estar presente na porta até a cerimônia em si começar.
— Ei, voltei. Estava no banheiro. — Ela disse chegando à porta, após alguns minutos.
— Você vai muito ao banheiro... — Hayley murmurou para si mesma.
Tamiris engoliu seco. Não por vergonha.
Por medo de colocar tudo a perder.
— Faltam dez minutos, devo ligar para o Sr. Farro? — Ela perguntou.
— Ligue. Assim teremos certeza de que nada sairá errado. — Ela disse sem olhar para a estagiária.
Tamiris levou novamente a mão ao aparelho bluetoof em sua orelha e se afastou um pouco de Hayley.
— E então, quando chega?
— Chegarei na hora, não se preocupe. Estou saindo de casa agora.
— Perfeito.
— E tudo está nos conformes, Tam?
— Sim, está. Ela está desconfiada... Mas não está tirando conclusões nem nada. Está muito ocupada trabalhando.
— Great. Obrigado por isso. Diga à ela que já estou aí.
— Ok. Até logo, Josh.
Tamiris voltou até Hayley.
— Está a caminho.
— Ótimo. — Ela suspirou. — Vou lá dentro falar com o DJ para preparar o Hino Nacional para a entrada.
— Ficarei aqui, se alguém mais chegar. — Tamiris sorriu e Hayley adentrou o lugar.
Alguns minutos passaram e Hayley voltou ao lugar. Seu aparelho vibrou.
Ele estava virando a rua, como nos ensaios.
Hayley, com seu aparelho, deu o toque para que os Generais se levantassem. Fez gestos com as mãos para os fuzileiros arrumarem a postura.
O início do Hino Nacional prendeu a atenção dos convidados, que ficaram todos em silêncio.
O Rolls Royce preto, andando devagar, foi avistado. Estacionou exatamente na frente do lugar.
Hayley deu o sinal para os fuzileiros ficarem atentos.
O motorista do carro de luxo saiu e abriu a porta de trás. Lá de dentro, saiu um dos homens mais bonitos que Hayley já havia visto.
Josh estava com o rosto sério, que o deixava inacreditavelmente sexy. Isso, sem dizer de sua farda de General, que mesmo sem as ombreiras e as medalhas que ele ganharia por ter ajudado os Estados Unidos com seus planos geniais de guerra, caia-lhe perfeitamente bem. O chapéu propositalmente torto cobria parte de seus cabelos negros e curtos.
Em seu olhar havia... esperança, felicidade, ansiedade... talvez.
Era impossível dizer o que havia no olhar daquele belo homem. Mas qualquer pessoa se perderia se olhasse aqueles olhos por mais de um segundo.
De repente, para Hayley, tudo pareceu perder o sentido. A música que doía seus ouvidos, de repente, ficou baixa. Por um segundo, não havia mais nada no mundo a não ser... Josh. Lindo. Vestido militarmente. Como em câmera lenta, a mão direita dele foi até sua testa, num cumprimento aos fuzileiros, que apontaram suas armas para cima e abriram fogo.
Hayley, no susto, acordou.
Fez o gesto para Josh entrar. Ele o fez.
Todos estavam de pé e imóveis, vendo a bela figura adentrar o salão.
Josh subiu o palanque e cumprimentou Shadows militarmente. Shadows sorria.
Esse último homem foi até o microfone.
— Coronel Joshua Neil Farro... Agora, General Joshua Neil Farro. Apenas vinte e seis anos, e já conseguiu o posto mais alto militar. Aos olhos de muitos, parece injustiça, que esse jovem tenha esse título, que tantos outros levam décadas para conseguir... Mas esses só dizem tal bobagem por que nunca viram Joshua em campo de batalha. Por que nunca viram Joshua comandando um pelotão. Só dizem isso por que nunca viram Joshua, o destemido, inteligente e mais esperto soldado que já vi em toda a minha vida. Hoje, eu tenho orgulho de dizer, e aposto que os Estados Unidos também tem, que o Senhor, Joshua, é o mais novo General já nomeado. Parabéns, filho. — O General disse e acabou com as formalidades, dando um abraço forte em Josh.
Ele lhe colocou duas ombreiras douradas e as medalhas.
Josh foi ao microfone.
— Obrigado, General Shadows. Muito obrigado. — Ele disse. — Me orgulho muito de tudo o que tenho conseguido. Darei o meu melhor como General, assim como dei como Coronel. Mas... eu quero dedicar essas medalhas, e esse título, ao soldado mais competente que já vi. Nathaniel Vanderburg. — Josh fez uma pausa. — Fazem seis anos que aconteceu. Lutávamos na guerra Israelense e Nathaniel se atirou na frente de uma bala por mim. Ele deu a vida por mim, simplesmente por que era meu amigo. Sem ele eu não estaria aqui. E ele merece tudo o que eu ganhei e estou ganhando hoje. Obrigado. — Josh saiu da frente do palanque.
Mais alguns militares falaram sobre ele, que assitiu a tudo sentado. Hayley, a seu canto, comandava tudo.
Após todos os discursos serem dados, Josh foi a um canto e recebeu todos os “parabéns” de seus colegas de trabalho e amigos.
Terminada a cerimônia, as luzes se apagaram, e acenderam-se a do outro canto do salão. A mando de Hayley, é claro.
A introdução animada da música Happily Ever After fez com que todos fossem ver quem tocava.
Rachel sorriu e começou a cantar.
Hayley foi até a cozinha e deu início a distribuição de petiscos e bebidas. Os garçons, que já estavam preparados, começaram a sair com taças e tira-gostos em suas bandejas.
Logo essa parte do salão foi ficando cada vez mais movimentada. A He Is We cantava suas músicas. Algumas pessoas acompanhavam na frente do palanque. Outras, sentavam-se as mesas com suas famílias e tomavam suas bebidas. Outras andavam pelos corredores.
Hayley andava de cá para lá com Tamiris, dando ordens, deixando tudo absolutamente perfeito.
E Hayley não podia negar. Estava evitando Josh, ocupando-se ao extremo de propósito. Vez ou outra sentia seu olhar sobre si quando passava pelo salão.
Ela pegou uma taça de espumante e começou a tomar, enquanto via o decorrer da festa, que estava ótima. Com um sorriso no rosto ela checava o bem estar de todos.
— A próxima música... — Rachel começou, assim que terminou uma canção. — ...é uma música feita para todos os apaixonados... Se chama All About Us.
A introdução começou e Hayley viu algumas pessoas se levantarem para irem dançar.
— Ei. — Sentiu a voz grave vir por trás dela, e levou um susto.
Josh a encarava com um sorriso lindo no rosto.
— Oi. — Respondeu.
— Aceita dançar? — Ele ainda sorria perfeitamente.
— Tenho que...
— É só uma dança, Hayley. — Era impossível não ceder aquele sorriso de Josh.
Ela fez que sim com a cabeça e deu sua mão à ele.
Josh a conduziu até o meio da pista e eles começaram a dançar.

