Closer than ever
Sophie
sabia que não deveria ter aceitado sua carona.
Mas
ele insistiu demais e lembrou-se até da época em que Sophie lhe dera uma carona
para o trabalho, mil anos luz atrás, na mesma época em que ela descobrira sobre
a existência de Danna. Disse que queria “retribuir o favor”. Pelo amor de Deus,
ele estava crescendo e se tornando mais bobo, certo?
Visto
que era impossível recusar, ela entrou em seu Audi A4 conversível
maravilhosamente lindo e maravilhosamente caro,
também. Deveria valer o triplo do apartamento que ela levaria cinco anos
para terminar de pagar. Isso por que Julia com certeza iria se mudar depois que
se casasse.
Não
disse nada no caminho. Seus lábios ainda latejavam, o gosto doce e vicioso da
boca de Luke ainda estava presente na sua. Ela se controlava para não morder o
próprio lábio. Se controlava para não beijá-lo novamente com toda a vontade que
existia dentro dela. Se controlava por que precisava
se controlar. No que ela estava pensando? Deus! Deixar-se beijar por Luke!
Depois de tudo o que acontecera!
Céus, isso era tão
errado. Não
era para ter acontecido. Sophie poderia ter pensando um pouco nele, nela mesma,
em seu filho. Mas não.
Ao
invés disso, ela enfiou as mãos em seus cabelos e retribuiu o beijo à altura.
—
Escuta — Luke começou, dirigindo tranquilamente seu carro —, me desculpa pelo
que aconteceu. Eu... não sei o que...
—
Tudo bem — disse ela, cortando-o, muito rápido, sem querer saber o que ele
teria para dizer. — Vamos esquecer isso, por favor.
Luke
assentiu com a cabeça, concordando, sentindo-se um idiota por ter se deixado
levar pela vontade e pelo calor do momento. Por que fizera aquilo? Luke nunca
fora de agir antes de pensar! O que havia em sua cabeça, afinal?
Certo,
ele tinha de admitir que a quisera naquele momento. Que a desejara. Que se
sentira imensuravelmente atraído por aqueles lábios vermelhos que se
contraíram, envergonhados, quando ela cortou o contato visual com ele. Luke a
quis — ora, quem não iria querer? Sophie estava linda. Isso era visível para qualquer um! O tempo e o
amadurecimento fizera muito bem a ela, e a adolescente linda de ontem tornou-se
a mulher independente, madura e igualmente linda de hoje. Ignorar sua beleza
seria nada menos que idiotice.
Além
disso... ela tinha sido muito legal com ele, e... tudo bem, Luke não tinha uma
razão suficientemente boa para ter feito o que fez. Para ter simplesmente
segurado seu rosto e beijado seus lábios com toda a vontade que tinha guardada
dentro de si. Mas, ora, ela também quis! Se não quisesse, não teria passado as
mãos pelos seus cabelos e bagunçado-os, não teria apertado sua nuca, não teria
correspondido ao beijo com tanto ardor. Não teria se entregado a ele como
fizera. Não teria feito nada disso.
Vamos esquecer isso,
por favor. Sim,
era uma boa ideia. Esquecer, esquecer tudo e continuar vivendo a vida como se
nada tivesse acontecido. Luke apenas... se descontrolara como teria se
descontrolado com qualquer outra mulher bonita. Isso mesmo.
Agora
ele só precisava fazer sua barriga parar de dar cambalhotas.
—
Vira a rua à esquerda — disse ela, apontando contra o vidro do carro. Luke não
respondeu e apenas trocou de marcha, virando o volante onde ela indicara e
vendo uma creche no fim da avenida. Crianças, pais e carros estavam em frente,
fazendo um barulho enorme, e subitamente Luke sentiu suas mãos começarem a
suar. Iria conhecer o filho de Sophie.
—
Ele já estuda? — perguntou ele, dando-se conta de que não sabia nada sobre o
filho de Sophie. Só sabia que era um menino, e devia ter uns quatro anos de
idade.
—
Está no jardim de infância — disse ela, e Luke percebeu que seus olhos estavam
brilhando. — Mas já sabe ler, e estou tentando colocá-lo no primeiro ano. Hoje
é o primeiro dia de aula dele aqui, na verdade.
Luke
assentiu levemente com a cabeça, estacionando o carro em uma vaga a alguns
passos da creche do filho de Sophie. Não sabia bem o que fazer em uma situação
como aquelas, mas quando Sophie abriu a porta do carro e começou a caminhar na
direção da creche, Luke também o fez. Trancou o carro e seguiu ao lado dela num
silêncio incômodo, até que ela entrasse na creche, pedindo para que ele
esperasse por um minuto.
Ele
esperou um minuto, que mais pareceu uma hora. Perguntou-se pela centésima vez o
que estava fazendo ali, na frente de uma creche com uma frente pintada em azul
e amarelo, esperando sua ex-namorada que ele havia acabado de beijar sair de lá
com o filho. Perguntou o que teria acontecera com todo o ódio que ele nutria
por ela até o momento em que a viu tocando piano ainda nesta tarde.
Perguntou-se o que diabos estava
acontecendo com ele, que estava agindo por impulso, sem pensar direito em suas
ações. Perguntou-se por que estava tão interessado e nervoso em conhecer o
menino, filho de outro cara, que ele nem sequer sabia o nome.
Em
meio a tantas perguntas, Luke só chegou a uma resposta: estava ficando doido. Pirado, maluco, louco, biruta. Não havia
outra explicação. O rapaz suspirou, bagunçando seus cabelos e olhando para o
céu, como se fosse achar ali a razão de toda a sua loucura. Meu Deus, o que estava acontecendo?
Enfim,
ele viu os cabelos flamejantes fazer contraste em uma pequena multidão e
ajeitou a coluna. Sentiu seu coração acelerar, sabendo que agora iria mesmo conhecer o menino. Uma mochila
azul estava nas costas de Sophie e ela sorria, segurando a mão de um menininho
baixo, de cabelos loiros bagunçados, olhos azuis e sorriso maroto. Ao
reconhecer o garoto, Luke não teve outra reação se não sorrir de orelha a
orelha.
—
Podemos ir — disse Sophie ao alcançá-lo, mas o olhar de Luke ficara preso no
menino, que o encarou com seus olhos azuis enormes e inocentes. Julgando pela
sua expressão de surpresa, o garoto também reconhecera Luke do dia em que se
encontraram na sala de aula.
—
Eu conheço você! — o menino gritou apontando para Luke, e sorriu. — Você é o
cara que disse que ia me ensinar a tocar violão!
Sophie
encarou Luke cheia de confusão, esperando que sua expressão lhe desse alguma
resposta, mas apenas viu o rapaz sorrir enquanto encarava seu filho.
—
Olha só quem está falando comigo! — disse o rapaz, sorrindo e agachando-se para
ficar do tamanho do garotinho. — Agora eu não sou mais um estranho para você,
não é?
O
menino sorriu, olhando para cima e encontrando o rosto completamente pasmo de
sua mãe. Sophie abriu a boca inúmeras vezes, sem entender o que estava
acontecendo e sem conseguir formular uma frase completa.
—
Mamãe, ele é o homem que eu disse! — Henry mexeu em sua perna, chamando sua
atenção, com um sorriso enorme estampado no rosto jovial. — Lembra? Quando você
saiu lá da sala e aí ele chegou e falou que ia me ensinar a tocar violão depois
de eu falar que não falava com estranhos...
