Ela havia sonhado com
ele. Pensou nele quando acordou, pensou enquanto escovava os dentes e continuou
pensando enquanto queimava sua torrada e a engolia com um copo de leite. Ela
estava pensando nele quando saiu para correr (escutou a música dos dois!), quando
tomou um banho em seguida (pode pensar besteira, ela pensou também), e estava
pensando nele quando sentiu aquela carência louca bater, assim do nada, às nove
da manhã.
Hayley Williams pensava
bastante em seu namorado, que a amava. Ah, ele a amava tanto quanto ela o amava
— e ela o amava de um modo tão colossal que, às vezes, seu coração parecia que
iria explodir só com a visão dos olhos e cabelos castanhos dele. Eles eram o
casal mais perfeito, ela pensava. Nascidos um para o outro. O destino os unira.
Afinal, todas os indícios provavam claramente que o encontro dos dois havia
sido obra do acaso. Hayley ainda se lembrava de Josh, totalmente gostoso com
sua Fender nos braços, naquele palco, cantando e tocando como o mais belo
músico californiano que ela já conhecera. Hayley estava assistindo ao show na terceira
fila de garotas e sentia o suor se acumular nas piores partes de sua pele
pálida quando Josh dirigiu seus olhos a ela. Uau, que vertigem, aqueles olhos
maravilhosamente lindos bem presos aos de Hayley, os dedos correndo a guitarra,
a música saindo de seus lábios com paixão. Hayley sentiu seu coração acelerar e
soube, sem dúvidas, que aquele era O Cara.
Embora o concerto tenha
durado apenas alguns minutos a mais, o destino estava mesmo disposto a fazer
daqueles pombinhos um casal. Adivinhe quem estava sentado ao lado de Hayley no
banco da montanha russa, duas horas depois?! Isso mesmo! Josh Farro, o
guitarrista de braços fortes e olhos de chocolate. Hayley havia segurado seu
braço quando ambos despencaram das alturas, e ela pôde ouvir sua risada forte e
característica. Muito envergonhada, ela soltara seu braço e agradecera, ao fim
do caminho. E sabe o que ele havia dito, depois disso?
— Não se preocupe,
gata. Estarei sempre aqui para confortar as donzelas em perigo.
E então piscou um dos
olhos.
Ai, meu Deus, Hayley
tinha pensado. Ele me adora. Não vou deixá-lo ir embora.
Hayley não deixou,
afinal, fora o destino que os unira, não é mesmo? O destino fez com que ele
olhasse para ela daquele jeito durante o show. O destino fez com que ambos se
reencontrassem no banco da montanha-russa (mesmo que Hayley tivesse que
segui-lo por duas horas, inclusive indo ao banheiro, esperando por vinte
minutos até que Josh saísse de lá. Sinceramente, ele estava tão apertado assim?).
O destino os juntara, e mostrara para Josh o quão perfeitos um para o outro
eles eram. Estava explícito em seus olhos, estampado no meio da sua cara. Josh
estava apaixonado por ela! Apaixonou-se por ela no momento em que a avistou no
meio da plateia daquele show!
Após o flerte na
montanha russa, eles foram tomar um romântico milk-shake juntos. Josh contou
sobre sua banda e sobre seus amigos — disse a ela que crescera na Califórnia,
mas que estava em Los Angeles para estourar com seu som. Hayley sabia que
aconteceria. Josh era o guitarrista mais talentoso que ela já conhecera. Ela
sabia que, cedo ou tarde, seu talento imensurável seria descoberto e, então,
ele se tornaria o maior rockstar da história daquele país.
Hayley pôde vê-los
juntos em um hotel cinco estrelas, tentando fugir dos paparazzi, fãs
enlouquecidas gritando no térreo, Josh sem camisa enquanto cantava mais uma
canção inspirada nela, com seu violão acústico.
Eles passaram aquela
noite juntos. O livro dizia que só se podia transar com um cara depois de cinco
encontros, mas ela achou que o olhar na plateia já contava como um, a montanha
russa como outro, e o milk-shake e o pub durante a noite foram acontecimentos
separados. De quatro para cinco, faltava apenas um encontro, e ela achou que já
estava bom o suficiente. Além do mais, Josh era o cara. Ela podia sentir. Ele era músico, lindo, engraçado,
enigmático, forte, carinhoso, ambicioso, inteligente...
Praticamente sua versão
masculina que sabia tocar violão.
