17 de dez. de 2012

Capítulo 1


ᡶ 
Fique comigo 


Oi, bebês lindos :3
PAOSKAÇ~POKAS MEU DEUS, MEU DEUS, eu tenho que falar sobre coisas. Coisas como: essa fic e o que elas tão fazendo com vocês POASKPAOKS
POR QUE DE BOA, EU TAVA COM UM POUQUINHO (...pouquinho) DE RECEIO DE POSTAR A RENASCER. Embora muitas pessoas estivessem ansiosas e tudo mais por ela, sabe, muitas outras viraram par mim e disseram "olha, Sarinha, não curto história e não sei nada sobre 2ªGM. Não vou gostar da Renascer".
E agora tá surtando.
E SABE, ISSO É MUITO FELIZ POR QUE.... era isso que eu queria fazer. Abusar do meu "poder" sobre vocês e fazer vocês gostarem de uma coisa incomum, mas... sei lá, enfim. Gerar comoção. Eu queria gerar comoção. E gerei.
Confesso que nada me deixou mais feliz do que os comentários de vocês no capítulo passado. O modo como vocês ficaram surpresos e tomados e ♥ é exatamente como me sinto ao escrever isso aqui. That's what I wanted.
Obrigada por estarem comigo.
ANYWAY! Hoje (17/12), como vocês sabem, É ANIVERSÁRIO DO NOSSO QUERIDO GUITARRISTA TAYLOR YORK!!!! Por um bom acaso, também é nesse capítulo que vocês vão conhecer o Soldado Taylor York.
Prontos para mais uma viagem? 




A respiração calma, o frescor do sonho na mente, lentamente seus olhos foram se abrindo. A primeiro momento, a cor marrom preponderando, a falta de captação dos detalhes, ruídos tristes sendo pegos vagamente pelos seus ouvidos. Sentiu o ar entrando e saindo dos pulmões enquanto a Terra voltava a ter cor, e ele tomava conhecimento de onde estava. Sentiu a boca levemente seca e o estômago vazio. Sentiu um leve calor na nuca. Sentiu uma pouco incômoda dor nos pés. Sentiu que os olhos queriam voltar a se fechar, e quase cedeu à vontade, não fosse a imagem que repentinamente surgiu a sua frente.
Joshua sorriu, seu coração se aquecendo de repente. Ali estava ela. Seu anjo. O anjo que ele se lembrava tão bem, de seus sonhos mais confusos, porém, tranquilos.
Não era apenas um delírio desesperado. Ela existia.
— Você é real — sua voz saiu rouca e desigual por falta de uso. O rosto dela, da mesma forma que ele se lembrava, ganhou certa cor. Sua boca esboçou um sorriso e seus olhos verdes encararam-no enquanto, sem muitas cerimônias, ela passou as mãos pela cintura dele, forçando-o a se sentar. — Achei estar delirando.
Ela não abandonou seu sorriso calmo e bonito, os dentes pouco separados, as maçãs do rosto belas e proporcionais, levemente coradas de um tom rosado.
— De fato, estava — disse ela, virando-se por um segundo para segurar um copo de alumínio portando um líquido que Joshua pensou ser água. — Chamou-me de anjo mais de uma vez da última vez que esteve consciente.
Sem saber bem como isso foi acontecer, os lábios do soldado portaram um sorriso bonito, fazendo a enfermeira perder-se por um segundo. Joshua sequer se lembrava da última vez que sorrira. Porém, com ela, sentia-se à vontade. Sem dor, sem decepção, sem angústia, sem sede de vingança. A simples presença dela lhe dava paz.
Paz o suficiente para sorrir.
— Não menti — disse ele, desfazendo lentamente o sorriso, para que ela entendesse de fato que ele não a estava cortejando (ao menos, não ainda). Honestamente, achava-a um anjo. Mesmo que isso a fizesse corar e negar levemente com a cabeça, como fazia agora. — Posso... saber o seu nome?
Com um novo sorriso nos lábios, ela encolheu os ombros, como se não visse problema em apresentar-se.
— Hayley — disse, finalmente. Com cuidado levou o copo de alumínio até os lábios secos de Joshua, que bebeu o líquido, sentindo-o molhá-lo inteiro por dentro. Não percebeu que estava com tanta sede. — Será que eu posso saber o nome do soldado que insiste em chamar-me de anjo?