Oh,
Sophie se lembrava. Ficou de conversar com Harry e John sobre isso, mas se
esqueceu e, no fim, julgou como um assunto sem importância para tomar o tempo
daqueles professores tão ocupados. Certamente apenas tinham feito um favor à
Sophie enquanto cuidavam de seu filho enquanto ela resolvia os problemas com
Dan.
Mas
não era um professor de violão que estivera conversando com seu filho aquela
tarde. Era Luke.
Droga.
—
É verdade — Luke também virou o rosto para Sophie, ainda agachado. Vendo-os por
aquele ângulo, ninguém negaria o parentesco entre eles. Os mesmos olhares
curiosos e felizes, os mesmos cabelos bagunçados, com a pequena diferença de
que os de Henry eram mais loiros. As mesmas bochechas fofas, os mesmos formatos
de rosto. Parecia uma fotografia de antes e depois. — Passei uns dez minutos
tentando falar com esse menino, mas ele sempre dizia a mesma coisa: “mamãe não
me deixa falar com estranhos”. Só foi falar comigo quando comecei a tocar
violão.
—
Mas você toca muito legal — disse
Henry, encantado. Sophie bagunçou sua franja, sem saber o que fazer. Henry
sorria e conversava com Luke como se já se conhecessem há muito mais que alguns
minutos. — Eu queria tocar daquele jeito! É muito massa.
Sophie
viu Luke alargar ainda mais seu sorriso como se não houvesse nada no mundo que
o deixasse mais feliz do que ver o sorriso daquela criança.
—
Ainda quer que eu te ensine? — perguntou ele, os olhos azuis brilhando.
—
Sim! — Henry exclamou.
—
Então toca aqui — Luke estendeu a mão e Henry bateu nela com toda a força que
tinha, gritando de pura animação. Luke riu e bagunçou mais seu cabelo,
simplesmente encantado pela espontaneidade e personalidade do menino, filho de
Sophie. Ele era realmente uma figura e Luke não podia negar que gostara dele
assim que o vira. — Mas você não me disse seu nome, garotão.
O
menino sorriu, dando-se conta de que era verdade.
—
É Henry! — exclamou ele. — E o seu?
—
Luke — o rapaz disse, estendendo sua mão com uma formalidade exagerada. Henry
sorriu abertamente e apertou sua mão, balançando-a para cima e para baixo.
—
É um prazer conhecê-lo, Sr. Luke — disse o menino, com a mesma formalidade
exagerada, e Luke gargalhou, perguntando-se onde ele aprendera a fazer isso.
—
Igualmente, Sr. Henry — respondeu ele, sem controlar as risadas que saíram
livremente de sua garganta e contagiaram a criança à sua frente. Luke bagunçou
o cabelo loiro do filho de Sophie mais uma vez e se levantou, encarando-a sem
cessar seu sorriso, como se dissesse que ela estava fazendo um belo trabalho
como mãe.
Sophie
sorriu quando seu olhar se encontrou com o de Henry e segurou sua mãozinha,
enquanto ele comentava algo sobre o quanto queria aprender a tocar violão. Luke
estava ao seu lado, escutando tudo, e alertou-o de que seus dedos doeriam, mas
Henry disse que era o garoto mais forte do mundo e aguentaria. Isso o fez rir.
—
Nós vamos de carro?! Wow! — exclamou Henry, olhando para o Audi de Luke. Sophie
riu. Teve quase a mesma reação quando viu o carro, só não a externou como o
filho tinha o talento de fazer.
—
Vamos! — Luke fez a voz mais animada que tinha, sorrindo e apertando o botão
para destrancar o carro. — E o melhor de tudo isso é: eu não tenho cadeirinha.
—
Eba! — Henry comemorou, fazendo Sophie rir. Só Deus sabia o quanto seu filho
odiava as benditas cadeirinhas de carro. Mas mesmo assim Sophie passou uns bons
dois minutos ajustando o cinto de segurança de acordo com seu corpo pequeno da
melhor forma que pôde. Quando Henry bufou e disse que “já estava bom, mamãe”,
ela sorriu e lhe deixou um beijo no rosto antes de fechar a porta de trás e
sentar-se no banco da frente, ao lado de Luke, que já ligara o carro.
—
Você vai mesmo me ensinar a tocar, Luke? — perguntou o menino assim que o carro
virou a primeira avenida.
—
Claro que vou! — disse Luke, assentindo. — Se quiser, já posso te ensinar hoje.
Tenho um violão no porta-malas.
—
Oh, sério?! — Henry não ficava tão animado desde a vitória do Red Sox contra os
Yankees no domingo.
—
Sim, sério — Luke respondeu, dando toda atenção ao garoto e dirigindo ao mesmo
tempo. Sophie se perguntou como ele conseguia fazer isso. — Se a sua mãe
deixar, é claro.
Sophie
fechou os olhos por meio segundo, pressentindo que Henry começaria a implorar. Não, oh, não. Ela precisava de um tempo
longe de Luke para parar de pensar nele. Oh,
não, Luke em sua casa. Seu apartamento. Ensinando seu filho a tocar violão.
Oh, droga, não.
—
Por favor, mamãe! Deixa! Deixa, deixa, deixa, por favor, eu te amo! — Henry se
inclinou da melhor maneira que podia e Sophie sentiu seu ombro ser balançado
para um lado e para outro. Oh, não. Não,
Henry, por favor, não. — Você deixa? Eu vou aprender a tocar, mamãe, por
favor, deixa!
Ah, não, Henry.
Caramba, não.
—
Tudo bem — disse ela, respirando fundo enquanto o filho deu um grito em
comemoração. Droga. Mil vezes droga. Sophie
ainda pretendia tomar um banho de no mínimo meia hora e assistir a uma maratona
de adaptações de romances para o cinema, mas agora seu ex-namorado que ela só
por acaso ainda amava e dera um beijo há menos de uma hora estaria em sua sala
de estar, ensinando cifras ao filho que ele
não sabia que tinha.
Beleza
de vida.
—
Como foi o primeiro dia de aula? — perguntou ela ao filho, tentando-se desligar
dos problemas que estava enfrentando. Lembrou-se de que, afinal, aquele ainda
era o primeiro dia de aula do filhinho em Nashville, e ainda fora isso que fez
com que ela perdesse seu sono essa noite.
—
Foi muito legal — disse ele, e mesmo que estivesse de costas para o filho,
soube que ele estava sorrindo. — O ruim é que eu e a Anna ficamos em salas
diferentes por que ela é mais novinha que eu. Mas a gente se viu no recreio e
eu falei com os amigos dela, e ela disse que eu era o melhor amigo dela pra todo
mundo...
—
Anna é a sua namorada? — Luke perguntou com um sorriso sapeca no rosto, e
Sophie o encarou como se ele fosse um retardado mental.
—
Anna é a filha da Danna e do Hector — disse ela, com a voz mais grave que o
normal, ainda com o mesmo olhar de “você só pode ter fumado alguma coisa”.
—
Ela é minha melhor amiga no mundo todo — disse Henry, esclarecendo as coisas
para Luke. — Mesmo que ela seja menina e mais novinha.
—
Ah, sim, desculpe — Luke disse, sorrindo e parando o carro em um sinal
vermelho. — Não sabia.
