12 de jan. de 2013

Capítulo 3


Só estou vivo se estiver contigo 





Oooooi bebês lindos *U* Como vão vocês?
Eu estou muito bem, obrigada. Com saudade de ter internet todo dia, mas sobrevivendo. AUEHAIEUAHEIUAHEIUAEH
Não farei outro update por que as coisas continuam na mesma pra mim. Mas, como prometi, babys, SÁBADO É DIA DE ATUALIZAÇÃO. Daí vai ser sempre assim a partir de agora. Sábado, att. Always. Não esqueçam isso. Escrevam em suas agendas e marquem em seus calendários. Sábado é dia de atualização das fanfics do (Con).
Hoje Sarinha escreveu para esta fic amor <3
Mas vamos falar sobre a atualização passada.
Gente, sem querer ser chata mas já sendo insuportável, kd vcs? ._. me sinto abandonada mimimi
Mas enfim. Quem comentou, eu percebi que gostaram muito do meu Pierre, embora ele nem tenha aparecido <3 açska~s´polps´pas e esta Hayleeeeeeeey *U*
Eu não escondi, nem nesse último cap e nem no Trailer, que ela tem um segredo. Enfim. Ando dando muitas pistas. Vamos ver se vocês acertam.
E o Josh é mesmo o mais romântico que eu fiz, por que a história toda envolve um universo densamente trágico. Dramático. E isso meio que eleva meu espírito românico e me faz escrever essas coisas. Pois é. PAÇOSLKÃSPÓLA~´SPL]S´PAÇS 
E PFVR ESTE JEREMY "SOU-UM-PAI-PARA-O-JOSHUA" É MEU JEREMY MAIS ÇPAKSLÇPOAJKAJKIEAOLS A~SÓLA~POKÕHJQWPOJÕKSAA~PJ ASOPKEPOAIK´POLAS SÉRIO <3 amo amo amo
Mas enfim, amores. Essa fic é forte, sabe, embora esteja no começo e vocês ainda nao percebam isso. Eu tenho que ficar estudando e ._. anyway. Vamos para a att <3 ela ficou maiorzinha do que as demais, mas vocês vão gostar. Como prometi, terá uma nova personagem que <3 ai. só que </3 por que nao posso dizer. Mas ai. Além disso, OLHEM SÓ O TÍTULO SUGESTIVO. af ãpso][s´ça´[sças ai 
OPÇASK~POL~´SLPASP vão ler <3 





Havia sangue em suas mãos.

Com a ânsia correndo o estômago, a moça praguejou a si mesma por aquilo em pensamento enquanto tentava lavar-se em uma bacia enorme, mas com pouca água. O estoque potável estava cada vez mais escasso, e honestamente, ela perguntava-se diariamente o que aconteceria com a operação quando não houvesse mais o que se beber, sobretudo naquele lugar inescrupuloso. Sem que pudesse perceber, ela comprimiu os lábios ao tentar retirar o sangue seco de suas unhas.
Detestava quando os pelotões voltavam das guerras. Precisava fazer os piores curativos, limpá-los, conter todas as suas hemorragias, enfaixar e passar o pouco remédio em feridas e cortes já antigos, sujos e empoeirados, inflamados, cheios de pus. Tudo isso só para mandar aqueles homens de volta para suas trincheiras e seus tanques eminentes, de modo que eles pudessem servir a pátria como verdadeiros cidadãos, matando seus inimigos sem qualquer peso na consciência. Então, após a guerra, se conseguissem, voltariam para casa, sem os dedos da mão ou com uma bala alojada na coxa, mas encheriam o peito de orgulho ao dizer para os filhos que contribuíram em uma guerra onde milhões de pessoas morreram sem qualquer motivo.
Porcos imundos. Ela detestava todos eles.
— Hayley, não te esquece de passar as ervas nos braços, pelo amor de Cristo! — a voz fina da garota seis anos mais nova que Hayley e a urgência que ela empregara na oração fez com que a mais velha desse uma risada quase descontraída.
