15 de out. de 2012

Capítulo 58

Closer than ever



Sophie sabia que não deveria ter aceitado sua carona.
Mas ele insistiu demais e lembrou-se até da época em que Sophie lhe dera uma carona para o trabalho, mil anos luz atrás, na mesma época em que ela descobrira sobre a existência de Danna. Disse que queria “retribuir o favor”. Pelo amor de Deus, ele estava crescendo e se tornando mais bobo, certo?
Visto que era impossível recusar, ela entrou em seu Audi A4 conversível maravilhosamente lindo e maravilhosamente caro, também. Deveria valer o triplo do apartamento que ela levaria cinco anos para terminar de pagar. Isso por que Julia com certeza iria se mudar depois que se casasse.
Não disse nada no caminho. Seus lábios ainda latejavam, o gosto doce e vicioso da boca de Luke ainda estava presente na sua. Ela se controlava para não morder o próprio lábio. Se controlava para não beijá-lo novamente com toda a vontade que existia dentro dela. Se controlava por que precisava se controlar. No que ela estava pensando? Deus! Deixar-se beijar por Luke! Depois de tudo o que acontecera!
Céus, isso era tão errado. Não era para ter acontecido. Sophie poderia ter pensando um pouco nele, nela mesma, em seu filho. Mas não.
Ao invés disso, ela enfiou as mãos em seus cabelos e retribuiu o beijo à altura.
— Escuta — Luke começou, dirigindo tranquilamente seu carro —, me desculpa pelo que aconteceu. Eu... não sei o que...
— Tudo bem — disse ela, cortando-o, muito rápido, sem querer saber o que ele teria para dizer. — Vamos esquecer isso, por favor.
Luke assentiu com a cabeça, concordando, sentindo-se um idiota por ter se deixado levar pela vontade e pelo calor do momento. Por que fizera aquilo? Luke nunca fora de agir antes de pensar! O que havia em sua cabeça, afinal?
Certo, ele tinha de admitir que a quisera naquele momento. Que a desejara. Que se sentira imensuravelmente atraído por aqueles lábios vermelhos que se contraíram, envergonhados, quando ela cortou o contato visual com ele. Luke a quis — ora, quem não iria querer? Sophie estava linda. Isso era visível para qualquer um! O tempo e o amadurecimento fizera muito bem a ela, e a adolescente linda de ontem tornou-se a mulher independente, madura e igualmente linda de hoje. Ignorar sua beleza seria nada menos que idiotice.
Além disso... ela tinha sido muito legal com ele, e... tudo bem, Luke não tinha uma razão suficientemente boa para ter feito o que fez. Para ter simplesmente segurado seu rosto e beijado seus lábios com toda a vontade que tinha guardada dentro de si. Mas, ora, ela também quis! Se não quisesse, não teria passado as mãos pelos seus cabelos e bagunçado-os, não teria apertado sua nuca, não teria correspondido ao beijo com tanto ardor. Não teria se entregado a ele como fizera. Não teria feito nada disso.
Vamos esquecer isso, por favor. Sim, era uma boa ideia. Esquecer, esquecer tudo e continuar vivendo a vida como se nada tivesse acontecido. Luke apenas... se descontrolara como teria se descontrolado com qualquer outra mulher bonita. Isso mesmo.
Agora ele só precisava fazer sua barriga parar de dar cambalhotas.
— Vira a rua à esquerda — disse ela, apontando contra o vidro do carro. Luke não respondeu e apenas trocou de marcha, virando o volante onde ela indicara e vendo uma creche no fim da avenida. Crianças, pais e carros estavam em frente, fazendo um barulho enorme, e subitamente Luke sentiu suas mãos começarem a suar. Iria conhecer o filho de Sophie.
— Ele já estuda? — perguntou ele, dando-se conta de que não sabia nada sobre o filho de Sophie. Só sabia que era um menino, e devia ter uns quatro anos de idade.
— Está no jardim de infância — disse ela, e Luke percebeu que seus olhos estavam brilhando. — Mas já sabe ler, e estou tentando colocá-lo no primeiro ano. Hoje é o primeiro dia de aula dele aqui, na verdade.
Luke assentiu levemente com a cabeça, estacionando o carro em uma vaga a alguns passos da creche do filho de Sophie. Não sabia bem o que fazer em uma situação como aquelas, mas quando Sophie abriu a porta do carro e começou a caminhar na direção da creche, Luke também o fez. Trancou o carro e seguiu ao lado dela num silêncio incômodo, até que ela entrasse na creche, pedindo para que ele esperasse por um minuto.
Ele esperou um minuto, que mais pareceu uma hora. Perguntou-se pela centésima vez o que estava fazendo ali, na frente de uma creche com uma frente pintada em azul e amarelo, esperando sua ex-namorada que ele havia acabado de beijar sair de lá com o filho. Perguntou o que teria acontecera com todo o ódio que ele nutria por ela até o momento em que a viu tocando piano ainda nesta tarde. Perguntou-se o que diabos estava acontecendo com ele, que estava agindo por impulso, sem pensar direito em suas ações. Perguntou-se por que estava tão interessado e nervoso em conhecer o menino, filho de outro cara, que ele nem sequer sabia o nome.
Em meio a tantas perguntas, Luke só chegou a uma resposta: estava ficando doido. Pirado, maluco, louco, biruta. Não havia outra explicação. O rapaz suspirou, bagunçando seus cabelos e olhando para o céu, como se fosse achar ali a razão de toda a sua loucura. Meu Deus, o que estava acontecendo?
Enfim, ele viu os cabelos flamejantes fazer contraste em uma pequena multidão e ajeitou a coluna. Sentiu seu coração acelerar, sabendo que agora iria mesmo conhecer o menino. Uma mochila azul estava nas costas de Sophie e ela sorria, segurando a mão de um menininho baixo, de cabelos loiros bagunçados, olhos azuis e sorriso maroto. Ao reconhecer o garoto, Luke não teve outra reação se não sorrir de orelha a orelha.
— Podemos ir — disse Sophie ao alcançá-lo, mas o olhar de Luke ficara preso no menino, que o encarou com seus olhos azuis enormes e inocentes. Julgando pela sua expressão de surpresa, o garoto também reconhecera Luke do dia em que se encontraram na sala de aula.
— Eu conheço você! — o menino gritou apontando para Luke, e sorriu. — Você é o cara que disse que ia me ensinar a tocar violão!
Sophie encarou Luke cheia de confusão, esperando que sua expressão lhe desse alguma resposta, mas apenas viu o rapaz sorrir enquanto encarava seu filho.
— Olha só quem está falando comigo! — disse o rapaz, sorrindo e agachando-se para ficar do tamanho do garotinho. — Agora eu não sou mais um estranho para você, não é?
O menino sorriu, olhando para cima e encontrando o rosto completamente pasmo de sua mãe. Sophie abriu a boca inúmeras vezes, sem entender o que estava acontecendo e sem conseguir formular uma frase completa.
— Mamãe, ele é o homem que eu disse! — Henry mexeu em sua perna, chamando sua atenção, com um sorriso enorme estampado no rosto jovial. — Lembra? Quando você saiu lá da sala e aí ele chegou e falou que ia me ensinar a tocar violão depois de eu falar que não falava com estranhos...