Sophie
fez que não com a cabeça e parou de encarar os homens que estavam naquele
carro. Namorada! Mas veja só! A
própria prima! Com cinco anos de idade! Cinco
anos de idade! Suspirou, desejando que Henry não crescesse nunca. Ver seu
filho namorando qualquer menina seria muito ruim, ora, ele era seu bebezinho. E
sempre seria, mesmo que tivesse vinte anos de idade, e não cinco.
—
É nessa rua que eu entro? — Luke perguntou à Sophie, provavelmente por que já
não se lembrava mais daquelas bandas de Nashville. Com sua agenda corrida,
provavelmente nunca iria ali.
—
Sim — Sophie disse. — Nessa mesmo.
Luke
assentiu levemente com a cabeça e Henry disse mais alguma coisa sobre violão,
fazendo com que os dois começassem a conversar da mesma forma que conversavam
antes. Como se fossem conhecidos há anos. Sophie não sabia se era sua
convivência com crianças — afinal, Luke ainda era o diretor daquela escola —,
mas ele tinha uma desenvoltura imaculável com Henry, fazendo com que a criança
se sentisse completamente confortável em sua presença. Talvez fosse a falta de
uma figura masculina em sua vida.
Droga.
Dos três, apenas Sophie sabia a verdade. Deus!
Luke e Henry eram realmente conhecidos, oras, eles compartilhavam dos
mesmos genes! Mas... eles se davam tão bem
que isso deixava Sophie enojada. Com nojo de si mesma por ter feito tudo o que
fez. Pois a cada sorriso que Luke ou Henry davam, ela sabia que a culpa deles
não serem amigos há mais tempo era toda dela.
—
Olha, Luke, lá em cima é a minha casa! — Henry disse, assim que o carro de Luke
passou em frente ao prédio. — Antes a minha casa ficava lá em Londres, mas
agora é aqui.
Luke
sorriu e entrou no estacionamento do prédio, parando o carro na vaga
direcionada ao apartamento de Sophie e Julia, que felizmente não estava
ocupada. Virou-se para trás para olhar nos olhos do garoto.
—
E você gosta mais de lá ou daqui? — perguntou ele para Henry, com um sorriso no
rosto.
Henry
hesitou, como se nunca tivesse pensando sobre isso antes.
—
Aqui — disse ele, decidido, encarando o rapaz. — Por que aqui tem a Anna, a tia
Danna, o tio Hector, a vovó, o vovô, o tio Nate, o tio Joe, e tem você também.
Lá em Londres não tinha nada disso.
Sophie
suspirou. Iria explodir de culpa se eles não mudassem de assunto. Saiu do carro
e abriu a porta de trás para retirar o cinto de Henry e fazê-lo descer enquanto
Luke abria o porta-malas para retirar o violão que carregava lá dentro.
—
É tão legal andar de carro sem a cadeirinha — comentou seu filho, enquanto
Sophie mexia em seu cinto de segurança. Foi impossível não sorrir. — Sério,
mamãe, eu já sou homem. Posso andar de carro sem aquela coisa de bebê!
Sophie
riu e deixou um beijo forte em sua bochecha, fazendo com que ele segurasse seu
pescoço e desse uma risada alta.
—
Meu homenzinho — disse ela, continuando a beijar seu rosto. — Vou pensar no seu
caso, ok? — perguntou ela, segurando seu pulso e ajudando-o a descer do carro.
—
Ok! — respondeu ele, animado como sempre. Quando colocou seus pés no chão, saiu
correndo até onde Luke estava. Henry ficou inquieto ao lado dele, pulando de um
lado para outro, até que Luke finalmente colocou o violão nas costas e fechou o
porta-malas. O menino continuava fazendo-o mil perguntas, que Luke respondia
sem nenhum problema. Suspirando, Sophie foi até o prédio e tomou um elevador
acompanhada dos dois que não paravam de falar por um segundo. Deus, isso não deveria estar
acontecendo. Não deveria.
Mas
se Sophie fizesse uma lista das coisas que não deveriam estar acontecendo hoje,
aquele não seria o único item. Só pra começar, ela não deveria ter composto nada na escola de Luke — fora burrice.
Depois não deveria ter deixá-lo compor com ela. Depois não deveria ter pensado
em nada sobre ele. Depois não deveria em hipótese
alguma ter deixado se beijar por ele, e menos
ainda deveria ter beijado de volta. Depois não deveria ter aceitado sua
carona. Ai, por favor, ela não deveria nem sequer ter voltado à Nashville.
A
verdade era que o circo estava pronto para pegar fogo. Tudo o que ele precisava
era de uma faísca. E saber disso deixava Sophie muito mais do que preocupada.
Quando
a porta foi aberta, como era de praxe, Henry adentrou-a correndo para procurar
Julia e pular nos braços dela. Logo seus gritos foram audíveis e quando Sophie
fechou a porta, avistou um Luke sorridente encarando-os ao longe, na cozinha,
com as mãos nos bolsos, os olhos brilhantes e um case de violão preto fazendo
volume em suas costas. Era impossível não reparar o quão bonito ele era sem
fazer nenhum esforço.
Céus. Sophie precisava
controlar a si mesma urgentemente.
—
É sempre assim? — perguntou ele, escutando os gritos de Henry que estava sendo brutalmente
bombardeado com beijos e cócegas. Sophie desviou seu olhar de Luke e sorriu de
canto.
—
Sempre — disse, torcendo os lábios.
—
Ele é um garoto incrível — Luke comentou, apoiando o peso ora num pé, ora
noutro. — Mesmo. Você... está se dando muito bem.
Sophie
respirou fundo, sem retirar o sorriso singelo de seu rosto.
—
Quando se é mãe, a gente aprende algumas coisas — disse ela, virando-se para
deixar a bolsa em cima da mesinha de madeira que ficava no corredor. — Passei
por um bocado de dificuldades, Luke, mas nunca deixei que nada faltasse para o
meu filho. Eu o amo. Mais do que qualquer coisa que eu já tenha amado algum
dia.
Luke
mordeu o lábio inferior, assentindo levemente com a cabeça e retirando a mão
direita do bolso para coçar sua nuca. Sophie se virou e foi a primeira vez que
ela viu que nos olhos sombrios dele, havia um pouco de admiração seguida da dor
e do rancor habitual. Sophie suspirou e cortou o pequeno contato visual
imediatamente. Como Luke conseguia mudar tanto de uma hora para outra?
—
Meu Deus, Luke! — sua atenção foi atraída para a porta que dividia a sala da
cozinha, onde Julia aparecia com um Henry completamente amassado no colo. A
morena deixou a criança no chão e foi em direção a Luke, dando-lhe um abraço
apertado. — Quanto tempo, rapaz!
—
Julia! Caramba, você não cresceu nada! — disse ele, fazendo piada e apertando o
corpo da amiga contra o dele. Julia gargalhou e lhe deu um tapa no ombro em
seguida, afastando-se. — Estou vendo o anel. Meus parabéns, futura Sra. Farro.
Isso
só serviu para que ela risse novamente.
—
Muito obrigada, mas prefiro continuar com o meu sobrenome — ela deu de ombros,
despreocupada. — Sabe como é, sou conhecida como Bynum. Mudar meu nome seria
mudar minha carreira.
Luke
riu.
—
Faz sentido — comentou, e se virou para o menininho que já estava ao seu lado,
encarando a capa preta que carregava o violão de Luke. — E aí, Sr. Henry,
pronto para aprender a tocar?
É
dispensável dizer que ele recebeu um grito ensurdecedor como resposta.