— Não me esquecerei, não te preocupe — ela direcionou um olhar quase bem humorado para a menina, que assentiu com a cabeça enquanto sacudia as mãos para retirar os vestígios de água. Um absurdo que mesmo tão nova ela já era obrigada a ver tantas coisas, e lidava com elas de modo tão maduro.
De certa forma, Hayley se via nela.
— É bom que não o faça, por que do contrário, você sabe — a garota deu de ombros —, pegará a doença tropical como todos os outros. Aquelas ervas repelem os mosquitos!
— Deixa de ser tola, menina! — apontou a enfermeira Watson, com seu sotaque britânico acentuadíssimo e extremamente desagradável aos ouvidos das duas garotas ali presentes. Embora Hayley também tivesse um sotaque britânico e dissesse a todos que viera de Manchester, sua fala nunca fora tão acentuadamente irritante. A enfermeira Watson parecia fazer questão de enfatizar sua voz. — Estas suas porcarias mal repelem as muriçocas que me atormentam durante a noite!
Hayley não interferiu, mas viu os olhos azuis da garota queimarem. Entendia, entretanto. A enfermeira Watson, como superintendente, era a que ficava responsável por ditar todas as regras dentre as demais mulheres. Provavelmente a única que realmente trabalhou com medicina antes da guerra, conseguia ser mais desagradável do que um doente em seu pior estado.
— Pois bem, então! Não te darei mais as ervas e espero que os mosquitos comam-te viva, ou infectem-te da mesma forma que fez com todos aqueles homens que morrem na tenda que a senhora nunca arriou o pé! — a menina Jenna respondeu, o peito arfando e os olhos crepitando, com bravura, coragem, rebeldia, e um bocado de estupidez. Tinha apenas treze anos, e praguejar a superintendente jamais seria uma atitude sagaz, não importa o quanto ela estivesse correta.
— Cala a tua boca, criança, que você não está lidando com suas amiguinhas! Dou-te uma surra que nunca esquecerá! — a velha respondeu no mesmo tom, passando as mãos ainda sujas de sangue pelo avental branco.
Hayley fechou os olhos por um segundo e pediu a Deus para que aquela discussão acabasse. Simplesmente não queria colocar-se no meio das duas mulheres para aplacar uma briga. Céus, elas estavam em Guerra Mundial! Será que era pedir demais alguns minutos sem a profunda presença e convicção de violência?
— Pois dê-me! — provocou Jenna. — Dê-me, e quero ver como irá dar conta de cuidar de todos aqueles doentes infectados, se morre de medo do contágio! Quero ver quem, além de mim e Hayley, tem coragem de entrar naquela tenda e tratar os pobres moribundos como os seres humanos que são! Quero ver quem vai fazê-lo, senão eu mesma!
A enfermeira Watson aproximou-se de Jenna e encarou-a furtivamente, como se fosse matá-la com suas próprias mãos a qualquer momento. A menina, entretanto, não abaixou sua cabeça e retribuiu o olhar a altura, demonstrando com o rosto todo o sentimento de profundo desprezo que sentia por sua superior sem medo de ser castigada.
— Acha que é muito importante, não é, menina? — sussurrou a enfermeira Watson. — Pois deixe-me dar-lhe uma notícia: você não é. É apenas outra garotinha perdida, enviada a este fim de mundo para poder ajudar ao menos um pouco o seu país imundo. Terá sorte se sair viva daqui.
Mas a menina Jenna, ao invés de intimidar-se, esboçou um sorriso sarcástico.
— Honestamente, enfermeira, sem a ajuda ilustre de minhas ervas, quem em breve sairá morta dessa operação não serei eu — a hostilidade presente na calmaria do tom de voz de Jenna era assustador. — O nome da doença é malária, ela é transmitida por um mosquito, e a não ser que dê um jeito de mantê-los longe de sua pele, cedo ou tarde acabará tendo o mesmo destino de nossos conterrâneos: a vala.
— Jenna — Hayley decidiu interferir, já prevendo que a superintendente começasse a vociferar e xingar a menina de todos os palavrões possíveis e existentes. Sua voz saiu firme, limpa, sem escárnios, como uma repreensão bem colocada. A garota de treze anos calou-se, embora a superintendente houvesse saído dali xingando-a de tola e insolente.