Oh, Sophie se lembrava. Ficou de conversar com Harry e John sobre isso, mas se esqueceu e, no fim, julgou como um assunto sem importância para tomar o tempo daqueles professores tão ocupados. Certamente apenas tinham feito um favor à Sophie enquanto cuidavam de seu filho enquanto ela resolvia os problemas com Dan.
Mas não era um professor de violão que estivera conversando com seu filho aquela tarde. Era Luke.
Droga.
— É verdade — Luke também virou o rosto para Sophie, ainda agachado. Vendo-os por aquele ângulo, ninguém negaria o parentesco entre eles. Os mesmos olhares curiosos e felizes, os mesmos cabelos bagunçados, com a pequena diferença de que os de Henry eram mais loiros. As mesmas bochechas fofas, os mesmos formatos de rosto. Parecia uma fotografia de antes e depois. — Passei uns dez minutos tentando falar com esse menino, mas ele sempre dizia a mesma coisa: “mamãe não me deixa falar com estranhos”. Só foi falar comigo quando comecei a tocar violão.
— Mas você toca muito legal — disse Henry, encantado. Sophie bagunçou sua franja, sem saber o que fazer. Henry sorria e conversava com Luke como se já se conhecessem há muito mais que alguns minutos. — Eu queria tocar daquele jeito! É muito massa.
Sophie viu Luke alargar ainda mais seu sorriso como se não houvesse nada no mundo que o deixasse mais feliz do que ver o sorriso daquela criança.
— Ainda quer que eu te ensine? — perguntou ele, os olhos azuis brilhando.
— Sim! — Henry exclamou.
— Então toca aqui — Luke estendeu a mão e Henry bateu nela com toda a força que tinha, gritando de pura animação. Luke riu e bagunçou mais seu cabelo, simplesmente encantado pela espontaneidade e personalidade do menino, filho de Sophie. Ele era realmente uma figura e Luke não podia negar que gostara dele assim que o vira. — Mas você não me disse seu nome, garotão.
O menino sorriu, dando-se conta de que era verdade.
— É Henry! — exclamou ele. — E o seu?
— Luke — o rapaz disse, estendendo sua mão com uma formalidade exagerada. Henry sorriu abertamente e apertou sua mão, balançando-a para cima e para baixo.
— É um prazer conhecê-lo, Sr. Luke — disse o menino, com a mesma formalidade exagerada, e Luke gargalhou, perguntando-se onde ele aprendera a fazer isso.
— Igualmente, Sr. Henry — respondeu ele, sem controlar as risadas que saíram livremente de sua garganta e contagiaram a criança à sua frente. Luke bagunçou o cabelo loiro do filho de Sophie mais uma vez e se levantou, encarando-a sem cessar seu sorriso, como se dissesse que ela estava fazendo um belo trabalho como mãe.
Sophie sorriu quando seu olhar se encontrou com o de Henry e segurou sua mãozinha, enquanto ele comentava algo sobre o quanto queria aprender a tocar violão. Luke estava ao seu lado, escutando tudo, e alertou-o de que seus dedos doeriam, mas Henry disse que era o garoto mais forte do mundo e aguentaria. Isso o fez rir.
— Nós vamos de carro?! Wow! — exclamou Henry, olhando para o Audi de Luke. Sophie riu. Teve quase a mesma reação quando viu o carro, só não a externou como o filho tinha o talento de fazer.
— Vamos! — Luke fez a voz mais animada que tinha, sorrindo e apertando o botão para destrancar o carro. — E o melhor de tudo isso é: eu não tenho cadeirinha.
— Eba! — Henry comemorou, fazendo Sophie rir. Só Deus sabia o quanto seu filho odiava as benditas cadeirinhas de carro. Mas mesmo assim Sophie passou uns bons dois minutos ajustando o cinto de segurança de acordo com seu corpo pequeno da melhor forma que pôde. Quando Henry bufou e disse que “já estava bom, mamãe”, ela sorriu e lhe deixou um beijo no rosto antes de fechar a porta de trás e sentar-se no banco da frente, ao lado de Luke, que já ligara o carro.
— Você vai mesmo me ensinar a tocar, Luke? — perguntou o menino assim que o carro virou a primeira avenida.
— Claro que vou! — disse Luke, assentindo. — Se quiser, já posso te ensinar hoje. Tenho um violão no porta-malas.
— Oh, sério?! — Henry não ficava tão animado desde a vitória do Red Sox contra os Yankees no domingo.
— Sim, sério — Luke respondeu, dando toda atenção ao garoto e dirigindo ao mesmo tempo. Sophie se perguntou como ele conseguia fazer isso. — Se a sua mãe deixar, é claro.
Sophie fechou os olhos por meio segundo, pressentindo que Henry começaria a implorar. Não, oh, não. Ela precisava de um tempo longe de Luke para parar de pensar nele. Oh, não, Luke em sua casa. Seu apartamento. Ensinando seu filho a tocar violão. Oh, droga, não.
— Por favor, mamãe! Deixa! Deixa, deixa, deixa, por favor, eu te amo! — Henry se inclinou da melhor maneira que podia e Sophie sentiu seu ombro ser balançado para um lado e para outro. Oh, não. Não, Henry, por favor, não. — Você deixa? Eu vou aprender a tocar, mamãe, por favor, deixa!
Ah, não, Henry. Caramba, não.
— Tudo bem — disse ela, respirando fundo enquanto o filho deu um grito em comemoração. Droga. Mil vezes droga. Sophie ainda pretendia tomar um banho de no mínimo meia hora e assistir a uma maratona de adaptações de romances para o cinema, mas agora seu ex-namorado que ela só por acaso ainda amava e dera um beijo há menos de uma hora estaria em sua sala de estar, ensinando cifras ao filho que ele não sabia que tinha.
Beleza de vida.
— Como foi o primeiro dia de aula? — perguntou ela ao filho, tentando-se desligar dos problemas que estava enfrentando. Lembrou-se de que, afinal, aquele ainda era o primeiro dia de aula do filhinho em Nashville, e ainda fora isso que fez com que ela perdesse seu sono essa noite.
— Foi muito legal — disse ele, e mesmo que estivesse de costas para o filho, soube que ele estava sorrindo. — O ruim é que eu e a Anna ficamos em salas diferentes por que ela é mais novinha que eu. Mas a gente se viu no recreio e eu falei com os amigos dela, e ela disse que eu era o melhor amigo dela pra todo mundo...
— Anna é a sua namorada? — Luke perguntou com um sorriso sapeca no rosto, e Sophie o encarou como se ele fosse um retardado mental.
— Anna é a filha da Danna e do Hector — disse ela, com a voz mais grave que o normal, ainda com o mesmo olhar de “você só pode ter fumado alguma coisa”.
— Ela é minha melhor amiga no mundo todo — disse Henry, esclarecendo as coisas para Luke. — Mesmo que ela seja menina e mais novinha.
— Ah, sim, desculpe — Luke disse, sorrindo e parando o carro em um sinal vermelho. — Não sabia.