Joshua mordeu um de seus lábios e encarou-a nos olhos mais uma vez. Hayley. Então era esse o nome dela. Fatidicamente, Joshua não pôde deixar de pensar, o nome combinava com ela. Combinava com seu sorriso cativante e seus olhos verdes. Combinava com seu cabelo louro, levemente solto pelos ombros, e combinava com seu corpo pequeno e bonito. Hayley. Combinava perfeitamente com um anjo.
— Sou Joshua — disse ele, finalmente respondendo à pergunta da moça. Ainda com o sorriso nos lábios rosados, ela assentiu com a cabeça, como se estivesse pensando exatamente a mesma coisa que Joshua pensara há pouco tempo sobre o nome dela.
Parando de encará-lo por um momento, Hayley virou-se para a mesma mesinha onde portava o copo em que Joshua acabara de beber água. Segurou uma pequena tigela também de alumínio e olhou para ele, mais séria.
— Consegue alimentar-se sozinho, soldado? — perguntou ela, fazendo Joshua franzir o cenho. Ele respirou fundo, dando-se conta naquele momento que não sentia mais frio. Não sentia mais dor. Não sentia mais a ânsia de vômito. Não sentia mais nenhum sintoma da maldita doença.
Levantou suas mãos, dando-se conta da força que retomara ao corpo, e esticou-as para o alto o máximo que pôde. Espreguiçou-se, finalmente, e sentou-se melhor na maca. Olhou para Hayley, que o assistia pacientemente, e sem motivo, sorriu.
— Creio que sim, anjo — disse ele, numa brincadeira que fê-la sorrir e corar mais uma vez. Hayley negou com a cabeça, como se discordasse daquilo, e sentou-se de frente para a maca de Joshua. Agora ele podia ver claramente os seus olhos verdes esmeralda, brilhantes, espelhando sua alma. Céus, como ela era linda.
— Pois bem — disse Hayley, entregando-lhe a tigela posteriormente. — Como não sabemos como anda seu organismo, fizemos uma simples sopa de grãos. Deve matar sua fome. Está com fome, soldado?
Joshua assentiu com a cabeça, segurando a tigela e tomando friamente a primeira colherada. De fato, não era a sopa mais gostosa que ele já tomara, mas acalmava seu estômago que se revirava de fome.
 — Isso é ótimo — disse ela novamente, tomando o gesto de Joshua como um sim. — É mais do que ótimo.
O soldado encarou a moça, vendo os olhos dela brilharem, sem entender o motivo.
— Por quê? — perguntou ele, então. Viu Hayley sorrir abertamente.
— Josh, você está bem — disse ela, sorrindo. — Dormiu por três dias seguidos desde a última vez que conversamos. Não sente mais dor, está comendo bem, está bebendo água. Olhe para você mesmo. Está mais corado, mais disposto, mais forte. Está sorrindo. E, pelo que vejo... — lentamente, as mãos macias de Hayley tocaram a testa de Joshua, afastando o cabelo liso — ...você não está mais com febre. Você... curou-se, Josh. Você conseguiu curar-se.
Lentamente, Joshua foi entendendo todos os motivos. Sim, era verdade, ele se sentia imensuravelmente melhor. Seria capaz de sair andando calmamente se quisesse, sentia fome, não se sentia tão fraco, podia ver que engordara — mesmo que ela houvesse lhe dito que ele dormira por três dias seguidos. Não sentia mais frio, ou dor. Na realidade, nem sequer se sentia angustiado.
Sua cura não havia sido apenas física, mas também emocional. Joshua soube, então, que não conseguira curar-se. Ela o havia feito.
Ela o salvara.
— Josh — ecoou ele, com um sorriso no rosto, sem encará-la. — Apenas meu pai costumava chamar-me pelo apelido. — Hayley levou as mãos à boca, como se achasse ter feito uma besteira. Abriu a boca para desculpar-se, Joshua sabia, mas ele fez questão de interrompê-la: — Posso dizer-lhe, senhorita, que não fui eu que me curei. Se estou curado da doença maligna, a culpa é sua. Você curou-me. Posso me lembrar. Você é minha cura — ele encarou-a veemente, notando que ela não sabia o que fazer ou dizer. — Você me prometeu que eu ficaria bem, e fiquei — Joshua lembrou-a, de modo que um sorriso mínimo nascesse no rosto da mulher. — E, por favor, chame-me de Josh. Adoro meu apelido quando são pronunciados pelos seus lábios.