Luke
perguntou à Sophie e Julia onde eles poderiam estudar e elas deixaram com que
eles o fizessem na sala de estar, uma vez que o piano de Sophie ainda não
chegara da Inglaterra — e muito provavelmente não iria chegar tão cedo — e elas
ainda não haviam providenciado a sala de música no novo apartamento. Meio de
longe, as duas viram Luke retirar o violão da capa e tocar um pouco, antes de
colocá-lo no colo do menino e indicar as cordas onde ele deveria apertar. Henry
parecia sumir meio à imensidão do Fender de Luke, mas estava empenhado demais
para deixar artifícios como seu tamanho impedirem-no. Sophie sorriu quando viu
que sua primeira notinha, um ré maior, havia sido proferida com perfeição
depois de apenas três tentativas. Quando foi aprender a tocar violão, Sophie
precisou de uma semana de treino incessante para conseguir fazer uma primeira
nota com perfeição, mas todos sabiam que instrumentos de corda não era sua
praia.
Bem,
para Henry as coisas pareciam ser diferentes, uma vez que ele não se interessava
em tocar piano, apesar de adorar escutar seu som. Aparentemente, o garoto
carregava mesmo mais genes do pai do que Sophie um dia parara para pensar.
—
Como isso foi acontecer? — Julia sussurrou, enquanto ambas estavam no corredor,
assistindo a cena do pequeno menino empenhado em tocar enquanto Luke o elogiava
pelo bom desempenho. Suas vozes com certeza estavam inaudíveis para eles.
Sophie
suspirou.
—
Você não acreditaria no número de coisas que aconteceu nessa última hora —
sussurrou a ruiva, sentindo seu coração murchar. Exausta, ela decidiu deixar de
ver aquela cena e se direcionou a cozinha para tomar um copo d’água... Ou algo
alcoólico. — Você comprou cerveja?
Julia
franziu o cenho imediatamente, seguindo-a a recostando-se no balcão.
—
Você nunca bebe — disse ela, estranhando. — Não, eu só tinha comprado duas
garrafinhas para o jogo do Red Sox. Mas tem vinho na geladeira.
Sophie
fez que sim com a cabeça, como se fosse suficiente. Pegou o vinho na geladeira
e, segundo as coordenadas de Julia, duas taças de vinho no armário acima do
microondas, segunda prateleira à esquerda.
—
Beleza — disse Julia, retirando as taças da mão da amiga —, como assim você e
seu filho chegam aqui em casa com Luke, ele
está superfelizinho, e de repente você vai encher a cara? O que diabos
aconteceu?
Sophie
pegou o saca-rolhas no recipiente onde estavam guardados os talheres e gloriou
a si mesma por ter conseguido abrir a garrafa. Isso nunca havia acontecido
antes. Despejou uma generosa quantidade de vinho tinto em sua taça e colocou o
mesmo na de Julia, que apenas bebericou seu vinho, enquanto Sophie tomou tudo
de uma vez.
—
O que diabos aconteceu? Bem, eu e Luke compusemos juntos, eu dei a música para
ele, ele me beijou, me ofereceu carona até a creche de Henry, descobri que eles
já se conheciam, Luke prometeu ensinar violão a ele, e eles se deram super bem
— disparou ela de uma vez, sentindo-se mal por que a bebida ainda não fizera
nenhum efeito. Despejou mais um bocado de vinho em sua taça enquanto Julia deixava
seu queixo cair. — Tá bom ou quer mais?
—
Você está dizendo que o Luke te beijou? —
perguntou Julia, encarando Sophie com a mais pura discórdia. — E pega leve
nesse negócio, você não tem o costume de beber.
Sophie
suspirou.
—
Até eu posso encher a cara às vezes, em situações críticas, ok? — disse,
defendendo-se e tomando metade da taça de uma vez. Julia suspirou e passou uma
mão pelo rosto, desistindo. — Sim, ele me beijou. Num momento estava me olhando
e no outro, estava segurando o meu queixo e me beijando. Mas... merda, Julia, eu beijei de volta, ok?
Não consegui. E agora que ele e Henry conseguiram essa relação tão profunda, eu
sinto como se tudo estivesse em ruínas. Beijei o Luke e ele criou um vínculo
superespecial com o filho que não sabe
que tem — Sophie apoiou os cotovelos no balcão e afundou a cabeça em suas
mãos, sentindo-se completamente perdida. Sua cabeça já havia começado a rodar e
seu estômago estava embrulhado de tanta preocupação, medo, e mais uma porrada
de sentimentos diferentes. Ela quase se sentia uma adolescente de novo. — Estou tão perdida.
Julia
coçou a cabeça e, encarando a taça de vinho à sua frente, imitou o gesto da
amiga e tomou todo o líquido de uma vez, sentindo-o descer gostosamente doce e
quente pela sua garganta.
—
Está mesmo — concordou ela, fazendo Sophie rir de desgosto. — Que foi? Você
sabe que eu sou sincera.
Sophie
assentiu e levantou o rosto. Passou as mãos pela cara, respirando fundo, e
levantou seus olhos cansados para encarar a amiga que a encarava com a mesma
expressão que fazia quando Henry comia todo o seu chocolate e depois pedia pelo
dela. Como “eu estou com dó de você, mas
você sabia que isso iria acontecer”.
—
Nada disso deveria estar acontecendo — Sophie passou uma mão pelo cabelo
emaranhado. Que lindo, agora até mesmo seu cabelo estava de mal dela.
—
Será? — Julia torceu os lábios, dando ombros e tomando o resto de seu vinho. —
Sei lá, Soph. Você não pode negar que a grande culpada nisso tudo aqui é você.
Esconder o Henry do Luke nunca foi uma ideia que eu tivesse aprovado. Uma hora
a verdade viria à tona, né?
—
Eu sei — Sophie disse, tomando mais vinho para impedir sua garganta de se
fechar e as lágrimas de rolarem. — Mas não queria que isso acontecesse,
caramba. Ficou impossível para mim, Julia, você sabe que se eu quisesse o Henry
no início jamais teria ido embora.
Julia
tornou a encher suas taças e concordou. Apesar de tudo, se não fosse a ideia de
Sophie de evitar tudo e todo mundo e ter a criança em outro lugar para que
ninguém soubesse de sua existência, ela realmente teria ficado para enfrentar
essa barra ao lado de Luke. Claro que no fim, Julia gostara do rumo que as
coisas tomaram. Não trocaria as experiências que teve ao lado de Sophie e de
Henry nos últimos anos por nada no mundo.
Mas
como toda mentira, esta estava prestes a ruir.
—
Você ainda o ama, não é verdade? — Julia perguntou de repente. Não precisou
mencionar nomes, não precisou dizer mais nada do que aquilo para que sua amiga
captasse a mensagem. Sophie sorriu para a taça e deu um gole singelo, sem
encarar a melhor amiga maluca.
—
Sim — assumiu num sussurro, suspirando e limpando uma lágrima que havia
descido. — Nunca consegui deixar de amá-lo.
Julia
assentiu com a cabeça e estendeu sua mão para segurar a mão de Sophie,
apertando-a.
—
Então, Sophie, por amor a ele e ao seu filho, você deveria contar a verdade —
disse ela, suspirando e vendo que as lágrimas no rosto da amiga começavam a
descer sem permissão. — Isso não... vai durar muito mais, você sabe.
Sophie
só conseguiu assentir levemente com a cabeça enquanto fungava.