— Mas nem todos os nossos conterrâneos acabaram na vala — como um milagre, agora o rosto da adolescente ganhara cor e leveza. Um sorriso nascera em seu belo rosto. — Não é, Hayley?
O abalo da frase de Jenna na jovem de dezenove anos foi muito maior do que ela deixou transparecer. Molhou as mãos mais uma vez e esfregou-as na pedra de sabão, trabalhando para que o sangue seco de dissipasse da parte de dentro de suas unhas.
— Não sei do que está falando, Jenna — sua voz, como sempre, saiu limpa e firme. Seus olhos concentravam-se na tarefa de limpar as mãos e não demonstravam o abalo emocional sempre presente nela quando Joshua era mencionado, ainda que implicitamente.
— Não sabe, não sabe... — a garota ecoou as palavras da colega com um sorriso bonito no rosto. — Certo, fingirei que acredito. Ei, escutou os boatos?
Hayley sorriu.
— O que mais escuto nessas terras são boatos, Jenna.
— Estes são diferentes! — ela aumentou o tom de voz, como se para dar total credibilidade aos seus argumentos. — Na realidade, estão confirmados. Vão levar os homens da doença tropical aos Estados Unidos. Parece que a cura espontânea de seu mais novo namorado lhes deu esperança, e um avião virá buscá-los disfarçadamente.
— Eu não tenho um namorado — Hayley se apressou a dizer, embora sua cabeça trabalhasse atentamente em outras informações às quais a adolescente acabara de confidenciar-lhe. — Tem certeza disto?
— Sim, ouvi a megera conversando com o Sargento Davis. Ele disse-lhe para providenciar uma enfermeira que cuide da estadia da viagem dos doentes, e como apenas eu e tu temos coragem de entrar naquela tenda... — a menina deixou a frase morrer, tendo consciência de que Hayley sabia o que aquilo queria dizer. Certamente não queria entrar em um avião, embora tivesse consciência de que não precisava preocupar-se com isso. Depois da discussão que a superintendente tivera com Jenna, era bem mais capaz que a menina se expusesse ao perigo. Não Hayley.
Não tinha tempo para sentir pena, entretanto. De certeza, era uma boa informação que lhe fora contada em primeira mão, sobretudo quando havia sido confirmada pela garota em que Hayley mais confiava dentre as enfermeiras. Não havia nenhum motivo aparente para Jenna mentir, e ela jamais o faria.
Por isso, quando elas terminaram de lavar suas mãos e Jenna se dirigiu à tenda dos doentes tropicais, Hayley disse-lhe que iria até o dormitório para espalhar as ervas sobre os braços. Mas ao invés disso, abriu seu caderno de couro preto, molhou sua pena preferida na tinta e pôs se a redigir a notícia com toda a destreza para qual foi treinada.



[...]



Desde sua cura, ele não sentira mais a dor martelar em sua cabeça, forte e implacável, como se uma marreta estivesse dentro de seu crânio e tentasse sair a todo custo, jogando-se com força contra sua testa. A enxaqueca era terrível, mas naquela época, simplesmente não passava. A única coisa que pudera curá-la foram as mãos de Hayley.
Agora, sentado em sua maca e aprendendo a ignorar os lamentos dos homens sangrentos que estavam por toda parte, a cabeça de Joshua doía de novo. A carta de sua mãe continuava com ele, ainda aberta, enquanto ele relia mais e mais vezes. Num intervalo de doze horas, já a havia lido pelo menos cinco dezenas de vezes, procurando naquelas palavras a resposta para sua decisão.
Deveria voltar?
Com um suspiro, o soldado afundou o rosto em suas mãos calejadas. Não sabia mais o que fazer. Adentrara a guerra com o objetivo único de morrer pelo país e vingar seu pai com toda a bravura e coragem que tinha dentro do peito. Sabia que nas poucas batalhas em que participara, Joshua o fizera. Sempre foi muito bom com as armas, e dentro daquelas trincheiras, atirava na linha de frente acompanhado do sargento de seu pelotão. Dizimara mais alemães do que podia se lembrar, mas também conseguira salvar a vida de alguns amigos. Antes de ser atingido pelos sintomas implacáveis da doença, preparava-se para mais uma batalha, sem nenhum peso na consciência ou medo da morte.