O rosto de Hayley conseguia ser ainda mais lindo quando claramente ela não sabia o que dizer, e corava. Sua respiração ficara mais aparente, e foi então que Joshua sentiu uma grande vontade de tocá-la. Tudo nela era tão perfeito e angelical que ele queria tê-la junto a ele, sempre.
— Céus! — exclamou ela de repente, deixando-se levar por uma risada nervosa. Seu rosto conseguiu ficar ainda mais corado, de modo que Joshua sorriu também, sem entender seu súbito comportamento. — Detesto isso!
— O quê? — ele pegou-se perguntando, sem retirar o sorriso do rosto. Hayley, por sua vez, aliviou o seu para o olhar no fundo dos olhos dele.
— Essa sensação de que... — ela fechou os olhos por um segundo, procurando as palavras certas para terminar sua frase — essa sensação de que já conheço você. Ou de que, por algum motivo, deveria conhecer você.
Josh sorriu com a declaração.
— Sinto o mesmo — disse ele, preferindo inibir a vontade de dizer-lhe que sentia muito mais. Sentia como se ela fosse sua salvação, sua razão para viver, o anjo que Deus enviara para sua vida.
— Não sei o que fazer — declarou ela mais uma vez, olhando para baixo e encolhendo os ombros. — Nesses últimos dias, em que você esteve dormindo, só te acordávamos para alimentar-te e dar-te de beber. E mesmo que estivesse ainda meio inconsciente, você sempre pedia por mim. Você não se lembra disso, lembra-se, Josh?
Em verdade, Josh negou com a cabeça. Tudo o que lembrava-se era da primeira vez que a viu e de sonhos em que seu rosto era o ponto principal. Fatidicamente, não lembrava-se de pedir por Hayley quando supostamente era acordado.
— Não sei o que fazer — repetiu ela, novamente, encolhendo os ombros e dando um sorriso sem humor. Parecia em conflito consigo mesma, por algum motivo que Joshua não sabia dizer, mas precisou levar sua mão à dela. Apertou-a delicadamente, fazendo-a olhá-lo nos olhos. Um calor subiu pelos seus braços até inundar todo o seu corpo.
— Fique comigo — implorou ele, dando-lhe também uma contrapartida à sua declaração desesperada. Hayley encarou-o, surpresa, antes de esboçar um sorriso mínimo e apertar sua mão de volta.
— Tenho outros doentes para cuidar — sussurrou ela, quase imperceptivelmente.
— Precisa cuidar de mim primeiro.
— Você já está bem — contrapôs ela, encarando-o furtivamente.
Joshua esboçou um sorriso quase sapeca.
— Não, não estou — disse ele, dando ombros. — Não consigo alimentar-me sozinho.



[...]




— Não consigo acreditar. Tem certeza de suas fontes, Howard?
O soldado esboçou um largo sorriso sincero após retirar o cigarro dos lábios.
— Sim, Senhor. Eu mesmo o vi — afirmou ele, puxando mais uma tragada para os pulmões e soltando a fumaça no ar. O prazer do cigarro já se apoderava dele com toda a voracidade, sobretudo quando havia mais de três dias que Jonathan Howard não sabia o que era fumar. Assim como muitos outros soldados, ele tinha que contar com a sorte para satisfazer algumas de suas paixões. — Também não acreditava, e não pude deixar de vê-lo. É como um milagre. Ele está corado, forte. Até mesmo come bem.
Incomodado com a fumaça do cigarro de um de seus melhores artilheiros de tanques de guerra, o Sargento Davis tossiu fraco. Não entendia como seus homens deixavam-se vencer pelos vícios jovens, mas não era isso que agora o deixava pasmo.
Howard havia acabado de contar-lhe nada menos que um milagre. Farro se curara da doença tropical, aparentemente sem nenhuma droga ou cuidado especial. Curara-se sozinho.
Era inacreditável.
Davis deixou-se dar uma risada despreocupada, quase feliz, e coçou sua barba loura. De todos os soldados que estava perdendo para a doença, Farro era de longe o mais valioso. Eminente, forte, destemido, útil, e tinha profunda habilidade e parceria com suas armas. Sua habilidade bélica era invejável, provavelmente adquirida ao longo da vida com o pai.