—
Pode ser difícil, mas tudo vai se ajeitar, ok? — Julia deu a volta no balcão e puxou
o corpo de Sophie para ela, fazendo com que a amiga desabasse em seu ombro.
Sentiu sua garganta querer lentamente se fechar também. Detestava ver Sophie
chorando, era quase como se a dor fosse transferida para ela. — Você é a guria
mais forte que eu conheço. Depois da Danna e de mim mesma, é claro — ela disse,
fazendo com que Sophie risse entre seu choro. Droga, só Julia tinha esse poder. — Mas ainda assim, você já passou
por muita coisa. Conseguiu sobreviver àquela gravidez e todo aquele sangue.
Passou por cima das noites sem dormir e da pneumonia. Conseguiu trabalhar,
estudar e ser mãe, tudo ao mesmo tempo. Aguentou a pressão dos teus pais e
conseguiu passar por cima da pior crise financeira que a gente já teve na vida.
Depois de tudo isso, de dar à luz e criar um filho sozinha, depois de deixar
tua família e o cara que você amava, você vai conseguir passar por cima disso
também. Eu sei que vai.
Sophie
não conseguiu dizer nada e continuou chorando no ombro da amiga, apertando-a
com força, detestando a si mesma por tudo que estava acontecendo. E mais do que
isso, detestando pela centésima vez o fato de Julia ter razão.
[...]
—
Você o quê?! — a adolescente
perguntou, retirando os óculos escuros do rosto só para que Luke visse
claramente sua surpresa e decepção.
—
Você ouviu — disse ele, bufando e girando o volante. Precisava passar na casa
de seu pai para pegar umas demos que Jeremy deixara separado. Felizmente, sua
reunião com Brian foi ótima, e ele adorou a música que ambos batizaram de
Franklin. Luke também separara o cheque que fizera para Sophie e comprara um
violão infantil de presente para Henry antes de buscar Tereza no colégio.
Agora,
a adolescente queria surrá-lo até a morte por ter feito tudo isso.
—
Dude! — exclamou ela, passando a mão
em seu cabelo castanho com as pontas tingidas de laranja. Tereza nunca
conseguia parar com uma só cor no cabelo por mais de um mês, meu Deus. — Beijá-la! Compor com ela! Ensinar o filho dela a tocar violão! — ela entoou a
voz pelo menos três oitavas, encarando Luke como se ele fosse maluco. — Eu
desisto de você! Desisto! Como você passou de “transformar a vida dela num
inferno” a isso?!
Luke
suspirou, encolhendo os ombros.
—
Não sei — confessou ele. — Mas... sei lá, depois que eu a vi cuidando do menino
e... compondo, sabe, eu meio que deixei tudo pra trás — Luke suspirou,
encarando a estrada em sua frente. — Não me importo mais, Tereza. Meu ódio por
ela e pelo resto do mundo estava atingindo só a mim mesmo. Ontem eu percebi que
não tinha uma razão para continuar a me denegrir e me matar por dentro.
—
Oh, que lindo — disse ela sem nenhuma expressão, recolocando seus óculos
escuros. — Vou vomitar.
Luke
riu da adolescente.
—
Você é uma sem coração — disse ele, desprezando-a. — Ou melhor, não é! Só quero
que você se apaixone, mas se apaixone de verdade, por um cara bem grudento, e
fique toda grudenta e nojenta também. Vou fazer questão de esfregar tudo isso
nessa sua cara cheia de espinhas.
—
Medo de morrer é algo que você poderia aderir — Tereza retirou os óculos
novamente só para fulminá-lo com os olhos. — Só por precaução, sabe? E para a
sua informação, não sou de me apaixonar. Prefiro me manter fora dessa prolixidade.
“Amor” é uma coisa que eu deixo para os livros que leio e as séries que vejo —
ela recolocou seus óculos e deu de ombros, recostando-se no confortável banco
de couro do Audi A4. — E quer saber? Não tô nem aí para você mais. Pelo menos
conseguiu compor?
Luke
assentiu deixando que um sorriso estampasse em seu rosto.
—
Desde a música de ontem consegui mais uns versos e hoje acordei com uma melodia
na mente — disse ele, dando ombros. — Eu não disse que eram o ódio e a
preocupação que estavam enlouquecendo minha cabeça?
Tereza
riu, como se desprezasse tudo o que ele havia acabado de dizer.
—
O que enlouquecia tua cabeça, Luke, era a mentira — disse ela tranquilamente
enquanto encarava uma unha que perdera parte da cor preta do esmalte. — Quando
você disse pra mim que não queria trabalhar com ela, era mentira. Você mentiu
pra você mesmo para não ferir o seu orgulho idiota. A questão é que você ainda
gosta dessa guria, mesmo que ela tenha te largado e pegado cria de um inglês
qualquer — Tereza bocejou, relaxando-se. — Mas tudo bem, a culpa não é sua.
Como diria meu professor de biologia, a culpa é do seu organismo sexuado que
sente a necessidade de se reproduzir. Se você fosse um organismo procarionte,
nada disso estaria acontecendo.
Luke
gargalhou, virando o carro na sua antiga rua. Tereza podia ser uma adolescente,
mas de fato entendia bastante coisa. Na realidade, ela tinha mesmo razão —
mesmo que ele ainda não soubesse bem se gostava
de Sophie. Apesar de tudo... ainda doía.
—
Então eu devo ficar feliz ou triste por não ser uma bactéria? — perguntou ele,
manobrando o carro. Tereza riu.
—
Feliz — disse ela, aliviando sua risada e transformando-a em um sorriso
malicioso. — A reprodução sexuada pode gastar muito ATP, mas continua sendo bem
divertida.
Luke
estacionou o carro gargalhando.
—
Você vai ser a bióloga mais estranha do mundo — disse ele, fazendo que não com
a cabeça e saindo de seu carro. Tereza apenas deu de ombros e o acompanhou.
Ao
abrir a porta da casa em que passou quase a vida toda, porém, Luke teve uma
surpresa. Esperava encontrá-la sozinha, uma vez que imaginava que sua mãe
estaria trabalhando, mas não — as risadas femininas eram totalmente audíveis do
corredor que dava acesso à sala de estar. Tereza ergueu uma sobrancelha.
—
Olha quem apareceu — Luke virou o rosto e sorriu ao ver a figura alta e
elegante de Joe, com uma taça de Martini intocada ao seu lado e um notebook à
sua frente. Certamente não estava bebendo, mas escrevendo com certeza. — Como
vai, pseudo-primo?
Luke
riu.
—
Muito bem, pseudo-primo — disse ele. — O que está acontecendo aqui?
Joseph
deu de ombros.
—
Encontro de garotas — disse. — Minha mãe e sua mãe não trabalharam hoje, então
chamaram a mãe da Julia e tia Dakotah. Agora estão bebendo e rindo. Saí de lá e
vim escrever quando o assunto se tornou algo impróprio para pessoas da minha
idade — Joe terminou a frase com um sorriso quase inocente no rosto, o que fez
Luke gargalhar.
—
Você não já tem dezoito anos?
—
Então imagine o quão impróprio foi o assunto. — A última frase de Joe fez até
mesmo Tereza rir. — Mas o que trás sua ilustre presença até aqui?
Luke
bagunçou seu cabelo, indo em direção à estante e pegando a pasta que Jeremy
deixara separado para ele.