Pegue a minha mão, eu vou te ensinar a dançar.
Eu vou te fazer girar, não vou deixar você cair.
Quer me deixar guiar? Você pode subir nos meus pés.
Tente, vai ficar tudo bem.


Num movimento involuntário, Hayley recostou sua cabeça no ombro dele.
— Por quê, Hayley? — Josh sussurrou. Ela tirou sua cabeça do seu ombro, e sem perder o ritmo, passou a encará-lo. — Por que você foge de mim?
— Eu... só não agüento mais... — Ela olhou para baixo. — Eu já sofri muito, Josh... Muito...
— Eu não vou te fazer sofrer... Eu amo você.
— Eu também, mas... Se nós ficarmos juntos vamos sofrer. É isso que sempre acontece. Eu sinto muito, mas eu não agüento mais.
— Você não foi feliz comigo?
— Lógico que fui... Mas depois eu sofri... Por sua causa.
— Não quando éramos crianças
Hayley deu uma risadinha.
— É... pois é. Talvez aquela tenha sido a única época em que vivíamos sem brigar. Que tenhamos sido realmente felizes...
— Quando nos casamos. — Josh completou, fazendo-a rir.
— É. — Ela suspirou, depois da risada. — Foram os melhores tempos da minha vida.
— Da minha também. — Ela novamente recostou sua cabeça no ombro dele.

