17 de jan. de 2013

[Resenha] Ainda Não Te Disse Nada, de Maurício Gomyde










"Ninguém mais escreve cartas hoje em dia", Marina pensava. Até que um dia uma caiu em suas mãos por engano e mudou o rumo de sua vida. Levou-a ao lugar que ela sempre sonhou. E a conhecer o amor do jeito que nunca imaginou, da forma mais improvável do mundo...









Sinceramente, eu não sabia o que esperar essa obra. Peguei-a emprestada de uma amiga que a comprou na Bienal do Livro de Brasília (créditos totais a Aliny Evelyn, senhoras e senhores), simplesmente por que conversamos e ela me contou que o livro era muito bom. Dividir experiências literárias faz parte da lista de coisas que amigos de verdade fazem. Sério.
Então, como sempre faço, li a sinopse e o prefácio do livro, no verso e nas orelhas. E então soube, automaticamente: eu iria me apaixonar.
É fácil gostar de um livro. Você o lê, gosta da narrativa, dos personagens, se perde por alguns momentos. Curte o enredo. Gosta do desfecho. Pensa um pouco sobre a obra, enfrenta uma ressaca literária pequena, algumas horas. Mas se apaixonar por um livro é genuinamente mais complexo que isto.
É quando você encontra coisas que não gosta, e ainda assim, percebe que aquele pode ser uma das leituras mais gostosas que teve. É quando você sente vontade de bater em certos personagens, não se adapta com a narrativa, não gosta de certas cenas descritas e quer chorar de desgosto por causa da complicação que cerca a vida da protagonista. E, ainda assim, com todos os contras, você percebe que aquela é uma das obras mais bonitas que já viu.
Me apaixonei por Ainda não te disse nada. Me apaixonei pelas palavras, por cada um dos capítulos, por cada carta, cada pedacinho do enredo. Me apaixonei de forma tão leve e gradativa que nem percebi que estava apaixonada; apenas questionei à mim mesma em certa altura e notei, dramaticamente, que estava. Ah, se estava.
No romance de Gomyde, Marina Albertini é uma garota de origem italiana que abandona o destino como comandante da padaria da família no interior para seguir o sonho na grande São Paulo: ser uma estilista famosa. No último ano de sua faculdade de moda, acompanhada de suas eternas amigas inseparáveis, Thaís e Francesca, ela está caminhando em direção ao que almeja, mas enquanto isso, precisa garantir seu sustento trabalhando em uma agência dos Correios. Sua amiga e colega de trabalho, a simpática Dona Jane, discutia com ela, certo dia, sobre como as pessoas não mandavam mais cartas. Até que um emaranhado de obras do destino violentamente sincronizadas faz com que uma caia em suas mãos e mude completamente o rumo de sua vida.
A simplicidade da narrativa de Maurício completa a complexidade de seu enredo. Marina, extremamente romântica (extremamente meeeesmo), toma decisões incertas e se envolve em uma história que aos poucos, nos envolve também. É possível sentir sua angústia e melancolia pelas palavras de Maurício, e, sobretudo, é possível compreendê-la, quando nem você mesmo entende como pode fazê-lo.
Isso faz algum sentido?
Não fazia para mim e pode não fazer para você, mas, a ler esta obra, certamente o que eu digo ficará mais claro. O romantismo predomina formosamente, a leveza é adicionada ao livro de uma forma gostosa e enevoante. O romance, descrito pela própria Marina como “amor à primeira leitura” (não tem como não amar isso), é delicado e surpreendentemente belo. Embora seja errado. Como eu, provavelmente você passará o livro quase todo angustiado por não conseguir “shippar” o casal principal. Quer dizer, você até quer, mas sabe que não deve, não pode, não é certo. Seus sentimentos vão se tornar completamente confusos. E eu suspeito que só esse tal de Maurício Gomyde consegue fazer uma proeza dessas.
Embora o livro seja muito romântico e fofo, também tem um forte toque de realidade. É mais ou menos como se você estivesse lendo o diário de uma amiga sua, caso ela descrevesse seus dias em terceira pessoa. É tudo muito substancial. Thaís e Fran são amigas tão verdadeiramente normais e lindas que dá vontade de colocá-las debaixo do braço e sair correndo. É sério.
Por isso eu digo: vale muito a pena a leitura do romance de meu conterrâneo brasiliense. Se por acaso achar o livro para vender por aí, compre. Peça pela internet. Compre o ebook. Não irá se arrepender. Ele vai te mostrar que, às vezes, a linha entre a fantasia e a realidade é bem tênue. E que não há nada de errado em um bocado de romantismo.



"Em se tratando do destino, nada é certo, nada é errado. Apenas é." (Pág. 222) 




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