—
Vim pegar umas demos que meu pai pediu — disse ele, balançando a pasta. — Mas
acho que antes vou ver se aquelas mulheres já beberam demais, e minha querida
assistente pessoal colocará a pasta no porta-luvas do carro para mim, certo? —
Luke deu um sorriso cínico para Tereza, que revirou os olhos e pegou a pasta de
sua mão.
—
Não me chame de querida — disse ela, fazendo com que tanto Luke quanto Joseph
rissem.
—
Essa é a irmã do Dan? — perguntou Joe, sorrindo abertamente para Tereza. Luke
assentiu com a cabeça e ela sorriu para ele.
—
Nós temos a mesma mãe — disse ela, aproximando-se. — Tereza Fletcher.
Joe
sorriu também.
—
Caramba, você cresceu desde a última vez que te vi — disse ele, torcendo os
lábios e levantando-se para apertar sua mão e lhe dar um beijo no rosto. — Mas
isso já deve fazer uns sete anos.
Ela
torceu os lábios, encarando a figura loura e nada familiar.
—
Não me lembro de você.
—
É natural — disse ele, sorrindo. — Sou Joseph Farro, mas pode me chamar de Joe.
Tereza
franziu o cenho, refletindo sobre aquele nome, sabendo que já o havia escutado
em algum lugar. Luke já tinha se dirigido à cozinha.
—
Joseph Farro? — perguntou ela. — Eu conheço esse nome. Conheço mesmo...
Joe
sorriu. Uma das vantagens de se escrever um livro era justamente que as pessoas
quase nunca se lembravam do seu rosto. Mas assim que o seu nome fosse
pronunciado, elas se assustavam.
—
Talvez conheça — disse ele, simpático. — Tenho alguns livros publicados. Alguns
deles alcançaram o primeiro lugar no Times.
—
Joseph Farro! — Tereza de repente reconheceu-o, assumindo sua expressão de
surpresa. — Overturn, Joseph Farro. Claro, caramba! Foi você que escreveu a
Overturn, não?
Joe
assentiu com a cabeça simpaticamente.
—
Foi meu segundo livro.
—
É o único que eu li seu, desculpe — disse ela, dando ombros e sorrindo. —
Poderia ter trazido pra você autografar, mas cara, eu não tinha nem ideia que
você morava aqui em Nashville.
Ele
torceu os lábios com um sorriso singelo.
—
Provavelmente vá me mudar pra Califórnia daqui a alguns anos, mas também não
sei. Vou para onde a vida quiser me levar.
A
garota sorriu e se sentou ao lado de Joe. Se algumas de suas amigas soubessem
que ela o conhecia, provavelmente pirariam.
—
Está trabalhando? — perguntou ela, apontando para o notebook.
—
Não — disse ele, fazendo uma careta. — Apenas brincando com as palavras...
sabe, escrevendo qualquer coisa para passar o tempo.
Tereza
assentiu, entendendo.
—
Não tenho esse talento.
—
Sou privilegiado — ele piscou um dos olhos. — Brincadeira. Qualquer um pode
escrever qualquer coisa, Tereza. Só precisa sentir.
—
Você é uma pessoa profunda — disse ela, semicerrando os olhos.
—
E você é uma pessoa que gosta de analisar as pessoas — Joe a encarou quase com
desprezo no olhar, mas isso a fez rir. — Não se preocupe, todo mundo é um pouco
assim que nem você.
Tereza
bufou.
—
Não o Luke — disse ela, desprezando. — Ele é... bonzinho demais. Não tem maldade nenhuma. É impossível colocar um
pouco de maldade naquele garoto, por favor.
Joseph
gargalhou.
—
Isso é verdade — disse ele. — Mas sei
lá, Luke já me ajudou muito em tempos difíceis por que é bonzinho demais assim
mesmo. E pelo que eu soube, ultimamente ele não tem sido lá muito bonzinho.
—
Uma farsa — Tereza revirou os olhos. — Ele é tão... assim, que conseguiu beijar uma ex-namorada que ele dizia odiar até
outro dia.
Joseph
ficou tão intrigado com a última frase de Tereza que teve de fechar seu notebook
para encará-la com seus olhos verdes e totalmente pasmos.
—
Que ex-namorada? — perguntou ele. — Luke não tem ex-namoradas, tem?
Tereza
assentiu com a cabeça.
—
Tem, sim — disse ela. — Mas essa é antiga... meu irmão a contratou para dar
aulas no colégio. Piano, sabe?
Joe
sorriu de orelha a orelha e juntou suas mãos, os olhos brilhando mais do que
nunca.
—
Sophie? Sophie Farro? — perguntou ele, fazendo com que Tereza assentisse com a
cabeça, estranhando. — É a minha irmã! — exclamou, gargalhando em seguida.
Tereza
ergueu as duas sobrancelhas, surpresa.
—
Mundo pequeno — disse ela, dando ombros logo depois. — Bem... Luke a odiava até
outro dia, mas eles se beijaram depois de compor uma música.
—
Luke e Sophie se beijaram! Eu não posso acreditar! — Joseph não conseguia parar
de gargalhar de modo que não demoraria muito e seus olhos começariam a
lacrimejar. — Isso é maravilhoso!
Tereza
franziu o cenho, encarando o garoto que já estava quase chorando de rir com uma
expressão cética.
—
Maravilhoso? — perguntou. — Não, Joe, isso não é maravilhoso. Quer dizer, pode
ser tua irmã e tal, mas ela foi pra Inglaterra e deixou o Luke sozinho, e
depois ainda teve um filho com outro cara.
Mas
Joe não parara de rir.
—
Mas eles têm uma história, Tereza! — disse ele, acalmando-se. — Eles têm a maior história de amor e ódio, e não é
de hoje. Eu vi isso acontecendo.
A
garota franziu o cenho.
—
Conte-me — disse ela, esfregando o dedo no queixo e se recostando na cadeira.
Joe
riu novamente.
—
Deixa eu te contar a história deles — disse ele, arrumando-se na cadeira e lhe
dando um tapinha com a ponta dos dedos em seguida.
Mas
isso a intrigou demais para que ela o deixasse continuar.
—
Espera — disse ela, encarando-o —, por que você fez isso?
Joe
franziu o cenho.
—
O que?
—
Isso — disse ela, imitando seu gesto com a mão.
Joe
sorriu.
—
Por que... sim, ora — disse ele, encolhendo os ombros. — É o meu jeito de falar
com as pessoas.
—
Você é gay? — ela entoou a voz, pasma.
Joseph
gargalhou e olhou nos olhos de Tereza, que ainda esperavam uma resposta.
—
Sim — disse ele, encolhendo os ombros, sem cessar suas seguidas risadas.
Foi
aí que a expressão de surpresa da adolescente passou à sua expressão de
chateação.
—
Sério? — perguntou ela, entoando a voz. — Ah, não, cara! — ela passou as mãos
pelo rosto, choramingando. — Qual é! Você é gay?
Joseph
riu, sem saber o que fazer.
—
Sou, ué — disse ele, encolhendo os ombros outra vez, fazendo com que sua nova
amiga que aparentemente não queria ser só sua amiga choramingasse novamente.
—
Fala sério! — disse ela, sua voz entoada como a de uma criança que não tinha o
que queria. — Por quê? Você é um cara tão legal, por que tem que ser gay? Que
desperdício! — disse ela, inconsolável. Joe não conseguia parar de rir. —
Sério, por quê? Ah, fala sério, eu sei o
porquê, inclusive concordo com você. Mas... qual é! Gay?!