Mas agora algo mudara dentro de Joshua. Não se sentia mais o homem frio e voltado para guerra como era antes de ser infectado e curado. Não se sentia mais inútil. Era como se uma parte dele, a emocional, houvesse deliberadamente reaparecido depois de muito tempo. Como se uma parte dele houvesse renascido.
De certa forma, Joshua, agora, se sentia... vivo. E sabia que isso se intensificava quando estava ao lado dela, de seu anjo. Sabia que o renascimento de sentimentos como a saudade, a mágoa, a culpa, o amor, era culpa do aparecimento de Hayley em sua vida. E, agora, mais do que tudo, Joshua sentia medo de morrer.
A carta de sua mãe intensificara tudo. Ver sua caligrafia, itálica, com seu habitual risco fino, fê-lo lembrar-se e sentir uma falta tão grande da mulher, que quase não conseguia se aguentar. A saudade comprimia seu peito, e ele queria, como queria, ver seu rosto de novo.
A incerteza sempre fora o sentimento que ele mais detestara. Embora soubesse que prometera ficar na operação e vingar seu pai, agora se perguntava se era mesmo o que deveria fazer. Queria voltar, ver sua mãe, manter-se vivo, acima de tudo. Mas também queria ficar e lutar, como prometera, e ver o rosto de Hayley sempre que se dirigisse a enfermaria. Seu sorriso bonito, seus olhos verdes que aqueciam sua alma, seus cabelos louros e perfeitamente alinhados ao seu rosto. Seus lábios rosados e bem delineados, que Joshua esperava um dia pressionar contra os seus.
Não aguentaria ficar longe dela. Não mais.
E embora ele supusesse que, para um avião transportar doentes, era necessário uma enfermeira para acompanhar o trajeto, duvidava imensamente que Hayley fosse de fato a escolhida para tal. E se por acaso fosse, algo dizia dentro dele que ela não aceitaria a missão e continuaria na operação, ali mesmo, no norte da África.
Joshua estava dividido e não sabia que lado escolher, o que fazer. Queria e não queria voltar. Sentia falta de sua mãe, mas se fosse para os Estados Unidos, morreria de saudades de Hayley. Queria vingar o pai, mas não queria mais morrer. Queria continuar na guerra, mas ainda assim, queria mais do que tudo que aquela guerra acabasse.
Tudo parecia tão distante. Tão incerto. Sua cabeça martelou de dentro para fora novamente, implacável, lembrando-o de que ele tinha uma decisão a fazer, embora não conseguisse decidir com clareza. Ele deitou-se de uma vez e fechou os olhos com força, forçando seu cérebro a esvaziar-se e sua cabeça a parar de doer. Não conseguiu nenhum dos feitos, entretanto. As incertezas e pensamentos confusos continuavam lá, assim como a dor.
— Josh? Está dormindo?
Como um milagre, seu rosto ganhou um sorriso imediatamente. Ele poderia reconhecer aquela voz firme e majestosa em qualquer lugar do mundo.
— Estou — respondeu ele, bem-humoradamente, subitamente esquecendo-se de todos os seus problemas. Pôde escutar a risada dela também, e isso o aqueceu por dentro. — Estou em meu mais profundo sono e, nesse momento, estou sonhando com a mulher mais linda que já vi. Chama-se Hayley e parece-me um anjo.
Com um tapa singelo diferido pelo seu ombro, Joshua abriu os olhos e encontrou-a, linda, com um sorriso envergonhado perdido no rosto. Sentou-se na maca e segurou a sopa de grãos que ela o trazia, como sempre, todo dia naquela hora da tarde. Em verdade, já se sentia forte o suficiente para sair dali, mas simplesmente adorava a companhia de Hayley, mais do que tudo. Era só o que importava.
— Deixe de ser tolo e tome sua sopa, está bem? — disse ela, com o mais bonito dos sorrisos no rosto. Joshua assentiu com uma breve continência, fazendo-a rir mais uma vez. Não sabia como aquele homem tão sofrido conseguira transformar-se em um rapaz tão charmosamente bem-humorado. Não sabia, sobretudo, o que acontecia com ela para que gostasse tanto daquilo.