— Não poderia me dar notícia melhor, Howard — disse o sargento, recostando-se em sua cadeira empoleirada. A sala de Jeremy não era muito melhor do que o dormitório dos soldados, na realidade. Apenas um lugar separado para que ele pudesse tomar decisões importantes e fazer reuniões com os homens em que mais confiava e os demais sargentos responsáveis pela operação. O lugar era rústico, erguido em lonas verdes e finas tábuas de madeira, e tinha como iluminação apenas a luz do sol que entrava pela fresta na lona que era o teto, ou se fosse necessário, as duas lamparinas que se encontravam na mesa de Jeremy. Não tinha cheiro, assim como tudo naquele lugar quente e seco. Uma das maiores saudades do sargento era poder sentir o nariz gelado numa manhã de inverno, ou o cheiro da terra molhada numa chuva de outono.
Naquele lugar não havia estações do ano. Era sempre verão.
— Estão dizendo que Joshua se curou por que não estava doente de fato, mas eu discordo, Senhor — Jon jogou mais um bocado de fumaça no ar e segurou o pito entre os dedos, encarando seu sargento com os olhos verdes e tranquilos. — Cheguei a vê-lo definhar, e posso garantir, ele estava tão moribundo quanto os demais homens. Receio que a súbita cura dele se deu a sua vontade de vingar o pai. Joshua precisa lutar.
Jeremy coçou sua barba, refletindo as palavras de seu artilheiro e amigo. De certa forma, até mesmo fazia sentido que Farro curasse a si mesmo pela sede vingança e luta. Uma das coisas que o pai do sargento sempre dizia era que a doença só pega um homem se ele se entregar a ela.
Talvez Farro fosse a prova viva das filosofias do pai de Jeremy.
— Temo que a cura de Joshua tenha se dado por isso — disse o sargento, ainda pensativo. — A vingança pode fazer um bom soldado, mas faz um mau homem.
— Uma verdade dita — concordou Howard. — Muitos soldados que aqui estão alistados querem vingança por suas famílias ou seu país, Senhor. É uma realidade.
Davis assentiu com a cabeça, concordando tristemente.
— Mal posso esperar para que esse pesadelo acabe — confessou ele para o artilheiro. Suspirou, sabendo que o dia seria longo e que teria muito trabalho pela frente. — Eu agradeço a consideração em vir me contar as boas novas, meu caro. Vou até a enfermaria para ver Farro assim que me for possível.
— Sim, Senhor — disse Howard, dando uma última tragada em seu cigarro. Uma pequena continência, logo o artilheiro estava fora da tenda do sargento, e precisou apertar os olhos para não cegar-se com o sol escaldante que fazia naquela manhã. Como sempre, viu poeira subindo enquanto um pelotão inglês partia escoltado de três tanques. Jon suspirou, sabendo que logo mais era ele que estaria em um daqueles tanques, manejando seus canhões, correndo risco de vida.
Howard detestava aquela guerra e mal podia esperar para tudo acabar. Quando decidiu que se alistaria, meses atrás, pensou que seria uma maneira de ganhar um dinheiro fácil e ter alguma emoção na vida. Não sabia o quanto estava enganado. Não sabia no que estava se metendo. Gostaria de voltar para New Jersey, aconselhar seus amigos a não se alistarem jamais, abraçar seus pais e sua irmã mais nova. Gostaria de não estar ali, com a garganta seca, sentindo a pele suar sob o sol escaldante do norte da África. Gostaria de não ter o perigo da morte a todo segundo. Gostaria de não estar nessa guerra.
Provavelmente, porém, Jonathan era um dos poucos que pensavam assim. Em seu dormitório, havia o mais variado grupo de homens brutos e patriotas, que não se importavam em dar suas vidas pelo país e passavam quase toda a noite falando bobagens, jogando cartas e dividindo cigarros. No dia seguinte, saíam pela linha de frente até o campo de batalha, armados, em bandos, e sentiam prazer em atirar nos soldados alemães e matá-los friamente. Sem se dar conta de que, mesmo nazistas, muito provavelmente aqueles homens tinham uma família para sustentar.