Fazia duas semanas
desde o dia em que eles se conheceram, e Hayley não poderia estar mais certa de
seu amor. Josh era a personificação da perfeição, e ela sabia absolutamente
tudo sobre ele. Anotara em um caderninho para não esquecer. Sua cor favorita
era azul, comida favorita era pizza. O único perfume que ele usava eram um
desodorante Axe, e ele comprava dois tubos por mês (ela pôde notar ao remexer o
cesto de lixo dele). Tinha 2.213 amigos no Facebook. Hayley também anotara seu
endereço de IP, só para garantir. Só usava cartão de crédito Mastercard (Hayley
também sabia o número e a senha). Tinha vinte e quatro anos, nascido no dia 29
de setembro, o que queria dizer que ele era de libra. Tinha quatro irmãos, um
mais velho e três mais novos. E vivia “curtindo” fotos de umas vadias no Instagram.
Mas ele a amava. Era
dela. De mais ninguém.
É claro que Josh estava
meio confuso, o que, segundo o livro, era totalmente normal. “Homens são tão
centrados quanto uma luneta quebrada”, uma citação da página 78, do capítulo 5,
“Como fazê-lo decidir”. Na noite
anterior, Hayley havia ligado algumas vezes para ele durante o dia, sugerindo
implicitamente um filminho e alguma coisinha mais interessante à noite. O livro
deixava bastante claro que o homem tinha que ter certeza de que a ideia era
dele, para que não considerasse o programa uma chatice. Se ela desse pequenas
alfinetadas e ele o fizesse para agradá-la, significava estava realmente muito
apaixonado.
Como Hayley já
esperava, ele apareceu logo após o pôr do sol. Sentiu aquela agradável vertigem
de prazer correr pelo seu corpo assim que o viu, uma camiseta regata vermelha
pairando sobre o peito definido, a mandíbula tensa, o rosto sério. Coitadinho,
devia estar lutando muito para não deixar expressar o quanto a amava, o quanto
estava feliz por vê-la ali, em seu apartamento com vista para o mar (o pai de
Hayley disse que ela só moraria na Califórnia se ele mesmo pudesse pagar pela
moradia).
Quando ela o beijou
apaixonadamente, Josh estava um pouquinho rígido no início, mas não demorou
muito para deixar-se perder pela imensidão de seu sentimento e beijá-la de
volta com ardor. Hayley adorava beijar
Josh, principalmente por causa de seu piercing no lábio inferior e suas
habilidades com a língua (Hayley não gostava muito da palavra “língua”, mas não
se importava que Josh tivesse habilidades com ela). Ele tinha aqueles cabelos
lisos espetados que eram bons de apertar e, céus, Josh era tão gostoso e tão “bom de
cama” que fazia Hayley querer chorar.
(Ela de fato chorara
depois da primeira transa no dia do show, mas Josh foi muito carinhoso e apenas
ficou quieto, deixando-a dormir. Ele foi tão fofo que saiu no meio da noite
para não acordá-la. Disse-lhe no dia seguinte, quando Hayley ligou para ele,
que estava com medo de acordá-la (depois de ficar muito surpreso que Hayley
tivesse conseguido o seu telefone, mas ela riu e falou que anotou-o enquanto
ele estava no banheiro do pub)).
No meio do beijo
apaixonado — como haviam sido todos os outros desde o dia 4 de Julho, o dia que
se conheceram (Hayley conseguia se imaginar contando para os filhos que
conhecera o pai deles em uma festa de 4 de Julho) —, entretanto, Josh segurou
seu rosto e a afastou, tentando falar alguma coisa. Hayley foi muito
compreensiva e olhou para ele, os olhos verdes esmeralda brilhando pela visão
do homem que amava.
— Espera, espera,
espera — repetiu Josh, o fôlego voltando aos seus pulmões —, é isso que tem que parar. Isso tem que parar.
Hayley sorriu, mordendo
o lábio inferior.
— O brilho de cereja —
disse, pegando a mão de Josh e puxando-o para dentro de sua casa. — Sabia que
você preferiria menta. Sabia. Não se preocupa, não vai mais acontecer.
Josh passou as mãos
pelo rosto, respirando muito fundo.
— Não, não é o brilho!
— vociferou. Hayley franziu o cenho só um pouquinho, achando seu comportamento
muito estranho. Ah, pobrezinho. Não deve ter tido um dia bom com os meninos da
banda. — Eu estou pouco me fodendo para o tipo de brilho labial que você usa!
Hayley não podia
acreditar no que ouvira.