Sophie fez que não com a cabeça e parou de encarar os homens que estavam naquele carro. Namorada! Mas veja só! A própria prima! Com cinco anos de idade! Cinco anos de idade! Suspirou, desejando que Henry não crescesse nunca. Ver seu filho namorando qualquer menina seria muito ruim, ora, ele era seu bebezinho. E sempre seria, mesmo que tivesse vinte anos de idade, e não cinco.
— É nessa rua que eu entro? — Luke perguntou à Sophie, provavelmente por que já não se lembrava mais daquelas bandas de Nashville. Com sua agenda corrida, provavelmente nunca iria ali.
— Sim — Sophie disse. — Nessa mesmo.
Luke assentiu levemente com a cabeça e Henry disse mais alguma coisa sobre violão, fazendo com que os dois começassem a conversar da mesma forma que conversavam antes. Como se fossem conhecidos há anos. Sophie não sabia se era sua convivência com crianças — afinal, Luke ainda era o diretor daquela escola —, mas ele tinha uma desenvoltura imaculável com Henry, fazendo com que a criança se sentisse completamente confortável em sua presença. Talvez fosse a falta de uma figura masculina em sua vida.
Droga. Dos três, apenas Sophie sabia a verdade. Deus! Luke e Henry eram realmente conhecidos, oras, eles compartilhavam dos mesmos genes! Mas... eles se davam tão bem que isso deixava Sophie enojada. Com nojo de si mesma por ter feito tudo o que fez. Pois a cada sorriso que Luke ou Henry davam, ela sabia que a culpa deles não serem amigos há mais tempo era toda dela.
— Olha, Luke, lá em cima é a minha casa! — Henry disse, assim que o carro de Luke passou em frente ao prédio. — Antes a minha casa ficava lá em Londres, mas agora é aqui.
Luke sorriu e entrou no estacionamento do prédio, parando o carro na vaga direcionada ao apartamento de Sophie e Julia, que felizmente não estava ocupada. Virou-se para trás para olhar nos olhos do garoto.
— E você gosta mais de lá ou daqui? — perguntou ele para Henry, com um sorriso no rosto.
Henry hesitou, como se nunca tivesse pensando sobre isso antes.
— Aqui — disse ele, decidido, encarando o rapaz. — Por que aqui tem a Anna, a tia Danna, o tio Hector, a vovó, o vovô, o tio Nate, o tio Joe, e tem você também. Lá em Londres não tinha nada disso.
Sophie suspirou. Iria explodir de culpa se eles não mudassem de assunto. Saiu do carro e abriu a porta de trás para retirar o cinto de Henry e fazê-lo descer enquanto Luke abria o porta-malas para retirar o violão que carregava lá dentro.
— É tão legal andar de carro sem a cadeirinha — comentou seu filho, enquanto Sophie mexia em seu cinto de segurança. Foi impossível não sorrir. — Sério, mamãe, eu já sou homem. Posso andar de carro sem aquela coisa de bebê!
Sophie riu e deixou um beijo forte em sua bochecha, fazendo com que ele segurasse seu pescoço e desse uma risada alta.
— Meu homenzinho — disse ela, continuando a beijar seu rosto. — Vou pensar no seu caso, ok? — perguntou ela, segurando seu pulso e ajudando-o a descer do carro.
— Ok! — respondeu ele, animado como sempre. Quando colocou seus pés no chão, saiu correndo até onde Luke estava. Henry ficou inquieto ao lado dele, pulando de um lado para outro, até que Luke finalmente colocou o violão nas costas e fechou o porta-malas. O menino continuava fazendo-o mil perguntas, que Luke respondia sem nenhum problema. Suspirando, Sophie foi até o prédio e tomou um elevador acompanhada dos dois que não paravam de falar por um segundo. Deus, isso não deveria estar acontecendo. Não deveria.
Mas se Sophie fizesse uma lista das coisas que não deveriam estar acontecendo hoje, aquele não seria o único item. Só pra começar, ela não deveria ter composto nada na escola de Luke — fora burrice. Depois não deveria ter deixá-lo compor com ela. Depois não deveria ter pensado em nada sobre ele. Depois não deveria em hipótese alguma ter deixado se beijar por ele, e menos ainda deveria ter beijado de volta. Depois não deveria ter aceitado sua carona. Ai, por favor, ela não deveria nem sequer ter voltado à Nashville.
A verdade era que o circo estava pronto para pegar fogo. Tudo o que ele precisava era de uma faísca. E saber disso deixava Sophie muito mais do que preocupada.
Quando a porta foi aberta, como era de praxe, Henry adentrou-a correndo para procurar Julia e pular nos braços dela. Logo seus gritos foram audíveis e quando Sophie fechou a porta, avistou um Luke sorridente encarando-os ao longe, na cozinha, com as mãos nos bolsos, os olhos brilhantes e um case de violão preto fazendo volume em suas costas. Era impossível não reparar o quão bonito ele era sem fazer nenhum esforço.
Céus. Sophie precisava controlar a si mesma urgentemente.
— É sempre assim? — perguntou ele, escutando os gritos de Henry que estava sendo brutalmente bombardeado com beijos e cócegas. Sophie desviou seu olhar de Luke e sorriu de canto.
— Sempre — disse, torcendo os lábios.
— Ele é um garoto incrível — Luke comentou, apoiando o peso ora num pé, ora noutro. — Mesmo. Você... está se dando muito bem.
Sophie respirou fundo, sem retirar o sorriso singelo de seu rosto.
— Quando se é mãe, a gente aprende algumas coisas — disse ela, virando-se para deixar a bolsa em cima da mesinha de madeira que ficava no corredor. — Passei por um bocado de dificuldades, Luke, mas nunca deixei que nada faltasse para o meu filho. Eu o amo. Mais do que qualquer coisa que eu já tenha amado algum dia.
Luke mordeu o lábio inferior, assentindo levemente com a cabeça e retirando a mão direita do bolso para coçar sua nuca. Sophie se virou e foi a primeira vez que ela viu que nos olhos sombrios dele, havia um pouco de admiração seguida da dor e do rancor habitual. Sophie suspirou e cortou o pequeno contato visual imediatamente. Como Luke conseguia mudar tanto de uma hora para outra?
— Meu Deus, Luke! — sua atenção foi atraída para a porta que dividia a sala da cozinha, onde Julia aparecia com um Henry completamente amassado no colo. A morena deixou a criança no chão e foi em direção a Luke, dando-lhe um abraço apertado. — Quanto tempo, rapaz!
— Julia! Caramba, você não cresceu nada! — disse ele, fazendo piada e apertando o corpo da amiga contra o dele. Julia gargalhou e lhe deu um tapa no ombro em seguida, afastando-se. — Estou vendo o anel. Meus parabéns, futura Sra. Farro.
Isso só serviu para que ela risse novamente.
— Muito obrigada, mas prefiro continuar com o meu sobrenome — ela deu de ombros, despreocupada. — Sabe como é, sou conhecida como Bynum. Mudar meu nome seria mudar minha carreira.
Luke riu.
— Faz sentido — comentou, e se virou para o menininho que já estava ao seu lado, encarando a capa preta que carregava o violão de Luke. — E aí, Sr. Henry, pronto para aprender a tocar?
É dispensável dizer que ele recebeu um grito ensurdecedor como resposta.