Hipócrita. Howard cuspiu no chão, enojado de si mesmo, enquanto fazia novamente o caminho até enfermaria. Quando se alistou, após o ataque em Pearl Harbor, achou estar fazendo o certo. Cem dólares no bolso, uma vida de glória por lutar na guerra contra os homens que queriam o definho da América. Estava tão errado. Fizera tantos amigos e os vira morrer, deixando mulher e filhos sozinhos em suas casas. Estava matando. Todo dia. Acabava com centenas de famílias toda vez que mirava seu canhão e gritava fogo. Destruía vidas.
E isso era apenas tão errado para ele. Por que, então, todos o ensinavam como se fosse o certo?
— Ei, amigo! — Jon suspirou e abriu um sorriso, reconhecendo de imediato a voz de York. Virou-se, encontrando o homem com seu chapéu bege virado para o lado e um sorriso no canto dos lábios. Taylor devia ser o único fuzileiro naval no mundo inteiro que conseguia manter-se sempre de alto astral. Era um milagre que não estivesse carregando seu violão velho, encordoado em nylon. — Está indo ver o Farro?
Howard esperou Taylor chegar até ele, em passos rápidos, para apertar sua mão.
— Estou, sim — disse o artilheiro. — Vi-o na tarde anterior, mas não pudemos conversar bem. Pensei em visitá-lo agora, antes de deitar-me um pouco.
— Sairemos em poucas horas — Taylor colocou uma mão no quadril, respirando fundo o ar seco africano. Howard sabia que o rapaz também não era um fã das guerras, mas Taylor tinha seus próprios motivos para estar lutando. Era pelo menos dois anos mais velho que Jon, de vinte e um anos. — Pretendia ver Joshua também. Algo não está certo nessa súbita cura de nosso amigo. Além disso, ainda não tive a oportunidade de visitá-lo.
Jon conhecia aquele sorriso de canto de Taylor. Provavelmente já chegara aos seus ouvidos que Farro havia sido curado por uma moça. Honestamente, Jonathan não acreditava que Joshua havia curado a si mesmo por ter apaixonado-se por uma das moças enfermeiras, mas sabia que Taylor acreditava mais no amor do que em qualquer outra coisa. Notava-se facilmente pelas músicas que ele costumava tocar em seu violão, durante a noite.
— Pois então vamos juntos — disse Howard, já com um sorriso estampado em seu rosto, pondo-se a andar na direção da enfermaria. Havia alguma coisa no astral de Taylor que conseguia contagiá-lo. Contagiava a todos.
Jon gostaria de ser assim. Talvez não se sentisse tão mal por estar na guerra se o fosse.
— Ouviu os boatos? Dizem que Joshua se curou por que apaixonou-se por uma das enfermeiras — Taylor pôs-se a falar, e Jonathan sorriu e assentiu com a cabeça. Ora, os boatos sobre a cura de Joshua era o novo assunto ápice da conversa dos soldados. Sinceramente, eles podiam tudo inventar.
— Ouvi boatos de que ele sequer estava doente, ou de que o espírito do pai curou-o para que ele pudesse vingá-lo — Howard comentou, fazendo que não com a cabeça. — Não se pode acreditar em tudo o que esses homens dizem, Taylor. Boatos são boatos.
York sorriu.
— Um dos homens está enamorado de uma enfermeira também, e ela lhe disse que Joshua costuma chamar a tal moça de anjo — disse ele, com o tom de voz convencido. Howard sorriu. O amigo definitivamente acreditava naquela história.
Bem, nada melhor que um pouco de magia para uma terra tão desprovida de boas emoções.
— Não me parece do feitio de Joshua — disse Howard, entretanto. Ora, ele bem conhecia Farro, e sabia que ele era um homem fechado e puramente vidrado em suas batalhas. Quase nunca o vira sorrir. Apenas quando Taylor conseguia fazer uma piada verdadeiramente boa.
— Homens podem mudar por amor, meu caro — contrapôs o fuzileiro. — Sou um exemplo vivo disso. Toda a felicidade que tenho dentro do peito é por minha amada e minha linda filha. Antes disso, acha que eu era como sou hoje? Era apenas um molecote.
Howard sorriu. Honestamente, ainda via Taylor como um molecote.