—
Sim — foi só o que Joe conseguiu responder entre suas risadas.
Tereza
bufou, sem parar de choramingar.
—
Gay! — ecoou ela, sem conseguir se conformar com aquela situação.
—
Nós podemos ser amigos, sabe...
Mas
isso a fez rir.
—
Acredite, nunca vamos ser apenas amigos — disse ela, dando ombros antes de
choramingar novamente. — Alguma chance de você mudar de time?
Joe
riu.
—
Não, eu tenho um namorado!
—
Oh, droga — ela choramingou de novo, batendo a cabeça contra a mesa de madeira.
Joseph achou que fosse morrer de rir. — Nenhuma mesmo? — ela levantou seu rosto
para encará-lo.
—
Não — disse ele, apertando os lábios como para consolá-la.
Tereza
se endireitou na cadeira, recompondo-se.
—
Veremos.
Joseph
gargalhou com toda a vontade novamente.
—
Acho que Jon não iria gostar muito de você — disse ele entre suas risadas,
fazendo com que Tereza o encarasse como se isso fosse muito óbvio. Ficou claro
que Jon, seja lá quem fosse, era o namorado de Joe.
—
Não gosto dele também — ela deu de ombros.
—
Você é meio maluca, sabia? — Joseph riu novamente, encarando Tereza com seus
simpáticos olhos verdes.
Ela
riu.
—
Me conte uma novidade — deu de ombros. — Melhor, me conte a história de Luke e
sua irmã.
Ainda
perdido em suas risadas, Joe começou a contar a parte que sabia. Fez um resumo
rápido, porém detalhado, de quando eles eram crianças e Sophie foi para a
Inglaterra, de quando eles voltaram, sobre Brad e Stephy, o ódio que os
envolveram, a atração e o tempo que ficaram sem se falar, a banda, Luke
ajudando Sophie em relação ao próprio Joe quando ele quase entrou em depressão,
o quanto eles pareciam se amar naquela época e, por fim, a viagem à Nova
Iorque.
—
Estava na turnê do meu primeiro livro quando recebi a ligação dela, dizendo que
não tinha sido aceita em Juilliard e que iria estudar na Inglaterra. Cancelei
um monte de entrevistas e consegui pegá-la no aeroporto, com os meus pais —
disse Joe, encarando Tereza que o escutava atenciosamente. — Ela não estava
bem. Seu semblante estava muito mais do que triste, mesmo que ela tentasse
sorrir, e quando eu perguntei sobre o Luke ela não disse nada e começou a
chorar. Sei que ela errou em ter ido embora, sabe, Tereza, mas não acho que ela
o tenha feito por mal.
Tereza
martelou os dois primeiros dedos contra os lábios, a mente trabalhando com
pudor naquela história que lhe parecera mal contada demais. Aparentemente, a
menina passara por cima de muitas coisas para ficar com Luke — e no fim,
simplesmente o deixou? Segundo Joe, ela ficara triste por ter ido, mas se
realmente estava triste, por que não ficara e tentara outra escola? Juilliard
não era a única escola de música de Nova Iorque, oras, até mesmo Tereza que
nunca visitara a cidade sabia disso.
—
Quando ela apareceu no primeiro dia de aula e Luke foi meio malvado, ela
realmente pareceu ter ficado mal com aquilo, sabe? — Tereza comentou. — Como
você sabe, eu gosto de analisar as pessoas, e definitivamente, Luke mexe muito
com ela. Mas eu nunca a vi... brigando com ele... e na pele dela, eu brigaria mesmo com ele, ainda mais se eu
não gostasse dele... Isso está mal
contado. Não faz sentido... — ela não retirou os dedos dos lábios, mas
direcionou seu olhar pensativo para os olhos de Joe, encarando-o. — Você disse
que ela foi embora de repente, certo? E triste por ter que deixar Luke?
Joseph
assentiu com a cabeça.
—
Ela chorou — disse ele. — E eu tive a impressão de que aquela não foi a
primeira vez que ela chorava por isso.
—
E quanto ao filho dela? A criança? — perguntou Tereza, sentindo uma
possibilidade crescer impiedosamente em sua cabeça.
—
Nasceu um ano depois, mas Sophie só nos ligou quando ele tinha seis meses de
idade — disse Joe, dando ombros, mas de repente captando o que Tereza estava
pensando. Arregalou os olhos, levando a mão à boca. — Mas... ele era muito maior e mais esperto que um garoto
de dois anos quando nós fomos visitá-lo...
Tereza
sorriu.
—
Agora a história faz sentido — disse
ela, como se tivesse de repente descoberto o maior dos mistérios. Mas Joe
continuava boquiaberto, pasmo.
—
Você acha que...? — perguntou ele, encarando Tereza.
—
Acho totalmente viável — disse ela, torcendo os lábios e sorrindo em seguida. —
E possível. Ainda mais quando eu soube que Luke e o menininho estão superamigos.
Ainda
pasmo, Joe sorriu.
—
Sério? — perguntou ele.
—
Seríssimo — assentiu ela. — Faz todo o sentido, Joe. Explica o porquê de ela
ter ido embora e o porquê de ela ainda gostar tanto dele.
—
E a semelhança — disse Joe, encarando o nada. — Como nunca pensei nisso antes?
Tereza
sorriu.
—
Às vezes é mais fácil acreditar em uma verdade que nos dizem do que parar para
pensar.
O
sorriso ainda estava na face de Joe quando se transformou em uma risada
incrédula, e seus olhos passaram a encarar a nova amiga maluca.
—
E o que nós vamos fazer com essa informação?
Tereza
sorriu tranquilamente e se recostou na cadeira.
—
Eu não sei você — disse ela, despreocupada. — Mas eu não vou fazer nada.
*****
Lentamente,
ela sentiu o peso de seu corpo sobre o dela, deliciosamente, e arranhou sua
nuca sem perceber. O modo como a boca dele se encaixava perfeitamente na dela
conseguia ser algo simplesmente maravilhoso, provocava nela todas as sensações e
sentimentos possíveis, fazia-a se apaixonar cada vez mais por ele. A maneira
como a mão dele pairava sobre sua cintura e apertava-a com desejo, porém
amorosamente, era uma coisa que ela sabia que apenas ele conseguia fazer.
Talvez se ela não o amasse tanto, o simples ato de beijá-lo não seria tão
especial.
—
A regra — sussurrou ela, separando seus lábios, e ele começou a beijar seu
pescoço. Oh, droga. — A regra, Nate,
a regra. Para.
A
respiração quente de Nate bateu contra o seu pescoço e ele deixou-lhe outro
beijo molhado que arrepiou até mesmo sua alma. Ela arranhou a nuca dele
novamente e puxou os lábios dele para os dela, dando-lhe mais um beijo calmo,
para que ele não continuasse com seus movimentos no pescoço dela e ambos
quebrassem a regra de Sophie mais uma vez.
Nate
afastou-se dela com um sorriso no rosto e sentou-se mais uma vez sobre a cama,
recolocando o caderno e a caneta no colo. Julia respirou fundo, jogou os
cabelos para trás e imitou-o, dando uma olhada no papel.
—
Acho que já colocamos o nome de todo mundo — disse ela, apontando para o
caderno que continha uma folha, frente e verso, cheia de nomes de pessoas que
eles colocariam na lista de convidados. Como o casamento de Nate e Julia seria
interligado ao casamento de Hector e Danna — medida essa que agradou a todos e
foi sugerida pela própria Danna —, a maior parte dos convidados de Nate e Julia
já estavam na lista. Eles só precisaram incrementar.