— Ooooooooh! — disse,
prendendo os seus braços no pescoço dele. Beijou-o ali mesmo. — Isso foi tão
fofo, amor. Mas você sabe que eu posso usar o brilho que você quiser, o.k.?
— Hayley, Hayley — Josh
pegou suas mãos e as afastou de si mesmo, dando um passo para trás. — Não me
chame de amor, tudo bem?
— Mas eu te am...
— Não! — ele a
interrompeu, seus olhos de chocolate preocupados, apreensivos. Hayley entendeu
imediatamente. O capítulo 9 do livro dizia sobre os homens que tinham medo de
relacionamento e não gostavam de pronunciar a palavra “amor”, mesmo que seus
corações fossem faróis irradiando luz de paixão, desejo, e ternura. “Eles acham
que se não proferirem a palavra, estarão livre do sentimento que domam seus
corações.”, dizia a página 102. — Hayley, escute. “Amor” é uma palavra muito
forte, tudo bem? Eu acho que a gente precisa de um tempo. Beleza? Vamos mais
devagar.
Hayley assentiu com a
cabeça, compreensivamente. O livro também falava sobre quando os homens
sugeriam “ir mais devagar” no relacionamento. Significava que eles precisavam
de alguns dias sozinhos, para colocarem a cabeça no lugar. Ela deveria deixar
acontecer, afinal, “a saudade é a cereja do sorvete do relacionamento” (página
54). Na cabeça de Josh, ele achava que estava tomando um tempo para si mesmo,
mas na realidade, estava tomando um tempo para focar no romance inabalável
deles.
Hayley entendia.
Now when you say you wanna slow
down... Does it mean you wanna slow dance?
Maybe you just want a little extra
time to focus on our romance.
— Tudo bem — respondeu,
um sorriso triunfante aparecendo em seu rosto pálido. Aproximou-se de Josh que
a olhava com admiração pela sua atitude tão louvável, e beijou-lhe os lábios,
devagar e apaixonadamente. Ele ainda estava meio rígido, mas ela sabia que ele
só estava estupefato pela perfeição que os dois eram.
— Espera — ele segurou
seus braços e separou seus lábios outra vez, encarando-a. — Tudo bem mesmo?
Vamos dar um tempo?
Pobrezinho, já estava
com saudades dela.
— Sim, se você acha que
é melhor, faremos isso. Tudo por nós dois, amor.
— Não! — Josh deu mais
um passo para trás, separando-os. — Não é por nós dois! Nós nem estávamos
namorando, para começo de conversa! Você simplesmente roubou meu número de
telefone e começou a dizer para todo mundo que era minha namorada!
Hayley deu um sorriso.
O tão conhecido estágio de negação. Durante a madrugada, ele reveria o que
tinha dito e olharia para dentro do seu coração, onde estava estampado seu amor
por ela e as desculpas que ele usava para não ver que ambos estavam juntos por
causa do destino.
— Você não entende,
Josh, mas sente — disse ela, calmamente. — Você me ama.
— Puta que pariu!
— Tudo bem, não vamos
usar essa palavra — Hayley sorriu angelicalmente. — Mas você sabe que gosta de
mim. Está tudo bem. Você precisa de um tempo para focar em nós dois. Daremos um
tempo.
Coitadinho, ele estava
tão confuso que sequer conseguiu responder. Hayley selou seus lábios e Josh
afastou-se outra vez, levando as mãos aos cabelos.
— Tudo bem, então...
tchau. Adeus. — Disse, confusíssimo, os olhos de chocolate dispersos no
apartamento de Hayley. Ela riu. Poxa, ele não iria passar a noite?
— Tchau, am... Josh —
ela controlou a própria língua (ugh, Hayley não gostava dessa palavra). Josh
havia olhado por cima dos ombros umas três vezes enquanto se afastava do apartamento
em direção à sua moto de 250 cilindradas. Hayley decidiu dar a ele o tempo que
precisava e limitou-se a apenas pensar nele durante o resto da noite e a manhã
seguinte.
What do you mean I got it
backwards? You know we're gonna be forever.
Why are you telling me goodbye?
Aren't you gonna stay the night?
Decidindo que quinze
horas e vinte e quatro minutos já devia ser tempo mais que suficiente, Hayley
pegou sua bolsinha e saiu à pé, de sandálias, em direção ao lado menos
favorecido da cidade. Seu carro estava no conserto, mas ela gostava dos ônibus
de Los Angeles. O mais legal dessa cidade é que todos pareciam ter sonhos e
algum talento em especial. Ou então eram turistas.