Luke perguntou à Sophie e Julia onde eles poderiam estudar e elas deixaram com que eles o fizessem na sala de estar, uma vez que o piano de Sophie ainda não chegara da Inglaterra — e muito provavelmente não iria chegar tão cedo — e elas ainda não haviam providenciado a sala de música no novo apartamento. Meio de longe, as duas viram Luke retirar o violão da capa e tocar um pouco, antes de colocá-lo no colo do menino e indicar as cordas onde ele deveria apertar. Henry parecia sumir meio à imensidão do Fender de Luke, mas estava empenhado demais para deixar artifícios como seu tamanho impedirem-no. Sophie sorriu quando viu que sua primeira notinha, um ré maior, havia sido proferida com perfeição depois de apenas três tentativas. Quando foi aprender a tocar violão, Sophie precisou de uma semana de treino incessante para conseguir fazer uma primeira nota com perfeição, mas todos sabiam que instrumentos de corda não era sua praia.
Bem, para Henry as coisas pareciam ser diferentes, uma vez que ele não se interessava em tocar piano, apesar de adorar escutar seu som. Aparentemente, o garoto carregava mesmo mais genes do pai do que Sophie um dia parara para pensar.
— Como isso foi acontecer? — Julia sussurrou, enquanto ambas estavam no corredor, assistindo a cena do pequeno menino empenhado em tocar enquanto Luke o elogiava pelo bom desempenho. Suas vozes com certeza estavam inaudíveis para eles.
Sophie suspirou.
— Você não acreditaria no número de coisas que aconteceu nessa última hora — sussurrou a ruiva, sentindo seu coração murchar. Exausta, ela decidiu deixar de ver aquela cena e se direcionou a cozinha para tomar um copo d’água... Ou algo alcoólico. — Você comprou cerveja?
Julia franziu o cenho imediatamente, seguindo-a a recostando-se no balcão.
— Você nunca bebe — disse ela, estranhando. — Não, eu só tinha comprado duas garrafinhas para o jogo do Red Sox. Mas tem vinho na geladeira.
Sophie fez que sim com a cabeça, como se fosse suficiente. Pegou o vinho na geladeira e, segundo as coordenadas de Julia, duas taças de vinho no armário acima do microondas, segunda prateleira à esquerda.
— Beleza — disse Julia, retirando as taças da mão da amiga —, como assim você e seu filho chegam aqui em casa com Luke, ele está superfelizinho, e de repente você vai encher a cara? O que diabos aconteceu?
Sophie pegou o saca-rolhas no recipiente onde estavam guardados os talheres e gloriou a si mesma por ter conseguido abrir a garrafa. Isso nunca havia acontecido antes. Despejou uma generosa quantidade de vinho tinto em sua taça e colocou o mesmo na de Julia, que apenas bebericou seu vinho, enquanto Sophie tomou tudo de uma vez.
— O que diabos aconteceu? Bem, eu e Luke compusemos juntos, eu dei a música para ele, ele me beijou, me ofereceu carona até a creche de Henry, descobri que eles já se conheciam, Luke prometeu ensinar violão a ele, e eles se deram super bem — disparou ela de uma vez, sentindo-se mal por que a bebida ainda não fizera nenhum efeito. Despejou mais um bocado de vinho em sua taça enquanto Julia deixava seu queixo cair. — Tá bom ou quer mais?
— Você está dizendo que o Luke te beijou? — perguntou Julia, encarando Sophie com a mais pura discórdia. — E pega leve nesse negócio, você não tem o costume de beber.
Sophie suspirou.
— Até eu posso encher a cara às vezes, em situações críticas, ok? — disse, defendendo-se e tomando metade da taça de uma vez. Julia suspirou e passou uma mão pelo rosto, desistindo. — Sim, ele me beijou. Num momento estava me olhando e no outro, estava segurando o meu queixo e me beijando. Mas... merda, Julia, eu beijei de volta, ok? Não consegui. E agora que ele e Henry conseguiram essa relação tão profunda, eu sinto como se tudo estivesse em ruínas. Beijei o Luke e ele criou um vínculo superespecial com o filho que não sabe que tem — Sophie apoiou os cotovelos no balcão e afundou a cabeça em suas mãos, sentindo-se completamente perdida. Sua cabeça já havia começado a rodar e seu estômago estava embrulhado de tanta preocupação, medo, e mais uma porrada de sentimentos diferentes. Ela quase se sentia uma adolescente de novo. — Estou tão perdida.
Julia coçou a cabeça e, encarando a taça de vinho à sua frente, imitou o gesto da amiga e tomou todo o líquido de uma vez, sentindo-o descer gostosamente doce e quente pela sua garganta.
— Está mesmo — concordou ela, fazendo Sophie rir de desgosto. — Que foi? Você sabe que eu sou sincera.
Sophie assentiu e levantou o rosto. Passou as mãos pela cara, respirando fundo, e levantou seus olhos cansados para encarar a amiga que a encarava com a mesma expressão que fazia quando Henry comia todo o seu chocolate e depois pedia pelo dela. Como “eu estou com dó de você, mas você sabia que isso iria acontecer”.
— Nada disso deveria estar acontecendo — Sophie passou uma mão pelo cabelo emaranhado. Que lindo, agora até mesmo seu cabelo estava de mal dela.
— Será? — Julia torceu os lábios, dando ombros e tomando o resto de seu vinho. — Sei lá, Soph. Você não pode negar que a grande culpada nisso tudo aqui é você. Esconder o Henry do Luke nunca foi uma ideia que eu tivesse aprovado. Uma hora a verdade viria à tona, né?
— Eu sei — Sophie disse, tomando mais vinho para impedir sua garganta de se fechar e as lágrimas de rolarem. — Mas não queria que isso acontecesse, caramba. Ficou impossível para mim, Julia, você sabe que se eu quisesse o Henry no início jamais teria ido embora.
Julia tornou a encher suas taças e concordou. Apesar de tudo, se não fosse a ideia de Sophie de evitar tudo e todo mundo e ter a criança em outro lugar para que ninguém soubesse de sua existência, ela realmente teria ficado para enfrentar essa barra ao lado de Luke. Claro que no fim, Julia gostara do rumo que as coisas tomaram. Não trocaria as experiências que teve ao lado de Sophie e de Henry nos últimos anos por nada no mundo.
Mas como toda mentira, esta estava prestes a ruir.
— Você ainda o ama, não é verdade? — Julia perguntou de repente. Não precisou mencionar nomes, não precisou dizer mais nada do que aquilo para que sua amiga captasse a mensagem. Sophie sorriu para a taça e deu um gole singelo, sem encarar a melhor amiga maluca.
— Sim — assumiu num sussurro, suspirando e limpando uma lágrima que havia descido. — Nunca consegui deixar de amá-lo.
Julia assentiu com a cabeça e estendeu sua mão para segurar a mão de Sophie, apertando-a.
— Então, Sophie, por amor a ele e ao seu filho, você deveria contar a verdade — disse ela, suspirando e vendo que as lágrimas no rosto da amiga começavam a descer sem permissão. — Isso não... vai durar muito mais, você sabe.
Sophie só conseguiu assentir levemente com a cabeça enquanto fungava.