— Como foi seu dia? Não a vi ontem e nem hoje pela manhã — perguntou ele, de repente, enquanto começava a tomar sua sopa. Como vinham fazendo desde o dia que Joshua acordara, ela sentava-se ao lado dele e fingia ajudá-lo, enquanto ambos conversavam sobre assuntos cotidianos e similares. Não importava, na realidade. Simplesmente gostavam de desfrutar da companhia um do outro.
Hayley suspirou.
— Não pude vir por ter de cuidar dos novos feridos. Muitos homens chegaram ontem das trincheiras, ao mesmo momento em que mais deles eram enviados. Dois dias inteiros, Josh. Alguns deles traziam amigos nos braços, já mortos, na esperança de que nós pudéssemos trazê-lo de volta a vida. Outros, simplesmente estavam baleados. Um deles morreu na minha frente por ter sido atingido na garganta. Os casos mais simples, tiros de raspão nos ombros, na cabeça. Alguns deles perderam membros com as granadas. Muitos estão sendo enviados para a vala neste exato momento — ela simplesmente não conseguiu parar de falar, com os ombros encolhidos, o olhar triste baixo. Joshua sabia o quanto ela detestava tudo aquilo, como detestava tratar de doentes só para que eles voltassem para a guerra e morressem. Embora ela não admitisse, estava estampado em seus olhos o horror que sentia ao ver tanta gente morrer por um ideal para o qual ela não lutava e muito menos acreditava.
Quis abraçá-la, mas ao invés disso, apenas tocou sua mão pequena e apertou-a sentidamente. Notou que ela apertava de volta, massageando o polegar na palma da mão dele, com um meio sorriso no rosto. Parecia iluminada enquanto encarava suas mãos entrelaçadas.
— Por isso inventei qualquer desculpa e vim ver você — disse ela, enfim, sem olhar em seus olhos. Seu sorriso ficou maior. — Não sei o que acontece, apenas sei que você me faz bem.
Então ela o olhou, com aquelas suas órbitas verdes esmeralda, brilhantes e absolutamente lindas. Aquele seu rosto iluminado, aqueles lábios rosados e levemente secos. Angelicamente.
— Você sabe que é o que me faz vivo — retribuiu ele, com um sorriso no rosto, encarando-a furtivamente. Abriu a boca para dizer mais, porém foi interrompido por ela:
— Não chame-me de anjo novamente, por Deus — disse ela, sorrindo, envergonhada, adivinhando as próximas palavras dele.
— E por que não? — o sorriso não abandonara a face de Joshua.
Hayley olhou para baixo, torcendo seus lábios timidamente.
— Por que não é verdade, Josh — respondeu ela, em tom explicativo. — Não sou um anjo. Nunca fui, e não estou nem perto de ser.
— Eu digo que está enganada — ele deu de ombros, como se não se importasse com as palavras dela. — Pode não ser um anjo comum, mas é o meu anjo. Disso tenho toda certeza.
Hayley sacudiu a cabeça, vencida.
— É mesmo impossível contestar você — disse ela, resignada, sem forças para discutir com Joshua pela verdade. Detestava-se por não ser o anjo que ele pensava que ela era, e esperava que um dia ele percebesse isso sem que ela precisasse dizê-lo. — Não está tomando sua sopa, Josh. Trate de comer. Sairá daqui ainda hoje.
Joshua assentiu com a cabeça e soltou sua mão após apertá-la mais uma vez. Enfiou uma colherada garganta abaixo, forçando-se a engolir o líquido.
— Gostaria de não ir embora — lamentou ele, o rosto encarando a tigela.
Hayley sorriu.
— Por quê? Céus, você passou a última semana sentindo-se bem, enfurnado nesse lugar cheio de miséria, e quer ficar? — perguntou ela, sem conseguir entender como seria possível que o soldado dissesse uma coisa daquelas. Era apenas surreal.