Aquilo não importava na
hora, porque Hayley mal conseguia conciliar seus pensamentos com toda aquela
saudade. Se fechasse os olhos, ela podia fingir que ele estava ao seu lado,
abraçando-a e sussurrando em seu ouvido. Ela percebeu que estava fazendo a
coisa certa em ir até a casa dele; Josh não era só o músico mais gostoso de
toda a Califórnia, era também o dono do seu coração. Eles estavam predestinados
a ficarem juntos.
Hayley puxou o iPhone e
discou o número dele, que já sabia de cor. Esperava ouvir sua voz entrecortada
pela ligação, aguardando ansiosamente a sua chegada na casa dele. Infelizmente,
entretanto, a chamada caiu na caixa postal. Hayley já devia imaginar. Josh, o
esquecido, deveria ter deixado o telefone descarregar. Bobinho.
— Oi, amor, como vai o
seu tempo? — Hayley riu. — Deve estar
ótimo, não é mesmo? Até posso te imaginar sentado no seu sofá meio imundo,
assistindo a um filme romântico e pensando em nós dois. Olha, eu acho que já
foi o suficiente, e estou tão mortinha de
saudade de você, que peguei um ônibus e vou te ver. O que acha? — Ela riu de
novo. — Eu sei que você amou a ideia. Achei linda também. Adivinha: sonhei com
você hoje. É, eu sei, você deve ter sonhado comigo também. Mas, enfim, deixa eu
te contar. Nós estávamos em Paris, e havíamos acabado de sair de um daqueles
cafés de Paris, e enfim, você estava simplesmente lindo com sua roupa
parisiense, e então disse que me amava as margens do rio Sena depois de um
passeio de bicicleta. Fofo, né? Ai, amor, eu penso em você o dia inteiro, e te
amo te amo te amo tanto que nem posso falar. Enfim. Como você passou a noite e
o início dessa manhã? Eu fui correr pela praia bem cedo porque não conseguia
dormir por pensar muito em você, e foi muito gostoso, porque aqui na Califórnia
faz frio de manhã. Que coisa louca, não é?! Fazer frio na Califórnia?! — Hayley
riu mais uma vez. — Vou parar de falar para não descarregar a bateria do meu
iPhone. Você sabe que a vida de uma borboleta dura dez vezes mais do que ela.
Te amo, amor! Te vejo daqui a alguns minutos! Mal posso esperar. Tô com tantas
saudades do meu amorzinho! — ela afinou a voz como se estivesse falando com um
bebê ou um cachorrinho. — Te amo mais do que amo chocolate! Awnn! Beijo! Te
amo!
E desligou, sem se dar
conta de que duas dúzias de pares de olhos estavam sobre ela. Respirou fundo e
colocou o iPhone nos bolsos de seu vestido floridinho (um dos poucos que ficavam
bem em seu corpo), sentindo-se melhor do que nunca, seu peito irradiando
felicidade e o amor que nutria por um único homem.
Now I walk under a pink sky... Lovers float along and pass me by.
I pour my heart out of your voicemail, let you know I caught a bus to your side of town.
Alguns minutos mais
tarde, Hayley Williams estava batendo na porta do apartamento de seu namorado.
Ele morava com seu irmão, Zac, que só por acaso era também o baterista de sua
banda de rock (simplesmente a melhor do universo, na opinião dela), mas tinham
quartos separados. Hayley precisou rastrear o celular de Josh para conseguir
seu endereço na primeira vez, mas agora já era considerada uma visitante
natural pelo seu cunhado, que sempre ria para ela.
Ninguém está em casa,
Hayley refletiu. Já estava batendo na porta há mais ou menos cinco minutos,
ouvindo o som da Los Angeles atrás de si. Sentiu seu coração murchar aos
pouquinhos, o anseio de vê-lo correndo suas veias junto ao sangue. Céus, por
que ele não estava em casa às 11h21 da manhã? Já se passara tempo o suficiente!
Ela achou até que ele se ofereceria para dar-lhe uma carona na sua moto, e eles
teriam um almoço romântico, enquanto ele fazia um A Capella da mais nova música
que compusera pensando nos olhos verdes de Hayley.
Suspirando, Hayley
pegou sua bolsinha e retirou seu molho de chaves lá dentro. Bem, ao menos ela
havia feito uma cópia da chave da casa dele, não é? Mesmo que ela não houvesse
avisado a Josh, tinha a consciência de que ele não gostaria nada de saber que
ela o esperara chegar fora de casa, com o sol queimando suas costas. Não era
uma invasão. Hayley só iria esperar ele voltar e fazer-lhe uma surpresa. Se bem
conhecia Josh, ele iria amar.