— Pode ser difícil, mas tudo vai se ajeitar, ok? — Julia deu a volta no balcão e puxou o corpo de Sophie para ela, fazendo com que a amiga desabasse em seu ombro. Sentiu sua garganta querer lentamente se fechar também. Detestava ver Sophie chorando, era quase como se a dor fosse transferida para ela. — Você é a guria mais forte que eu conheço. Depois da Danna e de mim mesma, é claro — ela disse, fazendo com que Sophie risse entre seu choro. Droga, só Julia tinha esse poder. — Mas ainda assim, você já passou por muita coisa. Conseguiu sobreviver àquela gravidez e todo aquele sangue. Passou por cima das noites sem dormir e da pneumonia. Conseguiu trabalhar, estudar e ser mãe, tudo ao mesmo tempo. Aguentou a pressão dos teus pais e conseguiu passar por cima da pior crise financeira que a gente já teve na vida. Depois de tudo isso, de dar à luz e criar um filho sozinha, depois de deixar tua família e o cara que você amava, você vai conseguir passar por cima disso também. Eu sei que vai.
Sophie não conseguiu dizer nada e continuou chorando no ombro da amiga, apertando-a com força, detestando a si mesma por tudo que estava acontecendo. E mais do que isso, detestando pela centésima vez o fato de Julia ter razão.



[...]



— Você o quê?! — a adolescente perguntou, retirando os óculos escuros do rosto só para que Luke visse claramente sua surpresa e decepção.
— Você ouviu — disse ele, bufando e girando o volante. Precisava passar na casa de seu pai para pegar umas demos que Jeremy deixara separado. Felizmente, sua reunião com Brian foi ótima, e ele adorou a música que ambos batizaram de Franklin. Luke também separara o cheque que fizera para Sophie e comprara um violão infantil de presente para Henry antes de buscar Tereza no colégio.
Agora, a adolescente queria surrá-lo até a morte por ter feito tudo isso.
Dude! — exclamou ela, passando a mão em seu cabelo castanho com as pontas tingidas de laranja. Tereza nunca conseguia parar com uma só cor no cabelo por mais de um mês, meu Deus. — Beijá-la! Compor com ela! Ensinar o filho dela a tocar violão! — ela entoou a voz pelo menos três oitavas, encarando Luke como se ele fosse maluco. — Eu desisto de você! Desisto! Como você passou de “transformar a vida dela num inferno” a isso?!
Luke suspirou, encolhendo os ombros.
— Não sei — confessou ele. — Mas... sei lá, depois que eu a vi cuidando do menino e... compondo, sabe, eu meio que deixei tudo pra trás — Luke suspirou, encarando a estrada em sua frente. — Não me importo mais, Tereza. Meu ódio por ela e pelo resto do mundo estava atingindo só a mim mesmo. Ontem eu percebi que não tinha uma razão para continuar a me denegrir e me matar por dentro.
— Oh, que lindo — disse ela sem nenhuma expressão, recolocando seus óculos escuros. — Vou vomitar.
Luke riu da adolescente.
— Você é uma sem coração — disse ele, desprezando-a. — Ou melhor, não é! Só quero que você se apaixone, mas se apaixone de verdade, por um cara bem grudento, e fique toda grudenta e nojenta também. Vou fazer questão de esfregar tudo isso nessa sua cara cheia de espinhas.
— Medo de morrer é algo que você poderia aderir — Tereza retirou os óculos novamente só para fulminá-lo com os olhos. — Só por precaução, sabe? E para a sua informação, não sou de me apaixonar. Prefiro me manter fora dessa prolixidade. “Amor” é uma coisa que eu deixo para os livros que leio e as séries que vejo — ela recolocou seus óculos e deu de ombros, recostando-se no confortável banco de couro do Audi A4. — E quer saber? Não tô nem aí para você mais. Pelo menos conseguiu compor?
Luke assentiu deixando que um sorriso estampasse em seu rosto.
— Desde a música de ontem consegui mais uns versos e hoje acordei com uma melodia na mente — disse ele, dando ombros. — Eu não disse que eram o ódio e a preocupação que estavam enlouquecendo minha cabeça?
Tereza riu, como se desprezasse tudo o que ele havia acabado de dizer.
— O que enlouquecia tua cabeça, Luke, era a mentira — disse ela tranquilamente enquanto encarava uma unha que perdera parte da cor preta do esmalte. — Quando você disse pra mim que não queria trabalhar com ela, era mentira. Você mentiu pra você mesmo para não ferir o seu orgulho idiota. A questão é que você ainda gosta dessa guria, mesmo que ela tenha te largado e pegado cria de um inglês qualquer — Tereza bocejou, relaxando-se. — Mas tudo bem, a culpa não é sua. Como diria meu professor de biologia, a culpa é do seu organismo sexuado que sente a necessidade de se reproduzir. Se você fosse um organismo procarionte, nada disso estaria acontecendo.
Luke gargalhou, virando o carro na sua antiga rua. Tereza podia ser uma adolescente, mas de fato entendia bastante coisa. Na realidade, ela tinha mesmo razão — mesmo que ele ainda não soubesse bem se gostava de Sophie. Apesar de tudo... ainda doía.
— Então eu devo ficar feliz ou triste por não ser uma bactéria? — perguntou ele, manobrando o carro. Tereza riu.
— Feliz — disse ela, aliviando sua risada e transformando-a em um sorriso malicioso. — A reprodução sexuada pode gastar muito ATP, mas continua sendo bem divertida.
Luke estacionou o carro gargalhando.
— Você vai ser a bióloga mais estranha do mundo — disse ele, fazendo que não com a cabeça e saindo de seu carro. Tereza apenas deu de ombros e o acompanhou.
Ao abrir a porta da casa em que passou quase a vida toda, porém, Luke teve uma surpresa. Esperava encontrá-la sozinha, uma vez que imaginava que sua mãe estaria trabalhando, mas não — as risadas femininas eram totalmente audíveis do corredor que dava acesso à sala de estar. Tereza ergueu uma sobrancelha.
— Olha quem apareceu — Luke virou o rosto e sorriu ao ver a figura alta e elegante de Joe, com uma taça de Martini intocada ao seu lado e um notebook à sua frente. Certamente não estava bebendo, mas escrevendo com certeza. — Como vai, pseudo-primo?
Luke riu.
— Muito bem, pseudo-primo — disse ele. — O que está acontecendo aqui?
Joseph deu de ombros.
— Encontro de garotas — disse. — Minha mãe e sua mãe não trabalharam hoje, então chamaram a mãe da Julia e tia Dakotah. Agora estão bebendo e rindo. Saí de lá e vim escrever quando o assunto se tornou algo impróprio para pessoas da minha idade — Joe terminou a frase com um sorriso quase inocente no rosto, o que fez Luke gargalhar.
— Você não já tem dezoito anos?
— Então imagine o quão impróprio foi o assunto. — A última frase de Joe fez até mesmo Tereza rir. — Mas o que trás sua ilustre presença até aqui?
Luke bagunçou seu cabelo, indo em direção à estante e pegando a pasta que Jeremy deixara separado para ele.