Foi então que ele suspirou, e o humor anteriormente presente em sua face deu espaço a tristeza e a angústia. Hayley deixou seu próprio sorriso se dissipar ao perceber que Josh não estava bem.
— Ontem o sargento veio me visitar — começou ele, sem tocar sua sopa. — Disse-me que minha súbita cura deu-lhe esperanças, e disse-me que um avião estava vindo buscar os doentes para serem tratados na América. Porém... ele me pediu para ir junto. Deixou-me sozinho com meus pensamentos, com o direito de escolha, e com uma carta recém-chegada de minha mãe. E... agora... simplesmente não sei o que fazer.
O choque da notícia fez Hayley achar que fosse desmaiar. Viu o mundo rodar abruptamente, até que suas vistas ficassem completamente negras. Nada viu, nada escutou, durante o tempo que lhe pareceu uma eternidade. Sentiu o pânico nascer na boca de seu estômago e tomar todo o seu corpo, com força e deliberadamente, fazendo dela uma completa escrava. Tudo ainda estava escuro, seu corpo havia endurecido, e demorou uma eternidade para o mundo voltar a ter cor. Ela avistou os cabelos lisos e os olhos castanhos de Josh e sentiu vontade de chorar, o desespero domando-a por completo.
Suas mãos começaram a tremer. Josh estava pensando em embarcar naquele avião? Não! Josh não podia entrar naquele avião! Não podia, Deus, não podia entrar! Hayley estava estática, pasma, seus olhos pararam como se fossem pedras, e em sua mente apenas ecoava a culpa, o desespero. Seu coração pareceu parar por um segundo e, depois, passou a martelar com toda a força e velocidade dentro de seu peito. O pânico tomara conta de sua mente, seu corpo, e sua alma.
— Não vá! — suas palavras saíram mais altas e desesperadas do que ela calculara. Não se importou, entretanto. Josh não podia ir! Não podia entrar naquele avião, por nada nesse mundo! Não podia! — Por favor, Josh, por favor!
O soldado encarou a mulher com seus olhos agora confusos. Nunca a vira daquele jeito. O desespero em seu olhar, o pânico presente em sua voz vacilante. O rosto completamente pálido e sem cor, implorando-lhe, suplicando-lhe. Pegou Joshua completamente de surpresa, subitamente. O homem não esperava por aquilo.
— Ainda não decidi o que fazer, anjo — disse-lhe com a voz mais terna que tinha, os olhos encarando-a como se para tranquilizá-la. — Ainda não sei como sobreviver senão ao seu lado.
— Josh, por favor, por favor... — seu olhar suplicava, desesperado. Joshua viu-a se aproximar, deliberadamente, e suas mãos tocaram seu rosto de modo sentido. Como se ela precisasse senti-lo para saber que aquele momento era real, que ele realmente considerava a hipótese de deixá-la. — Não entre naquele avião, eu imploro! Não vá embora. Por favor, por favor... Eu não posso deixar-te ir... Não posso... Josh, por favor, não vá. Eu suplico. Não me deixe aqui...
Sua voz estava quase chorosa, desesperada, e seus olhos encaravam-no profundamente, com todo o pânico existente em seu interior. O medo era tão forte e desencorajador que contagiava-lhe, fazia com que ele tivesse o ímpeto de segurar o rosto dela também. Virou as pernas para o chão, ficando, então, de frente para Hayley.
Foi a primeira vez que ela o abraçou. Simplesmente jogou-se nos braços do rapaz, passando as mãos pelo ombro dele, sentidamente, sem parar de fungar e implorar para que ele ficasse. Segurava sua nuca como se nunca fosse deixá-lo. Apoiava seu corpo no dele num ímpeto desesperado de senti-lo, tão perto quanto possível, para que então não o deixasse ir. Não o deixasse embarcar naquele avião maldito. As lágrimas saíam de seus olhos sem que ela se importasse em secá-las, e as palavras que ecoavam de sua garganta eram as mesmas que verbalizavam o mesmo pedido incessante.
Hayley não aguentava a ideia de perder Josh. Embora o conhecesse há pouco tempo, ele acendia um sentimento novo e ao mesmo tempo familiar dentro dela. Como Pierre costumava fazer, porém, mais avassalador.