—
Só vai chamar o Tarris e a esposa dele mesmo, da Inglaterra? — perguntou Nate,
encarando o nome do amigo da noiva entre um dos primeiros. — Você morou lá um
tempão, e as pessoas do seu site?
Julia
sorriu.
—
Não viriam de qualquer maneira — ela deu de ombros. — Tarris foi a única pessoa
de lá que soube do meu relacionamento e dos meus sentimentos em relação a você.
Ele que me fez não desistir. Liguei ontem para ele.
—
E aí? — Nate quis saber, interessado. Sua pequena crise de ciúme em relação à
Tarris já não era mais presente depois da conversa que ele e Julia tiveram
relacionada ao que aconteceu em suas vidas durante o tempo em que estavam
separados. Diferente de Mitchie, Tarris ajudara Julia.
Já
Michelle, ou Mitchie, a garota que Nate conhecera três anos atrás,
aproveitou-se disso para aproveitar-se dele. Apenas o machucou. Ao saber da
história, Julia quis, na verdade, surrá-la até a morte.
—
Ele disse que não perderia meu casamento por nada nesse mundo — disse ela, um
sorriso feliz estampado em seu rosto. — Ele tá doido pra conhecer você. Pudera,
também, quando ele foi se casar com a Leighton, eu fiquei superansiosa pra
conhecê-la.
Nate
sorriu.
—
Faz sentido — murmurou ele, mordendo o próprio lábio. Mesmo que Julia dissesse
que sim, Nate sabia que a lista não
estava completa. Só não sabia se devia conversar sobre isso com ela.
Simplesmente
por que não havia nada no mundo que Julia menos gostasse de falar do que em seu
pai.
—
Sabe — começou ele, pigarreando, tomando coragem —, eu não vi o nome do
Jason...
O
simples mencionar no nome de Jason fez Julia estremecer e ele viu que todo o bom
humor dela acabara de ir por água abaixo. Nate torceu os lábios e fechou os
olhos por um segundo, enquanto escutava a risada fria e debochada da noiva
ecoar.
—
Claro que não viu — ela deu de ombros. — Eu não o convidei.
Ele
suspirou. Sabia que era um assunto delicado, sabia que aquela risada de Julia
era uma dica de que ela não queria e não iria falar sobre o assunto.
—
Mas ele é seu pai, Juzy — disse ele delicadamente, procurando não irritá-la. —
Você não pode ignorar isso.
—
Posso sim — Julia virou seu rosto para encarar Nate. — Ele pôde me ignorar como
filha, não pôde? Não pôde ignorar a minha adolescência, o meu crescimento e
todo o meu sofrimento por estar longe da minha família e de você?
Nate
suspirou outra vez.
—
Ninguém ficou mais triste pela sua partida do que eu. Ninguém, Julia, sofreu
tanto pela sua falta como eu sofri — ele disse, olhando em seus olhos
ternamente. — Mesmo assim, ele ainda é o
seu pai.
Julia
sorriu outra vez, evitando o olhar de Nate. Por que ele insistia em falar tanto
sobre o assunto? Droga! Ela não iria convidar Jason e pronto! Não era justo com
ela depois de tudo que ele fez contra
os dois.
—
Ele não é mais meu pai, Nate.
—
Claro que é, Julia, pelo amor de Deus! — Nate passou as mãos pelo rosto e Julia
se remexeu ao seu lado, bufando. — Você não precisa perdoá-lo, ok? Mas ele
ainda é seu pai, ele ainda te ama, e um dia você pode se arrepender de não
tê-lo convidado para o dia mais importante da sua vida.
—
Eu não vou me arrepender — disse ela, o cenho fechado, os olhos sem querer
encarar o noivo. Nate segurou suas mãos, apertando-as e levando-as aos lábios.
—
Como você sabe? — perguntou ele o mais docemente que pôde. — Julia, você sabe que a gente não pode prever o
futuro. A gente não sabe o que a vida tá reservando pra gente. Como você pode
dizer com tanta certeza que não vai se arrepender de não convidar o seu próprio
pai para o seu casamento?
Nate
viu uma lágrima cair de seus olhos verdes, que encaravam a colcha da cama.
—
Posso dizer por que eu não vou perdoá-lo, Nate — disse ela, a voz já embargada.
— Nunca vou perdoá-lo por tudo que ele fez. Sabe a agonia que é estar em um
lugar onde ninguém realmente te conhece? Sabe o quão terrível é pra uma garota
ficar longe da própria mãe? Caramba, Nate... tudo o que eu sofri nesses últimos
anos foi por culpa dele. Simplesmente por que ele queria me separar de você.
Mas ele não conseguiu, droga, e eu não preciso convidá-lo para a prova de que
todo o seu plano deu por água abaixo.
Ao
terminar de falar, Julia caiu em choro. As lágrimas desceram pelo seu rosto
livremente e Nate suspirou, abraçando-a e apertando o corpo dela contra o seu,
sentindo-a molhar o seu ombro. Mexeu no seu cabelo, ainda mordendo o lábio.
—
Eu entendo tudo isso, Julia... eu também sofri muito por isso... sofri muito
sem você... — sussurrou ele, muito calmamente, tentando ignorar a cabeça de
Julia que fazia que não, como se implorasse para que os dois cessassem aquele
assunto. — Mas apesar de tudo, eu não acho que ele fez por mal. Ele... só
queria te proteger.
—
Me proteger de quê?! — Julia perguntou com a voz entoada, indignada, entre seus
soluços. Mesmo que Nate continuasse falando, para ela não fazia sentido. — Me
proteger de amar?! De... ficar com a minha família e com os meus amigos?!
Nate
suspirou e beijou sua testa antes de responder, olhando em seus olhos.
—
Te proteger da mesma coisa que aconteceu com a Sophie.
Notas Finais
And here we go again (8)~PASLASPOLKAS~POASLKÃPSO YESSSS AMORES. Estamos aqui again!Tipo, falando sobre esse cap, apenas ownem com henry e luke e nate e julia e riam com tereza. apenas. ~PASKÃOPKASÕPLKSP Dá pra notar que a OAV tá na reta final. E tá mesmo.Mas vamos falar da twitcam que rolou agora a pouco.MEU DEUSSSSSS, QUE COISA MARAVILHOSA, GENTE! QUEM NÃO VIU PERDEU, SÉRIO, FOI MUITO INCRÍVEL. ;-;A gente spoilou, teve o game e tudo mais, e foi a coisa mais amor do mundo. Ai, brigada a todo mundo que viu, sério :3E... eu tenho que falar sobre outra coisa.Isso: http://pt.wikipedia.org/wiki/OAVSofia fez e eu vi quando estava fazendo a twitcam. Chorei e...Meu Deus.AÕPLÕPALKOPSÕPASL~PAOSLASMuito obrigada. Sério, muito obrigada a Sofia por ter feito essa coisa linda e tudo mais. Meu Deus. Eu não soube o que dizer na hora e não sei o que dizer agora. Apenas... valeu, maninha. Ai, Senhor.Ownem comigo. ÃPOSKAOPKSPOASKAS enfim.Vou postar lá na page como foi a twitcam detalhadamente. De qualquer forma, gente, comentem pra mim AÇOSKA~PSOKAS eu to meio cansada. :3 but anyway.Até domingo ;* s2
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