And now I'm standing at your doorstep with Los Angeles behind me.
If you don't answer I'll just use the key that I copied 'cause I really need to see you.
Uma vez dentro do
apartamento, ela se pegou sozinha em meio a um monte de pacotes de salgadinhos
vazios, toalhas, camisetas, meias e cuecas espalhadas pelo chão, somado àquele
cheiro característico de não-tem-mulher-morando-aqui. Prendeu a respiração.
Aquilo só podia ser obra de Zac! Hayley sabia que Josh era o homem mais
perfeitamente organizado do mundo. Passava horas polindo sua guitarra para
deixá-la sempre brilhando. Estava sempre muito bem vestido, absolutamente
lindo. Até escrevia tudo certinho e sem abreviações quando eles conversavam
pela Internet.
Ainda com os dedos
apertando o nariz, Hayley seguiu até a segunda porta à esquerda do corredor, o
quarto de Josh. Soltou a respiração. Sua cama não estava arrumada, mas ela
entendia; ele devia ter saído às pressas para fazer uma apresentação em um
barzinho e comprar-lhe um ramo de rosas. Hayley sorriu e foi até a cabeceira,
vendo seu desodorante sem a tampa, e espirrou um pouco no ar para poder sentir
seu cheiro. Foi como se o corpo dela se incendiasse por inteiro, aquele cheiro
característico sendo ligado a ele, o homem que ela amava.
O tubo de desodorante
se encontrava em sua mão quando ela dirigiu-se até o seu armário. Ainda sentia
a profunda vontade de sentir o cheiro de sua pele, como se ele estivesse ali,
junto a ela, porque ela precisava vê-lo, precisava
de Josh ali. Com a porta do closet aberta, ela prendeu a respiração pela
pura excitação. Parecia um paraíso Joshiniano. Perfeitamente arrumado (como ela
presumira), suas calças de um lado, as jaquetas e camisetas de outro. Os cintos
e assessórios estavam em um dos cantos. Sem pensar, Hayley pegou uma jaqueta e
vestiu-a, sentindo imediatamente o cheiro impregnado daquele homem que ela
tanto amava. Apertou as mangas contra o próprio nariz e respirou fundo.
— Eu te amo — sussurrou
ela para a camiseta, o cheiro impregnado nas narinas. — Eu juro que nunca vou
amar ninguém como te amo.
If you're not here when I break in, I'm gonna go through your closet, just so I can smell your skin...
As the chemicals swin...
I know I'll never love again, I swear I'll never love again!
— CARALHO! — tão
absorta em seu murmúrio como estava, ela não viu Josh adentrar o quarto e
assustar-se com a sua presença. Agora ele olhava para ela como se não
acreditasse no que estava vendo, uma mão pousada no peito e a fisionomia toda
errada pelo susto que havia levado. Tão bonitinho! — Hayley?!
— Claro que sou eu, seu
bobo — ela sorriu, sem acreditar que ele estava realmente ali. Céus, como ela
sentia saudades de sua pele, daqueles olhos castanhos, de seus lábios. Foi em
direção a ele, mas Josh se esquivou como se sua vida dependesse daquilo. Hayley
riu. Um joguinho, certo?
— O que... por quê...
como... puta que pariu! — Josh alisou os próprios cabelos. — Como você entrou
aqui, caralho?!
Hayley continuou rindo.
Josh era a coisa mais fofa do mundo quando estava irritado.
— Com a chave, duh.
— Eu não te dei uma
chave — ele a encarava, furtivamente.
— Por isso que eu tive
que mandar fazer uma para mim, não é? Eu te liguei, mas como você deixou seu
celular descarregar, deixei um recado dizendo que eu estava vindo para cá. Só
que você não estava...
— VOCÊ FEZ UMA CÓPIA DA
MINHA CHAVE? — Josh interrompeu-a, vociferando. Hayley tentou aproximar-se dele
de novo, mas Josh deu a volta na cama para fugir de seus braços. — Puta que
pariu. Puta que pariu.
— Você não queria que
eu ficasse esperando você voltar no sol quente, queria?!