— Vim pegar umas demos que meu pai pediu — disse ele, balançando a pasta. — Mas acho que antes vou ver se aquelas mulheres já beberam demais, e minha querida assistente pessoal colocará a pasta no porta-luvas do carro para mim, certo? — Luke deu um sorriso cínico para Tereza, que revirou os olhos e pegou a pasta de sua mão.
— Não me chame de querida — disse ela, fazendo com que tanto Luke quanto Joseph rissem.
— Essa é a irmã do Dan? — perguntou Joe, sorrindo abertamente para Tereza. Luke assentiu com a cabeça e ela sorriu para ele.
— Nós temos a mesma mãe — disse ela, aproximando-se. — Tereza Fletcher.
Joe sorriu também.
— Caramba, você cresceu desde a última vez que te vi — disse ele, torcendo os lábios e levantando-se para apertar sua mão e lhe dar um beijo no rosto. — Mas isso já deve fazer uns sete anos.
Ela torceu os lábios, encarando a figura loura e nada familiar.
— Não me lembro de você.
— É natural — disse ele, sorrindo. — Sou Joseph Farro, mas pode me chamar de Joe.
Tereza franziu o cenho, refletindo sobre aquele nome, sabendo que já o havia escutado em algum lugar. Luke já tinha se dirigido à cozinha.
— Joseph Farro? — perguntou ela. — Eu conheço esse nome. Conheço mesmo...
Joe sorriu. Uma das vantagens de se escrever um livro era justamente que as pessoas quase nunca se lembravam do seu rosto. Mas assim que o seu nome fosse pronunciado, elas se assustavam.
— Talvez conheça — disse ele, simpático. — Tenho alguns livros publicados. Alguns deles alcançaram o primeiro lugar no Times.
— Joseph Farro! — Tereza de repente reconheceu-o, assumindo sua expressão de surpresa. — Overturn, Joseph Farro. Claro, caramba! Foi você que escreveu a Overturn, não?
Joe assentiu com a cabeça simpaticamente.
— Foi meu segundo livro.
— É o único que eu li seu, desculpe — disse ela, dando ombros e sorrindo. — Poderia ter trazido pra você autografar, mas cara, eu não tinha nem ideia que você morava aqui em Nashville.
Ele torceu os lábios com um sorriso singelo.
— Provavelmente vá me mudar pra Califórnia daqui a alguns anos, mas também não sei. Vou para onde a vida quiser me levar.
A garota sorriu e se sentou ao lado de Joe. Se algumas de suas amigas soubessem que ela o conhecia, provavelmente pirariam.
— Está trabalhando? — perguntou ela, apontando para o notebook.
— Não — disse ele, fazendo uma careta. — Apenas brincando com as palavras... sabe, escrevendo qualquer coisa para passar o tempo.
Tereza assentiu, entendendo.
— Não tenho esse talento.
— Sou privilegiado — ele piscou um dos olhos. — Brincadeira. Qualquer um pode escrever qualquer coisa, Tereza. Só precisa sentir.
— Você é uma pessoa profunda — disse ela, semicerrando os olhos.
— E você é uma pessoa que gosta de analisar as pessoas — Joe a encarou quase com desprezo no olhar, mas isso a fez rir. — Não se preocupe, todo mundo é um pouco assim que nem você.
Tereza bufou.
— Não o Luke — disse ela, desprezando. — Ele é... bonzinho demais. Não tem maldade nenhuma. É impossível colocar um pouco de maldade naquele garoto, por favor.
Joseph gargalhou.
Isso é verdade — disse ele. — Mas sei lá, Luke já me ajudou muito em tempos difíceis por que é bonzinho demais assim mesmo. E pelo que eu soube, ultimamente ele não tem sido lá muito bonzinho.
— Uma farsa — Tereza revirou os olhos. — Ele é tão... assim, que conseguiu beijar uma ex-namorada que ele dizia odiar até outro dia.
Joseph ficou tão intrigado com a última frase de Tereza que teve de fechar seu notebook para encará-la com seus olhos verdes e totalmente pasmos.
— Que ex-namorada? — perguntou ele. — Luke não tem ex-namoradas, tem?
Tereza assentiu com a cabeça.
— Tem, sim — disse ela. — Mas essa é antiga... meu irmão a contratou para dar aulas no colégio. Piano, sabe?
Joe sorriu de orelha a orelha e juntou suas mãos, os olhos brilhando mais do que nunca.
— Sophie? Sophie Farro? — perguntou ele, fazendo com que Tereza assentisse com a cabeça, estranhando. — É a minha irmã! — exclamou, gargalhando em seguida.
Tereza ergueu as duas sobrancelhas, surpresa.
— Mundo pequeno — disse ela, dando ombros logo depois. — Bem... Luke a odiava até outro dia, mas eles se beijaram depois de compor uma música.
— Luke e Sophie se beijaram! Eu não posso acreditar! — Joseph não conseguia parar de gargalhar de modo que não demoraria muito e seus olhos começariam a lacrimejar. — Isso é maravilhoso!
Tereza franziu o cenho, encarando o garoto que já estava quase chorando de rir com uma expressão cética.
— Maravilhoso? — perguntou. — Não, Joe, isso não é maravilhoso. Quer dizer, pode ser tua irmã e tal, mas ela foi pra Inglaterra e deixou o Luke sozinho, e depois ainda teve um filho com outro cara.
Mas Joe não parara de rir.
— Mas eles têm uma história, Tereza! — disse ele, acalmando-se. — Eles têm a maior história de amor e ódio, e não é de hoje. Eu vi isso acontecendo.
A garota franziu o cenho.
— Conte-me — disse ela, esfregando o dedo no queixo e se recostando na cadeira.
Joe riu novamente.
— Deixa eu te contar a história deles — disse ele, arrumando-se na cadeira e lhe dando um tapinha com a ponta dos dedos em seguida.
Mas isso a intrigou demais para que ela o deixasse continuar.
— Espera — disse ela, encarando-o —, por que você fez isso?
Joe franziu o cenho.
— O que?
— Isso — disse ela, imitando seu gesto com a mão.
Joe sorriu.
— Por que... sim, ora — disse ele, encolhendo os ombros. — É o meu jeito de falar com as pessoas.
— Você é gay? — ela entoou a voz, pasma.
Joseph gargalhou e olhou nos olhos de Tereza, que ainda esperavam uma resposta.
— Sim — disse ele, encolhendo os ombros, sem cessar suas seguidas risadas.
Foi aí que a expressão de surpresa da adolescente passou à sua expressão de chateação.
— Sério? — perguntou ela, entoando a voz. — Ah, não, cara! — ela passou as mãos pelo rosto, choramingando. — Qual é! Você é gay?
Joseph riu, sem saber o que fazer.
— Sou, ué — disse ele, encolhendo os ombros outra vez, fazendo com que sua nova amiga que aparentemente não queria ser só sua amiga choramingasse novamente.
— Fala sério! — disse ela, sua voz entoada como a de uma criança que não tinha o que queria. — Por quê? Você é um cara tão legal, por que tem que ser gay? Que desperdício! — disse ela, inconsolável. Joe não conseguia parar de rir. — Sério, por quê? Ah, fala sério, eu sei o porquê, inclusive concordo com você. Mas... qual é! Gay?!