O ambiente está em silêncio e agora é o nosso momento.
Entre no clima, sinta e fique firme.
Olhos em você, olhos em mim.
Estamos indo certo...


— Nunca quis te fazer sofrer. — Josh disse num suspiro.
— Eu sei... Eu sei... Mas ele quis.
— Ele quem?
— O destino.
— Já que você acredita tanto nele, não passa pela sua cabeça que ele queira que você fique comigo, já que me põe tantas vezes na sua vida?
Ela gargalhou.
— Talvez. — Respondeu apenas.
— Amo sua risada. — Josh disse, mudando de assunto.
— Eu também amo a sua... não a sarcástica, é claro. Essa eu odeio.
— Oh, vamos falar de coisas odiosas. — Ele disse.
— Odeio quando você banca o superior.
— Odeio quando você banca a superior. — Ele rebateu e ela riu.
— Odeio quando você repete o que eu digo também.
Josh riu.
— Odeio quando você nega que me ama. — Josh olhou profundamente em seus olhos verdes.
— Odeio quando você me faz admitir que eu te amo. — Ela confessou.

Pois amantes dançam quando estão apaixonados.
Holofote brilhando, somos só nós.
Somos oh, oh, oh, oh, só nós uh, uh, uh, uh, nós.
E todo coração no lugar vai derreter...
Essa é uma sensação que eu nunca tive, mas
Somos oh, oh, oh, oh, só nós.


Josh apertou mais a cintura dela contra si e Hayley pousou o queixo no seu ombro enquanto o ritmo da música os guiava.
Ele continha um sorriso no rosto. Ela apenas emanava serenidade.
Josh não queria soltá-la. Hayley não queria sair de perto dele. Eles não queriam se separar. Mas ela sentia que isso aconteceria, mais cedo ou mais tarde. Decidiu então, aproveitar ao máximo aquele momento em que estavam juntos. Não era só uma dança.
Afinal, ela já tinha admitido que o amava duas vezes. Duas.
Mas nada disso importava agora. Nada. Eram apenas eles, dançando, naquela pista. Eram apenas eles novamente. As crianças que brincavam juntas, os adolescentes que se amaram como ninguém, agora, eram adultos. Maduros e cada um com uma vida para cuidar. Porém eles ainda se amavam e, aqueles quase quatro minutos que os fez ficarem juntos e próximos um do outro foram revigorantes.
Eram apenas eles. Amantes, dançando, aproveitando o momento. Só eles.

De repente, eu me sinto corajoso. Não sei o que deu em mim,
Por que me sinto assim.
Podemos dançar devagar?
Posso te segurar, posso te segurar pertinho de mim?


Por alguns segundos Josh se esqueceu de tudo o que era. Tudo o que havia de fazer. O perfume que emanava de Hayley o fazia esquecer de tudo e de todos. A vontade de tomá-la num beijo doce e cheio de amor fluía em seu peito como água em uma nascente. Contudo, ele se segurava, e se contentava apenas com o toque das mãos dela em seus ombros e sentir a sua respiração leve e serena em seu pescoço.
— Não precisa ser assim. — Ele sussurrou, pousando o queixo no topo da cabeça dela.
Ela suspirou.
— Não importa o quanto nos amemos. — Ela começou, sem retirar seu rosto do ombro dele. — Algum de nós sempre vai sair machucado. Eu prefiro que você seja feliz sem mim.
— Nunca serei totalmente feliz sem você. Até mesmo por que eu nunca vou estar sem você, em nenhum momento. Você sempre estará em mim, no meu pensamento e, principalmente, no meu coração.
Hayley não respondeu.
Ela sabia que era verdade, e sabia que ela também sentia o mesmo.
Porém, no mesmo momento em que ela pensava em ficar com Josh, fleshes de memória apareciam como um raio em sua cabeça. Ela se lembrava do quanto sofreu quando se separou dele a primeira vez, ou o quanto sofreu quando ele não acreditou nela, na questão da “traição”. Lembrou-se de quando ele foi pra guerra e garantiu que era “uma escolha dele ir ou não”. Lembrou-se da dor imensa que continha dentro de si e que, muitas vezes, precisava gritar para liberá-la. Ela só não queria outra vez. Só não agüentaria outra vez.
Isso a continha. Isso continha o desejo e a vontade de levantar o rosto e beijar aquele homem. Ela simplesmente não podia fazer isso. Não podia.