Hayley estava fazendo o
joguinho dele de propósito. Conhecendo Josh do jeito que conhecia, tinha
consciência de seu coraçãozinho mole e sempre apelava para esse lado quando ele
começava a ficar irritado. Ele estava a dois metros de distância dela, tentando
impedir seus corpos de colarem, pois sabia que no momento em que os seus lábios
se tocassem, a paixão explodiria, deteriorando toda a raiva que havia em seu
corpo.
Hayley compreendia tão
profundamente sua luta interna.
— Sabe o que eu queria,
cacete?!
— Você fica tão bonitinho quando xinga — ela não
conteve o comentário fofo, sabendo que amoleceria seu coração.
Josh abriu a boca para
falar outro palavrão, mas pareceu mudar de ideia. Hayley deu uma risada ao ver
o quanto ele era tímido.
— O tempo, Hayley. E o
tempo que nós combinamos? A gente não combinou de ir devagar? — Josh parecia
muito mais calmo agora. Falava de um jeito muito manso e juntara as duas mãos
em uma só, os olhos castanhos desesperados (provavelmente pela falta de contato
que já durava dezesseis horas).
— Já são quase dezesseis horas de tempo, amoreco —
disse ela, sorrindo. — Eu acho que já é tempo o suficiente, não?
Josh pareceu ficar sem
respirar por um minuto, encarando-a no fundo de seus olhos, tão apaixonadamente
que Hayley quase sentiu vontade de chorar de novo. Por fora, seu namorado
tentava passar a imagem de guitarrista durão mas, céus, como ela conhecia seu
interiorzinho sensível, seu coração bom que irradiava o amor que os envolvia.
— Tudo bem, porra —
Josh pareceu voltar ao mundo real e juntou as mãos, aproximando-se de Hayley
com certa cautela. Havia certa acidez em sua voz, mas até que era excitante, se
Hayley fosse parar para pensar. — Eu vou ser bem direto. Tudo bem? Bem direto. —
Então seus olhos castanhos estavam encarando os globos verdes de Hayley. — Eu
estou terminando com você. Acabou. Não existe mais namoro. Nós acabamos. Eu
terminei com você, porque você é simplesmente a pessoa mais maluca, psicótica,
estranha e terrivelmente grudenta que eu já vi em toda a minha vida. Saia da
minha casa. E não volte. E não ligue para mim porque, porra, eu jogo a merda do
meu telefone embaixo de um ônibus se tiver que ouvir a sua voz mais uma vez.
Hayley franziu
levemente o cenho, olhando para Josh enquanto tentava compreender corretamente
as suas palavras. Tentou encontrar na memória algum trecho do livro que falasse
sobre falsa hostilidade, mas não se lembrou de nada — porque, bem, Josh
simplesmente não era capaz de falar tanta coisa sem ser a mais absoluta
baboseira. Afinal, ele a amava. Os dois estavam predestinados a ficarem juntos,
porque assim queria o destino. Além disso, o sexo era maravilhoso (mesmo que
eles não fizessem sexo há treze dias e se conhecessem há quatorze).
— O que houve, amor?
Foi algo no trabalho, não foi? — ela aproximou-se dele mais uma vez.
— Você ouviu uma
palavra do que eu disse?! — ele praticamente gritou com algo muito parecido com
o desespero.
— Você está irritado
por causa do trabalho. Eu entendo.
— Você é doida,
doida... — Josh se esquivou novamente de seus braços, respirando fundo como
jamais fizera em toda a sua vida. Hayley já estava totalmente a par do que
havia acontecido com ele. No mínimo, brigara com alguém da banda ou não fora
devidamente pago pelo seu talento musical irrefreável. — Sai da minha casa.
Sai. Da. Minha. Casa. E retire a minha jaqueta. Agora.
Ah!
— Entendi — Hayley
sorriu e retirou a jaqueta de algodão tão cedo quando pôde, depositando-a no
armário mais uma vez. — Você está com vergonha da casa desarrumada. Oh,
amoreco, não se preocupe com isso. Eu sei que não é sua culpa, e sim do Zac.
— EU ESTOU POUCO ME
FODENDO PARA ESSA MERDA DESSA CASA — ele gritou. — Eu só quero você fora da
minha vida! Eu quero terminar! Terminar! TERMINAR!
Caralho, é tão difícil assim de entender? Eu não te amo! Não quero ficar com
você! Não quero namorar com você! Você é maluca, você é a pessoa mais maluca
que eu já conheci!
Lentamente, Hayley
franziu o cenho.
— Você quer terminar? —
perguntou, bem baixinho, esperando que Josh olhasse para seu rosto amedrontado
e a pegasse nos braços, dizendo que não, ela havia entendido tudo errado.