— Não discordo disso, mas você há de concordar que as histórias chegam distorcidas aos nossos ouvidos. A cada boca, uma nova versão — disse ele, consciente de que mesmo soldados podem deixar-se levar pelo espírito da fofoca. Sobretudo em uma situação como essa.
— Acho que teremos de escutar as palavras de nosso querido Farro.
— É a única maneira para que eu acredite em uma história como essa.
Com sorrisos nos rostos, os soldados seguiram paralelamente durante mais alguns minutos até estarem novamente na enfermaria. A posição do sol denunciava que faltava no máximo uma hora para o meio-dia. Assim que o pelotão inglês voltasse, outros homens partiriam para a luta quase interminável, e dentre eles, Taylor e Jonathan. Porém agora suas mentes estavam ocupadas com o estado de Farro.
Logo foi avistada a tenda que era uma das enfermarias, pouco maior que as demais tendas comuns. Era possível escutar o lamento dos doentes e machucados que recebiam os cuidados precários das enfermeiras ou apenas esperavam a hora de sua morte. Tanto Jonathan quanto Taylor, e todos os demais soldados, sabiam da existência da grande vala situada a alguns metros das tendas. Foi cavada assim que a operação começou e lá eram jogados todos os corpos dos soldados que morriam nas enfermarias. Quando Joshua contraiu a doença, poucas semanas antes, aterrorizou a Taylor e Jon saber que seu corpo estaria amontoado em meio a tantos outros, enquanto sua alma frustrada sofria por não vingar o pai.
Agora, milagrosamente, ele estava curado. Curou-se de uma doença que nenhum outro soldado conseguira escapar anteriormente, aparentemente sem nenhuma droga, nenhum tratamento, nenhuma ciência. Todos comentavam esse fato compreensivamente, uma vez que a cura de Joshua queria dizer que os outros soldados também poderiam se curar. E curados, poderiam lutar.
— Odeio esse lugar — Jon escutou a voz de Taylor comentar assim que eles chegaram perto da enfermaria em que Joshua estaria. Ele saíra da outra tenda, de moribundos apenas pela doença tropical, e agora estava em uma tenda onde ficavam apenas os homens que tinham ferimentos mais leves. Ou que estavam ficando loucos.
Infelizmente, acontecia com frequência. Às vezes o psicológico dos soldados era menor do que a maldade e frieza que os cercava.
— Eu também — Howard pegou-se concordando quando passou pelas macas, homens lamentando, enfermeiras tentando alimentá-los. A tenda cheirava a doença. O sofrimento era tão forte que parecia engoli-lo aos poucos, eminente, prepotente. O homem engoliu em seco algumas vezes, desejando não estar ali.
— Sabe onde está Joshua?
— Sim, sei — Jon apontou para o fim da tenda. — Logo ali. Vamos.
Seguiram, ambos incomodados, até o fim da tenda que parecia maior do que todas as outras. Howard notou que mesmo Taylor retirara seu sorriso do rosto, e isso apenas acontecia quando o amigo estava enfiado em uma trincheira, portando uma arma, fazendo o que mais detestava na vida.
Mesmo que, lá no fundo, Howard achasse que Taylor nunca atirara para matar.
Ao chegar à precária maca de Joshua, Howard suspirou em reprovação ao ver que o amigo dormia tranquilamente. Parecia não ter nenhuma preocupação ou medo, descansando como se estivesse em sua própria casa, mais do que calmamente. Jon nunca vira ninguém dormir dessa maneira desde que entrara na guerra.
— Parece corado — Taylor comentou. — Mais forte do que da última vez que o vi. Realmente se curou.
Jon assentiu com a cabeça.
— Sim, ele está bem — disse ele. — Me confessou ontem, no pouco tempo que conversamos, que não aguenta mais ficar nessa maca. Está maluco para voltar à atividade.
— Me parece uma atitude digna de Joshua — uma sombra de sorriso passou pelo rosto de Taylor. Jonathan engoliu em seco mais uma vez, o gosto do cigarro na boca, uma vontade indefinível de ingerir alguma cafeína tomando-se por sua garganta. Tossiu fraco, sabendo que Taylor aproximara-se do soldado adormecido por que estava pronto para acordá-lo.
— Com licença, Soldados — uma voz doce ecoou, fazendo-os parar. — O Soldado Farro precisa de descanso, não podem acordá-lo.