Você está ouvindo, amor?
Estão tocando a nossa música.
Você acha que estamos prontos?
Oh, estou sentindo.
Você está ouvindo, amor?
Você está ouvindo, amor?


— Me perdoa. — Ele sussurrou.
— O quê?
— Me perdoa por te feito sofrer. Me perdoa por ter te abandonado.
— Josh, não foi sua culpa...
— Hayles — Ela estremesseu. Era a primeira vez em anos que ele a chamava pelo apelido. —, eu amo você. E eu prefereria ter morrido do que ter feito você sofrer. Feito você chorar. Eu não fui uma pessoa perfeita, eu não fiz tudo certo na minha vida, eu admito, errei. Mas eu te amo e isso nunca vai mudar. — Ela levantou a cabeça e ele passou a olhá-la nos olhos. — Você ainda é tudo que eu tenho, mesmo que eu não te tenha.
— Eu te desculpo, Josh. — Ela disse num fio de voz. — Mas... talvez nós dois não devemos ficar juntos.
— Eu discordo de você. E ainda vou te provar isso. — Ela recostou novamente sua cabeça no ombro dele para dançar a última parte da música.

Pois amantes dançam quando estão apaixonados.
Holofote brilhando, somos só nós.
Somos oh, oh, oh, oh, só nós uh, uh, uh, uh, nós.
E todo coração no lugar vai derreter...
Essa é uma sensação que eu nunca tive, mas
Somos oh, oh, oh, oh, só nós.


— A verdade é que eu e você já existimos. Há muito tempo. — Ela disse, depois de um tempo, sem olhá-lo. — Mas isso já faz muito tempo, Josh. E você vai ter que aceitar que não somos mais dois adolescentes curtindo a vida. Agora nós temos responsabilidades. I’m sorry, por aquela tarde e começo de noite que tivemos. Mas nós não existimos mais. — Ela disse se distanciando dele e soltando sua mão.
— You’re wrong. — Ele sussurrou, sem que ela pudesse escutar. — Estamos mais vivos do que nunca. E você perceberá isso essa noite.

Pois amantes dançam quando estão apaixonados.
Holofote brilhando, somos só nós.
Somos oh, oh, oh, oh, só nós uh, uh, uh, uh, nós.

(Hey-ey Hey)
E todo coração no lugar vai derreter...
Essa é uma sensação que eu nunca tive, mas
Somos oh, oh, oh, oh, só nós.


Rachel agradeceu o público, que aplaudiu.
Hayley, sorrindo, teve grande participação nos aplausos. Depois da dança com Josh, ela se sentia bem mais leve. Feliz.
Sorriu abobalhadamente e pegou uma taça de champanhe de um garçon.
Volte ao trabalho, Nichole. — pensou.
— Hayley — Tamiris apareceu, dentre tantos outros convidados. —, o chef quer saber se já pode liberar os petiscos menos leves.
— Ok, vou cuidar disso agora. — Ela re-ligou seu bluetoof e foi em direção à cozinha.
Conversou com o homem durante apenas três minutos, até algo chamar sua atenção.
Não havia mais música.
Uma voz estava ampliada.
Era Josh.
Saiu correndo até o salão e viu Josh no palanque. Ele sorria enquanto falava no microfone.
— Bem, queridos amigos. Fiquem atentos, eu vou contar uma história...

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