— SIM! SIM! ISSO! — ele
gritou, entretanto. — Sim. Isso. Quero terminar. Isso.
Não!, Hayley pensou.
Eles não podiam terminar, porque
estavam predestinados! Pertenciam um ao outro! O destino os unira! Como eles
podiam terminar o relacionamento se estavam tão profundamente apaixonados um
pelo outro?
Mantenha
a calma, ordenou ela a si mesma. Um relacionamento é feito de altos e baixos, e uma discussão nunca
significará exatamente um término. Página 144.
— Podemos resolver isso
juntos — disse ela, esperançosamente, um sorriso pairando em seu rosto. — Eu
posso, talvez, fazer você mudar de ideia. Não podemos ter acabado, Josh. Nos
amamos.
Baby, are we over now? Maybe I can change your mind...
As soon as you walk out my door, I'm gonna call a hundred times.
— Eu não te amo! —
respondeu ele. — Eu te conheço há DUAS SEMANAS. Não existe possibilidade
cabível que faça com que um homem ame uma mulher em apenas duas semanas!
— Existe, se o casal
estiver predestinado a ficar junto. Como nós dois.
— Puta que pariu!
— Nascemos um para o
outro, Josh.
E ele estava mexendo no
cabelo de novo, os braços erguidos acima dos ombros, os olhos castanhos
ligeiramente sombrios. Céus, o pobrezinho estava tão confuso, como Hayley pôde
não ver? Sendo invadido, de repente, por tanto sentimento, qualquer um estaria
perdido...
— O que eu fui fazer
para merecer isso... — ele estava
falando sozinho.
— Você só está confuso.
— Disse Hayley, compreensivamente.
Josh finalmente abaixou
os braços e foi em direção à Hayley. Ela sentiu o coração bater com o triplo da
força quando ele segurou seus ombros, com força, os olhos castanhos
desesperados.
— Tudo bem. Eu estou
transando com outra mulher. Loira. Alta. Olhos claros. Eu a amo. E ela se
chama... Kat...Kate...Kait...Kaitlyn. Kaitlyn Keyes. E eu não consigo mais sustentar essa mentira. Você merece alguém melhor
que eu.
Hayley sentiu o mundo
parar de girar.
— Você está brincando —
afirmou, quase sem voz, enquanto Josh continuava a segurar seus ombros. Ele deu
um suspiro dramático e disse:
— Não estou, baby. Não
estou. Eu sinto muito. Sou um canalha. Vou entender se você quiser ir embora
agora.
Hayley virou-se de
costas, absorvendo suas palavras. Então era por isso que ele andava estranho!
Uma vadia estava tentando roubar seu lugar! Maldita Kaitlyn Keyes. Pessoas como
essa mulher detestável era o que fazia com que casamentos acabassem e casais
predestinados saíssem do rumo que o destino havia lhes traçado.
Seus olhos marejaram de
leve e, sentindo raiva de Josh — mas principalmente de Kaitlyn Keyes —, ela
pegou sua bolsa e dirigiu-se para a porta da casa, praticamente correndo, para
que seu namorado não tentasse segui-la. Ela sabia que Josh tentaria,
absolutamente, mas precisava de um tempo sozinha.
O livro não falava
sobre traição, e, mais do que nunca, Hayley desejou que falasse. Desejou que
aquilo — quando um casal estava predestinado para ficar junto e uma vadia
interesseira e desmancha-lares se enfiava no meio — pudesse acontecer a outras
pessoas para que elas pudessem dizer a Hayley o que fazer. Josh havia sido um
canalha ao trai-la, era verdade. Mas, céus, ela ainda o amava tanto. Ainda
sentia toda a vontade, ainda lembrava-se de quando o conhecera e de quando se
beijaram pela primeira vez. Ela tinha tanta certeza de que eles foram feitos
para serem um do outro, para sempre, como duas peças de um quebra-cabeça de
duas peças...
Limpando uma das
lágrimas enquanto se dirigia ao ponto de ônibus, Hayley decidiu o que iria
fazer. Segurou seu iPhone e digitou o número já conhecido.
— Farro — disse a voz dele, atendendo no primeiro toque.
— Oi, amor — disse ela.
— Eu estava...
— PORRA, HAYLEY! — a voz de Josh interrompeu-a antes que ela pudesse
dizer tudo o que estava decidida. Seus olhos se encheram de lágrimas outra vez.