Taylor e Jonathan viraram-se abruptamente, dando-se com a figura de uma mulher que trajava o uniforme de enfermeira. Cabelos louros, olhos verdes, rosto que apesar de tudo demonstrava autoridade. Mesmo que não fosse alta, os rapazes poderiam dizer que ela tinha minimamente dezenove anos.
— Ele estava muito bem ontem à noite, quando vim visitá-lo — Howard contrapôs a ordem da enfermeira, decidido a falar com Joshua antes de partir. Taylor muito provavelmente não aceitaria um não como resposta, também.
— Ainda está em observação, por isso, precisa descansar — a mulher encarou-os, como se estivesse dando a última palavra. Taylor suspirou.
— Só gostaríamos de falar com ele pouco antes de partimos para a batalha — disse o mais velho, já com o sorriso de volta ao rosto.
— Não vai ser possível — disse ela, novamente, inalcançável, inabalável. — Voltem mais tardiamente, quando ele estiver acordado.
— Tudo bem — Taylor respirou fundo, fingindo-se dar por vencido. — Voltaremos mais tarde, caso sobrevivamos ao duro e cruel ataque alemão — lamentou-se ele.
Jonathan quase sorriu ao notar que a mulher deixara seus lábios se curvarem, segurando a vontade de dar uma risada.
— Bela tentativa, soldado — disse ela, já sorrindo. Taylor deu de ombros, como se dissesse que precisava tentar. — Aviso a Joshua que os soldados...
— Howard e York — disse Jon, completando a frase da moça.
— Howard e York — repetiu ela. — Digo a ele que os soldados passaram para vê-lo. Muito provavelmente Josh não ficará mais do que alguns dias aqui.
Jon e Taylor se encararam por um segundo, tendo certeza de que a enfermeira dissera mesmo o apelido do soldado Farro. Ela realmente dissera, não dissera? O sorriso de Taylor deu toda a certeza que Jonathan precisava.
— Tudo bem, muito obrigado, enfermeira...
— Hayley.
— Hayley — Taylor repetiu o nome da moça, e Jonathan teve certeza de que o amigo se convencera de que se existia um “anjo”, ali estava ele.










oooooooi :3

Curtiram? Mereço comentário?
Para quem ficou confuso sobre o Soldado Howard e não se lembra de onde ele vem, ELE NÃO É UM PERSONAGEM ORIGINAL. Acontece que eu sempre quis enfiar o Jon em alguma história e BAAAM OPORTUNIDADE SURGIU. Enfim.
Jon Howard é o guitarrista de turnê da Paramore. Aqui, artilheiro de tanque de guerra. BEIJOS PROS QUE NÃO SABIAM QUE PRECISA-SE DE PELO MENOS TRÊS PESSOAS PRA QUE UM TANQUE DE GUERRA ANDE. 
#CoisasQueAprendoEstudandoParaEscreverRenascer
Acho que se o governo revisasse meu histórico eu seria presa ou stuff.
Novamente, preciso dizer o quão... o quão... putz, o quão... incrível é escrever Joshay nessa fic? Eu quero morrer de fofura quando invento essas coisas. Por favor ;-; tão apx, tão apx <3 Eles têm uma ligação tão... ai. Ai, Sarah. Por favor, Sarah. Ai, ai, Sarah. 
Gente, cês viram o trailerzinho que eu fiz? *U* Eu já to com esse projeto há milênios, etc, mas só ontem tive a paciencia de juntar tudo de verdade. A qualidade ficou péssima, so sorry, por que VOCÊS SABEM O QUANTO É DIFÍCIL FAZER FIC TRAILER DE BANDAS, PUTA QUE PARIU? PRO INFERNO! JOSH QUANDO APARECE NOS VÍDEOS, OU TÁ COM POKERFACE OU FAZENDO PALHAÇADA. HAYLES APENAS SORRINDO/DANÇANDO/BRINCANDO/JOGANDO/PESCANDO. CARAMBA. ELES NUNCA FICAM TRISTES????????????????????
Se ficam, nunca filmam. Plmdds. 
Enfim, eu fiz, se vocês quiserem dar uma olhadinha vai ser +qd+. Se quiserem compartilhar pros amg vai ser +qd+ tb <3 


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Acho que é isso. Comentem pra mim?
Muito amor,
Sarinha <3 




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