Se ele morresse, ela também morreria.
Joshua, sem pensar, passou as mãos pelo seu corpo pequeno e apertou a cintura dela contra si, sem se importar com o mundo a sua frente, enquanto ouvia-a implorar e chorar para que ele não fosse embora, não a deixasse, não entrasse naquele avião. Os apelos dela eram desesperados, tristes. Joshua apertava o corpo dela com força, sentindo-se como se houvesse encontrado seu lugar no mundo. Enquanto ela estava em seus braços, Joshua sabia, não conseguiria deixá-la ir.
— Por favor... — ela implorou mais uma vez, apoiando o rosto no ombro largo do soldado e apertando-o com toda a força que tinha no corpo. — Não sei mais o que será de mim sem você aqui, Josh. Não vou conseguir suportar que entre naquele avião e me deixe. Não faça isso, eu imploro. Fique. Por favor...
Em meio às suas súplicas, apertando o corpo dela contra o seu, Joshua percebeu que fatidicamente não poderia entrar naquele avião. Não conseguiria ir para os Estados Unidos com o fantasma dela em sua mente, com a saudade aterradora que cortaria seu coração em pedaços. Não conseguiria ir com esse choro, esses pedidos, pairando em sua mente a todo o momento. Não conseguiria deixá-la. Não conseguiria separar-se de seu anjo, da mulher que salvara sua vida, da única que fazia com que ele se sentisse vivo.
Joshua só era feliz ao lado dela.
— Está bem, está bem... — murmurou ele, enquanto ela continuava a implorar, sentidamente, desesperadamente. Apertou o corpo dela contra o seu, sentindo um arrepio corrê-lo todo, a emoção ameaçando transbordar de seus olhos. Levou os lábios, lentamente, até a testa dela e segurou seu rosto, encarando seus olhos vermelhos e sua face pálida, sem cor. Olhou-a com afinco. — Não me vou embora. Prometo a você, anjo. É ao teu lado que me sinto vivo, e é aqui que ficarei. Não entrarei naquele avião.
Os lábios dela estavam comprimidos, seus olhos ainda amedrontados. Joshua limpou uma lágrima que descia pelo seu rosto com o polegar, lentamente, e aproximou a boca de sua bochecha sem cor. Beijou-lhe a face, sentidamente, e sussurrou mais uma vez que ficaria com ela, afirmando a resposta de todas as suas perguntas e suas incertezas.
Quando ela o abraçou mais uma vez, completamente entregue a ele, Joshua soube que só se sentiria vivo ao lado de seu anjo. Se a deixasse, morreria.
E, agora, tudo o que ele desejava era manter-se vivo. 






Aaaaaaaaaaai <3 Essa fic acaba comigo. Nathalia ficou me dizendo ontem sobre ela ter um romance muito intenso por causa da época. Disse algo sobre ela ser perfeita. AP~LASPOLASPÓL EU FIQUEI MUITO FELIZ POR QUE ELA CAPTOU EXATAMENTE O QUE EU SENTIA, O QUE EU QUERO PASSAR COM ESSA FIC. Por que, cara, tá certo que isso tudo foge totalmente do normal, e é muito surreal, mas... eu amo tanto isso? <3 E eu sei lááá. Adoro essa fic por ser intensa assim.
Espero que vocês também.
GENTE, EU TO APX POR ESSA JENNA PSKA~´SPOLAS]´ÇPS~´PASLÁSPO EU FALEI QUE ELA IA SER FODA, NÃO FALEI? Não é comum ver uma Jenna foda nas fics, na realidade, mas essa é. <3 13 aninhos, desbocada <3 aaaaaaf. Adorei ela dms ;_;
E a Hayles <3 
E esse Joshua todo confuso. Ai socorro.
Não vou comentar sobre o desespero dos últimos parágrafos. Deixo vocês pensarem um pouquinho paç~sl´~psl]a´pçs]a´pslo~pól 
amooooooores, daí eu não sei se postarei mais alguma coisa ainda hoje, mas acho que não vou não. Semana que vem tem Trucker, ok? Até o próximo sábado.
Love you, guys.
Sarinha <3 



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