Puxa, ele estava claramente surpreso e emocionado em vê-la ligando tão cedo,
mesmo depois da traição... eles eram tão perfeitos juntos! Como Hayley pôde
sequer imaginar deixar que seus caminhos fossem separados? Simplesmente não
estava certo!
— Eu sei, eu sei — ela
disse, respirando fundo. — Pensei em tudo o que você acabou de me dizer. Eu sei
que você me ama e acredite em mim quando eu digo que te amo muito mais do que
aquela puta da Kaitlyn Keyes. Portanto, vamos passar por cima disso. Nós
podemos, Josh. Podemos passar por cima disso.
Do outro lado da linha,
ela podia ouvir a respiração entrecortada de Josh. Céus. Ele não deveria estar
acreditando na bondade dela em perdoá-lo.
— NÃO PODEMOS, NÃO! — gritou ele. — Caralho! Puta que pariu!
Hayley limpou uma
lágrima enquanto deixou-se sorrir.
— Não posso acreditar
no quão fofo você fica xingando, amor — sussurrou para o telefone. — Apareça no
meu apartamento hoje à noite, sim? Não vimos aquele filminho ontem à noite.
— Mas...
— Eu te amo, amor.
Beijo! Até mais tarde — e desligou o telefone, encarando-o, decidida a procurar
pela Kaitlyn Keyes na Internet assim que chegasse em casa e avisá-la para se
afastar do homem de sua vida.
Destruidora de lares
maldita.
Mas ela teria uma
surpresa, porque o amor de Hayley e Josh era muito maior do que qualquer vadia
que tentasse se meter entre eles. E, por mais que Josh estivesse confuso (a
ponto de dizer todas aquelas asneiras para Hayley, pouco antes), seu coração
sabia a quem pertencia.
Josh era de Hayley,
assim como Hayley era de Josh. As coisas eram simples assim.
Além disso, caso Josh
viesse com aquela historinha de “terminar” novamente, Hayley sabia que o faria
mudar de ideia. Mesmo que, para isso, tivesse que ligar para ele cem vezes
assim que ele saísse de sua casa.
E, se você está
pensando que Hayley é uma dessas garotas malucas (e Hayley sabe que está,
afinal, muitas pessoas parecidas com você já disseram isso para ela), saiba que
está errado. Até mesmo porque um poeta desses já dizia que o amor é a maior das
loucuras.
I'm not one of those crazy girls...
Oi, amores da minha vida! Eu sei que tenho andando longe daqui (*recebe pedradas na cara*), mas eu posso explicar o que estava acontecendo. :3
O problema real começou pouco depois do início do mês, tipo, quando eu comecei a enfrentar o bloqueio criativo (logo depois de terminar de escrever o livro. Enfim, eu estava tentando (e tentando para valer) escrever a Trucker, mas simplesmente não rolou ): E eu não sei quanto tempo ela vai continuar em hiatus, porque o bloqueio que me pegou foi muito forte mesmo (o pior em toda a minha vida), e eu não estou conseguindo me apegar a NADA.
Essa foi a primeira fic que eu de fato terminei. Ficou grandinha, e tals, eu sempre quis escrever algo sobre essa música, então fiquei feliz com o resultado. Vocês gostaram? DIGAM-ME!!! Sem medinho, poxa, sou tão legal.
Tá, uma porrada de gente fez aniversário, então eu dedico essa one aos aniversariantes do mês. Que são: Camila Nogueira (05/06), Laisla (06/06), Bruna Sthefany (04/07), Giovanna Costa (LINDA MARAVILHOSA QUE ME CONSEGUIU RECADINHO DA HAYLEY TE AMO PRA SEMPRE AMOR DA MINHA VIDA 07/07), Mary Timo (OUTRA ANJO DA MINHA VIDA QUE ME LEVOU PRO SHOW DA PARAMORE E ME DEIXOU DORMIR NA CASA DELA TE AMO TBM BEBÊ VC É 1 ANJO 08/07), Nathalia Ivanoff (PFTA 14/07), Gabriela Kessler (18/07) e a Fernanda Falcão que tá fazendo aniversário hoje e foi a única do Twitter que surtou por causa dessa one. (03/08)
Bom aniversário pra quem fez/tá fazendo, e espero que tenham curtido a bobalhice que foi esse conto AUEHAUHEAH
Muito amorzinho,
Sarinha :3
AWWN QUE FOFURA ;3
ResponderExcluirAmeeei demais!! E ri muito com a Hayley muito louquinha HSUAHSUA Coitadinho do Josh HUSAHSUA
Ameiiii
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