— Sim — foi só o que Joe conseguiu responder entre suas risadas.
Tereza bufou, sem parar de choramingar.
— Gay! — ecoou ela, sem conseguir se conformar com aquela situação.
— Nós podemos ser amigos, sabe...
Mas isso a fez rir.
— Acredite, nunca vamos ser apenas amigos — disse ela, dando ombros antes de choramingar novamente. — Alguma chance de você mudar de time?
Joe riu.
— Não, eu tenho um namorado!
— Oh, droga — ela choramingou de novo, batendo a cabeça contra a mesa de madeira. Joseph achou que fosse morrer de rir. — Nenhuma mesmo? — ela levantou seu rosto para encará-lo.
— Não — disse ele, apertando os lábios como para consolá-la.
Tereza se endireitou na cadeira, recompondo-se.
— Veremos.
Joseph gargalhou com toda a vontade novamente.
— Acho que Jon não iria gostar muito de você — disse ele entre suas risadas, fazendo com que Tereza o encarasse como se isso fosse muito óbvio. Ficou claro que Jon, seja lá quem fosse, era o namorado de Joe.
— Não gosto dele também — ela deu de ombros.
— Você é meio maluca, sabia? — Joseph riu novamente, encarando Tereza com seus simpáticos olhos verdes.
Ela riu.
— Me conte uma novidade — deu de ombros. — Melhor, me conte a história de Luke e sua irmã.
Ainda perdido em suas risadas, Joe começou a contar a parte que sabia. Fez um resumo rápido, porém detalhado, de quando eles eram crianças e Sophie foi para a Inglaterra, de quando eles voltaram, sobre Brad e Stephy, o ódio que os envolveram, a atração e o tempo que ficaram sem se falar, a banda, Luke ajudando Sophie em relação ao próprio Joe quando ele quase entrou em depressão, o quanto eles pareciam se amar naquela época e, por fim, a viagem à Nova Iorque.
— Estava na turnê do meu primeiro livro quando recebi a ligação dela, dizendo que não tinha sido aceita em Juilliard e que iria estudar na Inglaterra. Cancelei um monte de entrevistas e consegui pegá-la no aeroporto, com os meus pais — disse Joe, encarando Tereza que o escutava atenciosamente. — Ela não estava bem. Seu semblante estava muito mais do que triste, mesmo que ela tentasse sorrir, e quando eu perguntei sobre o Luke ela não disse nada e começou a chorar. Sei que ela errou em ter ido embora, sabe, Tereza, mas não acho que ela o tenha feito por mal.
Tereza martelou os dois primeiros dedos contra os lábios, a mente trabalhando com pudor naquela história que lhe parecera mal contada demais. Aparentemente, a menina passara por cima de muitas coisas para ficar com Luke — e no fim, simplesmente o deixou? Segundo Joe, ela ficara triste por ter ido, mas se realmente estava triste, por que não ficara e tentara outra escola? Juilliard não era a única escola de música de Nova Iorque, oras, até mesmo Tereza que nunca visitara a cidade sabia disso.
— Quando ela apareceu no primeiro dia de aula e Luke foi meio malvado, ela realmente pareceu ter ficado mal com aquilo, sabe? — Tereza comentou. — Como você sabe, eu gosto de analisar as pessoas, e definitivamente, Luke mexe muito com ela. Mas eu nunca a vi... brigando com ele... e na pele dela, eu brigaria mesmo com ele, ainda mais se eu não gostasse dele... Isso está mal contado. Não faz sentido... — ela não retirou os dedos dos lábios, mas direcionou seu olhar pensativo para os olhos de Joe, encarando-o. — Você disse que ela foi embora de repente, certo? E triste por ter que deixar Luke?
Joseph assentiu com a cabeça.
— Ela chorou — disse ele. — E eu tive a impressão de que aquela não foi a primeira vez que ela chorava por isso.
— E quanto ao filho dela? A criança? — perguntou Tereza, sentindo uma possibilidade crescer impiedosamente em sua cabeça.
— Nasceu um ano depois, mas Sophie só nos ligou quando ele tinha seis meses de idade — disse Joe, dando ombros, mas de repente captando o que Tereza estava pensando. Arregalou os olhos, levando a mão à boca. — Mas... ele era muito maior e mais esperto que um garoto de dois anos quando nós fomos visitá-lo...
Tereza sorriu.
Agora a história faz sentido — disse ela, como se tivesse de repente descoberto o maior dos mistérios. Mas Joe continuava boquiaberto, pasmo.
— Você acha que...? — perguntou ele, encarando Tereza.
— Acho totalmente viável — disse ela, torcendo os lábios e sorrindo em seguida. — E possível. Ainda mais quando eu soube que Luke e o menininho estão superamigos.
Ainda pasmo, Joe sorriu.
— Sério? — perguntou ele.
— Seríssimo — assentiu ela. — Faz todo o sentido, Joe. Explica o porquê de ela ter ido embora e o porquê de ela ainda gostar tanto dele.
— E a semelhança — disse Joe, encarando o nada. — Como nunca pensei nisso antes?
Tereza sorriu.
— Às vezes é mais fácil acreditar em uma verdade que nos dizem do que parar para pensar.
O sorriso ainda estava na face de Joe quando se transformou em uma risada incrédula, e seus olhos passaram a encarar a nova amiga maluca.
— E o que nós vamos fazer com essa informação?
Tereza sorriu tranquilamente e se recostou na cadeira.
— Eu não sei você — disse ela, despreocupada. — Mas eu não vou fazer nada.



*****


Lentamente, ela sentiu o peso de seu corpo sobre o dela, deliciosamente, e arranhou sua nuca sem perceber. O modo como a boca dele se encaixava perfeitamente na dela conseguia ser algo simplesmente maravilhoso, provocava nela todas as sensações e sentimentos possíveis, fazia-a se apaixonar cada vez mais por ele. A maneira como a mão dele pairava sobre sua cintura e apertava-a com desejo, porém amorosamente, era uma coisa que ela sabia que apenas ele conseguia fazer. Talvez se ela não o amasse tanto, o simples ato de beijá-lo não seria tão especial.
— A regra — sussurrou ela, separando seus lábios, e ele começou a beijar seu pescoço. Oh, droga. — A regra, Nate, a regra. Para.
A respiração quente de Nate bateu contra o seu pescoço e ele deixou-lhe outro beijo molhado que arrepiou até mesmo sua alma. Ela arranhou a nuca dele novamente e puxou os lábios dele para os dela, dando-lhe mais um beijo calmo, para que ele não continuasse com seus movimentos no pescoço dela e ambos quebrassem a regra de Sophie mais uma vez.
Nate afastou-se dela com um sorriso no rosto e sentou-se mais uma vez sobre a cama, recolocando o caderno e a caneta no colo. Julia respirou fundo, jogou os cabelos para trás e imitou-o, dando uma olhada no papel.
— Acho que já colocamos o nome de todo mundo — disse ela, apontando para o caderno que continha uma folha, frente e verso, cheia de nomes de pessoas que eles colocariam na lista de convidados. Como o casamento de Nate e Julia seria interligado ao casamento de Hector e Danna — medida essa que agradou a todos e foi sugerida pela própria Danna —, a maior parte dos convidados de Nate e Julia já estavam na lista. Eles só precisaram incrementar.
— Só vai chamar o Tarris e a esposa dele mesmo, da Inglaterra? — perguntou Nate, encarando o nome do amigo da noiva entre um dos primeiros. — Você morou lá um tempão, e as pessoas do seu site?
Julia sorriu.
— Não viriam de qualquer maneira — ela deu de ombros. — Tarris foi a única pessoa de lá que soube do meu relacionamento e dos meus sentimentos em relação a você. Ele que me fez não desistir. Liguei ontem para ele.
— E aí? — Nate quis saber, interessado. Sua pequena crise de ciúme em relação à Tarris já não era mais presente depois da conversa que ele e Julia tiveram relacionada ao que aconteceu em suas vidas durante o tempo em que estavam separados. Diferente de Mitchie, Tarris ajudara Julia.
Já Michelle, ou Mitchie, a garota que Nate conhecera três anos atrás, aproveitou-se disso para aproveitar-se dele. Apenas o machucou. Ao saber da história, Julia quis, na verdade, surrá-la até a morte.
— Ele disse que não perderia meu casamento por nada nesse mundo — disse ela, um sorriso feliz estampado em seu rosto. — Ele tá doido pra conhecer você. Pudera, também, quando ele foi se casar com a Leighton, eu fiquei superansiosa pra conhecê-la.
Nate sorriu.
— Faz sentido — murmurou ele, mordendo o próprio lábio. Mesmo que Julia dissesse que sim, Nate sabia que a lista não estava completa. Só não sabia se devia conversar sobre isso com ela.
Simplesmente por que não havia nada no mundo que Julia menos gostasse de falar do que em seu pai.
— Sabe — começou ele, pigarreando, tomando coragem —, eu não vi o nome do Jason...
O simples mencionar no nome de Jason fez Julia estremecer e ele viu que todo o bom humor dela acabara de ir por água abaixo. Nate torceu os lábios e fechou os olhos por um segundo, enquanto escutava a risada fria e debochada da noiva ecoar.
— Claro que não viu — ela deu de ombros. — Eu não o convidei.
Ele suspirou. Sabia que era um assunto delicado, sabia que aquela risada de Julia era uma dica de que ela não queria e não iria falar sobre o assunto.
— Mas ele é seu pai, Juzy — disse ele delicadamente, procurando não irritá-la. — Você não pode ignorar isso.
— Posso sim — Julia virou seu rosto para encarar Nate. — Ele pôde me ignorar como filha, não pôde? Não pôde ignorar a minha adolescência, o meu crescimento e todo o meu sofrimento por estar longe da minha família e de você?
Nate suspirou outra vez.
— Ninguém ficou mais triste pela sua partida do que eu. Ninguém, Julia, sofreu tanto pela sua falta como eu sofri — ele disse, olhando em seus olhos ternamente. — Mesmo assim, ele ainda é o seu pai.
Julia sorriu outra vez, evitando o olhar de Nate. Por que ele insistia em falar tanto sobre o assunto? Droga! Ela não iria convidar Jason e pronto! Não era justo com ela depois de tudo que ele fez contra os dois.
— Ele não é mais meu pai, Nate.
— Claro que é, Julia, pelo amor de Deus! — Nate passou as mãos pelo rosto e Julia se remexeu ao seu lado, bufando. — Você não precisa perdoá-lo, ok? Mas ele ainda é seu pai, ele ainda te ama, e um dia você pode se arrepender de não tê-lo convidado para o dia mais importante da sua vida.
— Eu não vou me arrepender — disse ela, o cenho fechado, os olhos sem querer encarar o noivo. Nate segurou suas mãos, apertando-as e levando-as aos lábios.
— Como você sabe? — perguntou ele o mais docemente que pôde. — Julia, você sabe que a gente não pode prever o futuro. A gente não sabe o que a vida tá reservando pra gente. Como você pode dizer com tanta certeza que não vai se arrepender de não convidar o seu próprio pai para o seu casamento?
Nate viu uma lágrima cair de seus olhos verdes, que encaravam a colcha da cama.
— Posso dizer por que eu não vou perdoá-lo, Nate — disse ela, a voz já embargada. — Nunca vou perdoá-lo por tudo que ele fez. Sabe a agonia que é estar em um lugar onde ninguém realmente te conhece? Sabe o quão terrível é pra uma garota ficar longe da própria mãe? Caramba, Nate... tudo o que eu sofri nesses últimos anos foi por culpa dele. Simplesmente por que ele queria me separar de você. Mas ele não conseguiu, droga, e eu não preciso convidá-lo para a prova de que todo o seu plano deu por água abaixo.
Ao terminar de falar, Julia caiu em choro. As lágrimas desceram pelo seu rosto livremente e Nate suspirou, abraçando-a e apertando o corpo dela contra o seu, sentindo-a molhar o seu ombro. Mexeu no seu cabelo, ainda mordendo o lábio.
— Eu entendo tudo isso, Julia... eu também sofri muito por isso... sofri muito sem você... — sussurrou ele, muito calmamente, tentando ignorar a cabeça de Julia que fazia que não, como se implorasse para que os dois cessassem aquele assunto. — Mas apesar de tudo, eu não acho que ele fez por mal. Ele... só queria te proteger.
— Me proteger de quê?! — Julia perguntou com a voz entoada, indignada, entre seus soluços. Mesmo que Nate continuasse falando, para ela não fazia sentido. — Me proteger de amar?! De... ficar com a minha família e com os meus amigos?!
Nate suspirou e beijou sua testa antes de responder, olhando em seus olhos.
— Te proteger da mesma coisa que aconteceu com a Sophie.



Notas Finais

And here we go again (8)~PASLASPOLKAS~POASLKÃPSO YESSSS AMORES. Estamos aqui again!Tipo, falando sobre esse cap,  apenas ownem com henry e luke e nate e julia e riam com tereza. apenas. ~PASKÃOPKASÕPLKSP Dá pra notar que a OAV tá na reta final. E tá mesmo.Mas vamos falar da twitcam que rolou agora a pouco.MEU DEUSSSSSS, QUE COISA MARAVILHOSA, GENTE! QUEM NÃO VIU PERDEU, SÉRIO, FOI MUITO INCRÍVEL. ;-;A gente spoilou, teve o game e tudo mais, e foi a coisa mais amor do mundo. Ai, brigada a todo mundo que viu, sério :3E... eu tenho que falar sobre outra coisa.Isso: http://pt.wikipedia.org/wiki/OAVSofia fez e eu vi quando estava fazendo a twitcam. Chorei e...Meu Deus.AÕPLÕPALKOPSÕPASL~PAOSLASMuito obrigada. Sério, muito obrigada a Sofia por ter feito essa coisa linda e tudo mais. Meu Deus. Eu não soube o que dizer na hora e não sei o que dizer agora. Apenas... valeu, maninha. Ai, Senhor.Ownem comigo. ÃPOSKAOPKSPOASKAS enfim.Vou postar lá na page como foi a twitcam detalhadamente. De qualquer forma, gente, comentem pra mim AÇOSKA~PSOKAS eu to meio cansada. :3 but anyway.Até domingo ;* s2

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